Pandemia, isolamento social e restrições: como reagir?
Conhecer a maneira como reagimos em relação à pandemia, isolamento social e restrições, pode ser um bom caminho para se conhecer melhor. E, com isso, fica mais fácil ponderar escolhas melhores e mais funcionais para sua vida.
Por isso, trouxe uma reflexão importante que vai desde o impacto do momento atual para nossa saúde mental, até uma analise sobre a teoria de Freud sobre o assunto. Então, vamos refletir mais sobre isso?
Quais foram os impactos que a pandemia trouxe?
A pandemia, o isolamento social e os impactos que ela trouxe para nossas vidas foram inúmeros. Por isso, vou procurar destacar alguns deles para podermos compreender nossas reações a esse momento tão impactante na humanidade.
Com certeza você irá completar a listagem, que parecem não ter fim, com suas experiências pessoais.
8 tópicos que a pandemia impactou nas nossas vidas:
- Isolamento social físico: Ficamos restritos a conviver apenas com pessoas próximas. O outro passou a ser um potencial perigo. Por isso, convívios que mudam nossas percepções, que criam contrapontos e nos mostravam outras formas de ser e agir foram interrompidos. Mas, por sorte, temos a comunicação virtual.
- Conflitos familiares: Então, estar em casa, longe de outras pessoas pode fazer com que alguns conflitos familiares aumentem ou sejam favorecidos
- Incerteza sobre o futuro: Esse vírus também nos traz grandes incertezas sobre a vida e o futuro. É algo novo e não tem um padrão conhecido pela ciência. Por isso, fica em aberto o impacto de novas variantes, novas formas de contágio, tempo de eficiência da vacina, entre outras dúvidas.
- Quebra de expectativas: Além disso, outro aspecto importante a destacar é a questão temporal em relação ao término desse estado. Vamos criando expectativas de que tudo vai passar. Mas, não temos uma previsão de término, e vivemos nessa espera sem perspectivas certas.
- Lidar com a morte: Experimentamos todos os dias a ameaça, o sofrimento e o medo ou a realidade da morte.
- Problemas financeiros: Além disso, os impactos financeiros e econômicos, vindos da crise sanitária, vão compondo um cenário trágico e alarmante. A sobrevivência das pessoas é duplamente abalada.
- Guerra: Vivemos claramente um estado de guerra.
- E muito mais: Existem tantos outros desdobramentos poderiam ser mencionados aqui.
E o que nos mobiliza essa situação?
Podemos lidar de várias formas com essa realidade tão difícil. Nossa lista pode ser interminável. Mas, vou mencionar algumas, e vale a pena você se perguntar sobre como você tem reagido a esse momento.
Com certeza, o momento nos remete à vivência do desamparo, da desesperança, da falta de abrigo, entre tantos outros sentimentos. E aflitos, vamos encontrando maneiras de enfrentar tantos tormentos.
Então, durante a pandemia e isolamento social podemos nos ficar tristes, deixar de dormir ou ter um sono irregular. Além disso, algumas pessoas podem ter irritabilidade, intolerância, comer demais, comer de menos, ficar bravas.
Algumas chegam a negar a condição do isolamento deixando de seguir os protocolos de segurança, dormir demais, evitar as atividades físicas, dentre tantas outras.
Vamos buscar compreender essa situação considerando um detalhe da vida e da obra de Freud?
Para abordar esse assunto, trarei uma breve referência da psicanálise, focando nos estudos realizados pelo considerado pai da psicanalise.
Sobre a vida de Freud
Sigmund Freud, (1856-1939) foi um médico austríaco, neurologista e que ao longo de sua vida e de sua observação clínica construiu uma teoria importante sobre o funcionamento mental – a psicanálise.
Não vamos nos aprofundar a respeito de seus conceitos e suas geniais ideias sobre a vida mental.
Mas, alguns aspectos que impactaram sua vida e também sua obra merecem destaque para as ideias que organizam este texto.
No plano de sua história de vida, Freud vivenciou a 1ª guerra mundial e faleceu antes do término da 2ª guerra.
Sendo judeu, ao final de sua vida teve que sair de Viena. Pressionado pelas forças nazistas que tomavam a Áustria, foi morar em Londres.
Além destas questões intensas e impactantes, Freud perde uma filha durante a gripe espanhola e enfrentou de 1923 até o final da vida um câncer na mandíbula.
Podemos deduzir que foi um homem que teve ao longo de sua vida um intenso convívio com ameaças, com inimigos visíveis e invisíveis, e com a eminência da morte.
Se estes aspectos trouxeram um dinamismo para a sua teoria, não nos cabe detalhar aqui. Mas, com certeza foram estímulos importantes que acompanharam suas reflexões sobre a vida e sobre o ser humano.
Então, mesmo com outras configurações, convivemos nestes anos de 2020 e 2021 com ameaças que são parecidas às vividas por Freud.
Sobre um aspecto de sua obra
Em 1919, Freud escreve um texto intitulado “A psicanálise e as neuroses de guerra”. Então, o contexto da 1ª guerra mundial e as consequências emocionais e físicas trazidas pelo combate, fez com que estudos nessa área fossem produzidos.
Eram muitos os soldados que apresentavam sintomas psíquicos. Esses fenômenos precisavam ser estudados e compreendidos. Freud considera que este funcionamento psíquico aparece como uma reação de defesa a acontecimentos traumáticos, a conflitos vivenciados nos campos de batalha.
Sua teoria sobre as neuroses aborda outras dinâmicas internas em que são consideradas as dimensões da sexualidade. Por isso, não nos cabe aqui aprofundarmos esta discussão e perdermos o foco de nossa abordagem.
O que é fundamental destacar é que Freud reconhece que alguns comportamentos que nos fazem sofrer, vem de uma necessidade de nos defender.
Então, diz Freud no texto citado acima, que “as neuroses de guerra são apenas neuroses traumáticas, que, como sabemos, ocorrem em tempos de paz também”.
Tempos de guerra, defesas psíquicas e sobrevivência
Penso que entender que – nossas crises de ansiedade, de pânico, nossos ataques de fúria, de choro, nossas insônias ou intensa sonolência, nossa irritabilidade, nossa depressão ou negação frente as evidências, nossa inquietude dentre outras – parecem nos blindar desse inimigo invisível, podem minimizar nossa angústia frente à pandemia e isolamento social.
Então, vale perguntar:
- Entender o que foi dito acima é suficiente para que possamos continuar mesmo vivendo num momento tão difícil?
- Seria essa uma estratégia mais favorável à nossa saúde mental?
Dicas como passar pela pandemia e isolamento social
- Pensar um dia por vez, ao mesmo tempo em que também é estimulante desenhar projetos para o futuro.
- Incluir em nossa rotina as atividades físicas.
- Priorizar em nosso dia a dia momentos para atividades prazerosas, como por exemplo hobbies.
- Participar (virtualmente) de grupos ou associações que unem pessoas que estejam na mesma situação.
- Todavia, conversar digitalmente com amigos e familiares.
- Além disso, estimular a criatividade para pensar em alternativas para as dificuldades.
- Por fim, procurar ajuda para cuidar da sua saúde metal.
Eu posso te ajudar
Eu posso te ajudar a entender os seus seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo sobre ansiedade, depressão, pânico, stress, angústia, relacionamentos, profissão ou família. Vem comigo nessa jornada rumo ao autoconhecimento!
Psicóloga formada pela PUCSP. Tem formação em psicodrama e realizou cursos de expansão na área de Neurociências, Uso responsável da Internet e Família na Contemporaneidade, dentre outros. Além da atividade clínica trabalhou como coordenadora Educacional e Pedagógica em diversas instituições escolares, atendendo crianças, adolescentes e familiares. CRP: 06/17223