Psicose: o que é e o que pode causar
A psicose é caracterizada como um transtorno mental identificado por uma desconexão com a realidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Desta forma, ela é vista hoje como um sintoma de alguma doença psíquica, não necessariamente como um quadro isolado.
Por isso, entenda os principais sintomas da psicose, e quando é necessário procurar um profissional. O diagnóstico é fundamental para o tratamento e quanto antes for feito melhor.
Leia este artigo até o final e tire todas as suas dúvidas sobre esse assunto.
O que é psicose?
O termo “psicose”, de acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, é utilizado para descrever o estado mental de um indivíduo que apresenta perda de contato com a realidade, comprometendo a habilidade do paciente de comportar-se, sentir-se e até mesmo de pensar.
O quadro psicótico pode acarretar diversas complicações para a vida da pessoa, como por exemplo dificuldades de convívio familiar e profissional. Além disso, atualmente esse transtorno afeta cerca de 60 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Assim, chegamos em um ponto fundamental para o diagnóstico da condição: a diferença entre neurose e psicose. Basicamente, a diferença principal entre esses dois espectros se dá pela gravidade do problema.
A pessoa neurótica possui sintomas graves como ansiedade e depressão. No entanto, esse quadro não interfere no lado racional da pessoa. Ou seja, na maneira de pensar e agir. Em um quadro neurótico, a pessoa possui controle sobre suas atitudes.
Já o paciente psicótico não possui o controle de suas ações, uma vez que esteve em uma outra realidade.
Quais os principais sintomas da psicose?
Os sintomas de psicose podem ser diversos e particulares de pessoa para pessoa. Mas, dentre os principais sintomas de psicose podemos destacar:
- Alucinações: confusão dos sentidos do paciente, ver, ouvir e sentir coisas que não existem
- Delírios: crenças ou suspeitas mantidas firmemente, mesmo quando há provas que mostram o contrário
- Catatonia: alternância entre períodos de passividade e agressividade
- Desorganização do pensamento
Quais as causas da psicose?
Episódios de psicose podem aparecer durante surtos esquizofrênicos, doença de Alzheimer, crises epilépticas, devido à existência de tumores e de doenças infecciosas no sistema nervoso. Além disso, também podem ocorrer por conta do uso de drogas lícitas ou não.
No entanto, os determinantes da saúde mental nestes casos não incluem apenas questões individuais, como a capacidade de controlar sentimentos e pensamentos, mas fatores políticos, culturais e econômicos, como as políticas nacionais, condições de trabalho, proteção social e padrão de vida também podem afetar o desenvolvimento do quadro.
Além disso, genética, stress, infecções e exposição a perigos ambientais também podem contribuir para o aparecimento de psicose.
8 transtornos relacionados à psicose
O conceito de psicose abrange alguns transtornos dentro do meio da saúde mental. Confira 8 transtornos relacionados à psicose:
- Esquizofrenia: a esquizofrenia é um dos transtornos psicóticos mais conhecidos. É caracterizada como um sério distúrbio mental e afeta as maneiras como o paciente se sente, age e pensa, fazendo com que a noção da realidade seja afetada.
- Transtorno Delirante: o transtorno delirante é uma condição mental em que um indivíduo sofre de delírios, mas não alucinações proeminentes, além de falsas crenças. Os sintomas costumam durar cerca de um mês, de acordo com a OMS.
- Transtorno Psicótico Breve: os sintomas desse quadro de psicose duram pelo menos um dia, mas não mais do que um mês. As causas podem estar ligadas a eventos traumáticos e estressantes. Depois do sumiço dos sintomas, eles podem nunca mais aparecer.
- Transtorno Esquizoafetivo: este quadro de psicose é semelhante à esquizofrenia, no entanto, ele também possui períodos de distúrbios de humor.
- Psicose maníaco depressiva: os indivíduos que possuem sintomas de transtorno bipolar também costumam experimentar quadros de psicose, que ocorre geralmente durante as fases de mania.
- Depressão psicótica: este transtorno é caracterizado por uma forma grave de depressão. No entanto, os sintomas são acompanhados da psicose, como delírios e alucinações.
- Psicose pós-parto: a psicose pós parto é considerada uma forma mais agravada da depressão pós parto, mas acompanhada de sintomas de psicose.
Como a psicose pode afetar a vida de uma pessoa?
Por se tratar de uma condição que afeta diretamente os sentidos do paciente, a psicose interfere na qualidade de vida e no dia a dia de uma pessoa. Desta forma, muitas pessoas não conseguem levar uma rotina normal por conta dos sintomas.
Assim, os sinais da doença afetam o desempenho no trabalho, nos estudos, em suas relações interpessoais e também na execução de tarefas básicas do dia a dia.
Pessoas diagnosticadas com transtornos psicóticos possuem dificuldades em seus relacionamentos e, muitas vezes, tornam-se incapazes de cuidar de si mesmos.
Se não for tratado de forma correta e no tempo certo, o paciente pode se ferir, ou até mesmo ferir outras pessoas por conta das alucinações e delírios.
A psicose infantil existe?
A resposta é sim. Mas o que é psicose infantil?
Trata-se de uma patologia infantil severa que pode comprometer o desenvolvimento do paciente em termos de linguagem, interação social, desenvolver brincadeiras, etc.
Ao se falar sobre este tipo de psicose é necessário considerar que a infância é vista como o período de formação do indivíduo, portanto os quadros de doenças ainda não são fechados completamente.
Por conta disso, o que chamamos hoje de “psicose infantil” é basicamente um agrupamento de distúrbios, onde se observa uma perda de contato severa com a realidade. Geralmente, está ligada a delírios, alucinações, dificuldades com o afastamento da figura materna e de interação social.
A criança psicótica, por sua vez, não é capaz de elaborar sentimentos, existindo apenas um único sentido disponível, fazendo com que as alucinações surjam como uma forma de se relacionar com a realidade.
Como tratar a psicose?
O diagnóstico de psicose requer uma avaliação médica.
Durante este processo, os sintomas devem ser abordados por meio de entrevistas e relatos comportamentais do paciente, além do histórico familiar, história de vida, doenças e uso de substâncias tanto lícitas como ilícitas.
Além destes elementos, exames de sangue, ressonâncias, tomografias também podem ser utilizados para descartar outros problemas de saúde que causem uma suposta psicose secundária.
Desta forma, o tratamento para psicoses envolve o uso de medicamentos e terapia, além de afastar o paciente de gatilhos.
As psicoses são condições que podem acarretar sofrimento e degradação no paciente, portanto, o acompanhamento psicológico é muito importante para melhorar a qualidade de vida e ajudar a pessoa a conviver melhor com o transtorno.
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Referências:
Organização Pan-Americana de Saúde. Acesso em: https://www.paho.org/pt/topicos/transtornos-mentais#:~:text=Psicoses%2C%20incluindo%20a%20esquizofrenia%2C%20s%C3%A3o,do%20%E2%80%9Ceu%E2%80%9D%20e%20comportamento
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KLINGER, Ellen Fernanda; REIS, Beatriz Kauri dos; SOUZA, Ana Paula Ramos de. A inclusão dos pais na clínica das psicoses infantis. Estilos clin., São Paulo , v. 16, n. 1, p. 96-115, jun. 2011
Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.