Por que o burnout em professores tem se tornado comum?
O exercício da docência atualmente tem exigido habilidades que mudam constantemente, incluindo aqui o uso das ferramentas de tecnologia. Ao mesmo tempo que o perfil dos alunos também vão desafiando novas formas de produção de conteúdo. A busca pela excelência docente tem gerado o burnout em professores.
A síndrome do burnout é um conceito que surgiu em 1974. Foi identificada pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger e trata do esgotamento profissional. Não é uma doença. É um tipo de transtorno associado com o desequilíbrio da saúde mental das pessoas no ambiente de trabalho ou em situação ocupacional.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), o burnout está numa lista de transtornos que inclui ainda a depressão e a ansiedade. No Brasil, faz parte da lista de transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho, do Ministério da Saúde.
A forma como lidamos com as emoções em relação às situações do cotidiano, mudanças da vida, convivência em grupo, as adversidades e conflitos mudaram com o tempo, a sociedade e a cultura, e hoje marcam a definição de saúde mental. Também contempla a nossa capacidade de manejo positivo destas situações, o respeito aos limites individuais, satisfações, desejos e boa convivência.
E a rotina do professor amplia as expectativas e o manejo das próprias emoções em ambiente de diversos estímulos e responsabilidades, enquanto educadores e formadores de consciência, produtores de conhecimento e mediador do aprendizado de dezenas ou centenas de alunos aumenta o avanço do transtorno.
Burnout em professores: porque os docentes estão sendo impactados?
O Sistema de Ensino Brasileiro, tanto público quanto privado, expõe os professores a muitos eventos estressantes, como jornadas longas de trabalho, turmas acumuladas, plano de carreira defasado ou inexistente, responsabilidade emocional e afetiva com crianças e adolescentes, acúmulo de funções, tipos diferentes de burocracias, entre outras situações. Dependendo da estrutura da escola, entram também situações de violência e até ameaça de morte.
No Brasil é altíssimo o número de pessoas que convivem com transtornos mentais. Brasileiros com ansiedade, por exemplo, lideram o índice mundial de gente dependente de medicação, tratamento e acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. Em 2019, eram mais de 18 milhões, e em torno de 10% da população naquele ano.
Entre a classe de professores, a síndrome já passou a ser chamada de “Síndrome da Desistência do Educador”, devido aos números alarmantes de educadores nessa condição, identificados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). O impacto tem sido maior após o aparecimento da covid-19 e o isolamento da pandemia.
O exercício da docência em telas de computador, sem sala de aula tradicional, a urgência em aprender ferramentas e metodologias de ensino aplicadas à tecnologia da informação, e ainda o cuidado e preocupação com a manutenção da saúde e bem-estar dos alunos em processo de ensino-aprendizagem ampliou frustrações e esgotamentos.
Quais os sintomas comuns do burnout em professores?
O burnout, por ser uma Síndrome do Esgotamento Profissional, é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema relacionada ao ambiente de trabalho do indivíduo. Está associada a sintomas de acúmulo de estresse, tensão das emoções, autocobrança de produtividade e ambiente de trabalho de alta demanda.
Cansaço físico e mental, dificuldade de concentração, dores de cabeça, alteração no apetite, sentimento de incompetência, pessimismo, falta de motivação e de disposição para o trabalho são sintomas que podem caracterizar o burnout em professores. Especialistas definem três dimensões para a síndrome: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional.
A diferença entre o quadro de burnout e de depressão é que a síndrome tem uma causa nítida relacionada ao trabalho, e que pode se agravar para um estresse profundo e colocar a saúde mental em risco. O burnout em professores altera o estado mental e ele pensa que tudo vai dar errado, tem alterações cognitivas, apresenta dificuldade de atenção e de concentração, passa por grande perda de produtividade.
Podemos citar outros sintomas, tais como:
- Fadiga persistente;
- Alterações no sono e alimentação;
- Perda de desempenho de forma contínua;
- Perda de paciência com facilidade;
- Perda da vida social;
- Sensação de desesperança;
- Alterações na pele;
- Absenteísmo;
- Afastamento das pessoas do seu convívio, tendo problemas nos relacionamentos com a família e os amigos;
- Falta de cuidados pessoais;
- Enxaquecas;
- Distúrbios gastrointestinais;
- Dores no corpo frequentes.
Como as instituições de ensino podem apoiar a evitar a síndrome de burnout?
As doenças psicossomáticas acontecem quando o corpo reage a um transtorno de ordem emocional ou mental. E estão associadas ao momento de exaustão do corpo e da mente. Transtornos mentais não diagnosticados podem gerar avanços de outros problemas na saúde e sofrimento a longo prazo. As campanhas preventivas são de grande importância para evitar prejuízos relacionados a demissão e perda de educadores valiosos.
E é preciso que as instituições de ensino provoquem o debate e o cuidado sobre o tema dos transtornos. Que é divulgar os sintomas, recursos que podem ajudar no tratamento, monitorar a saúde mental da equipe, incentivar atividades e experiências que contribuam na formatação de um ambiente de trabalho saudável e humanizado.
Ao se reconhecerem com burnout e serem diagnosticados, os professores podem buscar incorporar hábitos novos ao cotidiano. Mas é importante ser atendido por profissionais que entendam como a síndrome afeta cada indivíduo. Envolve uma série de exames, a saúde física, alterações cardíacas, imunidade baixa, problemas respiratórios, digestivos, comparar com o mapeamento das alterações psíquicas, avaliar a necessidade do tratamento medicamentoso associado com a psicoterapia.
O ideal é que a escola colabore na percepção de onde está o foco da infelicidade do profissional no trabalho, que pode ser evitado com algumas ações, tais como:
- Mudança de setor;
- Mudança de chefia;
- Alteração de função e até mesmo da profissão.
- Licença temporária de trabalho;
Férias, folgas costumam não resolver o problema do burnout em professores. No retorno às atividades, a tensão pode agravar.
Conclusão
Neste artigo, pudemos conferir que a compreensão sobre os transtornos mentais é um paradigma que precisa ser desmistificado por todos, sobretudo pelas instituições educacionais que tem como missão e valores o acolhimento, o conhecimento, a ciência.
Saúde mental no local de trabalho é um conceito complexo e o caso do burnout em professores, tanto pela recorrência quanto pela gravidade das consequências, é um assunto que deve entrar no planejamento da instituição, com acompanhamento da saúde dos educadores, com diálogo, respeito, espaço de acolhimento para identificar em tempo hábil situações de desequilíbrio e atuar de maneira preventiva.
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Os professores nunca foram vistos como profissionais que comandam um grupo e, principalmente: “chefe de si próprio”; já que há a supervisão escolar e a direção da Escola! Provavelmente já vocacionado a Administração, numa ocasião me chamou atenção ao andar pelo corredor: observando cada um deles exercendo a atividade, em sua respectiva sala de aula, mas na máxima: “vender meu peixe”! Na Faculdade no mes de julho, poderíamos cursar uma disciplina em três semanas: uma professora de português, disciplina que acarreta alunos com estágios de aprendizagem diferentes, devido a peculiaridade da disciplina e ainda mais temas como tempos verbais, interpretação de texto, tudo voltado a redação técnica, ela aparou arestas, deixando todos no nível de entendimento, digamos razoável e em duas semanas!!! Quando ela disse ter “se superado” comentei com ela a Administração do Tempo, calculado bem o tempo destinado aos alunos no “tirar as dúvidas” e superando o Planejamento Pedagógico!