Bebê com a mãe

É comum esperar que as mães fiquem alegres com o nascimento do bebê. Justamente por causa dessa expectativa, pode ser confuso se você estiver sentindo o oposto. Mas você não está sozinha: a depressão pós-parto é uma síndrome mais frequente do que se imagina e afeta 15% das mães.

A verdade é que a depressão nas mulheres supera a dos homens em quantidade de diagnósticos: elas são 30% mais afetadas. Então, não é surpresa que entre 40% e 80% das recém-mães passem pelo que chamamos de baby blues. Esse termo define um estado emocional de choro, infelicidade, preocupação, insegurança e fadiga.

Os baby blues geralmente começam alguns dias após o parto e desaparecem em uma ou duas semanas. No entanto, se os seus sentimentos parecerem muito intensos e durarem mais do que duas semanas seguidas, fique alerta. Saber distinguir baby blues e depressão pós-parto é fundamental para o bem-estar da mamãe e do bebê. 

Até a cantora Adele revelou à revista Vanity Fair que sofreu de depressão pós-parto. Ao falar abertamente sobre o caso, a artista britânica colocou o assunto em pauta e abriu espaço para que muitas mulheres falassem sobre o problema.

O que é depressão pós-parto?

Muitas vezes é difícil diferenciar a depressão clínica do estresse e da exaustão normais gerados pela nova maternidade. Mas se os seus sentimentos de tristeza são tão fortes que impedem que você seja capaz de realizar suas tarefas diárias – como cuidar de si e dos outros -, você pode ter depressão pós-parto.

Quando falamos em CID depressão pós-parto, estamos abordando uma doença codificada como F53 na Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10.  

Cerca de 15% das recém-mães passam por esse problema. Mas alguns especialistas acreditam que o número é ainda maior porque muitas mulheres não procuram tratamento. Então, se você está com dificuldades, procure ajuda de um médico sempre que necessário.

Os primeiros estudos sobre os aspectos psicológicos da gravidez surgiram com Freud, a partir do reconhecimento do inconsciente e seus desvios. Nesse período da vida da mulher, a presença de sentimentos de angústia e conflitos ligados à sexualidade, à identidade sexual e ao narcisismo é habitual. A depressão é um dos transtornos que se destacam durante essa fase.

Homem tem depressão pós-parto?

Sim! Um estudo realizado na Nova Zelândia pela Universidade de Auckland mostrou que os homens sofrem de depressão pós-parto masculina. Ainda que seja uma das poucas pesquisas sobre o tema, sinaliza que uma parcela considerável dos novos papais também precisa de cuidados. 

No estudo, as taxas de depressão calculadas entre os homens após o parto de suas parceiras variaram entre 3% e 12%. Já as mulheres ficam entre 13% e 18%. Embora os sintomas sejam muito parecidos entre homens e mulheres, no caso deles normalmente se manifestam após os três primeiros meses de vida do bebê. 

Principais sintomas de depressão pós-parto

É fato que a chegada do bebê interfere profundamente na vida da mulher. A fase de adaptação saudável envolve sentimentos intensos, mas mudanças de humor mais graves requerem atenção.

Se você pesquisar no Google pelos termos “depressão pós-parto sintomas” ou “sintomas depressão pós-parto” encontrará milhões de resultados. Isso prova a importância desse assunto e da grande necessidade de entendê-lo.

E não é por menos: cuidar de um recém-nascido é uma tarefa complexa e bastante cansativa. Ainda que envolva muito amor, também demanda energia, ao mesmo tempo em que proporciona poucos momentos de descanso. 

A tristeza fisiológica pós-parto é natural e passageira, mas para que possa ser reconhecida, é preciso compreender antes o que é depressão pós-parto.

O que pode sinalizar depressão pós-parto?

Um dos detalhes mais importantes na observação dos sintomas de depressão pós-parto é avaliar a competência de cuidar do bebê. Além disso, na literatura sobre depressão pós-parto, artigos científicos compilaram outros sinais frequentemente relatados: 

  • Extrema tristeza, vazio ou falta de esperança;
  • Vontade de chorar incontrolável ou constante;
  • Falta de interesse ou de prazer nas atividades habituais e passatempos;
  • Problemas para dormir durante a noite ou dificuldade de ficar acordada durante o dia;
  • Redução ou ganho de peso não intencional;
  • Sentimento de culpa;
  • Perda ou excesso de apetite; 
  • Dificuldade em se concentrar ou tomar decisões;
  • Irritabilidade ou raiva;
  • Fuga do contato social, com amigos e família;
  • Preocupação excessiva ou desinteresse pelo bebê; 
  • Fadiga extrema;
  • Medo de ferir o bebê ou sensação de incapacidade de cuidar dele;
  • Culpa por sentir as sensações acima.

Como saber se eu tenho depressão pós-parto?

Buscar informações sobre a depressão pós-parto é fundamental para identificar o problema, se for o caso. Também ajuda a esclarecer as dúvidas que delimitam as fronteiras entre o normal e o patológico. Ou seja, a reconhecer quando é hora de procurar ajuda.

Por isso, pergunte e se informe com um profissional da saúde sobre o que fazer caso você identifique sintomas de depressão

Gestantes passam por várias emoções e alterações bruscas de humor. Ou seja, muita coisa é reflexo da ansiedade de passar por essas grandes mudanças e da revolução hormonal que acontece no organismo. Além disso, as transformações no corpo afetam a imagem que elas têm de si próprias.

Por isso, lidar com tudo que acompanha a chegada de um novo membro na família pode representar um momento delicado na vida de qualquer um. A tristeza puerperal que a mulher sente após dar à luz, por exemplo, costuma durar até 15 dias e desaparece espontaneamente. 

Um quadro de depressão pós-parto, por outro lado, começa a se manifestar mais tarde. Ele se instala lentamente e vai se intensificando. É por isso que é notado um mês após o parto. 

Infelizmente, muitas mulheres não sabem que estão deprimidas e acabam atribuindo a maneira como se sentem ao estresse e à falta de descanso. Há ainda casos em que os sintomas surgem seis meses depois do parto, ou até depois disso. É a chamada depressão pós-parto tardia.

Depressão pós-parto: apoio e compreensão são necessários

Esse é um período de grande ansiedade, no qual a mulher fica mais vulnerável para transtornos psíquicos. Ou seja, quem já teve episódios de depressão fora da gestação, depressão pós-parto em gestações anteriores ou depressão na gravidez é mais suscetível. 

Além disso, outros distúrbios aumentam as probabilidades, como os transtornos de ansiedade, ansiedade na gravidez, depressão ou transtorno afetivo bipolar

A mulher afetada pela depressão pós-parto precisa de apoio para lidar com os sentimentos negativos e a culpa por não estar se sentindo feliz. Assumir o “papel de mãe” é um desafio e requer tempo, pois pode envolver conflitos de identidade.

Além disso, logo após o nascimento do bebê, a mulher passa pelo ciclo gravídico-puerperal. Em outras palavras, essa é uma época de transição em que ela precisa se acostumar com o corpo e com a nova função de mãe. 

Muitas se sentem sobrecarregadas, com dificuldades para lidar até com problemas mais simples. Enquanto enfrentam a missão de lidar com um recém-nascido e a sensação de ter perdido o controle da própria vida. 

Por isso, essa pode ser uma fase muito desafiadora e influenciar diretamente na depressão.

Quais são as causas da depressão pós-parto?

O que causa depressão pós-parto é uma combinação de fatores que estão além do controle da pessoa. 

  • Hormonais;
  • Sociais;
  • Emocionais;
  • Genéticos.

Algumas mulheres podem se sentir de alguma forma responsáveis ​​por ter depressão pós-parto. No entanto, a depressão não acontece por causa de algo que você fez ou deixou de fazer.

Em geral, os fatores de risco são o histórico de outras doenças como ansiedade ou mesmo depressão. Além disso, outros aspectos que contribuem para o desenvolvimento são o esgotamento físico após o parto, a adaptação emocional de se tornar mãe e a privação do sono.

Sinais de alerta

Se você já buscou “depressão pós-parto causas”, deve estar interessada em fatores que aumentam o risco de desenvolver depressão pós-parto. E essa curiosidade tem fundamento justamente porque as causas exatas da doença são desconhecidas. Porém, alguns detalhes são muito relevantes. Confira os principais a seguir. 

  • Já teve depressão antes da gestação ou em uma gravidez anterior?
  • Sofre ou já sofreu violência doméstica?
  • Teve episódios depressivos relacionados às mudanças hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual ou associados ao consumo de anticoncepcionais?
  • Há histórico familiar de depressão com parentes próximos ou com o parceiro?
  • Está passando por problemas financeiros, no relacionamento conjugal ou familiar?
  • Não pode contar com uma rede de apoio?
  • Enfrentou problemas na gestação, como gravidez não planejada ou indesejada, má formação do bebê etc.?
  • Tem dificuldades ou expectativas não atingidas com a amamentação?

Quando procurar um psicólogo ou médico?

Os tratamentos para depressão pós-parto e para depressão são os mesmos. O cuidado é indispensável porque, quando não tratada, a doença pode se tornar crônica. Se você tiver sintomas leves, seu médico pode recomendar um acompanhamento com consultas regulares. Se eles forem mais intensos, o tratamento pode incluir terapia com psicólogo, medicação ou ambos.

Os antidepressivos são usados em algumas situações e podem causar efeitos colaterais, mas a maioria resolverá após algum tempo. Se você tiver efeitos colaterais que interferem na sua vida diária ou se a depressão piorar, informe imediatamente o seu médico. Se não tratada corretamente, a depressão pós-parto pode se tornar crônica.

Conheça o Zenklub

Precisa de ajuda? O Zenklub oferece conteúdo e sessões de terapia de acordo com a sua necessidade.

Não poderia ser mais prático e cômodo para uma mãe: seja pelo computador, seja pelo celular, no conforto de casa, sempre que precisar. Agende uma sessão.

Faça o teste clínico de depressão

O diagnóstico nem sempre é simples, mas podemos ajudar. Faça nosso teste de depressão e entenda os níveis de depressão. O questionário leva menos de 3 minutos para fazer e é uma adaptação do teste PHQ – Patient Health Questionnaire.

Referências

MONDENHAUER, Julie S. Depressão pós-parto. In: MANUAL MSD Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/per%C3%ADodo-p%C3%B3s-parto/depress%C3%A3o-p%C3%B3s-parto 

UNDERWOOD, Lisa., WALDIE, Karen E., PETERSON, Elizabeth. et al. Paternal Depression Symptoms During Pregnancy and After Childbirth Among Participants in the Growing Up in New Zealand Study. JAMA Psychiatry. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/fullarticle/2601411 

Postpartum depression. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/postpartum-depression/symptoms-causes/syc-20376617 

CANTILINO Amaury, ZAMBALDI Carla Fonseca, SOUGEY Everton Botelho, RENNÓ Joel Jr. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rpc/a/nfBndszPxgSTqkh9zXgpnjK/?lang=pt