Vigorexia: o que é, quais são os sintomas e como tratar
Vigorexia, bigorexia, síndrome de adônis, transtorno dismórfico muscular, anorexia nervosa reversa, dismorfia muscular, overtraining. Todos esses termos são sinônimos de um mesmo problema: um distúrbio relacionado à uma imagem distorcida da realidade e de si mesmos.
O que é vigorexia?
A vigorexia é caracterizada pela distorção da autoimagem e por uma incessante insatisfação com o corpo. É uma doença associada ao transtorno obsessivo-compulsivo.
A preocupação constante com hipertrofia também caracteriza a vigorexia. Dessa forma, essas pessoas nunca acham que estão suficientemente definidas, musculosas ou fortes. Pois é justamente essa obsessão que justifica a denominação de Síndrome de Adônis – em referência ao deus grego da beleza.
Como resultado, vigoréxicos investem sua vida em uma rotina exagerada e prejudicial de exercícios físicos. O termo overtraining é frequente quando falamos desse transtorno.
Em algum sentido, parece com a anorexia, na qual a pessoa se enxerga como obeso, embora seja magro. Porém, o vigoréxico inverte essa distorção. Assim, quem sofre com o transtorno dismórfico muscular se vê como magra e fraca, quando, na verdade, possui uma musculatura bem definida. Por isso, a vigorexia é conhecida também como anorexia nervosa reversa.
Quais são os sintomas da vigorexia?
Os principais sintomas da vigorexia são:
- Irritabilidade
- Depressão
- Ansiedade
- Insônia
- Menor desempenho sexual
- Tremores
- Sentimento de inferioridade
- Quantidade exagerada de horas de treino
- Dieta rígida ou irregular e consumo desmedido de proteína
- Uso de suplementos e de substâncias esteroides
- Compulsão por malhar
- Priorizar academia em relação a outras responsabilidades
- Aumento desproporcional da carga de peso
- Cansaço, lesões e dores no corpo
Preocupação doentia e obsessão
Inegavelmente, praticar atividades físicas e cuidar do corpo é fundamental e faz um bem danado à saúde. O problema é quando a preocupação se torna obsessão. Por causa dela, a pessoa não respeita seus próprios limites, chegando a treinar até se machucar ou malhar mesmo com dores.
Essa obsessão gera uma autocobrança tão grande que prejudica a carreira e os relacionamentos. Por isso, o vigoréxico se afasta dos amigos e familiares e perde interesse por tudo aquilo que não esteja ligado à busca por um corpo perfeito.
O que causa a vigorexia?
A vigorexia não tem uma origem específica. Porém, o que se sabe é que a Síndrome de Adônis pode estar relacionada a uma experiência ou traumas que levaram à valorização da aparência física.
Outra possibilidade é um desequilíbrio químico no cérebro ou uma alteração genética. Dessa maneira, as causas da doença são bastante particulares de cada pessoa.
A vigorexia também está intimamente associada à era das redes sociais, dos influenciadores digitais e da mídia. O padrão de beleza imposto pela sociedade moderna estimula, especialmente os jovens, a buscarem esse corpo perfeito, mas muitas vezes inatingível. Por mais que se empenhem, nunca estão satisfeitos, são incapazes de enxergar suas próprias conquistas e reforçam o complexo de inferioridade.
Propensão à doença
Alguns fatores podem aumentar a propensão à Síndrome de Adônis. Embora ela atinja ambos os sexos, pesquisas mostram que os homens têm uma tendência maior para desenvolver a doença.
A disposição também é maior para quem já possui algum outro transtorno psiquiátrico, especialmente depressão e ansiedade. Nesta lista, incluímos ainda o perfeccionismo e à exposição a ambientes que pressionam o indivíduo a se encaixar no modelo ideal.
Como tratar a vigorexia?
A vigorexia exige um tratamento multidisciplinar, envolvendo acompanhamento médico, psicológico e nutricional para restabelecer uma vida mais saudável. Nesse conjunto, a terapia cognitivo-comportamental é importante. Ao longo das sessões (que podem ser online), o vigoréxico consegue lidar melhor com o transtorno, restaurar a sua autoimagem e construir a sua autoestima novamente.
Para complementar, pode ser necessário, em alguns casos, o uso de medicamentos como os inibidores seletivos de receptação de serotonina. Os remédios ajudam a controlar ansiedade, depressão e o transtorno obsessivo compulsivo em si.
Tratar a vigorexia também pode envolver outros especialistas ou técnicas, dependendo do caso. Em algumas situações, é essencial também tratar os danos corporais. Dentre os mais comuns estão problemas nos rins, fígado, coração, articulações, tendões e músculos.
Outro apoio fundamental para o tratamento da vigorexia é um personal trainer, professor de educação física ou um preparador físico. O papel desse profissional é de orientar o paciente sobre os exercícios para alcançar objetivos viáveis dentro e fora dos treinos. Afinal, não é necessário parar as atividades, mas sim, promover uma melhor educação com relação à sua prática.
Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.