A obesidade é uma condição de saúde pública que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge metade da população brasileira.
A projeção do órgão é que até 2025, caso medidas não sejam tomadas, esse número cresça e registre a incrível marca de 2,3 bilhões de adultos considerados acima do peso e mais de 700 milhões de obesos.
Entre as crianças, esses números também são relevantes e hoje aproximadamente 15% já apresentam condições de sobrepeso ou obesidade no Brasil.
A estimativa é que para esse grupo, até 2025, esse número cresça e atinja 75 milhões de crianças.
Por isso, vamos trazer aqui informações a respeito dessa doença, seus sintomas, causas, avaliação da psicóloga e especialista do Zenklub, Julieta Seixas Moizes, e dicas de como buscar apoio emocional e superar esse problema.
A obesidade é o resultado do acúmulo de gordura corporal causada por um consumo de alimentação acima do nível necessário para o organismo e para a realização das suas atividades e manutenção do corpo.
Para a especialista Julieta, a obesidade é uma questão multifatorial, na qual a genética, o metabolismo e o ambiente interagem, podendo acontecer em diferentes situações e tipos de pessoa, ou seja, não depende de sua posição social e econômica.
Além disso, é considerada uma condição de elevada prevalência. De acordo com a medicina, é um excesso de peso caracterizado pela massa de tecido adiposo superior a 20% no peso total do pessoa.
Os casos de obesidade causados por patologias endócrinas ou genéticas constituem um percentual muito pequeno, por isso os aspectos psicológicos devem ser levados em conta. A maioria são associados com ansiedade e depressão, dificuldades de lidar com a frustração e com os limites, falta de equilíbrio emocional, autocontrole e autodisciplina.
Ainda segundo a especialista: “Muitas vezes é associado a passividade, submissão, preocupação excessiva com comida, ingestão compulsiva de alimentos, dependência, não aceitação do esquema corporal, temor de não ser aceito ou amado, dificuldades de adaptação social, desamparo, insegurança, intolerância e culpa.”.
“O ato de comer, para os obesos, é tido como tranquilizador, como uma forma de localizar a ansiedade e a angústia no corpo. As influências sociais tem aspecto importante pois cadeias de fast-food estão presentes no cotidiano, “facilitando” a vida das pessoas, já que a maioria opta por praticidade, esquecendo de priorizar a saúde, na escolha alimentos saudáveis.”, completa Julieta.
A obesidade pode ser classificada tanto pela quantidade de peso de uma pessoa, quanto pela forma que esse excesso de gordura está distribuído pelo corpo.
Pela quantidade de peso, em um adulto, podemos considerar a tabela de cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) indicada pela própria IMC para avaliação dos graus. Calcula-se dividindo o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado:
A obesidade pode também ser entendida como primária, quando há um consumo de calorias maior do que o gasto energético, ou secundária, que é resultado de alguma doença.
Em geral, além das causas emocionais que falamos aqui, temos duas grandes causas para o desenvolvimento da doença:
Além dos sintomas mais visíveis, que são as mudanças na estrutura do corpo, é possível também identificar sinais bastante incômodos, como:
Como a especialista Julieta comentou anteriormente, os fatores de risco estão relacionados a genética, metabólicos e ambientais. Vamos detalhar esses e outros pontos:
Além dos dados relacionados à obesidade infantil, há questões emocionais que precisam ser compreendidas para ajudar no diagnóstico e tratamento.
Segundo Julieta:
No que diz respeito às crianças obesas identificamos algumas características comportamentais, como a dificuldade de adiar satisfações e obter prazer nas relações sociais, além de baixa autoestima e dependência materna. A obesidade está também está relacionada a fatores psicológicos como o controle, a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional de crianças e de adolescentes.
O tratamento psicológico é fundamental para reverter esse quadro antes da chegada a vida adulta e as mudanças físicas que acompanham.
“A terapia cognitiva comportamental auxilia com exercícios práticos para crianças obesas como registrar e perceber os pensamentos e ver pró e contras das situações, trabalhando transtornos no esquema corporal, ansiedade, insegurança, insatisfação consigo mesmas e sinais de agressividade, entre outros.
Do ponto de vista psicológico, há que se enfatizar que ao se lidar com o problema da obesidade é preciso atenção especial à criação de condições para promover mudanças nos hábitos alimentares das crianças e de suas famílias”, completa Julieta.
O tratamento de obesidade envolve diversos caminhos, com diferentes especialistas, mas a principal mudança está no estilo de vida, nos hábitos alimentares e na prática de exercícios.
A obesidade não tem cura, mas como vimos pode sim ser tratada e controlada.
Por isso, o diagnóstico de obesidade precoce e o comprometimento com essa mudança de vida é muito importante para a evolução dos sintomas e prevenção de complicações originadas pela própria obesidade.
Medicamentos para obesidade são recomendados apenas sob orientação médica e com acompanhamento.
A obesidade mórbida é considerada o grau 3 que vimos na tabela do IMC, e é comum a recomendação de cirurgia de redução do estômago, ou também conhecida como bariátrica, para esses casos.
A escolha do tipo de cirurgia bariátrica depende do quadro do paciente e recomenda-se o acompanhamento psicológico durante e depois de todo o processo.
Para Julieta, “Algumas pessoas apresentam sinais de sofrimento emocional associado à obesidade, falta de autocontrole e tentativas de dietas frustradas, que se faz necessária a assistência psicológica.
A autoavaliação, um autoconceito negativo e o que a pessoa pensa sobre si mesma, diz muito sobre a satisfação que extrai de sua vida e das atividades que realiza, sendo a obesidade um fator de risco para a saúde mental e física a longo prazo.
A manutenção do peso corporal, é um fator determinante no estado considerado saudável, levando ao bem-estar e melhor qualidade de vida.”
“O tratamento deve ser baseado numa abordagem biopsicossocial do indivíduo como um todo incluindo as causas psicológicas, mas, principalmente, voltado para o momento presente para que assegure o êxito do tratamento, a curto e longo prazo.
Procurar ajuda de um profissional psicólogo que ajude a identificar suas crenças, como os modos de pensar sobre si mesmo e sobre os outros, desde a infância e adolescência, e modificar pensamentos distorcidos e disfuncionais que não ajudam, que causam emoções como ansiedade e angústia, que levam a compulsão alimentar.
Ter calma e manter a positividade é de extrema importância, a procura de um profissional e a vontade de mudar já é um grande passo.”