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Obesidade: causas, sintomas e tipos de tratamento | Zenklub

Escrito por Rui Brandao | 21/11/2024

A obesidade é uma condição de saúde pública que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge metade da população brasileira.

A projeção do órgão é que até 2025, caso medidas não sejam tomadas, esse número cresça e registre a incrível marca de 2,3 bilhões de adultos considerados acima do peso e mais de 700 milhões de obesos.

Entre as crianças, esses números também são relevantes e hoje aproximadamente 15% já apresentam condições de sobrepeso ou obesidade no Brasil.

A estimativa é que para esse grupo, até 2025, esse número cresça e atinja 75 milhões de crianças.

Por isso, vamos trazer aqui informações a respeito dessa doença, seus sintomas, causas, avaliação da psicóloga e especialista do Zenklub, Julieta Seixas Moizes, e dicas de como buscar apoio emocional e superar esse problema.

O que é obesidade?

A obesidade é o resultado do acúmulo de gordura corporal causada por um consumo de alimentação acima do nível necessário para o organismo e para a realização das suas atividades e manutenção do corpo.

Para a especialista Julieta, a obesidade é uma questão multifatorial, na qual a genética, o metabolismo e o ambiente interagem, podendo acontecer em diferentes situações e tipos de pessoa, ou seja, não depende de sua posição social e econômica.

Além disso, é considerada uma condição de elevada prevalência. De acordo com a medicina, é um excesso de peso caracterizado pela massa de tecido adiposo superior a 20% no peso total do pessoa.

Os casos de obesidade causados por patologias endócrinas ou genéticas constituem um percentual muito pequeno, por isso os aspectos psicológicos devem ser levados em conta. A maioria são associados com ansiedade e depressão, dificuldades de lidar com a frustração e com os limites, falta de equilíbrio emocional, autocontrole e autodisciplina.

Ainda segundo a especialista: “Muitas vezes é associado a passividade, submissão, preocupação excessiva com comida, ingestão compulsiva de alimentos, dependência, não aceitação do esquema corporal, temor de não ser aceito ou amado, dificuldades de adaptação social, desamparo, insegurança, intolerância e culpa.”.

“O ato de comer, para os obesos, é tido como tranquilizador, como uma forma de localizar a ansiedade e a angústia no corpo. As influências sociais tem aspecto importante pois cadeias de fast-food estão presentes no cotidiano, “facilitando” a vida das pessoas, já que a maioria opta por praticidade, esquecendo de priorizar a saúde, na escolha alimentos saudáveis.”, completa Julieta.

Tipos de obesidade

A obesidade pode ser classificada tanto pela quantidade de peso de uma pessoa, quanto pela forma que esse excesso de gordura está distribuído pelo corpo.

  • Obesidade homogênea: não há uma região específica para a predominância da gordura e, por isso, é mais bem distribuída pelo corpo todo;
  • Obesidade periférica: também conhecida como obesidade ginoide ou em forma de pêra, é mais comum em mulheres e se caracteriza pelo acúmulo de gordura no quadril, coxas e nádegas. É um tipo que influencia no surgimento de outras doenças como problemas cardíacos, vasculares e diabetes;
  • Obesidade abdominal: também conhecida como obesidade androide ou em forma de maçã, é mais comum em homens e se caracteriza pelo acúmulo de gordura na região abdominal, cintura, peitos e rosto. Esse tipo também influencia o aparecimento de outras doenças como colesterol alto, cardiovascular, diabetes, risco de infarto e trombose.

Pela quantidade de peso, em um adulto, podemos considerar a tabela de cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) indicada pela própria IMC para avaliação dos graus. Calcula-se dividindo o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado:

A obesidade pode também ser entendida como primária, quando há um consumo de calorias maior do que o gasto energético, ou secundária, que é resultado de alguma doença.

Causas da obesidade

Em geral, além das causas emocionais que falamos aqui, temos duas grandes causas para o desenvolvimento da doença:

  • Falta de atividade física: a vida sedentária faz consumirmos mais calorias do que o corpo está gastando e resultar em acúmulo de gordura;
  • Hábitos alimentares: não ter atenção a qualidade da dieta que se está consumindo trará um ganho de peso praticamente inevitável.

Sintomas da obesidade

Além dos sintomas mais visíveis, que são as mudanças na estrutura do corpo, é possível também identificar sinais bastante incômodos, como:

  • Falta de ar: causada pela pressão do peso do abdômen sobre o pulmão;
  • Dores corporais: o excesso de esforço para suportar o peso pode trazer desconforto nos joelhos, pernas e costas;
  • Falta de condicionamento físico: dificuldade para concluir uma simples caminhada ou algum esforço maior;
  • Roncos e apneia do sono: o acúmulo de gordura na região do pescoço prejudica a respiração;
  • Problemas na pele: é comum o aparecimento de manchas escuras, principalmente, nas axilas, pescoço e virilha, por conta da resistência de insulina no corpo, além de dermatite e infecções causadas por fungos;
  • Infertilidade e impotência: causa comum por conta da deficiência de fluxo sanguíneo e alterações nos hormônios;
  • Varizes e úlceras nervosas: provocadas pelas alterações na circulação sanguínea;
  • Ansiedade e depressão: relativo a compulsão alimentar e a problemas com a autoestima.

Fatores de risco

Como a especialista Julieta comentou anteriormente, os fatores de risco estão relacionados a genética, metabólicos e ambientais. Vamos detalhar esses e outros pontos:

  • Genética: os genes podem influenciar na forma que seu corpo absorve e converte em energia as calorias ingeridas;
  • Histórico familiar: é grande a incidência de obesidade em pessoas com pais obesos. Isso se caracteriza também pelos hábitos alimentares compartilhados e genéticos;
  • Problemas de saúde: há fatores de saúde que potencializam a chance de obesidade, como questões relacionados à locomoção, como a artrite que dificulta a prática de atividades físicas, ou outros transtornos, como a Síndrome de Prader-Willi, que ocorre devido a uma anomalia neurogenética que provoca uma fome insaciável na pessoa;
  • Idade: como já comentamos, não há idade que defina a presença do problema, afinal temos muitos casos de obesidade infantil, mas conforme o tempo passa e as mudanças hormonais e de estilo de vida acontecem, há uma diminuição na prática de atividades físicas e de atuação do metabolismo;
  • Insônia: pode contribuir para o aumento do apetite;
  • Fumo: é geralmente associado o ganho de peso a quem para de fumar, ainda assim, está comprovado que parar de fumar é muito mais benéfico para a saúde do que continuar fumando;
  • Gravidez e pós-parto: para muitas mulheres, perder os quilos gerados durante a gravidez se torna uma tarefa bem complicada, e esse ganho de peso pode piorar no decorrer do tempo.

Obesidade infantil

Além dos dados relacionados à obesidade infantil, há questões emocionais que precisam ser compreendidas para ajudar no diagnóstico e tratamento.

Segundo Julieta:

No que diz respeito às crianças obesas identificamos algumas características comportamentais, como a dificuldade de adiar satisfações e obter prazer nas relações sociais, além de baixa autoestima e dependência materna. A obesidade está também está relacionada a fatores psicológicos como o controle, a percepção de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional de crianças e de adolescentes.

O tratamento psicológico é fundamental para reverter esse quadro antes da chegada a vida adulta e as mudanças físicas que acompanham.

“A terapia cognitiva comportamental auxilia com exercícios práticos para crianças obesas como registrar e perceber os pensamentos e ver pró e contras das situações, trabalhando transtornos no esquema corporal, ansiedade, insegurança, insatisfação consigo mesmas e sinais de agressividade, entre outros.  

Do ponto de vista psicológico, há que se enfatizar que ao se lidar com o problema da obesidade é preciso atenção especial à criação de condições para promover mudanças nos hábitos alimentares das crianças e de suas famílias”, completa Julieta.

Como tratar a obesidade?

O tratamento de obesidade envolve diversos caminhos, com diferentes especialistas, mas a principal mudança está no estilo de vida, nos hábitos alimentares e na prática de exercícios.

A obesidade não tem cura, mas como vimos pode sim ser tratada e controlada.

Por isso, o diagnóstico de obesidade precoce e o comprometimento com essa mudança de vida é muito importante para a evolução dos sintomas e prevenção de complicações originadas pela própria obesidade.

Medicamentos para obesidade são recomendados apenas sob orientação médica e com acompanhamento.

Obesidade mórbida e cirurgia

A obesidade mórbida é considerada o grau 3 que vimos na tabela do IMC, e é comum a recomendação de cirurgia de redução do estômago, ou também conhecida como bariátrica, para esses casos.

A escolha do tipo de cirurgia bariátrica depende do quadro do paciente e recomenda-se o acompanhamento psicológico durante e depois de todo o processo.

Em que momento pedir ajuda emocional?

Para Julieta, “Algumas pessoas apresentam sinais de sofrimento emocional associado à obesidade, falta de autocontrole e tentativas de dietas frustradas, que se faz necessária a assistência psicológica.

A autoavaliação, um autoconceito negativo e o que a pessoa pensa sobre si mesma, diz muito sobre a satisfação que extrai de sua vida e das atividades que realiza, sendo a obesidade um fator de risco para a saúde mental e física a longo prazo.

A manutenção do peso corporal, é um fator determinante no estado considerado saudável, levando ao bem-estar e melhor qualidade de vida.”

“O  tratamento deve ser baseado numa abordagem biopsicossocial do indivíduo como um todo incluindo as causas psicológicas, mas, principalmente, voltado para o momento presente para que assegure o êxito do tratamento, a curto e longo prazo.

Procurar ajuda de um profissional psicólogo que ajude a identificar suas crenças, como os modos de pensar sobre si mesmo e sobre os outros, desde a infância e adolescência, e modificar pensamentos distorcidos e disfuncionais que não ajudam, que causam emoções como ansiedade e angústia, que levam a compulsão alimentar.

Ter calma e manter a positividade é de extrema importância, a procura de um profissional e a vontade de mudar já é um grande passo.”