Em um mundo onde o ‘sempre ligado’ se tornou a nova norma, muitos dos profissionais se encontram em um estado de cansaço constante. Mas por que os colaboradores estão se sentindo exaustos?

É uma mistura complexa de expectativas elevadas, pressão por desempenho e, talvez, a linha tênue entre trabalho e vida pessoal que está se desvanecendo cada vez mais.

Nesta texto, não apenas exploraremos os dados e insights desta dimensão do nosso report atual, mas também compartilharemos vozes experientes da área. Nosso objetivo? Entender as raízes da exaustão no ambiente de trabalho e discutir abordagens práticas para virar esse jogo. Afinal, um ambiente de trabalho saudável e colaboradores energizados são o coração pulsante de qualquer empresa bem-sucedida.

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Estudo do Zenklub

Pelo segundo ano consecutivo, o estudo realizado pelo Zenklub traz à tona informações sobre a média geral de bem-estar corporativo do trabalhador brasileiro. Baseando-se em mais de 20 mil respostas de colaboradores de variadas empresas e segmentos, o estudo revela um panorama detalhado sobre o bem-estar no ambiente de trabalho. 

Na escala IBC Zenklub, resultados acima de 78 pontos são considerados indicativos de saúde emocional. No entanto, com uma média geral de 65,4, fica evidente que o bem-estar do trabalhador brasileiro, assim como no ano anterior, ficou significativamente abaixo do ideal em 2023.

Dimensões do IBC Zenklub

O Índice de Bem-estar Corporativo (IBC) do Zenklub analisa nove dimensões distintas para compor uma nota geral, permitindo identificar os principais fatores que afetam a saúde mental dos trabalhadores. E assim, entender melhor o porque os colaboradores estão se sentindo exaustos.

Dentre estas dimensões, a exaustão se destaca com uma pontuação preocupante de 58,8, marcando-a como o indicador mais alarmante. Esta pontuação não só sinaliza a exaustão como um problema significativo, mas também a evidencia como uma realidade comum no ambiente de trabalho brasileiro.

Entendendo a causa da Exaustão

Ao explorar a complexidade da exaustão, identificamos dinâmicas frequentemente negligenciadas que contribuem significativamente para este estado entre os trabalhadores. André de Figueiredo Luna, psicólogo do Zenklub, destaca a rápida velocidade das mudanças no ambiente de trabalho como um fator crítico: “A sensação de exaustão está intrinsecamente ligada à rápida velocidade das mudanças no ambiente de trabalho.” Essa percepção aponta para como as constantes transformações podem afetar o bem-estar dos colaboradores de maneira profunda.

Complementando essa visão, Ana Carolina Mainetti, também psicóloga, ressalta a importância da gestão pessoal do tempo e do estilo de vida. Ela sugere que “aperfeiçoar a gestão do tempo da vida pessoal pode contribuir significativamente para a melhoria da sensação de esgotamento”. Mainetti sugere buscar uma rotina mais equilibrada e aprender a delegar tarefas com assertividade, enfatizando a necessidade de distinguir entre as próprias responsabilidades e as que são impostas por outros.

Andre Ehrmann B Fusco, médico e consultor corporativo em saúde mental, traz uma perspectiva adicional sobre a competição no ambiente de trabalho. Ele adverte: “A competição, quando bem administrada, pode ser um catalisador para o crescimento. Contudo, se mal gerida, desencadeia um ciclo prejudicial de exaustão e burnout.” Fusco destaca que uma gestão equilibrada é essencial, não apenas para estimular a produtividade mas também para preservar a saúde mental dos colaboradores.

Sobre Burnout

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o burnout como um resultado direto do estresse crônico e persistente no ambiente de trabalho. Em um passo significativo, a OMS reconheceu a seriedade deste estado, incluindo o burnout na Classificação Internacional de Doenças (CID) em 2019, com a decisão entrando em vigor a partir de janeiro de 2022. 

Para ilustrar melhor o burnout, é útil considerar alguns sintomas que podem refletir a realidade de muitos profissionais, segundo a Psicóloga Coordenadora e Responsável Técnica do Centro de Excelência do Zenklub (COE). 

  • Primeiramente, há a sensação de esgotamento ou exaustão de energia, um estado de fadiga constante que vai além do cansaço físico. 
  • Em segundo lugar, observa-se um aumento da distância mental do trabalho, caracterizado por sentimentos de negativismo relacionados às atividades profissionais. 
  • Por fim, pode ocorrer uma redução na eficácia profissional, onde a capacidade de desempenho e a produtividade do indivíduo são significativamente diminuídas. 

Ranqueamento da Exaustão

O recente report do Zenklub revelou dados interessantes sobre a exaustão em diferentes setores. No aspecto de ‘Exaustão’, o setor de Saúde obteve a melhor pontuação, com 51,7 pontos, sugerindo um menor nível de exaustão entre os profissionais. Em contraste, o setor de ‘Bens de Consumo e Varejo’ apresentou o maior nível de exaustão, atingindo 70,3 pontos.

Tendência Otimista

Um olhar atento às tendências de exaustão profissional no Brasil revela um cenário que, embora desafiador, mostra sinais sutilmente otimistas. Ao comparar os dados de 2022 e 2023, nota-se uma melhoria modesta, mas positiva.

Em 2022, a pontuação média na dimensão de exaustão foi de 59,4; em 2023, essa pontuação caiu ligeiramente para 58,8. Este leve declínio pode ser visto como um sinal positivo de progresso no bem-estar dos trabalhadores brasileiros. Mas surge a pergunta: o que está impulsionando essa mudança? Quais estratégias e políticas podem estar contribuindo para melhor o sentimento dos colaboradores que estão se sentindo exaustos?

Mudança no Foco Corporativo

A pequena, porém positiva, melhora na exaustão profissional pode ser em parte atribuída a iniciativas como as mencionadas por Rui no Webinar de lançamento do Report. De acordo com o CEO do Zenklub, nos últimos cinco anos, observou-se uma mudança de foco no mundo corporativo, com a adoção de programas voltados para educação, prevenção e tratamento na área de saúde mental. 

‘As empresas que historicamente valorizavam o alcance de resultados acima de tudo começaram a mudar sua abordagem, reconhecendo que equipes diversificadas e bem-cuidadas são essenciais para alcançar esses resultados de maneira sustentável.’

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Crítica à Gestão Tradicional

Esta mudança de perspectiva no mundo corporativo encontra eco nas observações de André Fusco sobre a gestão do trabalho. Ele critica a abordagem tradicional, influenciada por modelos como o fordismo e o taylorismo, por ser eficiente, mas despersonalizada. ‘Ao tratar a gestão humana de forma similar à de recursos naturais, cria-se um ambiente de conflitos e injustiça,’ aponta Fusco, ressaltando a falha em reconhecer os trabalhadores como seres humanos, não meros recursos.

Fusco sublinha a necessidade de uma abordagem que reconheça as complexidades humanas no trabalho, sugerindo que isso não só melhora o bem-estar dos funcionários, mas também reduz afastamentos, processos judiciais e custos de saúde, beneficiando a sustentabilidade empresarial.

Reflexão e Ação

A percepção de Fusco nos desafia a pensar além das métricas tradicionais de sucesso e a valorizar o bem-estar humano como um componente essencial da produtividade e da satisfação no trabalho. Percebemos que a chave para um ambiente de trabalho saudável não está apenas nas mãos dos líderes, mas também nas de cada um de nós

Essas mudanças, embora pequenas, são um sinal de que as iniciativas voltadas para a saúde mental e a gestão estão começando a fazer a diferença. Que tal começarmos a repensar nossas próprias práticas de trabalho, visando melhorar a situação dos colaboradores que estão se sentindo exaustos.

Este é um convite à ação e à reflexão. Juntos, podemos construir um futuro de trabalho onde o bem-estar e a saúde mental são prioridades. A mudança começa com um passo de cada vez, e esse passo começa com você.