Riscos ergonômicos: como identificar e prevenir no ambiente de trabalho
Os riscos ergonômicos referem-se a condições de trabalho relacionadas à organização das atividades e à adaptação do posto ao trabalhador, causando dores, desconfortos e problemas de saúde mental e física. Eles surgem quando há esforço físico excessivo, postura inadequada ou ritmo intenso.
A ergonomia no trabalho ganhou destaque nos últimos anos devido ao aumento dos afastamentos por condições musculoesqueléticas associadas à má postura e à sobrecarga física. De acordo com um estudo publicado em revista científica da Universidade de São Paulo (USP), com análise de dados entre 2018 e 2023, o Brasil registrou 46.307 casos de LER/DORT no período.
Leia o nosso artigo e entenda como identificar e prevenir riscos ergonômicos no ambiente de trabalho.
Principais tipos de riscos ergonômicos no ambiente corporativo
Os riscos ergonômicos no trabalho surgem quando a forma de executar suas tarefas não estão adequadas às necessidades do corpo de cada pessoa e não favorecem a postura correta, o conforto e bem-estar do colaborador.
Confira abaixo alguns dos principais tipos de riscos ergonômicos nos ambientes corporativos:
Riscos físicos: posturas inadequadas e movimentos repetitivos
Os riscos físicos são aqueles relacionados à má postura e aos movimentos repetitivos, como ficar com os ombros tensos, sentar com a coluna curvada ou manter o pescoço dobrado.
Eles surgem em situações como a execução repetida da mesma tarefa manual repetidamente, digitação contínua ou o uso do mouse de forma contínua, sobrecarregando os nervos, músculos e articulações.
Ao longo do tempo, essas condições podem provocar uma série de problemas, como:
- Lesões por Esforços Repetitivos (LER);
- Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT);
- Dores crônicas;
- Fadiga muscular, etc.
Riscos ambientais: iluminação, ruído e temperatura
Os riscos ergonômicos também estão presentes no ambiente, como temperatura desconfortável, iluminação inadequada ou ruído excessivo.
Por exemplo: locais com ruído muito alto ou temperaturas elevadas podem gerar irritabilidade, estresse e fadiga, além de reduzir a capacidade de concentração, comprometendo a produtividade, o bem-estar e agravando as tensões musculares.
Por outro lado, uma iluminação fraca pode forçar a visão dos funcionários para ler documentos, resultando em dores de cabeça e tensão ocular.
Riscos organizacionais: jornadas excessivas e pressão por produtividade
Os riscos ergonômicos vão além do físico ou das condições ambientais: a falta de um fluxo de trabalho adequado com ritmo intenso, carga excessiva, pressão por produtividade ou resultados, também compromete a saúde ocupacional.
Nesse sentido, quando o profissional é exposto a essas condições de forma prolongada, aumentam as chances de desenvolver ansiedade, estresse, esgotamento mental e físico, evoluindo até para Síndrome de Burnout e outros problemas de saúde mental no trabalho.
Esse cenário, com falta de pausas, ritmo intenso e sobrecarga, impede a recuperação do corpo e da mente, comprometendo o bem-estar-geral do colaborador, além de reduzir o engajamento e aumentar as chances de adoecimento.
Consequências dos riscos ergonômicos para a saúde integral
A exposição prolongada a riscos ergonômicos pode provocar consequências não somente para o corpo, mas também para o equilíbrio físico e mental, comprometendo o desempenho e o bem-estar das equipes.
Entenda a seguir como a falta de ergonomia no trabalho pode afetar a saúde integral dos funcionários. Confira:
Impactos na saúde física: dores, lesões e doenças crônicas
Quando um colaborador mantém posturas inadequadas e movimentos repetitivos ou atua em estações de trabalho inadequadas, é comum o surgimento de condições físicas, como distúrbios musculoesqueléticos, LER/DORT, fadiga, lesões e até doenças crônicas.
Esses problemas ligados à saúde física aumentam a probabilidade de afastamentos, comprometendo tanto a produtividade quanto a qualidade de vida dos colaboradores, principalmente, quando não há pausas, mudanças na postura ou adequação ergonômica.
Impactos na saúde mental: estresse, ansiedade e burnout
Os riscos ergonômicos também podem resultar em consequências que vão além do corpo, impactando a saúde mental do funcionário e contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios mentais.
O desconforto físico contínuo, dores crônicas e ambientes de trabalho tensos, aumentam as chances do surgimento de quadros de ansiedade, estresse e esgotamento emocional nas equipes.
Como identificar riscos ergonômicos em seu ambiente de trabalho?
Identificar riscos ergonômicos é uma exigência prevista na NR-17, que determina a realização de uma avaliação ergonômica preliminar sempre que as tarefas exigirem adaptações às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
Essa avaliação integra o Programa de Gerenciamento de Riscos, conforme estabelece a NR-1. O primeiro passo é avaliar a postura dos colaboradores na execução das tarefas, observando aspectos, como mobiliário, repetição de movimentos, condições do ambiente e organização do fluxo de trabalho.
Somado a isso, é importante observar sinais físicos e mentais, como queixas de fadiga, dores, tensão muscular, irritabilidade e dificuldade de concentração, que indicam sobrecarga física e emocional.
Para fazer essa avaliação, recomenda-se aplicar a AET (Análise Ergonômica do Trabalho) para registrar as causas do desconforto, realizar os ajustes necessários e reorganizar o fluxo de trabalho para prevenir lesões e promover bem-estar.
Medidas práticas para prevenir problemas ergonômicos
A prevenção de riscos ergonômicos exige a implementação de medidas práticas que são capazes de transformar os ambientes de trabalho em espaços seguros e ergonomicamente saudáveis.
Confira a seguir ações práticas e eficazes para adotar na sua empresa:
Ajustes no ambiente físico de trabalho
- Faça ajustes na altura da mesa e da cadeira para que os pés encostem no chão, os joelhos sejam mantidos no ângulo de 90° e os antebraços fiquem apoiados na mesa;
- Instale o monitor a uma distância de cerca um braço e à altura dos olhos para diminuir a tensão no pescoço e garantir uma visão adequada.
- Posicione o mouse e o teclado alcance das mãos, mantendo os punhos retos e os braços próximos ao corpo.
- Em caso de home office e quando não tiver mobiliário adequado, é possível improvisar com apoios de pés, livros ou caixas para manter a altura adequada da cadeira e mesa e posicionar o monitor na altura correta.
Pausas e exercícios para prevenir lesões
- Pausas regulares a cada 50–60 minutos, para levantar ou caminhar, reduzindo a tensão muscular e avaliando reduzindo a fadiga.
- Alongamentos rápidos ou exercícios de mobilidade para melhorar a circulação e diminuir a rigidez muscular e prevenir lesões.
- Descansar os olhos, como ficar longe da tela, mudar o foco ou piscar várias vezes, para reduzir o cansaço mental e ocular.
Práticas de autocuidado mental para ambientes ergonomicamente desafiadores
- Definição de limites claros entre trabalho e vida pessoal, estabelecendo horários fixos de trabalho, pausas regulares e desconexão das atividades profissionais para prevenir estresse e sobrecarga.
- Práticas de relaxamento ou mindfulness e meditação durante o expediente para amenizar a carga mental e melhorar a concentração e bem-estar.
- Buscar suporte psicológico ou programas de bem-estar para obter uma melhoria da saúde integral.
Responsabilidades compartilhadas: o papel de empresas e colaboradores
A prevenção de riscos não cabe apenas aos empregadores, exigindo uma responsabilidade compartilhada, visto que boas práticas, o uso correto da estação de trabalho e os relatos de desconfortos são cruciais para a identificação dos problemas.
A empresa tem obrigação legal de oferecer condições de trabalho seguras e adequadas aos colaboradores, como prevê a NR-17, além de realizar avaliações ergonômicas e incluir riscos físicos, ambientais e psicossociais no PGR, conforme estabelece a NR-1.
Após identificar os riscos ergonômicos, a organização deve realizar os ajustes necessários, incentivar pausas, treinar equipes e reforçar uma cultura de prevenção associada à saúde ocupacional.
Por sua vez, cabe aos colaboradores respeitar as boas práticas, usar equipamentos recomendados de forma adequada, além de comunicar aos gestores quaisquer sinais de desconforto e riscos ergonômicos.
Cuide bem-estar dos colaboradores com apoio profissional
Cuidar do bem-estar dos colaboradores é fundamental para a saúde mental dos colaboradores, redução de riscos ergonômicos e maior produtividade.
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