De acordo com o Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex), 55,6% das mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo. Entre elas, 67% responderam que sentem dificuldades para sequer ficarem excitadas. 

Porém, além de ser o momento de maior prazer sexual, o orgasmo pode proporcionar diversos benefícios para a saúde, como aumento da imunidade, diminuição de dores menstruais e até aliviar o estresse. Por isso, confira tudo que você precisa saber sobre o orgasmo feminino. 

O que é o orgasmo feminino?

O orgasmo feminino é o momento ápice do prazer, que acontece durante o ato sexual ou a masturbação. O mesmo apresenta-se como um pico rápido de excitação, seguido ou não de ejaculação, e com rápida queda na sensação de prazer.

A sensação pode durar de 5 a 15 segundos e, nas mulheres, as contrações musculares causam expulsão de líquido através da vagina, caracterizando a ejaculação feminina.

Curiosidades sobre o orgasmo feminino

  1. Mulheres demoram um pouco mais para terem orgasmo

O motivo pelo qual as mulheres demoram mais que os homens para ter um orgasmo em uma relação é porque o órgão sexual feminino precisa receber cerca de 200 ml de sangue para ficar em seu auge de excitação, enquanto o pênis só precisa de 10ml.

  1. Faz bem para a saúde

Um estudo escocês, publicado na revista Biological Psychology, revelou que o orgasmo diminui a produção de cortisol, hormônio responsável pelo estresse

Além disso, uma pesquisa feita pela Wilkes University, nos Estados Unidos, mostrou que uma vida sexualmente ativa aumenta os níveis de um anticorpo conhecido como IgA, responsável pela proteção do organismo de infecções, gripe e resfriado.

  1. Mulheres têm mais chance de ter orgasmo se estiverem com os pés aquecidos

A mulher tem 30% mais chances de alcançar um orgasmo se seus pés estiverem quentes, diz uma pesquisa da Universidade de Groningen, na Holanda.

  1. Alivia cólicas durante a menstruação 

O estudo clínico Menstruation, da Womanizer, mostrou que a masturbação ajuda a aliviar as dores de cólica menstrual. 486 pessoas que menstruam foram consultadas para a pesquisa e 90% revelaram que a masturbação foi o que ajudou. 

Na pesquisa, Johanna Rief,  a diretora de empoderamento sexual, explicou que, após o orgasmo, ocorre a liberação de vários hormônios, incluindo a dopamina que reduz o estresse e ativa uma felicidade interior. Isso é parecido com o alívio de dor. 

Além disso, o metabolismo e a circulação sanguínea são estimulados. Ambos neutralizam a dor. Finalmente, durante o orgasmo, os músculos contraem e relaxam, o que pode aliviar cólicas dolorosas. 

  1. Em alguns lugares do mundo, o prazer sexual feminino ainda é proibido 

Em muitos países, o prazer sexual feminino é visto como algo impuro e errado. Segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 3 milhões de meninas no mundo sofrem mutilação genital por ano, para que não consigam sentir prazer. No mapa, a África lidera o número dos casos. 

Mitos os sobre o orgasmo feminino

Justamente por a sexualidade das mulheres ainda ser considerada um tabu por diversas pessoas, existem muitos boatos sobre a capacidade das mulheres de atingirem o clímax, porém a maioria não são verdades. 

Confira os 4 principais mitos sobre o orgasmo feminino:

  1.  A mulher só chega ao orgasmo com a penetração

A crença de que o prazer feminino está somente centralizado à penetração de um pênis vem de uma perspectiva heteronormativa. Na verdade, uma pesquisa realizada pela Prazerela constatou que somente 16% das brasileiras gozam com penetração.

Na verdade, o prazer feminino está muito mais ligado à estimulação do clitoris, seja através de massagem ou sexo oral. 

  1. Mulheres que não têm orgasmo possuem transtornos mentais

Embora os transtornos mentais tenham tendência a influenciar a vida sexual tanto de homens quanto de mulheres, este nem sempre é o caso. O orgasmo feminino pode acontecer com ou sem a presença de um transtorno.

O problema é quando especulações sem base científica começam a circular entre as pessoas, rotulando a parceira como problemática.

  1. Todas as mulheres têm orgasmo

Assim como mecionado no início do texto, nem todas as mulheres têm orgasmo em suas relações sexuais. 

Para além de questões psicológicas ou dificuldades de focar no próprio prazer, existem casos raros em que a mulher não consegue ter orgasmo por questões físicas, como problemas nas terminações nervosas.

  1. Masturbação dificulta ter orgasmo no sexo

Esse é outro mito. Isso porque é justamente através da masturbação e do estímulo clitoriano que é possível atingir o clímax. A mesma pesquisa da Prazerela revelou ainda que 74% das mulheres brasileiras têm orgasmo sempre que se masturbam.

6 tipos de orgasmo feminino

Os tipos de prazer na mulher podem variar, podendo incluir orgamos intensos ou orgasmos múltiplos, e dependem da intensidade e duração do estímulo. 

Além disso, todos possuem diferentes origens e se manifestam de formas distintas. Entre os mais conhecidos, estão o orgasmo clitoriano e o vaginal, mas eles não se limitam aos órgãos genitais. 

  1. Orgasmo clitoriano

O orgasmo clitoriano, como sugere o nome, ocorre através do estímulo do clitóris. Seja através da masturbação ou de alguma posição sexual que essa região, dentro da vagina, acima da abertura da uretra, seja estimulada. 

O clitóris é a zona erógena de maior sensibilidade nas mulheres. No momento do orgasmo, o clitóris se retrai e, no ponto G, localizado no interior da vagina, fica mais vascularizado e também aumenta a sensação de excitação.

  1. Orgasmo vaginal 

Esse tipo de orgasmo ocorre quando há penetração na parte mais profunda da vagina, seja através do sexo vaginal ou também da masturbação. 

Alguns especialistas dizem que o orgasmo vaginal não deixa de ser o clitoriano, pois o clitóris possui uma parte interna que não conseguimos ver.

  1. Orgasmo anal

O orgasmo anal é uma das formas mais raras de atingir o clímax entre as mulheres. Ele acontece através do estímulo do ânus, que é uma região com muitas terminações nervosas. 

É ocasionado pela estimulação direta das terminações que inervam o esfíncter, em especial o nervo pudendo, entre outros quatro nervos da região pélvica envolvidos no orgasmo.

  1. Orgasmo mamário

Os seios são uma das partes do corpo feminino mais sensíveis ao toque, sendo muito importantes para aumentar a excitação da mulher. Logo, o orgasmo mamário é causado pela estimulação dos seios.

Ele ocorre, em parte, por causa do hormônio oxitocina, que é produzido no organismo durante a excitação e estimulação da mama.

  1. Ponto G

O ponto G é invisível aos olhos e se encontra logo abaixo do osso púbico, profundamente na parede anterior da vagina, entre sua abertura e o colo do útero. 

Quando estimulado, ele pode conduzir a elevados níveis de excitação sexual, com orgasmos e uma possível ejaculação. O ponto G pode ser uma extensão do clitóris, que juntos podem ser a causa de orgasmos experimentados por via vaginal.

  1. Ponto U

A uretra, local por onde sai a urina, fica entre o clitóris e a entrada da vagina. Por ser uma área supersensível, gera muito prazer na hora do sexo. Assim, o orgasmo é conseguido através do estímulo da uretra.

Como chegar ao orgasmo: veja o que pode facilitar

Para atingir o orgasmo, seja no seu relacionamento, no sexo casual ou mesmo em um sexo sem compromisso é necessário, primeiramente, se conhecer. Saber mais sobre as suas zonas erógenas e entender o que pode te agradar mais. 

Porém, algumas dicas podem facilitar esse momento. Confira abaixo:

  • Usar brinquedos sexuais e vibradores
  • Estimular o clitóris mais intensamente
  • Realizar fantasias sexuais
  • Fortalecer a confiança no relacionamento;
  • Tentar posições diferentes
  • Usar lubrificantes
  • Praticar sexo oral
  • Estimular os seios
  • Acariciar a nuca
  • Acariciar atrás das orelhas
  • Acariciar o interior das coxas
  • Fazer massagem
  • Conhecer nos formas de prazer, como o sexo tântrico

Terapia sexual pode ajudar: indicações

Outra forma de investir no próprio prazer é através do autoconhecimento. Alguns dos motivos que geram desconforto no sexo podem vir de traumas, inseguranças ou experiências negativas. 

O acompanhamento com um psicólogo ou até um sexólogo pode te ajudar a descobrir mais sobre a sua história, seu corpo e seu prazer. O Zenklub é a maior rede de vídeo-consultas com especialistas em bem-estar emocional.

Referências: 

FIGUEIREDO, Regina. Conhecendo melhor o prazer e a sexualidade de meninas e mulheres. Disponível em: http://periodicos.ses.sp.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-18122008000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

GARCIA, Olga Regina Zigelli. Sexualidades femininas e prazer sexual: uma

abordagem de gênero. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/90781/271860.pdf?sequence=1