Quando o assunto é relação sexual, algumas dúvidas podem surgir. O que é relação sexual? Mulher grávida pode ter relação sexual? Toda relação tem que acabar em orgasmo? É normal sentir dor durante o sexo?

Até mesmo as pessoas mais experientes têm alguma curiosidade ou gostariam de encontrar respostas para as suas perguntas. Isso é super normal e não há motivo para ter vergonha ou se sentir inferior às outras pessoas.

Conversamos com o psicólogo especialista em sexualidade Bruno de Moraes para esclarecer os principais questionamentos sobre sexo. Conhecimento é uma ótima ferramenta para deixar para trás os preconceitos e pudores que nos impedem de desfrutar de uma vida sexual ativa e plena.

Afinal, satisfação sexual é uma questão de saúde e bem-estar. Ou seja, é um direito de todos.

Por que é saudável ter relações sexuais?

Sexo é bom para o corpo e para a mente quando a pessoa se liberta de tabus. Assim, consegue aproveitar os momentos de intimidade com a mesma naturalidade que as demais coisas do cotidiano, como dançar, praticar atividade física ou ver televisão.

A sexualidade compreende uma atividade humana emocional, social e, acima de tudo, física. A Ciência e a Medicina já provaram que sexo prazeroso gera um impacto positivo na saúde. Sim, sexo é um remédio natural! Veja a seguir ótimas razões para adotar uma vida sexual ativa.

O sexo saudável começa solitário

É, estamos falando de masturbação. Esse assunto jamais deveria ser motivo de vergonha ou censura. Pelo contrário, é um exercício de descoberta que pode muito bem ser considerado um momento de sexo. Aliás, o primeiro evento sexual da grande maioria das pessoas normalmente é a masturbação.

Sexo saudável começa solitário e segue ao longo da vida com episódios solo também. São oportunidades de se conhecer e aprender a se soltar. Desapegue de convenções como certo ou errado porque o limite é a imaginação. Não há problema nenhum em se dar prazer, embora isso não seja uma obrigação.

Mas fica a ressalva: para quem está em um relacionamento, quando a vontade de fazer sexo consigo mesmo supera o desejo de ter relação sexual com a outra pessoa, é preciso dialogar e investigar melhor o que pode estar acontecendo.

Adeus, dor!

Quem sofre de dor crônica pode encontrar no sexo um analgésico natural. A prática do sexo dispara no cérebro a produção de hormônios como a ocitocina, que promove a sensação de felicidade, calma, bem-estar e segurança. Esse hormônio ainda regula os níveis de estresse e ansiedade e vem sendo testado para o tratamento de dores neuropáticas e inflamatórias.

Quando fazemos sexo, elevamos também os níveis de endorfina. Esse hormônio é um opióide natural do organismo humano e tem estrutura química semelhante à da morfina, um analgésico muito prescrito para dores severas.

É bom para o coração

Sexo é bom também para o coração. E nem estamos falando da questão romântica, que também faz parte do assunto. O ponto aqui é destacar os benefícios cardiovasculares que resultam da atividade sexual. Ela equivale a exercícios de leves a moderados, falando de intensidade. Em termos de consumo de oxigênio, por exemplo, é equivalente a jogar pingue-pongue.

E, se a preocupação é em relação à possibilidade de ter algum problema cardíaco durante uma relação sexual, cabe uma reflexão. Se a pessoa for capaz de subir dois ou três lances de escadas sem dificuldades, está em forma para o sexo.

De acordo com a Harvard Health Publishing, da Escola de Medicina Harvard, as chances de um homem saudável de 50 anos ter um ataque cardíaco durante o sexo é de duas em um milhão. Se ele tiver algum problema cardíaco as chances dobram, mas ainda assim, são de 20 em um milhão.

Então, estamos falando de pouco risco e muita vantagem: sexo reduz a possibilidade de enfarto porque otimiza a irrigação e a oxigenação, dificultando o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos.

Aumenta a autoestima

É um looping: quanto mais sexo você faz, mais autoconfiante você fica. Só que uma das condições para a conquista sexual é justamente a autoconfiança. E ela se baseia muito na autoestima. Aí entra a valorização de si mesmo: no fortalecimento do amor próprio que nos torna mais resistentes aos contratempos e decepções.

Quem consegue se libertar da dependência da aprovação externa deixa de lado o peso de viver sob parâmetros que podem estar equivocados. Não se trata de ignorar o prazer alheio, mas de aprender a confiar nos instintos e na capacidade de dar prazer. É uma questão de sensibilidade, empatia e de acreditar nas próprias habilidades.

Ajuda a ter uma boa noite de sono

Problemas de sono como a insônia são cada vez mais comuns. As formas de tratar o problema envolvem mudança de estilo de vida, atividade física e medicações nos casos mais graves.

Sexo e sono são duas necessidades fisiológicas do ser humano essenciais para a manutenção do bem-estar e da qualidade de vida. São poucos estudos sobre o assunto, mas as descobertas são interessantes. A elevação da ocitocina e da prolactina, assim como a inibição do cortisol têm um efeito favorável ao sono.

Esses benefícios são semelhantes para homens e mulheres. E mais: esse incremento na qualidade do sono é mais perceptível mediante a relação sexual (em comparação com a masturbação) seguida de orgasmo.

Como se sentir mais à vontade na hora da relação sexual?

A primeira coisa a fazer é se libertar da ditadura do orgasmo. Ele não é uma obrigação. Embora seja desejável, não deve se tornar uma imposição e muito menos uma forma de avaliar a qualidade, especialmente em uma primeira relação sexual.

Uma relação sexual é constituída de três fases:

  • Fase do desejo sexual
  • Fase da excitação
  • Fase do orgasmo

Porém essas fases não seguem um padrão linear, ou seja, mulheres e homens podem experimentar excitação sexual, orgasmo e satisfação sem desejo sexual, como também podem experienciar desejo, excitação e satisfação sem orgasmo.

Saia do roteiro

A criatividade é uma aliada do sexo. Então, varie as posições, crie histórias, experimente algum fetiche. Principalmente quando se está em uma relação monogâmica, pode existir a tendência de repetir sempre a mesma rotina.

Ainda que seja uma relação com uma nova pessoa, como as iniciadas em algum aplicativo de relacionamento, a versatilidade ajuda a aumentar o prazer e as sensações. Um acessório como um vibrador, exercícios de respiração ou uma massagem podem fazer a diferença.

Recrute todo o seu corpo

As sensações eróticas não se limitam à genitália. Por isso, o corpo todo é um convite ao prazer e é assim que deve ser tratado. Um estudo com 800 pessoas buscou mapear a intensidade erógena de 41 partes do corpo masculino e feminino.

As descobertas trazem sugestões de áreas, além dos órgãos sexuais e arredores, para explorar e promover mais excitação. Para quem quer uma dica de como apimentar a relação sexual, vale ampliar o foco dos estímulos.

Essas regiões abaixo são alguns insights do estudo, excluindo as partes mais próximas dos genitais.

MulheresHomens
Lábios/bocaLábios/boca
NucaParte interna da coxa
Seios/mamilosNuca
Parte interna da coxaMamilos
OrelhasOrelhas

Lubrificação é essencial

A lubrificação é um sinal de excitação e prontidão para a penetração. Significa que a mulher está relaxada e o momento é bem promissor para o prazer.

Por outro lado, a ausência ou insuficiência de lubrificação, provocada por questões fisiológicas (como climatério ou menopausa), emocionais (como baixa libido e pouca excitação) ou por medicamentos (como anticoncepcionais) pode causar muito desconforto e até machucar.

Nesses casos, a solução é bem simples: recorrer aos lubrificantes específicos para a região íntima. Eles garantem um deslizar suave e confortável.

O pós-sexo

O momento de aconchego após o término do ato sexual pode se tornar um bate papo capaz de reforçar laços e fortalecer a relação. Compartilhar o que gostou, investigar o que poderia ser ainda melhor, fazer carinho e curtir esse momento a dois são atitudes que fazem muito bem para o casal.

Sexo também é uma fonte de felicidade e quanto mais natural e desprovido de pudores, bloqueios e vergonha, terá mais poder de promover a plenitude. Quando você se empenha em dar e sentir prazer, colhe frutos positivos para a saúde física e mental.

É normal sentir dor durante a relação sexual?

Não, não é normal sentir dor na relação sexual. O termo médico para dores intensas durante ou após a relação sexual é dispareunia. As causas das dores têm diversos fatores, que podem ser biológicos ou psicológicos.

Principais causas de dor durante a relação sexual

  • Vaginismo – contrações involuntárias na vagina que dificultam a penetração e a tornam dolorida
  • Endometriose – uma das causas mais comuns de dor durante o ato sexual
  • Falta de lubrificação – porque gera mais atrito
  • Infecções e inflamações – problemas nos genitais ou no trato urinário também provocam dores
  • Outras causas – radioterapia, machucados, alergias e anomalias são outros elementos associados à dor durante o sexo
  • Questões emocionais – estresse, medo, aspectos culturais e religiosos, traumas ou até mesmo o medo de engravidar causam tensões que podem dificultar o sexo, provocar dor e atrapalhar o prazer.

Se você está passando por alguma dificuldade na hora do sexo, busque auxílio de profissionais e médicos. Especialistas como um terapeuta, um psicólogo ou sexólogo ajudam a superar os problemas emocionais que impedem relações sexuais satisfatórias.

Quando devo evitar uma relação sexual?

Sexo é bom, mas nem sempre. Há casos em que a prática sexual é contraindicada. Por exemplo, quando um dos parceiros não se sente confortável durante o ato. Nesses casos, é necessário buscar ajuda profissional para identificar os fatores que estão gerando esse desconforto.

E um detalhe importante: o incômodo não precisa ser necessariamente físico. A Organização Mundial de Saúde deixa isso claro quando diz que saúde é “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade”.

Ou seja, algumas situações devem ser solucionadas antes de retomar a prática sexual. Ainda que o sexo seja uma questão salutar, a própria saúde é um pré-requisito para ele.

Alguns exames, como espermograma e papanicolau, por exemplo,exigem a suspensão do sexo. O mesmo vale para alguns procedimentos médicos e cirurgias.

Se o seu médico recomendou que você evite o sexo, obedeça-o. Descumprir essas recomendações pode comprometer a fidelidade dos resultados. Conheça a seguir outras situações impeditivas.

Retomando a imunidade

Se algum dos envolvidos está gripado ou resfriado, vale a pena aguardar o restabelecimento da saúde. O ato sexual gera cansaço e consome energia, podendo atrasar a recuperação – ou ainda, transmitir a doença para o parceiro ou a parceira. Aí o casal entra em um ciclo perigoso de contágio por doenças virais, que podem se agravar.

Infecção urinária

Esse problema afeta mais as mulheres do que os homens por uma questão anatômica. A causa mais comum das infecções urinárias é a contaminação da uretra pela bactéria Escherichia coli, que vive normalmente no trato intestinal sem causar problemas. Outros responsáveis são fungos e vírus, além de parasitas e anomalias estruturais.

Quando essa bactéria entra em contato com a uretra ou o sangue, causa uma infecção. Esse contato pode acontecer, inclusive, durante o ato sexual, especialmente quando há sexo anal.

Em todo caso, a infecção urinária é bastante incômoda, o que por si só já justifica esperar a cura para poder retomar a vida sexual.

Machucados

Pequenos machucados e feridas podem piorar com o atrito em uma relação sexual. O próprio ato sexual pode machucar o pênis ou a vagina, especialmente quando é muito vigoroso ou com lubrificação insuficiente.

Na pior das hipóteses, essas lesões podem até infeccionar. A causa da presença de feridas nos genitais deve ser investigada por um médico, uma vez que elas podem ser sintomas de doenças sexualmente transmissíveis.

Dispareunia

A dor durante o sexo é um impeditivo, mas não precisa ser uma condenação. Uma vez descoberta a sua causa e aplicado o tratamento adequado, pode-se voltar a ter relações normalmente.

Especialmente nos casos de fundo emocional, a retomada não precisa esperar a cura completa. Isso porque o sexo pode fazer parte do tratamento de algumas condições, particularmente as que envolvem superação ou demandam o treino para relaxar, por exemplo.

Doenças sexualmente transmissíveis

As doenças sexualmente transmissíveis podem ser causadas por bactérias, vírus e protozoários e são transmitidas por contato íntimo. A maioria dos casos tem tratamento, mas nem todos têm cura – a exemplo do HIV e da herpes genital.

Quem tem esses diagnósticos deve seguir usando preservativos por toda a vida, em todas as relações.

Os quadros de DSTs de origem bacteriana devem aguardar a cura completa antes de voltar a fazer sexo.

O que são disfunções sexuais?

As disfunções sexuais acontecem quando a pessoa apresenta alterações ou perturbações no seu ciclo de resposta sexual que a impedem de viver uma vida sexual prazerosa e saudável.

As disfunções sexuais podem ser classificadas em quatro tipos diferentes:

  • Desejo – que pode ser caracterizado como perturbação de desejo sexual hipoativo ou hiperativo
  • Excitação – nos homens é conhecida como disfunção erétil (também chamada de impotência sexual) e nas mulheres se manifesta na incapacidade de ficar fisicamente excitada
  • Orgasmo – No homem se manifesta com a ejaculação precoce ou retardada. Já nas mulheres se manifesta com dificuldade ou ausência de orgasmos
  • Dor – a dispareunia é marcada por dores que podem ocorrer durante ou depois da relação sexual.

Exercícios físicos como aliados do tratamento de disfunções sexuais

No tratamento das disfunções sexuais, os exercícios físicos regulares despontam como uma estratégia de apoio muito eficiente. Isso se deve aos benefícios cardiovasculares e respiratórios obtidos com a atividade física.

Outros bons frutos de uma vida ativa são o desenvolvimento da autoestima e da confiança na própria capacidade física, bem como a redução da ansiedade e da depressão. O exercício físico também é um potente ansiolítico e antidepressivo.

Como um sexólogo pode ajudar?

A multiplicidade e subjetividade das questões sexuais que angustiam tantas pessoas merecem cuidado especial, pois estão diretamente ligadas à autoestima, ansiedade e à saúde dos relacionamentos.

Preocupações como relação sexual na gravidez ou quanto tempo dura uma relação sexual, por exemplo, não são problemas, mas precisam ser esclarecidas para não gerarem perturbações ou bloqueios.

A terapia sexual consiste em evidenciar, com um olhar sério e profissional, aspectos como baixa libido, falta de confiança sexual, conflitos morais e religiosos, autoestima, entre outros.

O processo terapêutico é objetivo, focado na solução da demanda sexual, buscando elaborar a interação emocional e relacional com as causas da queixa, no sentido de construir um caminho de plenitude sexual adequado às expectativas de cada pessoa.

No Zenklub você encontra especialistas criteriosamente selecionados e capacitados para te ajudar, com segurança e privacidade, a ter uma vida sexual plena.

REFERÊNCIAS:

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