Talvez você nunca tenha ouvido falar em Síndrome de Asperger, mas com certeza já ouviu falar em autismo. Mas, o Asperger nada mais é do que outro nome para o autismo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), hoje essa condição atinge 1 em cada 160 crianças no mundo e 2 milhões de pessoas só no Brasil.
Por isso, conheça um pouco mais sobre o que é essa síndrome, quais as causas, sintomas e as formas de tratamento.
O que é a Síndrome de Asperger?
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a Síndrome de Asperger é um distúrbio neurobiológico que afeta a comunicação e a interação social das pessoas. Além disso, muda a forma como a pessoa percebe o mundo e as outras pessoas ao redor.
A condição recebe esse nome em homenagem ao pediatra austríaco e estudioso do comportamento infantil, Hans Asperger.
Hoje, a Síndrome de Asperger é considerada como parte do grupo de Transtornos do Espectro Autista (TEA). Mas, em 2022 o termo “Asperger” cairá em desuso na CID-11.
O que define a Síndrome de Asperger (autismo)?
O autismo é um transtorno que afeta a interação social da pessoa, que pode ter comportamentos repetitivos e muito restritos. Além disso, tem grande dificuldade na comunicação e sensibilidade.
Quais são as causas da Síndrome de Asperger?
A causa ainda não é conhecida, mas pesquisadores acreditam que estão ligadas a alguma anormalidade no cérebro e fatores ambientais.
Outra possível causa é a relação com a genética. Ou seja, nessa teoria, pessoas que têm pais ou parentes próximos com o espectro autista apresentam uma chance maior de desenvolvê-la.
Além disso, esse tipo de espectro do autismo é mais comum em crianças do sexo masculino do que do feminino.
É importante destacar que a Síndrome de Asperger não está relacionada com fatores como abuso na infância e privação emocional.
Quais são os principais sintomas da Síndrome de Asperger?
Você está percebendo que estamos sempre associando o autismo a crianças? Mas isso tem um motivo. Pois essa fase, em geral, a partir dos três anos e também entre os 5 e 9 anos, é quando os primeiros sinais e sintomas da Síndrome de Asperger podem começar a aparecer.
Mas, os sintomas podem variar de caso a caso e têm intensidades diferentes. Por isso, conheça melhor as principais características de crianças que têm a Síndrome de Asperger:
Sintomas da Síndrome de Asperger na comunicação
- Habilidade verbal: Em alguns casos, a criança com Síndrome de Asperger tem uma capacidade verbal acima da média. Ou seja, pode usar um vocabulário difícil e muito formal para a sua idade. Por isso, prefere conversar com adultos;
- Dificuldade na comunicação verbal: apesar dominar as palavras, é mais difícil para uma criança com Asperger manter conversas e compartilhar os seus pensamentos e emoções;
- Dificuldade na comunicação não-verbal: é difícil para ela entender a linguagem corporal. Por isso, é comum também não saber bem como usar gestos em uma fala;
- Oposição a regras: pode ser que não consigam seguir regras, como esperar a vez para falar ou fazer alguma atividade;
- Interpretação literal: não entendem sarcasmo, ironia, duplo sentido e outros recursos de tom de voz. Além disso, usam uma comunicação bem direta e são conhecidos pela honestidade ao extremo.
Sintomas da Síndrome de Asperger em comportamento e aprendizado
- Não lidam bem com mudanças: essas pessoas gostam de seguir uma rotina diária bem estruturada;
- Podem desenvolver “rituais” incomuns: comportamentos estranhos e repetitivos como torcer mão ou os dedos, chamados de stimmings;
- Fixação por certas ações: podem ter um interesse intenso e quase obsessivo por algumas atividades ou assuntos;
- Têm muita dificuldade de regular suas emoções: perdem o controle de seus sentimentos facilmente;
- Podem se sentir muito exaustos: depois de longos períodos de socialização, pode haver cansaço físico e emocional;
- Disfunção motora: Costumam ser desajeitados.
Como é feito o diagnóstico?
A partir de avaliação neuropsicológica é feito, por um especialista, um teste de observação. Ou seja, o médico avalia situações comportamentais, emocionais, de memória e de socialização, chegando ao diagnóstico de Síndrome de Asperger.
Geralmente, o pediatra da criança encaminha os pais para um especialista. As opções de indicação mais comuns são:
- Psicólogo: irá diagnosticar e tratar questões do emocional e do comportamental da criança;
- Psiquiatra: poderá diagnosticar e tratar emoções e comportamentos. Além disso, pode prescrever medicamentos que irão ajudar no tratamento;
- Neurologista: irá avaliar e tratar as condições ligadas ao cérebro.
Mas não se esqueça, caso você suspeite sobre a possibilidade do seu filho ter autismo, procure ajuda do pediatra ou de um especialista em quem você confie. Dessa maneira, você pode contar com profissionais capacitados para fazer testes para Síndrome de Asperger da melhor forma possível.
A Síndrome de Asperger tem cura?
A Síndrome de Asperger não tem cura, mas pode ser controlada com diferentes tipos de terapia e, em alguns casos, com medicamentos. Por isso, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhor é a chance da criança se adaptar ao convívio social.
A forma de tratamento mais eficiente é com o trabalho em equipe de especialistas como psicólogos, pediatras, fonoaudiólogos e psicopedagogos.
Além disso, é muito importante que professores, pais e outros membros da família também entrem nesse processo. Nesse sentido, entenda melhor como tratar os sintomas da Síndrome de Asperger:
Treinamento de habilidades sociais
Isso pode ser trabalhado somente com a criança ou em grupo. Nesse treinamento, terapeutas ensinam as crianças a interagirem com outras pessoas, estimulando habilidades sociais, como elogios, por exemplo.
Terapia de linguagem
O objetivo é ensinar a criança a melhorar sua comunicação com outras pessoas. Dessa maneira, ela pode aprender a usar de diferentes tons de voz para passar diferentes informações, além de maneiras de manter uma conversa e usar gestos e contato visual.
Terapia cognitivo comportamental
Orientada para crianças mais velhas, essa terapia auxilia as formas de pensamento, controle das emoções e dos comportamentos repetitivos. Além disso, ajuda a manter sob controle colapsos nervosos, obsessões e desconfortos.
Terapia de interação sensorial
Por outro lado, esta terapia é orientada para crianças mais novas, é geralmente realizada por terapeutas ocupacionais que ajudam com a aprendizagem e os sentidos.
Psicoterapia
Além disso, as sessões com um psicólogo são boas em todas as fases da vida da pessoa com a Síndrome de Asperger. Ela pode melhorar sua autoestima e, até mesmo, ajuda a entender melhor os sentimentos e como lidar com as emoções.
Medicamentos
Não existe um remédio específico para tratar a Síndrome de Asperger. Mas, se for necessário, você pode consultar um psiquiatra para indicar remédios que controlem sintomas como hiperatividade, agitação e irritabilidade.
É possível prevenir a Síndrome de Asperger?
Por se tratar de uma síndrome sem causas conhecidas, não é possível. Mas, o mais importante é identificar isso o mais breve possível com os testes certos.
Além disso, é crucial não deixar que os sintomas se agravem. Por isso, fique atento a possíveis pioras e tratando com um médico especialista.
Como a família pode ajudar?
Como falamos, os pais, familiares e professores também têm um papel fundamental no tratamento da criança com Asperger. Veja algumas dicas que você pode usar para lidar com os desafios do dia a dia:
- Entenda e respeite o tempo de aprendizado da criança;
- Incentive a comunicação dela com outras crianças;
- Converse com ela de maneira objetiva e visual, para que a criança possa entender melhor;
- Se precisar fazer mudanças na rotina, se programe para conversar com a criança dias antes. Isso porque pessoas com Síndrome de Asperger não lidam bem com mudanças súbitas;
- Incentive a aprendizagem e o conhecimento de diferentes temas.
Se ainda assim você encontrar dificuldades para lidar com uma criança com Asperger, não deixe de procurar você também um apoio psicológico. Você não precisa passar por isso sozinho.
No Zenklub, você consegue realizar esse tratamento online, de onde e quando você puder.
Conheça entidades de apoio
Você também pode contribuir com doações e trabalho voluntário para órgãos e entidades que apoiam a causa do autismo