A busca pelo “corpo ideal e perfeito” é um tema bastante polêmico e que tem desafiado cada vez mais a mídia em geral. Isso porque a ditadura da beleza tem passado por transformações importantes, principalmente, pelo aumento no registro de casos de pessoas com compulsão alimentar, como a bulimia.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil registra aproximadamente 2 milhões de casos de bulimia por ano, e o assunto merece total atenção e acesso a informação, pois, como muitos sabem, a bulimia é um transtorno alimentar que pode levar a morte.

O que é bulimia?

A bulimia ou bulimia nervosa é um transtorno psicológico em que você desenvolve a compulsão por comer e ingerir periodicamente uma quantidade excessiva de alimento, em um período de tempo. Após essa ingestão desregulada, há o comportamento compensatório inadequado para evitar o ganho de peso, como a ingestão de laxantes e a indução do vômito.

Ou seja, a pessoa bulímica come descontroladamente grandes quantidades de alimentos, de forma rápida, e, por se preocupar excessivamente com o peso corporal, toma atitudes invasivas de exclusão desses alimentos, para não engordar.

A bulimia é considerada também um distúrbio de imagem, e, por isso, a sua associação psicológica, já que há uma não aceitação e baixa autoestima do bulímico com o seu corpo, ou até a imagem distorcida da realidade, em que ele não enxerga exatamente aquilo que está refletindo no espelho.

Essa distorção da realidade e da imaginação, provoca sentimentos de ansiedade, o que gera a angústia por emagrecer e até o conforto em comer. Geralmente, pessoas bulímicas costumam se esconder para se alimentar.

Pacientes com bulimia podem induzir o vômito (expurgo), tomar medicamentos diuréticos e fazer uso de laxantes para provocar a eliminação do que foi ingerido, também conhecido como ações purgativas, ou até passam longos períodos em jejum ou praticando exercício físico de forma exagerada para compensar, chamadas de ações restritivas.

Quais são as causas da bulimia?

Não existe uma causa bem definida para a bulimia já que pode ter muitos fatores de risco próprios que variam de pessoa para pessoa. Apesar disso, é possível considerar os fatores genéticos, psicológicos, familiares, traumáticos, culturais e sociais, como potencializadores do seu desenvolvimento.

Estudos mostram que a bulimia está mais presente entre as mulheres jovens, entre adolescentes e jovens adultas.

Quais os sintomas da bulimia?

Há alguns sinais que podem indicar que você, ou alguém próximo, esteja desenvolvendo a bulimia, e é muito importante você se familiarizar com eles, para que, ao primeiro sinal de alerta, você procure um médico.

A compulsão geralmente é desencadeada por estados de humor disfóricos (ansiedade, depressão), estressores interpessoais, intensa fome após dietas ou sentimentos ligados ao peso, forma do corpo e alimentos, veja mais detalhes:

Sinais Psicológicos

  • Baixa autoestima, sentimentos de culpa e excesso de timidez;
  • Vergonha de comer em público;
  • Não perceber o seu corpo como ele é (imagem distorcida);
  • Excesso de preocupação com a alimentação, com o alimento (total de calorias), o corpo e o peso;
  • Ansiedade, irritabilidade e depressão;

Sinais Físicos

  • Variações de peso constantes (ganhar ou perder peso);
  • Sensação de inchaço e constipação intestinal;
  • Desenvolvimento de intolerância com alguns alimentos;
  • Insônia, cansaço e fadiga;
  • Em mulheres, alterações significativas nos ciclos menstruais;
  • Desmaios e tonturas frequentes;
  • Hemorróidas e problemas orais pela indução ao vômito.

Além disso, você poderá observar determinados comportamentos, além de forçar vômito e uso de medicamentos após as refeições:

  • Comportamento antissocial;
  • Hábito de comer sozinho ou escondido;
  • Pesar-se muitas vezes ou estar sempre medindo suas formas, como cintura e pulsos;
  • Esconder alimentos ou acumular em segredo;
  • Excesso de atividade física até em condições impróprias, como doente ou machucado;
  • Dietas sem sentido, como jejum intermitente, contar calorias e evitar alimentos específicos, sem acompanhamento médico de um nutricionista;
  • Uso de roupas mais largas que escondem o corpo;
  • Rituais para comer ou preparar alimentos obsessivos;

Qual a diferença entre bulimia e anorexia?

A anorexia e a bulimia são muito confundidos pela sociedade, isso porque ambas são transtornos alimentares. A diferença principal é que na anorexia, ou na anorexia nervosa, a pessoa não come ou não consegue comer por medo de engordar e a semelhança é que o anoréxico também tem a distorção da sua imagem e provoca a eliminação do alimento após a ingestão.

Bulimia: diagnóstico

Para que o diagnóstico seja confirmado, estes comportamentos devem ocorrer ao menos duas vezes por semana, durante três meses, de acordo com o DSM-IV ou uma vez por semana pelo DSM-V.

O diagnóstico deverá ser emitido por um especialista e, em geral, são avaliados por nutricionistas, psicólogos e psiquiatras.

Bulimia tem cura?

A boa notícia é que sim e tudo depende do seu encontro com um especialista que o ajude a vencer esse desafio. Não há uma regra para o tratamento, afinal, as causas da bulimia tem origem diferente, que varia de pessoa para pessoa, como já vimos aqui.

De forma mais geral, a combinação de psicoterapia com reeducação alimentar, acompanhamento psiquiátrico para avaliação e tratamento medicamentoso para os sintomas de ansiedade ou depressão, e a participação em grupos de apoio, podem ser o melhor caminho.

Parece trabalhoso, não é mesmo? Mas para quem sofre de um transtorno alimentar como a bulimia, sem dúvida, se sentirá muito mais confortável com todo esse apoio e tratamento.

O não tratamento para bulimia poderá desencadear outros riscos à saúde, físicos e psicológicos, que poderão agravar ainda mais e impossibilitar resultados mais efetivos contra a própria bulimia.

Formas de prevenir a bulimia

O principal ponto é você atuar já no período da infância e adolescência para prevenir distúrbios alimentares e outros. Isso porque, é nesse período que as questões se tornam mais desafiadoras em relação a autoestima, pertencimento e aceitação.

Na dúvida, converse com o médico do seu filho e aprenda como cultivar hábitos alimentares mais saudáveis e compatíveis para o perfil, além de ver quais atividades físicas podem ajudá-lo a desenvolver fisicamente, mentalmente e socialmente.