Aprender é um encantador desafio que dá brilho à vida. Por isso, falar sobre o transtorno de aprendizagem é tão importante.

Embora muitas pessoas acreditem, essa condição não se resume à dificuldades em aprender.

Na verdade, para identificar o transtorno de aprendizagem, é preciso ir bem além do óbvio!

Se você é pai, mãe ou profissional da educação, certamente você está no lugar certo.

Vamos esclarecer os pontos principais sobre esse transtorno, explicando o que diz a ciência sobre o tema.

Então sem mais delongas vamos ao conteúdo!

O que são transtornos de aprendizagem?

Os transtornos de aprendizagem são um conjunto de condições que prejudicam não só o aprendizado, mas também afetam o desenvolvimento cognitivo, acadêmico, laboral e até mesmo interpessoal.

Diferente dos transtornos de personalidade (como por exemplo o transtorno de personalidade limítrofe), que recebem o diagnóstico depois dos 18 anos de idade, a identificação de problemas com a aprendizagem geralmente se dá na infância.

No entanto, os transtornos de aprendizagem são também identificados na idade adulta.

Na verdade, a raiz desses transtornos está no desenvolvimento neuro cerebral, o que se dá na infância e adolescência.

Mas nem sempre os sintomas mais evidentes aparecem durante essas faixas etárias.

O que é importante frisar sobre os transtornos de aprendizagem é que, por definição, as dificuldades não se restringem somente para captar novas informações e retê-las, mas os sinais dessas condições se manifestam também pela convivência social e no trabalho.

Diferença: dificuldade de aprendizagem x transtorno de aprendizagem

Dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem não são sinônimos.

Enquanto o transtorno é uma alteração no desenvolvimento, a dificuldade pode ser causada tanto por motivos biológicos como também culturais ou até mesmo psíquicos.

Estabelecer essa diferença é essencial para direcionar o melhor tratamento e, por tabela, favorecer a recuperação em cada situação.

Para esclarecer as maiores diferenças entre dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem, criamos a seguinte tabela:

Dificuldade de aprendizagemTranstorno de aprendizagem
Os bloqueios no aprendizado podem ser tanto por déficits cognitivos como também por causas emocionais e culturais;

A dificuldade é muitas vezes resolvida com a intervenção escolar, por um psicopedagogo;

Mudanças pontuais podem resolver a questão (troca de metodologia, horário de aula, colegas); Déficit abrangente em relação ao aprendizado.
Apesar de uma situação social, cultural e psicológica estável, a pessoa com transtorno de aprendizagem apresenta dificuldades por conta de um desenvolvimento neurológico insatisfatório;

Essencial buscar atendimento psicológico para realizar o tratamento adequado;

É essencial realizar mudanças na abordagem, metodologia e avaliação para que haja progresso nas áreas de dificuldade; São dificuldades pontuais, ou seja, algumas habilidades são aprendidas com facilidade.

Tipos de transtorno de aprendizagem

De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição, os transtornos de aprendizagem são divididos em 3 grandes grupos (dentro dos quais estão os tipos):

1) Transtorno com prejuízo na leitura

2) Com prejuízo na matemática

3) Transtorno com prejuízo na escrita.

Assim, vejamos quais são os principais tipos de transtorno de aprendizagem.

TDAH

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos de aprendizagem mais comuns hoje em dia.

A prevalência dessa condição varia entre 3 e 5% das crianças em idade escolar, o que aumenta a necessidade de atenção dos pais e educadores no sentido de identificação desse transtorno de aprendizagem.

Nesse sentido, os sinais normalmente se apresentam nos momentos das tarefas, interações em grupo e até mesmo no ambiente familiar nos quais a criança pode mostrar as seguintes características:

  • Desatenção
  • Ansiedade (que não deve ser confundida com transtorno misto ansioso e depressivo)
  • Agitação
  • Agressividade
  • Impulsividade.

Por vezes, o TDAH é diagnosticado somente na vida adulta, por conta de mau desempenho no trabalho e as dificuldades acadêmicas.

Se de alguma forma há suspeita de TDAH, é importante procurar atendimento psicológico para melhor avaliação.

Dislexia

A dislexia é um dos tipos de transtorno de aprendizagem que causa dificuldade em ler e escrever.

Nesses casos, a pessoa com a condição lê e relê um texto simples várias vezes para compreender seu significado.

Conteúdos mais complexos podem não ser compreendidos por conta da dislexia.

No momento da leitura, a pessoa com a condição pode confundir palavras ou pular trechos do conteúdo.

Além desses sinais, uma pessoa com esse transtorno de aprendizagem possui déficit de atenção.

No entanto, a habilidade em matemática e matérias que envolvam cálculo, bem como a parte artística costumam ser mais apuradas em quem sofre da condição.

Discalculia

Diferente da dislexia, que geralmente aumenta a capacidade de aprendizado em matemática, a discalculia é o tipo de transtorno de aprendizagem que gera dificuldade na compreensão dos números e suas relações.

Na maior parte dos casos, a criança com discalculia começa a ter dificuldade logo nos primeiros ensinamentos de matemática.

Operações como 1+1 já podem ser difíceis, por conta da dificuldade de abstração e/ou de memorização dos números e as interações entre eles.

Nos jovens, a discalculia é manifestada em tarefas cotidianas como fazer receitas com medidas e no estudo para preparação para as provas de vestibular (dificuldade com tabelas, gráficos, funções).

Por fim, a discalculia na vida adulta causa confusões na hora do troco, de realizar cobranças por serviços e para pagar contas.

Disgrafia

Esse é o tipo de transtorno de aprendizagem que causa problemas na escrita de palavras e algarismos.

Um dos maiores sinais de tal condição é a lentidão e grande dificuldade no momento de escrever, resultando em caligrafia errada ou não compreensível.

A disgrafia é o contrário da discalculia, afetando a habilidade escrita. A criança tem dificuldade para escrever letras e números.

A disgrafia é um transtorno de aprendizagem dividido em dois grupos:

  • Disgrafia motora
  • Disgrafia perceptiva

Na motora, o problema é mesmo na hora de escrever as palavras e números.

Por outro lado, na disgrafia perceptiva não se consegue escrever porque não se compreende aquilo que foi solicitado para escrever (essa condição é facilmente identificada durante tarefas ditadas).

9 sinais de transtorno de aprendizagem

Como você pôde notar, nem sempre o transtorno de aprendizagem é específico na dificuldade de compreender e assimilar conteúdos.

Ademais, há uma diferença importante entre dificuldade de aprendizagem e transtorno de aprendizagem.

Diante disso tudo, você deve estar pensando: “Como é possível identificar um transtorno de aprendizagem?”.

De fato, esse processo pode ser bastante complexo, porém, há um pequeno “checklist” que você pode usar para identificar possíveis sinais do transtorno de aprendizagem. Confira:

  1. Dificuldade de grafia – não consegue escrever ou escreve com letra ilegível
  2. Problema para compreender o significado de conteúdos escritos – é um sinal característico da dislexia;
  3. A criança não consegue escrever pois não assimila bem ditados – sinaliza uma possível disgrafia perceptiva;
  4. A leitura é lenta, confusa e difícil – seja por falta de atenção ou dificuldade de compreensão, são sinais que apontam para um transtorno de aprendizagem;
  5. Dificuldade para dominar o sentido dos números – sinal característico da discalculia;
  6. Desatenção nas interações com colegas e familiares – no TDAH, por exemplo, é que a criança não consegue prestar atenção e focar naquilo que é dito a ela, nem cumprir tarefas simples que a ela são solicitadas.
  7. Dificuldade de pensar matematicamente – lidar com números é um desafio muito grande para aqueles que possuem discalculia;
  8. Sintomas persistentes – para a realização do diagnóstico de um transtorno de aprendizagem, é necessário que os sintomas estejam presentes por ao menos 6 meses;
  9. Os sinais não são explicados por outra condição – é importante estabelecer o diferencial com transtornos que acometem a faixa etária infantil, como por exemplo o transtorno global do desenvolvimento.

Quais são as causas dos transtornos de aprendizagem?

Como em todos os transtornos mentais, não há uma única causa para os transtornos de aprendizagem.

Embora fatores da circunstância de cada criança interfiram no desenvolvimento da condição, a neurociência mostra sinais importantes nos transtornos de aprendizagem.

Por exemplo, o cérebro de pessoas com TDAH são menores e as reduções são evidentes em várias regiões específicas, incluindo os lobos frontais, relacionados com funções como:

  • Raciocínio
  • Resolução de problemas
  • Planejamento do início de ações.

Ou seja, a neurociência mostra evidências de que os transtornos de aprendizagem têm uma causa biológica importante.

Assim, o cérebro das pessoas com essas condições funciona de uma maneira especial e, por isso, necessita de tratamentos especiais.

Tratamento dos transtornos de aprendizagem

Se você identificar algum sinal de transtornos de aprendizagem em crianças que estão sob sua responsabilidade, vale a pena saber quais são os principais tratamentos para a condição.

Embora algumas pessoas pensem, nem todo transtorno de aprendizagem exige o uso de medicações estimulantes. Mas em alguns tipos essas medicações podem ser necessárias.

Por isso, é imprescindível que uma criança com suspeita de transtornos de aprendizagem passe pela assistência de um médico psiquiatra que definirá se é necessário o uso de medicações ou não.

Por exemplo, para o TDAH geralmente é prescrito medicações como o metilfenidato (comercialmente conhecido como Ritalina®).

Além disso, é muito importante buscar apoio psicológico para o tratamento adequado dos transtornos de aprendizagem.

Por meio das sessões, o paciente recebe orientações e ferramentas para lidar com os eventuais desafios que podem surgir no contexto dos sintomas, entre eles:

  • Bullying no colégio
  • Mal estar por se sentir “diferente” dos demais colegas
  • Técnicas para concentrar-se e realizar as tarefas
  • Manejo da ansiedade, impulsividade e agressividade.

Na Zenklub você pode encontrar mais de 4000 profissionais em saúde mental que podem, através de sessões terapêuticas online, ajudar no tratamento dos transtornos de aprendizagem.

Aliás, muitos deles são especialistas em tratar transtornos em crianças e adolescentes.

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Resumo: transtornos de aprendizagem

De fato, o assunto “transtornos de aprendizagem” é bem complexo e poderíamos ficar horas falando sobre isso.

No entanto, para que você retenha aquilo que é essencial sobre o tema, segue um pequeno resumo:

  • O transtorno de aprendizagem é uma condição que costuma aparecer na infância que afeta a capacidade de atenção, compreensão e comportamento de quem sofre;
  • Dificuldade de aprendizagem é diferente de um transtorno de aprendizagem, pois este, entre outros pontos, possui uma causa biológica mais intensa e os desafios são em pontos específicos do aprendizado;
  • Há vários tipos de transtornos de aprendizagem, divididos em 3 grandes grupos: dificuldades de leitura, escrita e matemática;
  • A neurociência dos transtornos de aprendizagem mostra que há diferenças específicas no cérebro de quem apresenta essas condições;
  • O tratamento para um transtorno específico de aprendizagem é essencial para viver uma vida feliz e envolve terapia e, em alguns casos, uso de medicações.

Referências:

1) KAPLAN, H. B.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

2) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

3) Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes. Trad. Dorgival Caetano. Artes Médicas, Porto Alegre. 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=2774544&pid=S1677-2970200000010001300006&lng=pt

4) DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.

5) PASTURA et al. Prevalência do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade e suas comorbidades em uma amostra de escolares. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/CkT6pKfTVrpgXVhxw96zQ8k/?lang=pt