Muitas pessoas possuem dificuldades de mergulhar e encarar a vida adulta, pois com ela vem muito mais responsabilidades, contas, trabalho, pressão de todos que estão à sua volta, principalmente dos familiares. Por esses motivos, algumas pessoas acabam desenvolvendo a síndrome de Peter Pan.

Assim como o personagem, essas pessoas que sofrem com essa síndrome de Peter Pan, tem o desejo de não crescer. Porém, sabemos que viver um dia de cada vez é a forma mais simples de encarar as mudanças e entrar nesse “novo mundo”.

Com isso, abaixo vamos entender melhor sobre a síndrome de Peter Pan e esse medo de crescer que muitas pessoas sofrem.

O que é a Síndrome de Peter Pan?

Sabemos que o personagem Peter Pan é conhecido por todos por ser uma criança que não cresce. Sendo uma eterna criança, ele pode continuar não tendo responsabilidades, vivendo em uma ilha com seus amigos que se por um acaso crescerem, são expulsos do seu convívio. 

A síndrome de Peter Pan possui esse nome por conter algumas características do personagem. Essa síndrome bloqueia a pessoa de crescer mentalmente ou de se envolver em comportamentos considerados adultos.

Embora seja usada como diagnóstico por muitos psiquiatras e psicólogos, essa síndrome não está no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.

Vale destacar que essa síndrome é mais comum em homens, porém, também pode atingir mulheres. De toda maneira, a pessoa que sofre com essa síndrome mantém atitudes imaturas e pensamentos infantis. 

Essas pessoas são imaturas quando se trata de responsabilidades de trabalho, relacionamentos amorosos e até mesmo de amizades ou com familiares. Além de tudo, elas também tendem a ser dependentes financeiramente dos pais.

É importante deixar claro que, essa síndrome não causa nenhum problema de saúde para quem sofre com ela, mas, interfere em como a pessoa se posiciona perante a situações do dia a dia e como ela se relaciona com os demais que estão a sua volta.

Causas da síndrome de Peter Pan

Existem alguns fatores que podem ser apontados como causas da síndrome, porém devemos deixar claro que, essa síndrome ainda não possui um diagnóstico clinicamente reconhecido, pois se trata de uma condição mais recente.

Devemos destacar também que, o fato de gostar de coisas que são consideradas infantis não é uma causa ou sintoma da síndrome.

Com isso, abaixo iremos ver alguns fatores que podem levar uma pessoa a desenvolver essa síndrome.

Mecanismo de defesa

Uma das causas dessa síndrome, é o mecanismo de defesa principalmente do ego, que possui uma parte inconsciente que utiliza isso como forma de proteger a pessoa. Isso acontece através de projeções, negação ou até mesmo encontrar maneiras de simplificar a maioria das coisas, como um escudo para evitar se aborrecer.

Muitas vezes, por conta de uma insegurança muito forte, a pessoa pode desenvolver barreiras emocionais que são gatilhos para a síndrome de Peter Pan.

Dificuldade de integração social

Faz com que a pessoa que sofre com essa síndrome se isole em um mundo infantilizado, onde possui a falsa sensação de estar mais protegido.

Evento da infância

Podem ser caracterizado por abuso ou violência sexual e psicológica, acidente, bullying ou qualquer outro tipo de ação que tenha gerado algum trama na pessoa.   

Mãe superprotetora

Ter uma mãe super protetora em que o adulto não consegue se desprender. O fato de a mãe não romper o “cordão umbilical”, pode fazer com que a pessoa mesmo quando mais velha seja completamente dependente emocionalmente dos pais.

Sintomas da síndrome de Peter Pan

Identificar esses sintomas e diagnosticar que se trata da síndrome de Peter Pan, não é uma tarefa muito fácil, até porque ele é facilmente confundido com as características da personalidade da pessoa.

Por isso, a ação de um profissional é fundamental nesse momento, pois é necessário que a pessoa passe por um período de observação, para que sejam identificadas as ações problemáticas que  caracterizam essa síndrome. Além disso, um profissional consegue se utilizar de uma comunicação não-violenta para lidar e alcançar essa pessoa.

Abaixo vamos conhecer alguns sintomas identificados pelo psicólogo Dan Kiley, que caracterizam essa síndrome de Peter Pan.

Insatisfação

A pessoa pode estar com sua vida de acordo com o que sempre desejou, mas não estará satisfeito. Esse sentimento de insatisfação e frustração é um dos sinais que a pessoa não lida bem com essa mudança de fase.

Procrastinação

Por levar tudo de forma leve e na brincadeira, a pessoa que sofre com a síndrome de Peter Pan, tende a enrolar, postergar, deixar para depois, para resolver assuntos diversos, independente do seu grau de importância.  

Ao se ver sempre preso à procrastinação, essa pessoa demonstra não estar preocupada com a situação e com os prazos que precisam ser cumpridos, e principalmente, não se preocupa com as consequências se não entrega o trabalho. 

Porém, quando a pessoa se dá conta de que o prazo está no fim, ela fica extremamente ansiosa para finalizar tudo.

Egocentrismo

A pessoa que sofre com essa síndrome tem dificuldade de deixar a fase egocêntrica da infância, e por isso, ele acha que sabe de tudo e que tudo que faz é o correto, porém, mesmo nessas condições, pode ser inseguro e ter baixa autoestima.

Dificuldade em expressar sentimentos

Expressar sentimentos é um dos problemas para quem sofre com a síndrome de Peter Pan, isso é decorrente à timidez, baixa autoestima, medo ou dificuldade de compreender o seus sentimentos.

Problemas em aceitar responsabilidades

Aceitar as responsabilidades que vem com a vida adulta, é um problema para quem sofre com essa síndrome, e por isso, essa pessoa acaba jogando-as para quem está à sua volta ou dependendo da situação, até mesmo para os pais, que são sua “ancora”.

Relacionamento difícil com os pais

Embora existam cobranças dos pais para que essa pessoa evolua, afinal, é o que um pai e uma mãe desejam a um filho, a falta de maturidade existente na pessoa acaba tornando esse relacionamento mais complicado e turbulento.

Questões com a sexualidade

Devido a imaturidade, o interesse pela vida sexual pode não existir e isso pode acontecer até mesmo se a pessoa estiver em um relacionamento.

Além disso, essa pessoa pode ter problemas no seu relacionamento, por tomar atitudes que não condizem com a sua idade e pela falta de responsabilidade.

Adoração aos pais

Por existir uma conexão muito grande e presente com a infância, a pessoa desenvolve uma admiração excessiva pelos pais. Isso também gera uma dificuldade de fazer até mesmo coisas simples sem a autorização e o apoio deles.

Dificuldades em se relacionar

Em decorrência de seu comportamento infantil, formar relacionamentos longos, sejam eles de amizade ou amorosos, é algo muito complicado.

Tratamento para a síndrome de Peter Pan

A melhor forma de tratamento para essa síndrome, é buscar ajuda de um profissional capacitado, pois, para que esse tratamento evolua da melhor maneira, é importante que a pessoa entenda e aceite que possui essa doença.

Entender do que se trata, aceitar o problema e principalmente, querer superá-lo é o primeiro e principal passo para a evolução no tratamento, e assim, chegar a cura.

Não é necessário que a pessoa “apague” o que foi e o que viveu na infância e adolescência, o que é fundamental, é aceitar, entender que ficou no passado e viver o presente.

Se a pessoa teve uma infância e adolescência marcada por alegrias, que elas sejam vistas como motivação para seguir com a vida adulta. Que essas alegrias, sejam combustível para buscar alcançar seus objetivos. 

Afinal, não é preciso ser infantil para ser feliz. Felicidade é um momento, um sentimento, que pode ocorrer por diversos motivos, até mesmo com situações na vida adulta.

Porém, se a pessoa teve um passado difícil e traumático, é fundamental que ela tenha em mente que o que aconteceu no passado, ficou no passado, e as dificuldades foram apenas uma fase, o presente e o futuro podem ser repletos de realizações e felicidades.

Por isso, buscar ajuda de um profissional da psicologia e seguir o tratamento da forma correta, é o caminho mais eficiente.

Psicoterapia

No processo de psicoterapia com o psicólogo, será possível identificar os traumas que levaram a pessoa a desenvolver essa síndrome, e diante disso, serão encontrados caminhos para superar a insegurança e imaturidade.

Com isso, a pessoa consegue superar suas frustrações e assumir com tranquilidade as responsabilidades que sua fase atual exige.

Como ajudar alguém com síndrome de Peter Pan?

Lidar com uma pessoa que não quer crescer, não é uma tarefa muito fácil. A dificuldade dela em assumir as responsabilidades por suas atitudes e saber ouvir conselhos e ideias dos outros, podem causar conflitos frequentes.

Principalmente com os pais, que tendem a se desentenderem muito mais com os filhos que sofrem com a síndrome de Peter Pan.

Ou seja, pessoas que sofrem com a síndrome de Peter Pan dificilmente não terão conflitos com as demais que estão a sua volta e por isso, as relações em geral são mais complicadas.

Porém, existem algumas atitudes que a pessoa que convive com quem possui essa síndrome pode adotar para ajudar e colaborar com o tratamento.

Diminua as distrações no dia a dia 

Mesmo que a pessoa não concorde com essa atitude e fique irritada, diminuir distrações que acontecem em seu dia a dia, é uma forma muito eficiente para ajudá-la. E se caso não obtiver efeito, eliminar 100% dessas distrações por um período, também é uma opção. 

Tenha uma conversa franca 

Expor para a pessoa seus erros, faz parte do processo para esse tratamento e amadurecimento. Além disso, é importante demonstrar apoio e mostrar que você acredita que ela pode superar essa condição com o acompanhamento necessário.

Recomende a terapia 

Converse com a pessoa, recomende que ela busque ajuda de um profissional e faça terapia. No primeiro momento, ela pode não gostar da ideia, mas não desista, vá conversando aos poucos e apontando as situações. 

Assim, aos poucos você fará a pessoa pensar e entender que de fato possui um problema e que precisa da ajuda de um profissional.

Incentive hábitos condizentes com a idade

Aponte os erros da pessoa, incentive-a a assumi-los e principalmente a tomar a frente de sua vida. Compartilhe experiências e opiniões, mostre a pessoa que encarar as responsabilidades da vida adulta não é um bicho de sete cabeças. 

Não mostre aprovação com comportamentos típicos da síndrome

Para quem convive com uma pessoa que sofre com a síndrome de Peter Pan, é fundamental que não apoie o comportamento e atitudes infantis.

Quando se depara com esse tipo de atitude da pessoa, aponte o erro e explique o porquê e principalmente, dê total apoio para que ela assuma as responsabilidades por suas atitudes.

Síndrome de Peter Pan tem cura?

Sim, é possível se curar da síndrome de Peter Pan, mas isso só acontece quando a pessoa aceita e entende que possui um problema que precisa ser tratado. 

Portanto, o tratamento com a psicoterapia é fundamental até mesmo nessa fase de aceitação. Ao buscar ajuda de um profissional da área, a pessoa poderá encontrar os motivos que a levaram a desenvolver essa síndrome. 

Com isso, o psicólogo poderá apontar qual o processo de tratamento que a pessoa precisa seguir, para então conseguir se curar. 

É importante deixar claro que esse processo é lento e precisa de paciência, mas que, se não ocorrer desistência, a pessoa conseguirá ver resultados positivos ao longo do tratamento.  

Conclusão

A síndrome de Peter Pan é um transtorno que bloqueia comportamentos adultos e que pode afetar o bem-estar e relacionamentos de quem sofre com ela e das pessoas ao redor. A psicoterapia é parte fundamental do tratamento e pode proporcionar um avanço contínuo e uma ferramenta de autoconhecimento.

Buscar ajuda profissional é importante não apenas se você sofre com a síndrome de Peter Pan, mas também se você precisa aprender a melhor forma de lidar com alguém do seu convívio que passa por isso.

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Referências

NASCIMENTO, VIVIANE REGINA ANDRADE; FERRET, JHAINIEIRY CORDEIRO FAMELLI. A SÍNDROME DE PETER PAN NA CONTEMPORANEIDADE. Uningá Review Journal.

APA, American Psychiatric Association. Manual Diagnostico e Estatístico de

Transtornos Mentais – DSM-5. 5ª edição, tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento

et al. Porto Alegre: Artmed, 2014.