A operação bariátrica mudou a vida dela
Operação bariátrica: quando a obesidade vira doença
Existem diversas doenças relacionadas à obesidade como diabetes, cardiopatias e alterações na pressão sanguínea. Entretanto, uma das marcas mais profundas causadas por essa doença – sim, obesidade é doença – fica na mente. Viver é difícil quando não se está confortável consigo mesmo. Por isso, muitas pessoas obesas desenvolvem depressão e precisam recorrer a procedimentos cirúrgicos para restabelecer um peso saudável e reaver a paz de espírito.
Muitas pessoas recorrem à operação bariátrica na tentativa de reaver a qualidade de vida comprometida pela obesidade. O psicólogo do Zenklub João Paulo Garcia Coelho, experiente em avaliação para esse tipo de cirurgia, explica quem está habilitado a passar pelo procedimento: “A indicação para a cirurgia bariátrica segue critérios médicos que levam em consideração o impacto da obesidade na saúde do paciente, além da realização de tratamentos convencionais prévios com insucesso ou recidiva do peso, além da avaliação e parecer dos profissionais: cirurgião(ã), clínico(a), cardiologista, psiquiatra, psicólogo(a) e nutricionista”.
Conversamos com Natascha Metelo, que se submeteu à operação bariátrica para redução de estômago. Ela nos conta como o acompanhamento psicológico foi fundamental para o sucesso do procedimento.
Zenklub: A qual procedimento especificamente você se submeteu?
Natascha Metelo: Fiz uma cirurgia chamada Y de Roux, é uma que grampeia o estômago e muda uma parte da rota do intestino
ZK: E o que te levou a tomar essa decisão?
NM: Eu já vinha em um processo de ganho de peso há algum tempo e não conseguia mais emagrecer ou manter o peso, mesmo fazendo exercícios e tentando me alimentar bem. Eu sempre fui uma criança gordinha, daí por volta dos meus 15 a 17 anos fiquei bem magra e depois mantive mais ou menos até uns 21 anos um peso legal. Porém, depois de um relacionamento abusivo, em que o cara ficava pressionando psicologicamente pra eu não engordar eu meio que chutei o balde.
ZK: E isso desencadeou algo?
NM: chegou um momento onde eu entrei em depressão porque eu não cabia em nenhuma roupa minha mais, não conseguia caminhar curtas distâncias e meio que algumas pessoas se afastaram de mim por conta do meu peso, por vergonha ou nojo de ficar comigo.
ZK: Você teve apoio da família ou dos amigos?
NM: Eu corri atrás de tudo sozinha. Ia no médico escondida, fazia todos os exames que precisava regularmente, corri atrás dos atestados médicos que autorizavam a cirurgia por conta de risco de vida. Fiz tudo sozinha e daí quando já estava tudo pronto, eu comuniquei meus pais oficialmente que ia operar, eles querendo ou não. Todos me chamaram de louca: meus pais, meus amigos. Todos falavam que era algo extremo. Gordofobia existe sim e ser gordo é uma doença, não um estilo de vida que as pessoas simplesmente escolhem pra si. Isso a sociedade precisa começar a aceitar.
ZK: E houve um episódio específico que te fez pensar: “tenho que fazer essa operação. Não dá mais”?
NM: Houve alguns, como somente ter 3 roupas no meu armário que me serviam ou ter um amigo meu que se afastou de mim por conta do peso. Também a questão da saúde: não conseguia mais dormir direito, tinha falta de ar, minha pressão estava muito alta, eu estava pré-diabética.
ZK: E como foi o processo desde a decisão até a cirurgia? Você fez acompanhamento com quais profissionais?
NM: Fiz acompanhamento com psicóloga, cardiologista e o médico que ia me operar Eu inclusive só pude operar depois que todos eles me deram cartas especificando todos os problemas de saúde que eu tinha e falando que era uma operação por risco de vida. O processo durou quase 1 ano.
ZK: E como funcionava o processo com o psicólogo?
NM: Eu ia em sessões regulares para contar para a psicóloga tudo o que eu estava sentindo e o porquê de querer fazer a cirurgia. Mas no meu caso eu consegui a carta dela bem rápido, porque ela percebeu o quanto era importante para mim e que se eu não operasse, talvez a depressão persistisse.
ZK: E a sua percepção mudou depois do acompanhamento psicológico?
NM: Ela me ajudou muito a poder passar por todo o processo, porque tinha horas que eu pensei que não ia conseguir, já que eu estava sozinha em tudo. Foi bom ter com quem conversar sem me julgar pelo que eu estava fazendo.
ZK: E como a perda repentina de tanto peso afetou seu psicológico?
NM: Eu operei há 1 ano e 5 meses. Ainda estou perdendo peso. Eu estou muito melhor hoje em dia. Já não tenho mais depressão. Estou mais segura, mais confiante, mais bonita.
ZK: você acha que a atuação do psicólogo foi importante durante o seu processo de preparação?
NM: Com certeza. Ela foi essencial pra me ajudar a passar por todo o processo. Sem ela me encorajando o tempo todo e falando que ia ficar tudo bem, talvez eu não tivesse feito a cirurgia.
Natascha passou de 92,5kg para 49,6kg em cerca de um ano e meio.
Conte com o Zenklub se você sentir que precisa de ajuda para enfrentar transtornos alimentares. Amor próprio em primeiro lugar!