Você já deve ter ouvido falar ou conhece alguém que tem alguma mania específica, como por exemplo roer as unhas, mania de limpeza, ou mesmo comendo e arrancando os próprios fios de cabelo. No entanto, essas “manias” podem ser na verdade transtornos, e estar associados a um quadro muito mais profundo do que parece. Esse é o caso da tricotilomania.

O transtorno diz respeito às pessoas que têm o impulso de arrancar fios de cabelo, e apesar de se referir aos cabelos e pelos em geral, a enfermidade nada tem a ver com questões estéticas.

A tricotilomania é tão comum quanto qualquer outro transtorno. Vamos entender um pouco mais sobre o que realmente é tricotilomania, suas causas, sintomas, no que afeta a vida das pessoas que sofrem dessa enfermidade e como pode ser resolvida.

O que é tricotilomania?

Se refere a um transtorno psiquiátrico do controle de impulsos, onde é mais comum os pacientes arrancarem seus fios de cabelo, mas podendo arrancar também fios de outras regiões, como sobrancelhas, cílios, barba ou outros lugares.

O ato de arrancar os fios pode ser consciente ou não. Essas pessoas que sofrem com a tricotilomania sentem impulsos de arrancar seus fios, uma forma de ansiedade que só para quando atingem o objetivo. Logo após arrancar os cabelos ou pêlos, a pessoa sente uma satisfação, que alivia sua tensão.

A tricotilomania é difícil de controlar como qualquer outro transtorno. Os pacientes tentam não puxar seus fios, mas é uma vontade mais forte, que deve ser tratada com base em cada paciente, por isso é importante saber as causas da enfermidade. 

O tratamento varia de acordo com cada paciente, incluindo desde terapia, remédios e dermatologistas à exercícios físicos ou tricô, por isso é importante procurar ajuda médica.

Quais as causas da tricotilomania?

A tricotilomania não tem causa específica. Ela pode englobar desde fatores genéticos e hereditários até neurobiológicos e comportamentais. 

Há alguns estudos que sugerem também deficiência de alguns neurotransmissores que tem relação com a impulsividade, como o serotonina (hormônio da felicidade), dopamina (hormônio do bem-estar e do prazer) e noradrenalina, que fazem parte de um conjunto de hormônios que atuam em situações de estresse de curta duração. 

A enfermidade também pode estar ligada a distúrbios emocionais, Transtorno de ansiedade Generalizada (TAG), Transtornos de Controle do Impulso, Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) ou depressão.

A tricotilomania acontece normalmente após a puberdade, e afeta principalmente as mulheres, podendo abarcar diversos sintomas.

Quais os sintomas da tricotilomania?

Seus sintomas são variados, e podem levar a pessoa a cenários extremos, muito além de só arrancar seus cabelos. Entre eles, estão:

  • O impulso de arrancar os próprios fios e pelos do corpo;
  • Falhas capilares que podem ser em áreas específicas ou não, e variam de tamanho;
  • Lesões nas áreas dos cabelos arrancados;
  • Sensação de satisfação ao arrancar os fios;
  • Outros hábitos como roer as unhas e morder os lábios;
  • Tentativas de controlar a compulsão.

Além desses sintomas, é importante ressaltar que a tricotilomania pode evoluir para outros quadros. Algumas pessoas chegam a ingerir os fios de cabelo, e é quando o transtorno passa a ser chamado de tricofagia. 

Esses fios podem se acumular no estômago, já que nosso corpo não digere, podendo formar bolos chamados de  tricobezoares, até mesmo exigindo intervenção cirúrgica. Os casos cirúrgicos são raros, mas esses bolos nos estômago podem apresentar outros sintomas, como:

  • Náuseas e vômito;
  • Dores abdominais;
  • Bloqueios intestinais;
  • Perda de apetite;
  • Erosão dental.

Quais impactos a tricotilomania pode causar?

A tricotilomania pode afetar o dia a dia da pessoa, gerando baixa autoestima, onde ele passa a sentir vergonha e constrangimento de seu transtorno e pode acabar se isolando da sociedade. 

Além disso, também inclui problemas na pele, como consequência dos cabelos arrancados. Trouxemos alguns impactos para melhor entendimento.

Problemas na pele e cabelo

O constante impulso de arrancar os fios pode levar à perda dos fios, e consequentemente, à calvície ou alopecia, com os fios menos numerosos ou a queda definitiva desses fios. Além disso, também pode causar lesões e infecções nessas áreas.

Isolamento social

O isolamento é causado por vergonha e constrangimento. Após a satisfação ao arrancar os fios, as pessoas que sofrem do transtorno se envergonham dessa enfermidade. Isso pode ocorrer tanto por não conseguirem controlar o impulso, quanto pela perda dos fios, onde os pacientes tentam esconder com lenços, bonés ou chapéus. 

A pessoa então pode começar a evitar sair, ou encontrar outras pessoas, por vergonha, afetando sua vida pessoal, ou mesmo evitando procurar ajuda médica. É importante ressaltar que esse transtorno é como qualquer outro, você não deve se envergonhar, ou se constranger, procurar ajuda sempre vai ser o melhor.

Estresse emocional alto

Esse estresse emocional pode vir da vergonha da pessoa ao ter que se expor em ambientes. Ele pode se elevar em ambientes como o trabalho, em que o paciente não pode evitar de se encontrar com muitas pessoas. É importante lembrar que o próprio estresse pode causar a tricotilomania.

Qual é o tratamento para essa condição?

O tratamento para a tricotilomania envolve diversos profissionais, como psiquiatras, psicólogos, clínicos ou até dermatologistas. Como as causas não são específicas, e cada paciente tem um quadro diferente, os profissionais entrarão em um acordo para a melhor abordagem.

A Terapia Cognitivo-Comportamental é bastante usada nesse tratamento. Ela ajuda o paciente a entender os gatilhos que levam ao transtorno e treina o paciente a substituir esse comportamento por outros hábitos mais saudáveis, como exercícios de relaxamento.

Em alguns casos, o tratamento inclui remédios psiquiátricos, quando a tricotilomania está associada à depressão, por exemplo. A terapia ajuda também o paciente a recuperar a autoestima perdida ao longo da enfermidade.

Também existem grupos de apoio aos pacientes, para que eles persistam no tratamento e não desistam de se cuidar. A conversa com outras pessoas que passam pelo mesmo caso podem ajudar.

Como ajudar alguém que sofre de tricotilomania?

É sempre importante observar as pessoas ao seu redor, para que você possa notar os sintomas de quem sofre da tricotilomania. Demonstrar apoio e ajudar o paciente a controlar seus hábitos.

É importante também incentivar o paciente a procurar ajuda, e mostrar que não há nada para se envergonhar, já que é muito comum que as pessoas apresentem transtornos compulsivos. Incentivar o tratamento da pessoa também é de extrema importância, mostrar à ela que você está ali e ajudar no monitoramento dos novos hábitos, seja praticando algum exercício junto, ou mesmo só incentivando.

Não tenha vergonha de ir atrás de ajuda. A tricotilomania é uma enfermidade, não se sinta fraco ou se critique por não conseguir parar, já que não é uma questão de escolha. Procure ajuda assim que possível, é mais normal do que parece, seja forte e não desista de uma qualidade de vida melhor para você!

Conclusão

A tricotilomania é um transtorno psicológico que está ligado aos controles de impulso, podendo ter relação com outros problemas como o estresse emocional, ansiedade e até mesmo depressão

Por isso, é tão importante estar em dia com a sua saúde física e também emocional. É preciso estar atento aos sinais que seu psicológico e seu corpo apresentam no dia a dia.

Em casos como o da tricotilomania, buscar ajuda profissional é fundamental, investigando e identificando as causas, para então definir qual a melhor abordagem e tratamento. No aplicativo do Zenklub, é possível consultar com psicólogos e terapeutas preparados para te ajudar na superação desses desafios.

Estar em dia com a sua saúde mental causa efeitos positivos em seu dia a dia, na vida pessoal e na vida profissional. A terapia e o trabalho do autoconhecimento podem se tornar ferramentas poderosas e de qualidade de vida.

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Referências

FRANZON, Paula Guiomar Ubirajara et al. Tricotilomania. J. bras. med, p. 24-27, 2009. 

TOLEDO, Edson Luiz de. Avaliação do tratamento cognitivo-comportamental estruturado para grupo de pacientes com tricotilomania. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.