Você já ouviu falar em algum lugar sobre comunicação não violenta? Sabemos que a comunicação é essencial para nossa vida em sociedade. Através dela trocamos informações, experiências e nos desenvolvemos. 

No entanto, às vezes nossa comunicação pode gerar sentimentos negativos em outras pessoas, seja pela forma como falamos ou o quê falamos. Esse tipo de situação pode prejudicar sua relação com outras pessoas e causar mágoas.

Mesmo quando conseguimos nos comunicar de maneira clara, empática e serena, pode ser que encontremos pelo caminho pessoas resistentes. Nem sempre conseguimos iniciar uma conversa com tranquilidade e interesse no ponto de vista do outro. Em outros momentos, tendemos a dizer o que queremos por meio de indiretas. 

Hoje iremos te mostrar como a comunicação não-violenta pode ser importante para suas relações, estimulando a sinceridade com o outro e com seus próprios sentimentos. Saber se expressar sem ferir o outro humaniza nossas relações, e te torna uma pessoa mais respeitosa com o outro.

Você irá entender um pouco melhor sobre o que é a comunicação não-violenta e a importância de ser aplicada em suas relações no dia-a-dia.

O que é comunicação não-violenta?

A Comunicação Não-Violenta (CNV) é uma prática que promove o conhecimento de que você pode se comunicar de uma maneira mais compassiva, que estimula a conciliação entre as pessoas, demonstrando que uma comunicação efetiva é sobre expressar necessidades e emoções humanas universais como ferramenta principal.

Terapia é para quem quer se desenvolver

A CNV estimula que a comunicação seja feita conscientemente, de acordo com cada pessoa e cada situação, já que cada um é diferente e tem necessidades diferentes. Nós devemos ouvir o outro profundamente, e a partir disso, respondemos de acordo com o que foi exposto pelo outro.

Quando você se sente chateado, ou irritado em uma situação, você deve ser sincero com a pessoa que te causou isso, e expor seus sentimentos de forma honesta, ao invés de julgar o outro e agir com violência. Devemos entender a necessidade do outro e estar disposto a ouvir, tornando a comunicação mais respeitosa e criando vínculos saudáveis.

Quando você invade um espaço emocional da pessoa, a interrompe indevidamente, não escuta, quer dizer algo por ela ou insinua que ela disse algo – mesmo que não tenha dito –  também é um tipo de violência.

Mas, apesar disso, a comunicação não-violenta não pode evitar conflitos pois eles são parte natural dos relacionamentos sociais. Os conflitos precisam existir para a partir dele criarmos novas formas de pensar, além de exercitar nosso poder de mediá-los também.

A CNV vai tentar rastrear essas violências sutis, inclusive consigo mesmo, de frases autodepreciativas como “eu sou burro”, “eu não mereço coisas boas”, e assim por diante. Essa violência consigo e com os outros é o que a CNV vai tentar trabalhar através de uma mudança de perspectiva, que vai se refletir na comunicação.

Esse exercício só ficará mais fácil quando você começar a treinar uma comunicação não-violenta com você mesmo: quando você percebe que também tem necessidades não atendidas, assim como qualquer pessoa. É sobre exercitar que existem necessidades ocultas no comportamento de todos

Quem inventou essa técnica?

A comunicação não-violenta foi desenvolvida por um psicólogo norte-americano, chamado Marshall Rosenberg. Marshall percebeu que a comunicação e a escolha de palavras tem influência na vida de outras pessoas, e como a empatia pode contribuir positivamente na vida de cada um.

Marshall quis se aprofundar melhor em como a linguagem influencia os relacionamentos e em como alguns de nosso hábitos podem afastar as pessoas, como julgamentos e críticas. Marshall também desenvolveu 4 elementos que são a base da CNV, e que devem ser praticados.

Qual a origem da CNV?

Marshall criou essa técnica aproximadamente em 1960. Nesse período, os movimentos a favor dos direitos civis estavam em seu auge, com Martin Luther King lutava contra a segregação racial nos Estas Unuidos, e Gandhi lutava a favor da independencia da Índia.

Marshall desenvolveu e se inspirou nessas figuras, que pregavam a resistência e luta sem violência, e conseguiram mudar suas realidades sociais pregando compaixão. Ele então desenvolveu a CNV enquanto trabalhava como orientador educacional nas instituições de ensino que estavam eliminando a segregação.

A partir dessa convivência e inspirado por Gandhi e Martyin Luther King, Marshall desenvolveu a ideia da comunicação não-violenta, visando juntar negros e brancos a partir da compaixão e do pacifismo. 

Marshall sempre teve um interesse para entender o que levava as pessoas a agirem agressivamente, e foi aí que ele decidiu cursar psicologia. Na psicologia, Marshall encontrou um dos mentores de sua técnica, Carl Rogers, que foi também seu professor e o ajudou nos estudos da CNV. 

Essa técnica foi difundida por várias pessoas mais tarde, e em 2006, Marshall lançou o livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais“. A CNV está presente em mais de 60 países, e continua influenciando pessoas até hoje.

Quais são os 4 elementos da CNV?

A comunicação não-verbal possui 4 elementos para serem praticados para que a CNV ocorra. Esses elementos devem ser expressados, mesmo que leve um tempo para que você consiga realizá-los. A seguir iremos explicá-los para você.

Observação

O primeiro passo é a observação, que consiste basicamente em uma análise neutra sobre as situações. Nós temos o costume de julgar as coisas antes de entender o que acontece, e verbalizar essas críticas e julgamentos pode fazer com que a relação seja prejudicada.

A observação neutra permite que você enxergue as situações como aconteceram, com mais assertividade, e te coloque na mesma realidade que o outro. Para que você entenda melhor, vamos á um exemplo.

Suponha que você pediu para algum familiar seu limpar a casa e você viu que não foi feito o que foi pedido. Ao invés de chegar julgando a pessoa e criticando ela, você pode apenas esclarecer a situação. Você fez um pedido e não foi atendido. A comunicação será muito mais clara, já que vocês irão partir de um mesmo fato que não há como ser discutido.

Sentimento

Após a observação, é importante que você identifique o que está sentindo diante das situações. Esse sentimento não deve ser resumido apenas em “Estou me sentindo bem” ou em “estou me sentindo mal”, mas sim sentimentos como mágoa, medo, raiva.

Esses sentimentos devem ser expressados, por isso é importante que você os identifique com clareza. Expressar os sentimentos nos aproxima das outras pessoas e nos conecta. Além disso, nos ajuda perceber reações automáticas que temos diante das situações.

É importante que você seja sincero consigo mesmo, sobre o que você está sentindo e que não confunda os sentimentos com pensamentos e julgamentos. Marshall definiu esses pensamentos diante de situações como pseudo-sentimentos, como injustiça ou humilhação, que são julgamentos e não sentimentos.

Necessidade

Após a observação e identificar nossos sentimentos diante de uma situação, agora é o momento de identificar a necessidade por trás desse sentimento. Para Marshall, por trás de todo comportamento que temos, há uma necessidade, e se essa necessidade não é atendida, nosso comportamento é agressivo. 

Vamos supor que você esteja em uma reunião e alguém interrompa sua fala. Pode ser que sua irritação se deva a sua necessidade de ser ouvido e poder dar sua opinião. É muito melhor que você exponha suas necessidades para as pessoas, porque dá pra entender as motivações de como você atua.

Entender que todos temos necessidades torna a empatia muito maior, e fica mais simples de entender as motivações da pessoa, tornando a comunicação livre de julgamentos e discussões. Além disso, é mais fácil solucionar os conflitos levando em conta sua necessidade e a do outro.

Pedido

Após a observação, identificar seus sentimentos e suas necessidades, é a hora de fazer um pedido. Esse pedido deve ser feito a partir de sua necessidade, para que a outra pessoa consiga ter a oportunidade de tornar a comunicação mais harmoniosa levando em conta o que é importante para você.

É importante que você esteja pronto para ouvir um não para esse pedido. Quando você não dá a opção de um não, esse pedido se torna uma exigência, e prejudica a relação, já que esse seu pedido pode ultrapassar a necessidade do outro.

Esses pedidos podem ser conversados entre vocês, para que seja bom para todo mundo, e não atrapalhe a comunicação. Tenha em mente que esse pedido deve ser feito com consciência, para que não invada o espaço do outro.

A importância de conhecer as diversas emoções para a CNV

As emoções são um conjunto de sentimentos que podem gerar reações físicas nas pessoas, elas fazem com que você aja de determinada forma diante de cada situação. A alegria, por exemplo, é uma emoção e pode vir a ser um sentimento, a felicidade. Nós não temos controle sobre nossas emoções, mas sim sobre nossos sentimentos diante delas.

O sentimento é uma consequência de nossas emoções e ela constrói sentimentos quando ela tem alguma conexão com nossas necessidades. Compreender nossas emoções, que são involuntárias, pode nos ajudar a compreender nossas necessidades antes de transformar em sentimentos.

Nossas emoções geram reações. É importante que a gente pare para refletir por que reagimos assim, e isso irá nos tirar do automático. As emoções podem te atrapalhar na sua capacidade de se ouvir e de ouvir o outro, impedindo a empatia, que é tão discutida pela CNV.

Procure analisar a origem de suas emoções para que elas não se tornem sentimentos negativos e reações negativas, impedindo o diálogo pacífico. Entender as emoções impede que elas determinem como você vai se sentir a partir disso. 

Lembre-se que apenas conhecer as emoções não adianta se você não seguir os outros passos da CNV. Eles são um conjunto que você precisa seguir para que a CNV ocorra. Conhecer as emoções permite que você identifique se estão ligadas a uma necessidade não correspondida.

Como aplicar a CNV na minha vida?

Um bom caminho para começar é começar a enxergar nossas emoções e sentimentos, e aceitar essa vulnerabilidade. Você deve ser sincero consigo mesmo, com o próximo e expor suas necessidades, dizendo o porque tal coisa te deixou chateado ou com raiva. Assumir suas necessidades cria empatia entre os interlocutores e torna o diálogo mais pacífico.

É prático pensar que toda comunicação é feita de forma compartilhada. Quando ela acontece, naturalmente se estabelece uma conexão entre as pessoas, que é o principal intuito da prática. A ideia geral da CNV é evitar o egoísmo para estabelecer uma troca mais positiva, assim como resgatar emoções e honestidade sem machucar o outro. Existem algumas formas de firmar essa conexão nos diálogos, resumidas a seguir:

DESARMAR E ENTENDER: em momentos de recebimento de críticas é importante ter sensibilidade para entender o contexto e o ponto de vista do outro sem cair em pressuposições. Compreender sua perspectiva e o que levou a pensar daquele jeito pode ajudar a formular argumentos para desarmar o interlocutor, trazendo a conversa para um espaço de escuta ativa e acolhimento. 

RECONSTRUIR JUNTO: é muito mais fácil aceitar a sua auto responsabilidade pelo impacto que tem no outro, do que apontar na fala alheia algo que te afetou. Isso pois transferir a culpa não resolve problemas. 

Quando focamos só no problema, no atacar e a comunicação vira uma válvula de escape, a discussão deixa de ser construtiva e vira destrutiva.

ESTABELECER PONTES: Com a tecnologia e as redes sociais, estamos cada vez mais em uma cultura de não-escuta. Dentro desse cenário, a escuta ativa e a criação de um contato pessoal e emocional é onde se encontra a conexão genuína.

Seja honesto consigo mesmo e com o outro. Procure fazer perguntas do tipo “o que estou sentindo?”. Honestidade cria conexões e você se sente muito mais leve. Além disso, estimule sua empatia pelo outro, ouça o que te dizem e procure entender porque essa pessoa age assim com você e com os outros.

A comunicação não violenta pode parecer complicada, mas é importante que você pratique ela. Se for muito difícil praticar nas situações, olhe para coisas que já passaram e exercite os 4 passos de Marshall.Tente observar a situação de outro ângulo, e entender o sentimento que você sentiu na hora. Que necessidade esse sentimento estava ligado e como você poderia ter levado a conversa com mais calma.

Terapia também pode ajudar, já que falar de CNV tem tudo a ver com autoconhecimento e inteligência emocional. Reconhecer a si mesmo, suas necessidades, sentimentos e descontentamentos é tarefa que se consegue fazer com autoconhecimento, e é ele quem nos dá pistas sobre entender o outro, criando assim um ciclo de empatia. 

Você pode fazer uma pesquisa também sobre as emoções, para entender o que cada uma causa e como ela se manifesta. Praticar o respeito consigo mesmo e com suas necessidades te faz olhar no outro que ele também tem suas próprias razões para agir como age. 

Conclusão

A CNV, ou comunicação não violenta, é uma prática que visa modificar as suas relações de forma positiva, seja em seu círculo pessoal ou profissional. Pessoas que conseguem praticar uma comunicação mais empática e humana são capazes de desenvolver melhor a inteligência emocional e o controle sobre seus sentimentos. 

No ambiente de trabalho, a CNV é fundamental, já que visa o bem-estar, boa comunicação e convívio dos colaboradores entre si, com a empresa e clientes.

O time de Recursos Humanos deve se mostrar presente e garantir que práticas como a comunicação não violenta seja de conhecimento de todos dentro do ambiente de trabalho. Com isso, o RH pode utilizar dados comportamentais dos colaboradores e os valores da empresa para garantir que ambos estão alinhados a essas práticas. 

Com esses dados, é possível entender se a CNV é utilizada dentro da empresa e se os colaboradores sentem que a comunicação é feita de forma segura. O ZenManager é a plataforma do Zenklub para RHs que oferece esses dados comportamentais e de bem-estar de forma inteligente para orientar essa e outras estratégias do RH.

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