Quem nunca se sentiu no limite emocionalmente falando? Essa situação vem à tona com muito mais frequência em quem sofre com o transtorno de personalidade limítrofe (TPL), também conhecido como síndrome de borderline.

Neste conteúdo vamos esclarecer as principais dúvidas sobre o transtorno de personalidade limítrofe, mostrando que é possível lidar bem com os sintomas da condição e viver uma vida feliz e emocionalmente saudável.

Então sem mais delongas vamos começar!

O que é transtorno de personalidade limítrofe?

O transtorno de personalidade limítrofe é um transtorno de personalidade caracterizado por extrema instabilidade, nas mais variadas áreas da vida:

  • Trabalho
  • Relacionamentos
  • Ideais
  • Autopercepção.

Assim, o transtorno de personalidade limítrofe causa intenso sofrimento na pessoa e naqueles que convivem com ela.

De acordo com Dados da Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association), de 1% a 2,5% da população é acometida com o transtorno de personalidade limítrofe, sendo mais comuns em mulheres.

Sintomas

Entre os sintomas do transtorno de personalidade limítrofe sem dúvidas um dos mais frequentes é a dificuldade com o controle da raiva.

Na síndrome de borderline, diferente de condições como o transtorno bipolar (em que o humor pode variar de tempos em tempos), a raiva surge com frequência.

Afinal, as mínimas frustrações podem deflagrar a dificuldade com o controle da raiva no paciente borderline.

Por isso, entre os sintomas estão:

  • Dificuldade em construir relacionamentos amorosos duradouros
  • Problemas com colegas de trabalho
  • Conflitos familiares.

Por consequência da raiva, a pessoa com a síndrome de borderline sofre com o medo de ser abandonada e pode direcionar sintoma para o próprio corpo.

Assim, um sintoma comum do transtorno de personalidade limítrofe é a automutilação, ou seja, infringir agressões contra o próprio corpo.

Em alguns casos, há ideação suicida e, infelizmente, cerca de 10% das causas de morte de quem sofre da síndrome de borderline é o suicídio.

Lembre-se: você não precisa sofrer, pois há tratamento para transtorno de personalidade limítrofe. Caso precise conversar com alguém, o Centro de Valorização da Vida está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana. Disque 188 e eles irão te auxiliar!

O que é uma pessoa limítrofe?

Ser limítrofe é poder ir do “8 ao 80” rapidamente, várias vezes ao dia.

No entanto, a mera instabilidade por si só não é um sinal capaz de diagnosticar alguém com a condição.

Nesse sentido, vários outros fatores precisam ser analisados.

A fim de enriquecer os conhecimentos sobre o tema, preparamos uma tabela com 7 sinais característicos do transtorno de personalidade limítrofe.

SinaisNa prática
Medo de abandonoa pessoa limítrofe está sempre buscando a disponibilidade do outro para ajudá-la. Circunstâncias como pequenos atrasos ou esquecimento de datas comemorativas podem deflagrar grande sensação de vazio e falta de sentido em que possui a síndrome de borderline.
Raivao controle da raiva é a maior dificuldade de quem sofre com o transtorno de personalidade limítrofe. Assim, quando as coisas não ocorrem como o esperado, fortes ataques de raiva podem surgir, causando prejuízo interpessoal e nos relacionamentos.
Instabilidadea pessoa limítrofe sofre com a mudança súbita de objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos. Tal oscilação é fruto da interpretação que a pessoa borderline tem dos atos alheios. Ou seja, quando alguém age de forma carinhosa e acolhedora, ela poderá sentir carência e apreço por isso. Por outro, ao ser sutilmente criticada, o apreço pode se tornar raiva e até mesmo vontade de se afastar do outro. A instabilidade também pode se refletir na autoimagem, sentindo-se bem consigo em determinados momentos e, logo em seguida, estar com a autoestima péssima.
Comportamento impulsivo e automutilaçãoa instabilidade pode deflagrar a impulsividade para tomar decisões importantes e a raiva pode ser canalizada para lesões ao próprio corpo (automutilação).
Episódios breves de paranoiaem alguns casos da condição, a pessoa limítrofe pode ter pequenos surtos psicóticos em que delírios de ciúmes, por exemplo, fazem-na crer que ela está sendo traída ou até mesmo perseguida.
Autossabotagemembora sejam pessoas com a parte cognitiva preservada (aliás, algumas são altamente inteligentes), um dos sinais da pessoa limítrofe é a autossabotagem com o intuito de obter a atenção e cuidado dos outros. Por exemplo, uma pessoa com borderline pode colocar empecilhos para concluir feitos significativos como terminar uma graduação ou abrir um negócio para se sentir cuidada e zelada por alguém.
Histórico de abuso na infância ou adolescênciaum sinal frequente em pacientes com a síndrome de borderline é já ter sofrido algum tipo de violência no início da vida. Esse trauma deixa marcas na personalidade que interferem nas emoções e no comportamento na vida adulta.

Como saber se sou limítrofe?

A melhor forma de realizar um diagnóstico preciso é procurar um especialista em saúde mental.

Não somente médicos psiquiatras, mas também psicólogos podem indicar com segurança se os sinais acima apontam de fato para o transtorno de personalidade limítrofe.

Além de uma entrevista (anamnese) detalhada, tais especialistas baseiam o diagnóstico nos critérios elencados por instituições renomadas, como, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ou a Associação Americana de Psiquiatria.

Diagnóstico

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), 5ª edição (DSM-5), publicado pela Associação Americana de Psiquiatria, para o diagnóstico do transtorno de personalidade limítrofe deve-se:

→ Ter mais de 18 anos e história de relacionamentos conturbados, dificuldades com a autoimagem e impulsividade.

Além dessas características, para o diagnóstico devem ser notados ao menos 5 dos seguintes sinais:

  1. Fazer esforços desesperados para evitar o abandono (real ou imaginado);
  2. Ter relacionamentos intensos e instáveis que se alternam entre idealização e desvalorização da outra pessoa;
  3. Mudar frequentemente a autoimagem ou senso de si;
  4. Agir impulsivamente em, no mínimo, duas áreas que poderiam prejudicá-la (como praticar sexo inseguro, alimentar-se compulsivamente ou dirigir de forma imprudente);
  5. Ter repetidamente comportamentos suicidas, incluindo tentativas e ameaças de suicídio e automutilação;
  6. Ter mudanças rápidas no humor, que normalmente duram apenas algumas horas e raramente mais do que alguns dias;
  7. Sentimento de vazio crônico;
  8. Sentir raiva intensa e não justificada ou ter dificuldade em controlar a raiva;
  9. Ter pensamentos paranoicos temporários ou sintomas dissociativos graves (sensação de que não é real ou desprendimento de si mesma) desencadeados por estresse.

Transtorno de personalidade limítrofe: terapia cognitivo comportamental

O transtorno de personalidade limítrofe costuma melhorar consideravelmente por meio da terapia cognitivo comportamental (TCC).

Essa abordagem permite oferecer ferramentas práticas para controlar sintomas como:

  • Necessidade de receber muito carinho e atenção;
  • Rebeldia;
  • Uso de substâncias químicas como um refúgio da raiva;
  • Instabilidade emocional;
  • Autoflagelação;
  • Sintomas de depressão;
  • Dificuldades nos relacionamentos amorosos e interpessoais.

Assim como o transtorno do espectro autista, a síndrome borderline apresenta variações na intensidade de pessoa para pessoa.

Por isso, o tratamento é realizado de forma individualizada.

Outras terapias

Embora a terapia cognitivo comportamental seja útil para tratar o transtorno de personalidade limítrofe, há outras abordagens eficazes como:

  • Terapia comportamental dialética – utiliza conceitos e estratégias da Terapia Comportamental Cognitiva e é especialmente útil para o transtorno de personalidade limítrofe, pois tem um enfoque especial em oferecer ferramentas para mudanças emocionais e comportamentais;
  • Tratamento baseado em mentalização – desenvolvida especialmente para tratar a síndrome borderline, consiste em imaginar situações emocionalmente desafiadoras e, com isso, aumentar a estabilidade e controle sobre a psiquê;
  • Psicoterapia focada em transferência – as mudanças de opinião de quem sofre com o transtorno de personalidade limítrofe. Por isso, esta técnica de terapia permite deixar o paciente à vontade para discutir as impressões que possui do terapêuta, melhorando a relação profissional-paciente e, por tabela, a eficácia;
  • Gestalt-terapia – derivada da psicologia humanista, considerada como a terceira via, ao lado da psicanálise e da terapia cognitivo-comportamental, a Gestalt-terapia é interessante para tratar o transtorno de personalidade limítrofe, pois dá ênfase no problema que acomete o aqui e agora, melhorando a percepção e consciência do paciente no presente.
  • Manejo psiquiátrico geral – em alguns casos é necessário lançar mão de medicações psicotrópicas para controlar as oscilações no humor e tratar algum outro transtorno mental associado.

Se identificou com os sintomas do transtorno de personalidade limítrofe?

Se você localizou em sua personalidade algum sinal do transtorno de personalidade limítrofe, fique em paz, pois há tratamentos disponíveis.

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Referências:

1) KAPLAN, H. B.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

2) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

3) DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2 ed., Porto Alegre: Artmed, 2008.