A adolescência é uma etapa importante do desenvolvimento do ser humano para atingir a sua maturidade biopsicossocial. Esse período é intermediário entre a infância e a vida adulta, e é quando se descobre, entre outras coisas, a sexualidade.

Uma adolescente está em plena transformação corporal, psicológica e cognitiva. O desejo, a relação com o próprio corpo e a busca por conexões interpessoais são motivo de preocupação e curiosidade para ambos os sexos. 

Como os adolescentes vão lidar com a sua sexualidade depende de uma combinação de fatores, como a qualidade de suas relações afetivas vivenciadas até então, a cultura em que estão inseridos e os valores que lhes foram transmitidos. A educação sexual é outro componente importante nesta equação, representando o melhor caminho para o sexo saudável e seguro.  

Qual idade é considerada gravidez na adolescência?

Em termos de faixa etária, o conceito de adolescência varia conforme a entidade que o define. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, compreende a segunda década de vida, ou seja, entre 10 e 19 anos. Para a lei brasileira, representada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), adolescente é quem tem entre 12 e 18 anos. 

A adolescência é plural e não é vivenciada da mesma forma mundo afora. Os elementos culturais, sociais, econômicos e subjetivos interferem nas características, comportamentos e escolhas que os jovens fazem. Em parte, também explica as variações de abordagem do tema em diferentes países e famílias.

De acordo com a UNICEF, a gravidez na adolescência no Brasil teve uma redução no número de casos entre meninas de 15 a 19 anos (de 605 mil para 477 mil casos) e de 10 a 14 anos (de 28 mil para 24 mil casos). Ainda assim, em se tratando de gravidez na adolescência, dados ainda são alarmantes: em 2016, 17,5% dos nascimentos foram de mães entre 10 e 19 anos de idade.   

Quais são as principais causas da gravidez na adolescência?

Entre as causas da gravidez na adolescência, a mais frequente é uma associação entre a impulsividade desta fase da vida e informação insuficiente sobre prevenção da gravidez na adolescência. Ao mesmo tempo em que a grande maioria das adolescentes reconhece a possibilidade de engravidar se fizer sexo, também acha que isso “só acontece com as outras”. 

Há relatos de garotas que acreditavam estar em uma relação estável com seus parceiros e, que por esse motivo, dispensaram métodos contraceptivos. Algumas desejavam muito se tornarem mães ou pensaram que isso traria autonomia e a chance de “sair de casa” por conta de um casamento. 

Há casos em que o uso de drogas e álcool aumenta a vulnerabilidade das adolescentes a situações como gravidez não planejada e transmissão de doenças por via sexual. Essas substâncias levam a comportamentos que reduzem a chance de usar contraceptivos e métodos de proteção como o preservativo.  

Riscos e consequências da gravidez na adolescência

Bebês de mães muito jovens, especialmente aquelas com menos de 15 anos, têm mais chances de nascerem prematuros e com baixo peso. Na adolescência, é considerada uma gravidez de risco, com mais possibilidade de desenvolver hipertensão e anemia. 

O pré-natal adequado, adaptado para as particularidades de uma jovem mãe, reduz os riscos da gravidez na adolescência. A atenção para a jovem gestante deve ser redobrada porque ela está gerando um bebê enquanto ainda está em fase de crescimento.   

Ou seja, se o pré-natal é importante para qualquer gestante, nos casos de gravidez na adolescência essa necessidade é ainda maior e deve envolver uma equipe multidisciplinar, com obstetra, nutricionista e psicólogo, no mínimo. 

Como a gravidez na adolescência afeta a vida dos jovens?

Quando a jovem comunica a gravidez, as reações dos pais podem ser as mais variadas, da raiva e frustração até a alegria e entusiasmo. Passado esse primeiro momento, o apoio dos pais da jovem é essencial. Por mais que isso seja algo que eles não desejavam nesta fase da vida da filha, precisam se mostrar dispostos a ajudar. 

A partir do momento em que se descobre grávida, a jovem mãe terá que lidar com questões como a paternidade, o julgamento alheio, o destino da criança, sua própria saúde e demandas práticas como o enxoval e outras decisões importantes. 

Como essas tarefas são mais difíceis para quem ainda não atingiu a maturidade, é compreensível que ela sinta ansiedade na gravidez e estresse na gravidez. Isso reforça a necessidade do suporte de amigos e familiares. O que ela mais precisa neste momento é de apoio, amor e orientação. 

São muitas mudanças que acontecem na vida de adolescentes que se tornam pais e mães. Isso traz responsabilidades que normalmente fazem parte da vida adulta e, por essa razão, têm um impacto maior quando acontecem precocemente. 

Uma adolescente ainda está elaborando sua identidade e entendendo seu papel no mundo. Uma gravidez neste momento atropela seu desenvolvimento e a obriga a adotar a função de mãe. E justamente quando ela deveria estar criando sua autonomia, acaba se tornando mais dependente dos pais.  

Um dos efeitos mais frequentes é abandonar a escola, algo que afeta não apenas a autoestima da adolescente, como também implica na descontinuidade de seus projetos de vida e atrasa o ingresso no mercado de trabalho. Seus relacionamentos interpessoais também são abalados e, por isso, a saúde mental da jovem gestante pode ser comprometida. 

As adolescentes são mais suscetíveis à depressão na gravidez. Essa doença interfere no autocuidado e compromete o pré-natal e a alimentação. Para o bebê, o risco é de prematuridade e baixo peso ao nascer, além de problemas de desenvolvimento. Além disso, a depressão não tratada prejudica a formação natural dos laços afetivos de apego materno.  

Como evitar gravidez na adolescência?

A principal iniciativa de prevenção gravidez na adolescência é a educação. Os conceitos de amor, sentimentos, emoções, intimidade e desejo precisam ser abordados em casa e na escola. 

Conversar sobre como acontece a gravidez e contracepção é extremamente produtivo, assim como estimular o autoconhecimento. Esse diálogo deve incluir também os mitos e tabus que rondam o tema. 

E, acima de tudo, os pais têm que superar o medo de estarem estimulando seus filhos a começarem a vida sexual simplesmente por estarem conversando sobre o assunto ou dando a eles preservativos. Afinal, ao chegarem ao fim do ensino médio, pelo menos metade dos adolescentes já são sexualmente ativos.

 

Métodos contraceptivos

Não basta conhecer os métodos contraceptivos. Depois de eleger o preferido, é importante saber as regras de uso e respeitá-las para não comprometer a eficácia. Às vezes, não há a adaptação esperada ao anticoncepcional escolhido e é necessário tentar outra opção. No caso das adolescentes, os principais motivos para mudar ou descontinuar o uso são o ganho de peso e a cefaleia.  

Preservativo masculino (camisinha)

É a forma mais usada de prevenção não somente da gravidez, mas também de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Camisinhas são fáceis de conseguir, pois são vendidas livremente e distribuídas gratuitamente na rede básica de saúde. 

Quando usada corretamente, pode prolongar o prazer feminino, retardar a ejaculação e proporcionar uma relação segura para o casal. Por isso, vale a pena combater os mitos que cercam o uso do preservativo: 

  • Não é verdade que ele diminui a sensibilidade e o prazer
  • Não há motivo para ter vergonha de pedir para o parceiro usar, se perceber que ele não está propenso ao uso

Contraceptivo oral (pílula) 

A pílula tem o benefício de regular a menstruação e reduzir as cólicas. Alguns até reduzem a acne. A eficácia total da pílula é garantida quando ela é consumida com regularidade e no horário correto.

Injetável

Normalmente tem a duração de um ou três meses, quando deve ser reaplicado. Tem a vantagem de não exigir que se lembre de tomar pontualmente, sendo prático e eficaz. Porém, somente o ginecologista pode indicar esse método, que não é adequado para todas as mulheres, especialmente as que têm histórico de osteoporose na família. 

Preservativo feminino (camisinha feminina)

É feita com um plástico mais fino que o látex usado na camisinha masculina e funciona da mesma maneira. A diferença está no local onde é colocada: enquanto a masculina vai no pênis, a feminina fica no canal vaginal. Esse método também evita a transmissão de DSTs, mas requer mais conhecimento da própria anatomia para ser aplicado corretamente. 

De tudo que pode ser feito para ajudar uma jovem grávida ou o casal adolescente que está esperando um bebê, o principal é apoiar sem julgar. A terapia é uma forma de amparar a gestante, o parceiro e a família. Assim, todos podem lidar com suas dificuldades para estarem prontos para receber o bebê. 

Precisa de ajuda? O Zenklub oferece conteúdo e sessões de terapia de acordo com a sua necessidade. Encontre a mais apropriada para você e comece a sua jornada de autoconhecimento sem sair de casa, com segurança e privacidade. 

Para o público adolescente, tem a vantagem da privacidade e da comodidade, benefícios ainda mais importantes para quem está passando por um momento tão especial como a gravidez. Agende uma sessão. 

Referências

Marco legal: saúde, um direito de adolescentes / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção

à Saúde, Área de Saúde do Adolescente e do Jovem. Brasília: Editora do Ministério da Saúde,

2007.

LEVY, Sharon. Contracepção e gravidez em adolescentes. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/problemas-em-adolescentes/contracep%C3%A7%C3%A3o-e-gravidez-em-adolescentes 

UNICEF. Trajetórias Plurais – Práticas que contribuem para a redução da gravidez

não intencional na adolescência – 2018. Brasília, 2018. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/3101/file/Trajetorias_plurais.pdf

Ministério da Saúde. CUIDANDO DE ADOLESCENTES: Orientações Básicas para a Saúde

Sexual e a Saúde Reprodutiva. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cuidando_adolescentes_saude_sexual_reprodutiva.pdf