Orgasmo múltiplo é um assunto que gera muita curiosidade – e desejo. Afinal, se o orgasmo é o clímax de uma relação sexual, vivenciar a sua versão múltipla parece ainda melhor. Por isso, consultamos um especialista para te explicar tudo sobre o assunto e ainda dar algumas dicas para tentar alcançá-lo.

O que é orgasmo múltiplo?

O orgasmo é o momento de prazer máximo que ocorre durante o ato sexual ou masturbação. Pode envolver ou não a ejaculação e dura entre 5 e 15 segundos. Para os homens, compreende o momento da ejaculação e para as mulheres, uma sequência de contrações musculares na região vaginal, que pode repercutir para outras partes do corpo.

Tudo começa no cérebro, o órgão que libera o indivíduo para o sexo por meio do desejo e da imaginação. A partir daí, são recrutados os órgãos dos sentidos, com destaque especial para a pele. Quando estimulada, ela aciona neurotransmissores que sinalizam para os genitais que é hora de se preparar para o ato sexual. Ou seja, intumescência, ereção e lubrificação.

Mas o que é orgasmo múltiplo? A primeira definição surgiu em 1966, com os estudos de Masters e Johnson. O conceito envolve a capacidade das mulheres atingirem picos orgásmicos sucessivos, separados por um curto intervalo de tempo.

Atualmente, há um novo conceito de orgasmo feminino, que abrange uma maior complexidade desse fenômeno, denominado Resposta Sexual Expandida (ESR, sigla em inglês).

Essa Resposta Sexual Expandida pode ser definida como a capacidade de atingir orgasmos:

  • De longa duração e/ou
  • Múltiplos e/ou
  • Mais intensos, percebidos na vagina e no clitóris (podendo até se estender para outras partes do corpo) e que se mantêm por mais tempo que o orgasmo clássico definido na literatura médica. Esse é o chamado “status orgasmus”, muito citado pela filosofia tântrica.

Quem pode ter orgasmos múltiplos?

Quando se trata de orgasmos múltiplos, a vantagem é feminina. De acordo com o psicólogo especialista em sexualidade Bruno de Moraes, apenas as mulheres podem ter orgasmos múltiplos. Ele explica que o orgasmo masculino, que corresponde à ejaculação, é seguido da perda de ereção. Ou seja, “a iniciação de uma nova resposta sexual no homem é impossibilitada durante um período de tempo”, comenta.

A despeito do grande interesse popular sobre o assunto, a verdade é que poucos estudos científicos têm se dedicado à capacidade multiorgástica masculina. Por isso, pouco se sabe sobre o papel da ejaculação e da mudança fisiológica na inibição de orgasmos durante o período refratário (pós-orgasmo). Por ora, a possibilidade de multiorgasmos para homens vem sendo aceita gradualmente, mas ainda há muito o que investigar.

Qual a sensação de ter orgasmos múltiplos?

Para a mulher, o orgasmo está dissociado da reprodução e por isso não sofre atraso fisiológico. Em outras palavras, a repetição em um curto espaço de tempo é facilitada. Além disso, o clitóris é um grande aliado orgástico porque tem mais terminações nervosas que a cabeça do pênis, tornando-o mais sensível.

Os relatos de quem vivenciou um orgasmo múltiplo mudam de acordo com a percepção de cada pessoa a respeito do próprio corpo. Não há um padrão porque a experiência sensorial é muito pessoal e única. Ainda assim, eles têm alguns detalhes em comum:

  • São orgasmos intensos e que vêm em ondas de prazer
  • O corpo inteiro vibra e a pessoa sente reflexos involuntários
  • O intervalo entre eles vai diminuindo e a intensidade aumenta
  • Mesmo após o término do estímulo, eles podem persistir por algum tempo
  • Quando os orgasmos múltiplos cessam, a pessoa fica extremamente cansada, mas muito satisfeita

Principais mitos sobre orgasmos

O prazer é um assunto relevante no universo da sexualidade. Prova disso é o alto nível de busca por termos do tipo “como ter orgasmos múltiplos”. Mas quem quer saber sobre orgasmo múltiplo, o que é, como obter e como saber que conseguiu, pode se frustrar com respostas vagas. Ou então, com mitos. Confira alguns a seguir.

“O orgasmo só acontece com sexo vaginal”: temos aí uma falácia. É possível obter orgasmo de várias maneiras, incluindo penetração, masturbação, sexo anal, sexo oral e outras formas de estímulos. Aliás, a mulher é capaz de ter dois tipos de orgasmos, o clitoriano e o vaginal. A fisiologia desses dois tipos é basicamente a mesma, o que muda é o ponto onde a excitação é provocada.

“Orgasmo simultâneo é sinônimo de sexo bem-sucedido”: essa é outra lenda, que envolve questões muito particulares. Há quem acredite que basta levar a outra pessoa ao orgasmo para considerar o sucesso. Por outro lado, há quem considere o momento de intimidade e conexão por si só um indicativo de êxito. Sendo assim, é bem-sucedido o sexo que mantém o companheirismo e a parceria até o final.

“Falta de orgasmo tem origem psicológica”: sim e não. Uma criação muito repressiva, questões religiosas, tensão, estresse e ansiedade podem interferir na capacidade de atingir o orgasmo da mesma forma que problemas físicos como disfunções glandulares e diabetes.

“Só o homem é capaz de ejacular”: a ejaculação feminina é rara e por isso é alvo de especulações. Em tese, durante o auge da excitação ou no orgasmo, a mulher expele fluidos. A teoria mais aceita é a de um fenômeno que se manifesta em aproximadamente 10% das mulheres, resquício da semelhança entre os órgãos genitais masculino e feminino. Esse tema requer mais pesquisa para confirmação do fenômeno e descoberta da composição desse fluido.

Como ter orgasmo múltiplo: veja 4 dicas

Não há regra que garanta a ocorrência de um orgasmo múltiplo, nem o sexo vaginal é condição para isso. Da mesma forma, a adoção de determinada posição sexual também não gera a certeza de “chegar lá”.

Ainda assim, alguns detalhes podem favorecer o sucesso na tarefa de aprender como facilitar orgasmos múltiplos. O mecanismo que gera o orgasmo está muito mais no cérebro do que no corpo e na genitália. Em outras palavras, o sexo já começa quando pensamos nele.

1. Tem que estar a fim

Parece óbvio, mas buscar um orgasmo intenso que ecoa de forma repetida necessariamente requer desejo verdadeiro. Além disso, é preciso se libertar de culpa, medo e vergonha. E não basta conhecer o próprio corpo e saber do que gosta: é preciso saber comunicar isso de forma explícita para receber os estímulos necessários.

Também é preciso entrar no clima. Aí vale apostar em tudo que provocar a excitação, desde pornografia até acessórios, massagens, velas e música. E lembre-se: ainda que seja sexo casual, é um momento de intimidade que precisa de uma dose de confiança.

Faz parte desse processo não se pressionar ou criar expectativas que impeçam de vivenciar o momento presente de forma plena. Se você quer saber como chegar ao orgasmo múltiplo, infelizmente não vai encontrar uma resposta pronta. Mas já pode entender que sem acionar o foco e a sensibilidade, essa jornada não tem boas chances de sucesso.

2. Use a criatividade e abuse das preliminares

Qualquer parte do corpo humano é fonte de prazer. Quanto mais consciente as pessoas estiverem a respeito disso, melhores as chances de chegarem a orgasmos intensos e prolongados. A massagem tântrica é uma ótima experiência para vivenciar sensações e distribuir a energia sexual por todo o corpo.

A etapa das preliminares consiste basicamente em exploração. Observe a respiração, as reações, as expressões faciais e os sons. Nessa hora, vale de tudo, desde beijar, tocar, trocar olhares, alisar, esfregar e é claro, provocar. Muito. Eleve o nível de excitação para turbinar as chances de obter um orgasmo vibrante.

3. Aposte em conforto

Salvo a realização de fantasias sexuais específicas, conforto é um fator que ajuda a aumentar a excitação até levá-la ao clímax desejado. Por isso, um grande marco para a penetração é a lubrificação. Sem ela, há dor e tensão, grandes inimigas do orgasmo.

Ao mesmo tempo que a lubrificação é essencial, não pode virar um fator de pressão e estresse. Até mesmo porque, conforme a idade avança, a produção hormonal feminina entra em declínio e isso naturalmente dificulta a lubrificação.

Falta ou insuficiência de lubrificação não é sequer obstáculo para o prazer. Várias opções de lubrificantes estão disponíveis no mercado, então basta escolher a que mais agradar. Mas vale o lembrete: os que são feitos à base de óleo mineral ou vaselina podem prejudicar o látex e comprometer a eficiência da camisinha. Prefira as fórmulas à base de água ou silicone.

4. Esqueça o orgasmo

Essa talvez seja a dica mais importante: o orgasmo não é exatamente um objetivo. Torná-lo uma obrigação é atribuir cargas de intimidação e tensão desnecessárias. Todo o ato sexual deve ser fonte de prazer e, por isso, considerar o orgasmo uma meta pode tirar o valor de toda a jornada percorrida até ele.

O orgasmo é consequência de um processo fluido, carregado de sensibilidade e empatia. Sentimos prazer também quando percebemos que estamos proporcionando prazer. Por isso, recrute a sensibilidade e a intuição para guiar suas ações e intenções.

Quais os maiores vilões quando o assunto são orgasmos femininos

Embora a anatomia feminina seja favorável à obtenção de prazer, a dificuldade de atingir o orgasmo é uma queixa muito comum. Um estudo realizado no Rio de Janeiro com 300 mulheres na faixa dos 36 anos mostrou que quase 10% das entrevistadas nunca sentiram orgasmo. No entanto, 60% acredita que a relação sexual interfere na qualidade de vida, afetando o humor, o bem-estar e a autoestima.

Há vários fatores que contribuem para a existência do orgasmo durante uma relação sexual. De acordo com um estudo realizado na Faculdade de Medicina da USP, as principais variáveis que podem dificultar ou facilitar o alcance do orgasmo são:

  • Masturbação
  • Escolaridade
  • Desejo sexual
  • Ansiedade

Os inimigos do orgasmo

Esses fatores podem ser influenciados por diversos motivos, como a falta de conhecimento sobre o próprio corpo, sobre sexo e sexualidade, uma educação repressiva relacionada à sexualidade, abusos sexuais, baixa autoestima, autoimagem distorcida, entre outras causas.

Nessa lista não podem faltar elementos como ansiedade, estresse, depressão, descompasso entre o casal, gravidez ou mesmo infidelidade. A mente nos prega peças e às vezes desvia a atenção do que é importante. Assim, em vez de curtir o momento, a mulher se preocupa com a própria performance e como está sendo percebida pelo parceiro ou parceira.

Uma experiência prévia negativa pode ser gatilho para bloqueios e traumas. Ou então, a mulher pode sentir dificuldade de se entregar ao momento, de se permitir ser vulnerável e abrir mão do controle. Todos esses obstáculos podem ser superados com ajuda terapêutica.

Saúde sexual: como um terapeuta pode ajudar

A psicoterapia pode auxiliar mulheres, homens e casais que sentem dificuldades em ter orgasmos na relação sexual, porque é justamente a área da ciência que busca entender comportamentos disfuncionais.

Com o objetivo de promover uma vida mais plena, a terapia intervém para gerar uma mudança. Para isso, o profissional vai pesquisar, com a paciente, quais as contingências que a impedem de ter a experiência sexual desejada.

Juntos, terapeuta e paciente trabalham para o restabelecimento da saúde sexual em intervenções que podem estar ligadas a diversos fatores da trajetória de vida daquela pessoa.

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Referências

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