O perfeccionismo é uma característica muitas vezes socialmente valorizada e incentivada, mas você já parou para refletir quais as possíveis dores ou feridas emocionais ligadas a ele? E se existe diferença entre ser perfeccionista e ter padrões elevados saudáveis?

O que é perfeccionismo?

A literatura atual conceitua o perfeccionismo como uma tendência a definir altos padrões de desempenho, irrealistas e inalcançáveis, associados a sofrimento significativo. 

No modelo cognitivo-comportamental ele está ligado a esforços contínuos para atingir padrões de excelência autoimpostos, desconsiderando as consequências negativas. 

Perante a falha em atingir tais padrões, a autocrítica elevada influenciará em uma visão negativa de self.

O perfeccionismo é uma armadilha e acompanhada de uma profecia autorrealizável visto que a pessoa não atenderá as expectativas. Não tolerar os erros e falhas é algo contrário à nossa humanidade compartilhada, pois todos na condição humana estão sujeitos a errar, e tudo bem. 

O que seriam então padrões elevados saudáveis?

Diferentes da característica apresentada anteriormente, os padrões elevados saudáveis são metas/objetivos realistas, mesmo que altas. Neste caso, a pessoa reconhece que terá que se esforçar muito, mas não buscar a perfeição, sabe que está sujeita ao erro. As vantagens dos padrões elevados saudáveis é que estão dentro do alcance, permitindo uma evolução sem precisar carregar o peso do impossível.

Muitas pessoas que se consideram perfeccionistas se dão conta do peso dessas imposições, mas não acreditam que haja como mudar, percebem tal característica como se fosse parte de quem são devido a suas feridas emocionais.

Feridas emocionais

Podemos considerar as feridas emocionais como sensações, pensamentos e memórias dolorosas advindas das necessidades emocionais não atendidas ao longo do desenvolvimento, podendo ser a falta de afeto, aceitação, autonomia, limites realistas, expressão genuína das emoções ou ainda espontaneidade. 

Podemos listar cinco feridas emocionais altamente relacionadas ao perfeccionismo:

  1. Defectividade e vergonha:  Esta ferida faz com que a pessoa se sinta falha, indesejada, com baixa autoestima, inferior, não necessariamente por algo que fez, mas porque sente que é assim. Na tentativa de compensar esses sentimentos acaba sendo hipercrítico enquanto aparenta ser perfeito.
  2. Fracasso:  Faz com que a pessoa sinta que fracassou em comparação com às outras pessoas, sente que é definitivamente um fracasso em muitas áreas da vida. Para suportar essa dor acredita que precisa se esforçar muito e estabelecer altos padrões, porém ainda assim sente-se sempre a beira do fracasso.
  3. Autocontrole e autodisciplina insuficientes:  As principais características desta ferida são dificuldade em restringir adequadamente suas emoções e impulsos, dificuldade em adiar recompensas, como forma de lidar com essa sensação e dificuldade busca ser excessivamente autocontrolada, tentando constantemente se opor a ferida. 
  4. Busca por aprovação: A autoestima depende da aprovação dos outros, a pessoa que a vivencia concentra-se no externo e dá excessiva importância ao reconhecimento, assim sente dificuldade em desenvolver um senso de self estável e orientado ao interior de si mesmo, quando resignada age sempre em busca de agradar aos outros.
  5. Padrões inflexíveis:  A pessoa se mostra voltada ao desempenho excelente, agindo sempre para atingir padrões altíssimos e acreditam que devem ser assim, devem cumprir os padrões autoimpostos. A emoção predominante é a pressão constante, ansiedade e hipercrítica.

Mais dicas importantes sobre feridas emocionais

Seja qual for a ferida que esteja guiando os comportamentos e pensamentos vinculados ao perfeccionismo é importante saber que tanto agir para contrariar ou resignar-se a tais sensações reforçam a dor emocional e não atendem às necessidades negligenciados no passado. 

Compreender e se conectar com a sensação que o faz acreditar que precisa ser perfeito é o primeiro passo. Perceber que mesmo que pareça que é uma parte de quem você é, se traz dor e prejuízos em sua vida, mudar as estratégias será preciso. 

Não normalize algo que o faz sofrer, mudar é possível. Existem outros caminhos para a autorrealização. Se desenvolva, cresça, conquiste por ser o que você deseja.

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Referências

Carvalho, Anelisa Vaz de. Terapia Cognitivo Comportamental na síndrome de Burnout: Contextualização e Intervenção. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2019.

Young, Jeffrey E. Terapia do esquema: guia de técnicas cognitivo comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed, 2008.