Crianças e adolescentes: isolamento, restrições e o ensino a distância
As consequências da pandemia, do isolamento, do convívio e o ensino a distância são impactantes para todos nós. Mas a repercussão, ou melhor, a maneira de lidar com a dificuldade do momento pode ser diferente no grupo de adultos, e na esfera dos jovens e das crianças.
Neste texto, vamos nos aproximar da maneira pela qual o confinamento tem afetado este segundo grupo.
O que dizem as pesquisas sobre o impacto da pandemia e do isolamento nas gerações mais novas?
Estudos têm investigado o impacto da pandemia nas gerações mais novas e alguns aspectos ganham destaque:
- Crescimento na falta de motivação,
- Dificuldade para manter a rotina,
- Aumento daqueles que sentem tristeza, ansiedade e irritação.
Além disso, se por um lado temos o isolamento como uma realidade que não podemos evitar, e que tem quebrado todas as nossas expectativas de término, constatamos que algumas crianças e adolescentes ainda se deparam com outros desdobramentos familiares, como:
- O adoecimento ou a morte de pessoas próximas,
- As preocupações econômicas e com a manutenção do emprego,
- O home office trouxe não só o confinamento físico, mas também emocional,
- A vivência de medos e ameaças de contágio habitam o dia a dia da família.
Que reações o isolamento pode desencadear?
O isolamento social pode dessa maneira, desencadear uma série de reações. Por isso, separei 8 tópicos que podem te ajudar a identificá-las. Confira abaixo:
- Crianças podem adoecer fisicamente (com uma base de origem emocional),
- Outros, podem se tornar agressivos e irritados,
- Podem se tornar muito reclusos e entristecidos,
- Passar horas a fio em jogos online,
- Outros ainda podem se mutilar ou mencionar o suicídio,
- Desenvolver fobias,
- Apresentar alterações de sono e de apetite,
- Ou ainda comportamentos repetitivos e extenuantes, dentre tantos outros.
Além disso, vale lembrar também que as pessoas, assim como os jovens e as crianças, reagem de maneiras diferentes a uma situação. Por vezes, os comportamentos mais sofridos já ocorriam e a pandemia apenas fez com que transbordassem.
Por isso, em outras circunstâncias, a vida passava de maneira equilibrada, mas com o prolongamento e os efeitos intensos da pandemia ocorre uma reviravolta na maneira de ser e de se expressar. Ou ainda, cansados com o momento, levam ao isolamento até um determinado ponto, mas reagem com seu prolongamento apresentando alguns sintomas.
Entendendo a razão pela qual o isolamento tanto afeta as gerações mais novas
Então, o que é importante destacar é que somos seres essencialmente sociais. Nascemos apresentando uma prematuridade que se estende por alguns anos.
Além disso, precisamos de um adulto que nos guie até apresentarmos suficiência física, emocional e cognitiva para darmos conta de nossa vida. E, diante desse quadro, vamos entrelaçando convivências, pessoas e significados.
Ou seja, crescemos e vamos gradativamente ganhando outros espaços, outras esferas e outras pessoas vão fazendo parte de nosso convívio e de uma rede de significados. Por isso, precisamos construir uma autonomia.
Além disso, carregamos para a vida exterior as heranças familiares: os valores, os interesses, os padrões de comportamento, as expectativas em relação à vida e ao futuro, dentre outros.
Por isso, é justamente na composição do que herdamos da família e do que encontramos no mundo externo, que vamos delineando nossa identidade, nossa maneira de ser. Precisamos desse convívio além dos espaços familiares!
Por essa condição é que o distanciamento físico e social impacta tanto os jovens quanto as crianças. Eles precisam da convivência, do toque, das brincadeiras, das partidas esportivas. Precisam também experimentar os conflitos, as discussões, adotarem posições, ficarem aborrecidos e conseguirem se reerguer, experimentarem sentimentos fortalecedores, dentre tantos outros.
Precisam se “indispor” com a família para depois retornarem à família. Eles vivenciam essas dimensões virtualmente? Sim, seria a resposta. Mas a dimensão mais espontânea, dinâmica e intensa da convivência com certeza é abalada pelo distanciamento.
Fica a impressão de um movimento mais solitário do que construído socialmente. Além disso, podemos dizer que temos um funcionamento sensorial bastante elaborado para darmos conta de nossa vida, para fazermos leituras das relações e do mundo.
Outros aspectos importantes
A dimensão sensorial, que nos capacita também para a sobrevivência física e emocional, fica reduzida e pouco estimulada nessa esfera.
Além disso, diante desse quadro é importante estarmos próximos dos mais novos, mesmo que também estejamos impactados, temerosos, congestionados de preocupações.
Por fim, a proposição de alternativas de convivência seguras frente ao Coronavírus precisa também ser considerada. A proximidade emocional é fundamental. Vale a pergunta, seguida de uma observação, que deve sempre nos acompanhar:
Como seu filho ou sua filha tem enfrentado esse período?
Eu posso te ajudar
Eu posso te ajudar a entender os seus seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo sobre ansiedade, depressão, pânico, stress, angústia, relacionamentos, profissão ou família. Vem comigo nessa jornada rumo ao autoconhecimento!
Psicóloga formada pela PUCSP. Tem formação em psicodrama e realizou cursos de expansão na área de Neurociências, Uso responsável da Internet e Família na Contemporaneidade, dentre outros. Além da atividade clínica trabalhou como coordenadora Educacional e Pedagógica em diversas instituições escolares, atendendo crianças, adolescentes e familiares. CRP: 06/17223