O transtorno de personalidade dependente ou transtorno de personalidade passivo dependente figura entre os transtornos identificados na CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde). O distúrbio está enquadrado no agrupamento C, relacionado à ansiedade e controle. Mais especificamente, na classificação F60.7. 

Essa doença é conhecida pela necessidade e dependência excessiva de ser cuidado por outras pessoas. É um assunto complexo, mas explicamos a seguir para você entender melhor sobre o transtorno de personalidade dependente tratamento, o que é, suas causas, sintomas e muito mais!

O que é o transtorno de personalidade dependente?

O transtorno de personalidade dependente (TPD) é caracterizado basicamente pela necessidade excessiva de ser cuidado. Esses pacientes se enxergam como incapazes de viverem sem ajuda de outras pessoas. Por consequência, como o próprio nome já diz, esse comportamento gera submissão e dependência.

Também é importante ressaltar que indivíduos com TPD apresentam um medo exacerbado de separação ou perda. Isso faz com que eles precisem da aprovação do outro e relutem em expressar discordância. E como se sentem inábeis para tomar decisões, querem que as outras pessoas assumam suas responsabilidades.

Sintomas do transtorno de personalidade dependente

Os sintomas do transtorno da personalidade dependente se expressam em pessoas que sentem que precisam ser cuidadas de maneira global. Por essa razão, quando procuramos por “transtorno de personalidade dependente sintomas”, encontramos manifestações bem típicas.

Dificuldade em tomar decisões

Pessoas com TPD têm dificuldade em tomar decisões – mesmo quando se trata de assuntos cotidianos, como escolher uma roupa. A deliberação é feita somente quando se sentem assegurados por outra pessoa. Dessa forma, são indivíduos que precisam de muitos conselhos a todo momento.

Delegam a responsabilidade ao outro

Outro sintoma do transtorno da personalidade dependente é a incapacidade de se responsabilizar. Por isso, costumam delegar suas responsabilidades a outros. Assim, outras pessoas acabam tomando as rédeas de suas vidas.

Dificuldade em discordar

Pacientes com esse diagnóstico costumam ter dificuldade em discordar. Essa falta de expressão se deve ao medo de perder o apoio e o suporte do outro e de não ser aprovado. Isso explica porque a síndrome também é conhecida como transtorno de personalidade passivo dependente.

Dificuldade em tomar iniciativa

Por falta de autoconfiança, é bem comum que indivíduos com TPD tenham dificuldade de tomar iniciativa. Não só quando vão começar um projeto, como também quando precisam fazer algo sozinhos, pois se julgam incapazes.

Submissão e servilismo ao extremo

Outra razão pela qual a doença é chamada de transtorno de personalidade passivo dependente é a submissão. O paciente é capaz de adotar ações extremas e indesejadas, de acordo com sua própria cultura, em prol do outro. Tudo isso para obter suporte, carinho e atenção.

Sentimento de desamparo e incapacidade

Quando se busca por sintomas do transtorno de personalidade dependente é bastante comum encontrar o sentimento de desamparo e incapacidade. Isso porque os indivíduos se sentem desconfortáveis quando estão sozinhos, por temerem não conseguir cuidar de si mesmos.

Busca urgente por fonte de carinho

O transtorno de personalidade dependente também se manifesta pela busca urgente de uma fonte de carinho. Ao terminar um relacionamento, por exemplo, existe uma necessidade tremenda de encontrar alguém para substituir o posto.

Preocupação irrealista de abandono

O TPD também pode ser expressado com uma preocupação excessiva e irrealista de abandono. A mente é tomada pelo medo de ficar sozinho e à deriva.

10 sinais de transtorno de personalidade dependente

O transtorno de personalidade dependente é muito marcado pela necessidade de carinho, atenção e de aprovação. Não é à toa que pessoas com esse transtorno estejam sempre tentando agradar aos outros.

E como possuem um temor irracional da solidão, encontram dificuldade em tomar consciência do problema ou admiti-lo. Diante dessa realidade, é importante que as pessoas se atentem a alguns indicativos. Quem se identifica com esse perfil precisa ser honesto e se questionar para avaliar a possibilidade de ter TPD.

  • Se tiver que encarar uma responsabilidade, você a assume somente se tiver algum tipo de ajuda, apoio, supervisão de alguém?
  • Você pede conselhos frequentemente? Se sim, esse pedido por orientação é feito inclusive para assuntos simples?
  • Você prefere confiar na decisão ou na ação de outras pessoas e não nas suas?
  • Quando alguém diz algo que você discorda, você tem dificuldade de expressar uma opinião contrária?
  • Você prefere ou costuma concordar frequentemente com os outros, mesmo que essa concordância vá de encontro às suas ideias ou filosofia de vida?
  • Você já se viu desesperado ou com a necessidade de entrar em um relacionamento amoroso?
  • Já entrou em um relacionamento amoroso só para não ficar sozinho? Ou já se relacionou com alguém incompatível mesmo sabendo que a pessoa não era a certa para você?
  • Você prefere iniciar um projeto com outras pessoas em vez de começar um projeto sozinho?
  • Você já fez algo desagradável ou que não queria para satisfazer outras pessoas? Se sim, você o fez por medo de rejeição ou ​​para que os outros te aceitassem? Ou para que você pudesse contar com o cuidado dessas pessoas quando precisasse?
  • Você tem medo de ficar sozinho por não se sentir capaz de fazer o que deve ser feito ou por não conseguir agir por si mesmo?

Caso tenha respondido sim a todas ou a maioria dessas questões, talvez você precise buscar ajuda profissional. Mas se acalme! Isso não é um diagnóstico, nem tampouco estamos afirmando que você tem transtorno de personalidade dependente, mas estamos alertando que você precisa olhar com mais carinho para si mesmo.

O que é uma pessoa com transtorno de personalidade?

O transtorno de personalidade é um quadro patológico que apresenta um desvio – algo que foge do padrão. Isso inclui características inflexíveis e dificuldade de adaptação que geram sofrimento ou prejuízos ao paciente.

Ou seja, indivíduos com transtornos de personalidade apresentam pensamentos e comportamentos fora do comum. Isso ocasiona problemas para ele mesmo, as relações interpessoais e em outras áreas da vida.

Para entender melhor sobre o transtorno de personalidade, é importante conceituar alguns pontos.

O que é personalidade

Resumidamente, personalidade é um conjunto de características relacionadas à maneira de pensar, sentir e agir. São traços ou características provenientes dos aprendizados, experiências, crenças e conhecimentos que construímos ao longo da vida.

Transtorno de personalidade

De acordo com o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), um transtorno de personalidade é classificado por padrões comportamentais desvirtuados das expectativas culturais onde aquele indivíduo está inserido.

Essa patologia é manifestada por pelo menos dois aspectos dentre os itens apresentados abaixo:

  • Cognição – a forma de perceber, lidar e interpretar a si, as pessoas, as situações e o mundo a seu redor
  • Afetividade – a forma das emoções (variação, intensidade, frequência), capacidade de lidar (adequação, compreensão, reação) e a interação social
  • Impulsos – controle e administração dos impulsos

De maneira geral, é uma pessoa com um conjunto limitado de emoções e atitudes disponíveis para serem usadas, seja para lidar com um problema, seja com vivências cotidianas.

Transtorno mental

O transtorno de personalidade está na mesma categoria do transtorno mental. Contudo, é importante ressaltar a diferença entre os transtornos. Embora estejam juntos no mesmo grupo para falar de saúde mental, são quadros distintos de diagnósticos. 

O transtorno mental está relacionado a alterações emocionais, psicológicas, cognitivas e comportamentais graves. Como é o caso da depressão, o transtorno afetivo bipolar, a ansiedade e outros. 

Já os transtornos de personalidade se referem a características pessoais que desviam do padrão e causam sofrimento. E aqui entra não só o transtorno de personalidade dependente, mas também exemplos como o transtorno de personalidade antissocial, borderline, narcisista, entre outros.

Como uma pessoa adquire um transtorno de personalidade?

Ainda não existem respostas definitivas que esclareçam uma pesquisa por “transtorno de personalidade dependente causas”. Todavia, acredita-se que esse problema seja fruto de uma combinação entre genética, meio ambiente e desenvolvimento.

O que se pode dizer é que é mais provável que pessoas com transtorno de personalidade tenham passado por experiências difíceis como relacionamentos abusivos ou um trauma na infância.

Algumas causas do transtorno de personalidade dependente advêm de comportamentos culturais, religiosos e familiares. Ações, filosofias e modos de viver que reforçam a necessidade de confiar em um ser superior ou que estimulem a passividade podem dar um sinal de alerta.

Além disso, é preciso considerar ainda o histórico familiar do paciente. Ou seja, analisar se mais alguém da família possui o transtorno de personalidade ou outra doença mental, por exemplo.

Transtorno de personalidade dependente: como tratar

Neste ponto da conversa, o que queremos entender é: transtorno de personalidade dependente como tratar? E a resposta é simples: com psicoterapia.

Nesse caso, o tratamento deve focar na análise dos medos de independência e nas dificuldades enfrentadas pelo paciente. O mesmo vale para quem andou buscando por “transtorno de personalidade dependente psicanálise”.

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Psicoterapia ou medicamentos?

Pesquisas mostram que muitas pessoas com TPD procuram ajuda apresentando quadros como depressão, ansiedade e síndrome do pânico. No entanto, especialistas afirmam que há poucas evidências eficazes do uso de medicamentos específicos para os casos de transtorno de personalidade dependente.

Isso reforça a psicoterapia como a melhor alternativa de tratamento. Para ajudar alguém com esse problema, o primeiro passo é entender o que é transtorno de personalidade dependente. 

Para isso, o Zenklub é uma ótima ferramenta. Como é uma plataforma de orientação psicológica online, oferece diversas opções de especialistas e linhas de tratamento. É possível agendar consultas via web ou aplicativo com especialistas sem precisar sair de casa.

Resumo

  • O Transtorno de Personalidade é uma patologia descrita pela fuga dos padrões comportamentais, ocasionando problemas e dificuldades não só ao próprio paciente como também em sua vivência em sociedade. 
  • Já o Transtorno de Personalidade Dependente é uma doença caracterizada pela necessidade exacerbada de ser cuidado (CID 10 – F60.7). Por não terem muita autoconfiança, são pacientes que se julgam incapazes, gerando submissão e dependência. 
  • Os sintomas do transtorno de personalidade dependente estão relacionados essencialmente a uma necessidade exacerbada de ser cuidado de maneira global, como dificuldades em tomar decisões e de discordar, crença na própria incapacidade, medo de ficar sozinho, entre outros.
  • Sabe-se que o desenvolvimento desta enfermidade está relacionado a relacionamentos abusivos, histórico familiar, cultura, religião e traumas de infância.
  • O tratamento envolve a psicoterapia, não havendo evidências de uso medicamentoso. 

Referências

ZIMERMAN, M. Dependent Personality Disorder (DPD). In: MERK Manual Professional Version site. Disponível em: https://www.merckmanuals.com/professional/psychiatric-disorders/personality-disorders/dependent-personality-disorder-dpd  

MAZER, A. K.; Macedo, B. B. D.; Jurena M. F. Transtornos de Personalidade. In: Revista de Medicina. 2017. Disponível em:  https://core.ac.uk/download/pdf/268328039.pdf

Personalidades Desviantes: protocolo clínico. Sistema Único de Saúde – SUS. Estado de Santa Catarina, 2015. Disponível em: https://www.saude.sc.gov.br/index.php/documentos/atencao-basica/saude-mental/protocolos-da-raps/9204-personalidades-desviantes/file 

ZANIN, C. R.; Valerio, N. I. Intervenção Cognitivo-comportamental em Transtorno de Personalidade Dependente: Relato de Caso. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, 6(1), 81-92. Disponível em: https://doi.org/10.31505/rbtcc.v6i1.68