Quase todo mundo já sentiu estresse. Os motivos são os mais variáveis, mas o certo é que a dinâmica da vida moderna, quase inevitavelmente, nos leva a enfrentar o estresse em alguma fase de nossas vidas, seja no lado pessoal ou profissional, a verdade é que pode aparecer diante de diversas situações.
Vamos entender melhor o que é o estresse para a psicologia, qual o perfil das pessoas mais suscetíveis a ele e quais estratégias podemos adotar para superá-lo ou diminuí-lo.
O que é o estresse?
É um conjunto de reações mentais ou físicas do organismo diante de situações que exigem um grande esforço emocional para serem superadas. Nosso corpo responde revelando comportamentos fisiológicos por conta das reações químicas que isso provoca.
As variações do estresse estão diretamente ligadas às atividades cerebrais, também conhecidas como Síndrome Geral de Adaptação ao Estresse, isso faz com que essas situações revelem também um cunho positivo, além do negativo que estamos tão instruídos a associar. Na prática, para entendermos melhor, quantas vezes, no trabalho, por exemplo, diante de uma situação de estresse, nós acabamos por nos tornar mais produtivos e eficientes para determinada tarefa? Esses momentos também são reações do estresse.
Porém, sabemos que nem sempre é assim, e quanto maior a duração e a gravidade dessas exigências, mais intensos serão os sintomas. No trabalho também falamos em esgotamento profissional causado pelo estresse, mais conhecido no meio psicológico como Síndrome de Burnout.
O estresse pode ser difícil de ser reconhecido, tanto no meio positivo quanto negativo, mas pode ser notado pelas alterações no organismo e sensações mais perceptíveis como desconforto, angústia, preocupação excessiva, nervosismo, medo e irritação. Fisicamente, a dica é observar alterações na respiração , na pressão arterial, batimentos cardíacos e contração muscular.
Tipos de estresse
São quatro os tipos de estresse e suas características tem a ver com os estímulos que eles causam, também chamados de estressores:
Estressores cotidianos: relaciona-se aos acontecimentos da nossa rotina, como nervosismo, problemas de relacionamento, insônia, dificuldades no trabalho, autoestima e questões de saúde;
Estressores críticos: relaciona-se a mudanças grandes na nossa vida e a acontecimentos marcantes, bons ou ruins, que exigem reestruturação afetiva-emocional, como o nascimento de um filho, uma nova rotina, novo trabalho, casamento, acidentes, entre outros;
Estressores traumáticos: relaciona-se a traumas, questões sociais e choque emocionais que excedem a nossa capacidade de adaptação ou superação;
Estressores crônicos: relaciona-se a acontecimentos que tem uma durabilidade emocional maior, causando o incômodo por repetidas vezes, como o aparecimento de doenças crônicas, como câncer, diabetes e lúpus, o desemprego e o excesso de trabalho.
Fases do estresse:
O estresse pode ser dividido entre fase aguda, de resistência e de exaustão, conheça melhor:
- Fase aguda: esta é a fase em que os estímulos estressores começam a agir. Nosso cérebro e hormônios reagem rapidamente, e nós podemos perceber os seus efeitos, mas somos geralmente incapazes de notar o trabalho silencioso do estresse crônico nesta fase.
- Fase de resistência: se o estresse persiste, é nesta fase que começam a aparecer as primeiras consequências mentais, emocionais e físicas do estresse crônico. Perda de concentração mental, instabilidade emocional, depressão, palpitações cardíacas, suores frios, dores musculares ou dores de cabeça frequentes são os sinais evidentes, mas muitas pessoas ainda não conseguem relacioná-los ao estresse, e a síndrome pode prosseguir até a sua fase final e mais perigosa.
- Fase de exaustão: esta é a fase em que o organismo capitula aos efeitos do estresse, levando à instalação de doenças físicas ou psíquicas.
Quais as causas do estresse?
São diversas as motivações, dependendo do tipo de estresse que você desenvolve, mas há causas mais comuns, como:
- Tensão no trabalho;
- Acúmulo de funções no dia a dia;
- Luto;
- Mudanças;
- Violência;
- Evento traumático como um assalto ou acidente;
- Preocupação excessiva com os filhos;
- Medo da morte, da separação, de uma traição ou de uma falência;
- Desenvolvimento de transtornos mentais como Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), Transtorno por estresse pós-traumático (TEPT), Síndrome do Pânico e Depressão;
- Uso de medicamentos, como os de asma, dietéticos e de tireóide;
- Consumo de álcool, drogas e excesso de cafeína.
Quais os sintomas do estresse?
Preste atenção em alguns sintomas podem te ajudar a identificar o estresse:
- Alteração no humor;
- Hábitos de nervosismo como roer as unhas;
- Desgaste constante;
- Mudanças no sono, seja dormir muito ou pouco;
- Tensão nos músculos;
- Alterações no apetite;
- Desinteresse pelas atividades;
- Dificuldades de concentração;
- Problemas de atenção e memória;
- Formigamentos;
- Preocupações excessivas e de maneira constante;
- Náuseas e tonturas;
- Procrastinação;
- Perda do libido;
- Consumo de álcool, cigarro ou de drogas e outros vícios como forma de relaxamento;
- Dores no corpo, principalmente, no peito;
- Queda de cabelo.
Doenças causadas pelo estresse
Diante de tantas alterações físicas e emocionais que o estresse pode causar, algumas doenças podem acabar sendo desenvolvidas, como:
- Problemas cardíacos e de hipertensão;
- Ansiedade e depressão;
- Asma;
- Enxaqueca;
- Problemas na pele, vitiligo e psoríase;
- Alergias;
- Úlcera, derrame e infarto;
- Infecções;
- Herpes;
- Crises de pânico.
Em consequência a todas essas reações e a instabilidade emocional, o estresse pode contribuir para um ciclo de desequilíbrio e sentimentos difíceis de superar, e deixar a pessoa extremamente cansada ou agitada, provocar ganho ou perda de peso, isolamento social e insatisfação com as coisas da vida, sensação de falta de controle sobre as decisões e a rotina, irritação e oscilações de humor e medo.
Quais pessoas mais suscetíveis ao estresse?
Em geral, são aquelas mais rígidas consigo mesmas e que têm muito medo de falhar. São pessoas com grande necessidade de reconhecimento e, por isso, precisam ser as melhores no que fazem. E o que fazer caso você se identifique com este perfil?
Trabalhe em si mesmo a aceitação de que não somos infalíveis nem onipotentes, não temos e não teremos respostas para tudo. Procure elaborar e superar o que for possível, mas aceitar o que não pode mudar. Nem sempre é possível modificarmos a realidade, mas sempre há espaço para modificarmos a maneira como lidamos com ela. Suavize sua maneira de julgar a vida e a si mesmo!
Como superar ou diminuir o estresse?
Muitas pessoas não têm ideia de como controlar o estresse, e isso pode mudar sua vida e sua saúde positivamente. Os dados dos níveis de estresse são preocupantes: segundo a Associação Psicológica Americana 34% dos americanos afirmam que o nível de estresse chegou a paralisá-los no último ano.
No Brasil, os dados atingem níveis ainda mais elevados: o país ocupa o segundo lugar em nível de estresse, perdendo apenas para o Japão, de acordo com pesquisa realizada pelo International Stress Management Association (ISMA – Brasil) em nove países do mundo. Ainda de acordo com o ISMA, 70% dos brasileiros sofrem com estresse. Desse total, 30% desenvolve a Síndrome de Burnout, relacionada aos altos níveis de estresse no trabalho.
Além da ajuda com a terapia, com psicólogos online ou presencial, há hábitos de vida que podem ser mudados para que você previna uma crise:
– Durma bem;
– Use técnicas de relaxamento, como meditação ou mindfulness;
– Quando possível evite situações estressantes;
– Reduza a quantidade de cafeína no seu dia;
– Procure fazer uma alimentação saudável;
– Pratique atividades físicas;
– Busque momentos de lazer e de prazer na sua rotina;
– Aprenda a dizer não;
– Encontre um hobbie;
– Ouça música;
– Busque contato com a natureza.
O papel da inteligência emocional no estresse
O estresse é uma parte inevitável do trabalho e da vida, mas o efeito do estresse sobre nós está longe de ser inevitável. O estresse pode ser bom ou ruim, dependendo de como você o usa e é aí que entra o papel da inteligência emocional (IE).
Segundo Daniel Goleman, o renomado psicólogo Americano, a inteligência emocional ajuda você a lidar melhor com a vida, por várias razões que são dividas em quatro pilares:
– Autoconsciência: ajuda você a perceber quando você está se tornando estressado;
– Autogestão: torna-o mais capaz de se acalmar antes de sua reação se desenvolver para um nível incontrolável;
– Empatia:capacidade de você entender o próximo;
– Habilidades sociais: promovem a forma como você se expressa, incluindo saber como e quando ser sincero;
Estresse no trabalho e o exemplo de grandes líderes
No ambiente corporativo, todo profissional, vez ou outra, vai ficar estressado e sofrer do chamado estresse ocupacional. Isso acontece com quem trabalha em cargos de todos os níveis de responsabilidade.
“O estresse faz parte da rotina de trabalho, mas há que se separar o estresse bom do estresse ruim. Explico: o bom é chamado eustress, que é o estresse vivenciado por você diante de uma situação produtiva ou em uma circunstância de aprendizagem.”, diz o psicólogo Iury Florindo, que é psicólogo e especialista em bem-estar emocional no Zenklub.
Grandes líderes e criadores também estão sujeitos a diversas situações estressantes, e o importante é encontrar maneiras de relaxar para se manterem saudáveis e equilibrados.
Selecionamos dicas de 4 grandes líderes para manter o equilíbrio e a saúde mental:
Abílio Diniz
Um dos empresários mais relevantes do Brasil, Abílio Diniz aposta na organização como elemento fundamental para aproveitar o tempo. “A programação e a agenda organizada são, é claro, a parte mais aparente de uma série de atitudes e decisões que tomamos quando percebemos a importância de definir nossas prioridades. Uma agenda só será eficaz – e só teremos a disciplina necessária para cumpri-la – se for preenchida com atividades das quais precisamos. Essa palavra – prioridade é fundamental”, afirma Abílio.
“A consequência disso será uma redução brutal da carga de estresse. E, mais do que tudo isso, uma vida muito mais serena”, complementa. Abílio também é um grande adepto de terapia. Segundo ele começou a se preparar para o sucesso que tem hoje, quando tinha 30 anos quando começou a fazer terapia, buscando se conhecer melhor.
Luiza Trajano
À frente do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano salienta sua resiliência e foca em não ser a pessoa ou empresária perfeita. “Eu não tenho o compromisso de acertar sempre, nem com filho, eu não achei que ia ser perfeita.”, disse na série “Como matar um projeto”. Essa falta de compromisso de não ser a perfeita, não ser a primeira me leva a aceitar mais os meus erros.”, diz.
Facundo Guerra
Empresário ícone da noite paulistana, Facundo Guerra, sócio do Grupo Vegas, acredita que é preciso admitir o fracasso. “Por trás de um projeto você tem sonhos de outras pessoas; ele não tem uma função unicamente financeira. Ele pode estar indo mal financeiramente falando, mas ele está dando emprego, tem algumas pessoas que se relacionam com aquilo, é importante para determinadas pessoas. Então às vezes você insiste (…) até um momento onde você fica “suicida”, porque o projeto está te desgastando.”, diz o empresário em vídeo da série “Como Matar um Projeto”.
Tim Cook
O CEO da Apple acredita no planejamento como uma das formas de evitar o estresse. “Se as segundas-feiras chegam e você se sente sufocado de tanto trabalho, tente se organizar no domingo para a semana começar melhor”, diz ele. Gerir o tempo de trabalho e não ficar refém da própria escala é uma maneira eficaz de lidar melhor com as tarefas e se estressar menos com elas, já que todas foram previamente programadas.
Conheça mais histórias inspiradoras de pessoas públicas que conseguiram administrar melhor seus momentos de estresse.
Tratamento para o estresse
Não existe um remédio que elimine de vez o estresse ou que nos previna dele, mas há abordagens terapêuticas como a psicoterapia, além da mudança de hábitos que já comentamos aqui, que podem ajudá-lo a enfrentar, resistir e administrar os seus estressores.
Buscar ajuda é fundamental e não há problema nenhum nisso, o importante é cuidar da sua saúde e do seu bem-estar emocional, como afirma Tatiana Festi, psicóloga e especialista do Zenklub, no próximo parágrafo.
Com a palavra a especialista
Não podemos esquecer que o estresse é um sintoma e, como todo sintoma emocional, é um alerta de que algo não vai bem em relação às nossas escolhas e ao impacto que elas têm em nossas vidas. Se ouvir é a melhor maneira de saber que alguma coisa está fora do lugar. Uma maneira de evitar muitas doenças é cuidar de todos os aspectos do organismo. Olhar para dentro, ouvir os próprios sentimentos e pensamentos são formas de conquistar o equilíbrio entre corpo, mente e alma. Em alguns casos, é preciso buscar ajuda para conseguir escutar os chamados que o nosso organismo nos faz. E não há vergonha alguma nisso.
Comece a criar momentos de reflexão durante o seu dia e tente descobrir qual ou quais foram as situações ou pessoas que desencadearam esses sintomas. Quando descobrimos o que nos deixa estressados e por que isso acontece, podemos mudar nossa atitude em relação àquela situação ou até mesmo nos afastarmos de determinadas pessoas ou de determinados locais.
Dependendo do grau e da intensidade do estresse, mudança de hábitos e uma prática diária de autorreflexão podem ser suficientes para diminuí-lo, mas quando sintomas físicos associados a ele ou persistentes perturbações emocionais começam a surgir, é o momento de você procurar ajuda especializada de um psicólogo que avaliará os procedimentos a serem adotados caso a caso.