Transtorno mental: 5 tipos e sintomas

Ter um transtorno mental está longe de ser um estigma para quem sofre dele.

Ou seja, um transtorno mental, embora seja uma disfunção orgânica do cérebro e da produção de neurotransmissores, não define quem você é.

Antes de qualquer ponto, todo transtorno mental tem uma causa multifatorial, isto é, envolve aspectos:

• Físicos
• Psíquicos
• Emocionais
• Entre outros.

Por isso, é importante buscar cuidar de todos os pontos que compõem seu ser, com o cuidado de não colocar muito peso em um dos lados da balança.

Para te ajudar a entender o que é um transtorno mental, quais as implicações deles na vida de quem sofre e também quais são as abordagens cientificamente comprovadas para tratá-los, nós criamos este artigo com carinho para você.

Caso você fique com qualquer dúvida, deixe nos comentários que será um prazer te responder.

Tenha uma excelente leitura!

O que é transtorno mental?

Antes de falar o que é um transtorno mental, é preciso dizer o que ele não é.

Um transtorno mental é ainda fruto de muita incompreensão.

Infelizmente, há pessoas que pensam que ter um transtorno mental é algo que denota “fraqueza” ou “falhas de caráter”.

Mas isso mostra que essas pessoas desconhecem completamente a complexidade de um transtorno mental.

Pessoas com transtorno mental não são de forma alguma inferiores ou mentalmente inaptas a viver uma vida plena, digna e leve. 

Houve um tempo triste em que as pessoas com transtorno mental eram vistas como indivíduos que deveriam estar reclusos da sociedade, uma vez que não estariam aptos a servirem ao próximo e contribuir com o funcionamento da sociedade.

Nesse contexto, surgiram os chamados “manicômios” (hoje esse termo foi acertadamente substituído por “hospitais psiquiátricos”) que eram locais em que as pessoas com transtornos mentais eram simplesmente colocadas e esquecidas.

Por sorte, com os avanços das ciências que investigam a mente humana nas últimas décadas, o conceito do que é um transtorno mental fica cada dia mais claro.

Assim, ao passo que as pessoas compreendem o que é um transtorno mental, pouco a pouco os estigmas e preconceitos vão caindo por terra.

Segundo o DSM-5 (o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da APA – Associação Psiquiátrica Americana), o transtorno mental é:

“Um Transtorno Mental é uma Síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental.”

De fato, um transtorno mental envolve uma disfunção orgânica que precisa ser tratada por um profissional da psiquiatria a fim de regular novamente o equilíbrio para o adequado funcionamento da mente de cada um.

Quais os tipos de transtornos mentais?

Há vários transtornos mentais catalogados pelo Código Internacional de Doenças (CID-10).

De fato, alguns deles são muito comuns e afligem milhões de pessoas ao redor do mundo.

Cada transtorno mental está inserido dentro de um grande grupo que engloba uma série de condições.

Por isso, dentro de uma análise geral, vamos mostrar para você o que é e como se manifesta cada transtorno mental.

1) Transtornos mentais relacionados com a ansiedade

Uma pergunta que surge com frequência: ansiedade é um transtorno mental?

A resposta é: nem sempre!

Afinal, um pouco de ansiedade pode até mesmo ser benéfico para a pessoa.

Por exemplo, alguns benefícios que a ansiedade equilibrada traz são:

• Melhor planejamento;
• Maior taxa de sucesso nas empreitadas que exigem preparação;
• Relações interpessoais mais saudáveis e respeitosas.

Mas há o transtorno de ansiedade…

A ansiedade é um transtorno mental quando é prejudicial para a vida da pessoa que sofre e daqueles que estão ao redor dela.

Assim, a ansiedade exacerbada é a causa de vários transtornos mentais, entre eles:

• Síndrome do Pânico – caracterizada por sucessivas crises de ansiedade;
• Transtorno de ansiedade generalizada – em que o dia a dia de uma pessoa é afetado por uma irritabilidade, tensão por fatos que podem ou não acontecer no futuro;
• Fobia específica – ansiedade relacionada ao medo exacerbado de algo (objetivo, figura, animal, situação, entre outras);
• Fobia social – ansiedade em estar próximo de outras pessoas, de falar em público e até mesmo de falar com alguém (principalmente do sexo oposto);
• TOC (transtorno obsessivo-compulsivo) – caracterizado por pensamentos intrusivos (obsessões) que levam a pessoa com esse transtorno mental a realizar atos em repetição (compulsões);
• Agorafobia – um transtorno mental relacionado com a ansiedade e que envolve, dentre outros pontos, o medo de estar em locais abertos, em pegar o transporte público (principalmente quando ele está cheio);

De forma geral, alguns sintomas relacionados com os transtornos mentais causados por ansiedade excessiva são:

• Respiração ofegante;
• Falta de ar;
• Falta de apetite;
• Dormência;
• Formigamento;
• Palpitações;
• Suor excessivo;
• Mãos frias;
• Ondas de calor;
• Visão turva;
• Sensação de engasgo;
• Dores no peito;
• Taquicardia;
• Fala acelerada;
• Sensação de tremor;
• Vontade de roer as unhas;
• Dor de barriga;
• Dores abdominais;
• Agitação nas pernas;
• Agitação nos braços;
• Tensão muscular;
• Dores nas costas;
• Dores nos músculos;
• Engasgo;

2) Transtorno mental depressivo

A depressão (CID 10 – F32), conhecida pelo DSM-V como Transtorno Depressivo Maior (muitas vezes chamado depressão maior).

Ela está enquadrada em uma classe de doenças chamadas “transtornos do humor” (que inclui também o transtorno bipolar, por exemplo).

Assim, a depressão é um transtorno mental que acomete cerca de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A disfunção orgânica relacionada a esse transtorno mental está, na maioria das vezes, ligada ao neurotransmissor da serotonina.

Não à toa, um dos tratamentos mais comuns para atuar os sintomas da depressão é a utilização de remédios da classes dos Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) que aumentam a quantia do neurotransmissor na região cerebral da pessoa que o usa.

Alguns dos sintomas mais comuns da depressão são:

• Anedonia – falta de satisfação em fazer atividades que antes suscitavam prazer e alegria;
• Alterações no peso – tanto para mais quanto para menos;
• Insônia – seja pela dificuldade de pegar no sono, quanto pelos vários despertares ao longo da noite;
• Falta de energia para realizar as atividades simples do dia a dia (tomar banho, escovar os dentes, trabalhar);
• Tristeza;
• Humor deprimido, que se caracteriza por desânimo persistente, baixa autoestima, sentimentos de inutilidade;

Muitas vezes, a depressão é um transtorno mental que não está isolado.

Nesse viés, é comum que a depressão atue como uma das causas da ansiedade e vice-versa.

3) Esquizofrenia

A esquizofrenia é um transtorno mental que está no grupo dos chamados transtornos psicóticos (dentre os quais está o transtorno esquizoafetivo, por exemplo).

Porque, na verdade, as pessoas com esquizofrenia têm dificuldade em se instalar na realidade.

Assim, é comum na esquizofrenia (sobretudo no seu subtipo paranóide – segundo o CID-10) ter sintomas psicóticos, entre eles:

• Alucinações – ver, ouvir, sentir algo que não existe na realidade;
• Delírios – pensamentos falsos que levam a pessoa a comportamentos que causam malefícios não só para quem sofre do transtorno mental, mas também para as pessoas ao redor;
• Ilusões – em que se distorce algo da realidade em algo falso (por exemplo, ao observar uma cadeira, uma pessoa que sofre com o transtorno mental da esquizofrenia pode enxergar, ilusoriamente, uma mesa).

A esquizofrenia é um transtorno mental que tem relação direta com uma disfunção orgânica do neurotransmissor dopamina. Esta atua no corpo causando efeitos de recompensa.

4) TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade)

O TDAH é um transtorno mental que acomete a estimativa de 5,29% da população mundial e 5,8% no Brasil.

Esse transtorno mental se manifesta com atos de desatenção como, por exemplo, dificuldades de prestar atenção às aulas na escola ou dificuldade em colocar em prática tarefas simples.

Hoje se sabe, por meio de estudos de neurofeedback (que estuda a frequência das ondas de cada região do cérebro) que o TDAH é um transtorno mental com uma base orgânica.

5) Transtorno Afetivo Bipolar

Também conhecido só como transtorno bipolar, ele se manifesta por meio de uma fase exaltada (chamada de fase maníaca ou simplesmente mania), em que algumas características são observadas:

• Sentimentos de grandeza, invencibilidade e autopercepção exagerados
• Tagarelice
• Raciocínio perturbado
• Comportamento sexual impróprio
• Fanatismo religioso
• Comportamentos autodestrutivos
• Grande produtividade

Vale destacar que a pessoa que sofre do transtorno mental bipolar pode ou não ter a fase depressiva (que se assemelha bastante com um quadro de depressão).

Quais são as causas dos transtornos mentais?

É preciso ter um olhar de empatia ao atribuir a causa de um transtorno mental.

Afinal, o transtorno mental não é uma condição simples, gerada por só um motivo.

Entre as questões que podem causar um transtorno mental estão:

• Genética (familiares próximos com o mesmo transtorno);
• Traumas (questões do passado que constantemente vem à tona);
• Dificuldades (financeiras, em relacionamentos, familiares);
• Instabilidade emocional;
• Grandes dilemas internos;
• Meio social com vários geradores de vulnerabilidade (fome, falta de saneamento, violência);
• Uso de drogas;
• Entre outros.

Independente da causa, vale lembrar que:

“O transtorno mental manifesta que somos humanos e que estamos sujeitos a desequilíbrios, momentos difíceis em que precisamos de ajuda de alguém especializado para identificar a causa e realizar o tratamento adequado.”

Como saber se a pessoa tem algum distúrbio mental?

A melhor forma de saber se uma pessoa está ou não com um distúrbio mental é através da avaliação de um especialista da saúde mental, especialmente de um psiquiatra.

No entanto, é importante estar atento às pessoas que você ama, porque elas podem estar silenciosamente passando por um transtorno mental.

Alguns sinais que mostram que algo não está bem são:

• Problemas de sono (seja para pegar no sono ou despertando várias vezes a noite);
• Tensão constante;
• Ansiedade exacerbada com fatos pequenos ou irrelevantes ;
• Instabilidade do humor;
• Intolerância às frustrações;
• A pessoa distancia-se dos amigos, familiares e atividades que frequenta rotineiramente;
• Dispersão excessiva;
• Problemas de memória.

Se você ou alguém que você ama está apresentando esses sinais e sintomas, o ideal é buscar ajuda especializada.

Qual o transtorno mental mais grave?

Segundo a definição da OMS, transtornos mentais graves são definidos como:

“Um grupo de condições que incluem depressão moderada a grave, transtorno bipolar e esquizofrenia e outros distúrbios psicóticos”.

De forma geral, um transtorno mental é mais grave à medida que afeta negativamente a vida da pessoa que sofre e daqueles que estão ao redor dela.

No entanto, não há um transtorno que possa ser taxado como “o mais grave”.

Há uma escala de gravidade em alguns transtornos mentais.

Por exemplo, segundo o CID-10, a depressão pode ser classificada em 3 graus:

• Leve
• Moderada
• Grave

Além disso, alguns transtornos psicóticos (que fazem com que a pessoa se distancie do que é real) tem maior gravidade. Alguns exemplos deles são:

• Esquizofrenia
• Transtorno Afetivo Bipolar
• Anorexia Nervosa

Por fim, a gravidade de um transtorno mental também é destacada pela dificuldade que se tem para obter o sucesso terapêutico.

Ou seja, um transtorno que não responde a uma série de abordagens terapêuticas é considerado grave.

Nesse sentido, é característica do transtorno de personalidade (como o transtorno de personalidade borderline e o transtorno de conduta) ser difícil de tratar, uma vez que as mudanças significativas só ocorrem com prática diligente e consistente de terapia.

Há algum tipo de prevenção para transtornos mentais?

Existem várias formas de prevenir um transtorno mental.

Entre elas, algumas práticas são:

• Praticar exercícios físicos regularmente;
• Buscar terapia;
• Cuidados com alimentação;
• Zelar pela qualidade de sono;
• Ter hábitos para acalmar a mente (leitura, meditação, estar com pessoas amadas).

Não há “receitas de bolo” em cada uma dessas práticas.

É interessante procurar ajuda da terapia, pois através dela é exercitado o autoconhecimento.

Assim, cada pessoa pode realizar as atividades que lhes são mais satisfatórias e, por tabela, que lhes trazem mais equilíbrio.

Quando procurar um psiquiatra?

Conviver com um transtorno mental é muitas vezes um desafio.

Mesmo se você não sofrer de alguma condição, certamente conhece alguém que sofre de algum transtorno da mente.

Mas saiba que você não precisa lidar com todo esse peso sozinho.

O psiquiatra é um profissional médico capacitado a prescrever remédios para ajudar no tratamento de um transtorno mental.

É importante buscar a ajuda do psiquiatra sempre quando há suspeita de um transtorno mental.

De acordo com o livro “Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica”, para se tratar um transtorno mental é preciso buscar ajuda, na grande maioria dos casos, de uma equipe multiprofissional.

Ou seja, o psiquiatra é parte de uma grande equipe que promove e oferece a quem sofre de um transtorno mental as ferramentas necessárias para viver bem e de forma satisfatória.

Entre os profissionais da saúde mental estão os psicólogos, terapeutas, psicanalistas e coaches.

Todos eles ajudam a tratar um transtorno mental, utilizando cada um abordagens específicas para cada caso.

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Referências:

[1] SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A.; RUIZ, P. Compêndio de psiquiatria: ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017

[2] Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

[3] Organização Mundial da Saúde. CID-10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10a rev. São Paulo: Universidade de São Paulo; 1997.

[4] World Health Organization. Depression and Other Common Mental Disorders. Genebra. 2017. Disponível em [acesso em 05 Julho 2021]:  http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsess ionid=178B8D4B29C3C7E0DCA942DB0C5319E7?sequence=1

[5] Ministério da Saúde [homepage na internet]. Depressão [acesso em 05 Julho 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/76depressao.html