Temer a morte e evitá-la é parte do instinto de sobrevivência. É natural se preocupar com a própria finitude ou com a partida de um ente querido. Sentir desconforto em falar ou pensar sobre o tema também pode ser comum para muita gente. A tanatofobia é uma fobia que leva uma pessoa a um medo patológico da morte, afetando a capacidade de funcionar no dia-a-dia.

O que é uma fobia?

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5, a Fobia Específica é caracterizada por medo, esquiva ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação. As sensações fóbicas são imediatas, persistentes e desproporcionais em relação ao perigo real. Têm duração mínima de 6 meses e causam sofrimento intenso e prejuízo em áreas importantes da vida.

O que é Tanatofobia?

O termo tanatofobia se originou de Thanatos, deus da mitologia grega representante da morte, e da palavra grega “phobos” que significa fobia.

A tanatofobia é uma fobia específica, relacionada ao medo da morte. A pessoa tanatofóbica costuma ter pensamentos recorrentes, intrusivos, obsessivos e aterrorizadores em relação ao tema da morte. Envolve tanto o pavor de morrer e de que alguém importante venha a falecer, como as incertezas sobre quando, como a morte ocorrerá e como será o depois. A pessoa tende a imaginar riscos fatais nas situações comuns e a evitar experiências e atividades que são corriqueiras para a maioria das pessoas. 

Consequências da Tanatofobia

O impacto na vida diária é intenso porque haverá ansiedade elevada ao pensar, ouvir ou entrar em contato com o tema da morte. E é algo inevitável, afinal faz parte dos noticiários, conversas e filmes. Algumas áreas da vida podem ficar paralisadas devido à evitação dos riscos, mesmo que mínimos ou improváveis, como por exemplo: não sair de casa para evitar ser atropelado ou ser atingido por um raio. Com isso, é possível desenvolver Transtorno do Pânico, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobia Social e Depressão.

Alguns criam rituais e superstições a fim de evitar pensamentos mórbidos ou comportamentos que tragam algum tipo de perigo à integridade física ou à saúde. Outra consequência frequente é a hipervigilância das sensações corporais. Nestes casos citados, é comum o desenvolvimento de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Ansiedade de Doença e Transtorno de Sintomas Somáticos.

A tanatofobia pode desencadear outras fobias representativas de ameaças à vida, como Distiquifobia (medo de acidentes), Aerofobia (medo de andar de avião), Amaxofobia (medo de dirigir), Ofidiofobia (medo de cobras), Cardiofobia (medo de infarto), dentre outras. 

Quais as causas da Tanatofobia?

Experiências traumáticas

Vivências muito marcantes como ameaça de morte, problemas graves de saúde e violência são exemplos de traumas. O pavor de morrer tem chance de nascer a partir de experiências como estas, que colocam a pessoa muito próxima da possibilidade de vir a óbito. Mesmo o fato não ocorrendo com ela própria, testemunhar ou ficar sabendo que alguém passou por isso também pode desencadear a fobia.

Falecimentos de entes queridos

O medo de perder alguém amado ronda a maioria das pessoas. Mas viver, de fato, a experiência da perda de um ente querido é assustador. Constatar que a morte é irreversível e cessa toda e qualquer possibilidade de convivência traz um senso de realidade muito dura sobre o fim da existência, despertando a tanatofobia.

Fatores Religiosos

Embora geralmente a religião seja uma fonte de conforto sobre a questão da morte, ela tem potencial de gerar fobia em certos casos. Alguns podem temer o julgamento divino ou punições por não ter seguido os ensinamentos religiosos.

Educação sobre a morte 

Quando uma criança é exposta ao medo da morte devido à tanatafobia dos adultos que a cercam, ela talvez absorva a fobia para si.

Ou quando a família teve a tendência a excluir o assunto morte, omitindo fatos ou evitando esclarecimentos, pode se tornar um tabu, ou seja, um assunto proibido e muito temido. Da mesma forma, quando há eufemismos para noticiar falecimentos, como “virou estrelinha” ou “viajou”, a criança é levada a criar um distanciamento em relação ao tema da morte ou distorcer a visão sobre o ciclo de vida natural.

Aversão ao envelhecimento

Na atualidade, envelhecer é uma realidade cada vez mais temida. A aversão ao envelhecimento leva as pessoas a mascarar sinais para parecer ou se sentir mais jovem. Envelhecer representa estar mais próximo da finitude, portanto a repulsa de envelhecer está atrelada ao temor de morrer. 

Vida marcada por insatisfações 

A possibilidade de morrer em uma etapa da vida em que não foi possível concluir todas as realizações é um fator ansiogênico para grande parte das pessoas. Mas quando alguém percebe que sua história foi marcada por fatos negativos ou arrependimentos, tem mais probabilidade de desencadear a tanatafobia por sentir que o tempo é cada vez mais curto para recomeçar e tentar outros rumos.

Alta necessidade de controle

Quem tem características de personalidade voltadas ao controle costuma não lidar bem com incertezas e imprevisibilidades. A fobia de morte pode surgir pela insegurança de não ter domínio sobre o prazo de encerramento da vida, bem como pela indefinição sobre o que vem depois. 

Medo de ficar só

Pessoas com muito temor da solidão costumam ter mais chances de desenvolver a tanatofobia, pois a morte pode representar tanto a solidão dos que ficam, como a solidão de quem se vai. 

Hedonismo

A contemporaneidade tem conduzido a costumes alicerçados no hedonismo, ou seja, na busca constante pelo prazer. Estilos de vida como “viver ao máximo” e desfrutar de todos os prazeres têm um potencial maior de amedrontar as pessoas no quesito morte. Ao pensarem na limitação, dor ou sofrimento associados ao processo de falecer, temem o encerramento das sensações prazerosas.

Autoimagem idealizada

Quando alguém constrói a personalidade em torno de um senso de merecimento ou privilégios, estará inclinado a desenvolver a idéia da morte como uma experiência injusta para si. Do mesmo modo, aqueles que cultivam uma ilusão de sua própria imortalidade ou um forte desejo de viver eternamente, podem apresentar tanatafobia como resultado da dificuldade de elaborar o conceito da finitude humana inerente a todos.

Sobre a autora

Ana Carolina Mainetti

Sou psicóloga e psicanalista, com experiência no atendimento psicológico online de pessoas que viveram traumas e têm fobias e posso te ajudar a entender os seus sentimentos e emoções relacionados ao medo da morte.

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