“Como identificar quando estou passando por assédio durante meus atendimentos?”. Essa foi uma das perguntas que a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello respondeu em mais um evento online Cuidando de quem cuida, realizado pelo Zenklub para os especialistas no dia 22 de julho. 

Para abrir o encontro, a profissional conta que, geralmente, o assunto “assédio”, é bastante comentado no ambiente de trabalho. Porém, é pouco visto quando o contexto é entre paciente e especialista. 

Por lei, a palavra assédio se dá ao fato de constranger uma pessoa. Para a sexóloga, o sujeito tem intenção de praticar o assédio em benefício próprio. Em alguns casos, é considerado fetiche e isso faz com que o ambiente de atendimento se torne desconfortável para a vítima.

A convidada também trouxe um dado alarmante, mas que também significa mudanças no mundo corporativo.  

No ano de 2019, a prática do assédio foi tema de 4.786 processos dentro da justiça do trabalho. “É um assunto que as empresas têm pensado bastante”, comenta.

Categorias do Assédio no Trabalho

Para a especialista, o assédio pode ser classificado em 2 categorias:

Chantagem

Neste caso, o assediador coloca a vítima em situações de preocupação como o medo de perder o emprego ou ter a imagem comprometida dentro do ambiente de trabalho.

Intimidação

Com a intimidação não é diferente. O assediador cria um ambiente hostil para a vítima. Ou seja, colocando-a em situações de humilhações e constrangimentos, fazendo com que ceda às exigências do assediador.

Ela também explica que esses dois exemplos também fazem parte da relação paciente e profissional. 

Como identificar casos de assédio no atendimento?

Neste caso, Carla explica que é muito difícil, mas que todo assediador tem um perfil que pode ser identificado, se houver observação por parte do profissional. 

Papel de vítima

Papel de vítima: quando o paciente se coloca numa situação de vítima, injustiçada, contando histórias sobre si para constranger ou fazer com que a troca seja levada para outro lado se fazendo de “coitado”, é importante estar atento.  Porque se  o profissional se deixa levar, “perde a mão” de conduzir o trabalho e sai do lugar de profissional para  vítima.

A dica que a sexóloga dá é a de perguntar ao paciente como ele se sente quando fala sobre sexo no meio de muitas pessoas, ou ao assistir filmes com temáticas sexuais.

Além disso, estar preparado para tratar sobre sexualidade é importante. Entender suas limitações, se tem dificuldade em ouvir palavras ditas “vulgares”, como pênis, vagina, masturbação, entre outros. É essencial para os atendimentos. 

“Se não se sente confortável de tratar da questão pode ser ‘uma presa mais fácil’ para um paciente que já vem com a intenção de assediar”, comenta Carla.

Logo no início de sua carreira, a especialista atendeu um homem com a queixa de ejaculação precoce. Naquele momento, ela o percebeu invasivo em algumas respostas, logo após, ele levantou e abriu a calça para mostrar que tinha ejaculação precoce. Ela conta que a primeira reação que teve foi a de levantar e dizer que quem deveria fazer esse tipo de análise seria um médico e pediu para que o assediador se retirasse. 

“Naquele momento, eu entendi o que aconteceu e levei pra supervisão de terapia. Eu pude entender que se eu não tivesse dado um limite, eu estaria numa situação de assédio.”, conta.

Além disso, ela complementa que “o palco do assediador é sempre um ambiente mais intimista”, e às vezes, sua intenção é perversa, pois tem prazer em fazer com que o profissional se sinta constrangido.

Como o Zenklub lida com casos de assédio na plataforma?

No Zenklub, caso isso aconteça, o ideal é entrar em contato, e informar detalhadamente o caso. Como consequência, o cliente vai ser excluído da plataforma. Mas isso não impede o possível assediador de voltar com outro nome para ser atendido por outros profissionais. Por isso, a denúncia é essencial. Sempre.

Por fim, Carla complementa que fazer análise, estudos e supervisão terapêutica são práticas primordiais para o autoconhecimento e para entender como lidar com os casos apresentados.

Não perca o próximo encontro

No dia 31/07, das 10h às 12h, o Dr. Davi Gebara, advogado especialista também vai trazer o assunto de forma mais detalhada e profunda respondendo a dúvidas jurídicas sobre Assédio Sexual. 

Lembrando que esse encontro é exclusivo para Membros Premium, além de Workshops e Masterclass, você ainda tem outras vantagens como enviar artigos para o blog do Zenklub, participar de ações de marketing, atendimento prioritário e muito mais. 

Esperamos você na próxima edição. 

Confira o encontro de hoje logo abaixo: