Houve um tempo em que fazer psicoterapia relacionava-se à presença de um grave distúrbio mental. Uma atividade destinada a pessoas com “problemas” psicológicos e psiquiátricos graves.

Problemas estes que foram sendo excluídos e rejeitados pelo contexto social.

As pessoas que conviviam com o sofrimento mental, eram reservados lugares sombrios e reclusos dentro da sociedade. Isso posto, vale a pena fazermos duas perguntas:

De que maneira essa ideia limitadora foi sendo construída ao longo do processo civilizatório? 

Como os processos psicoterapêuticos, nos dias atuais, passaram a ser compreendidos e incorporados pela sociedade?

A psicoterapia, tal como a conhecemos hoje, tem sua origem no final do século XIX. Podemos dizer que até esse período os fenômenos mentais foram compreendidos sem um rigor metodológico de investigação científica.

Uma breve história da psicoterapia*1

De maneira sucinta, podemos encadear o seguinte traçado histórico relacionado à saúde mental: 

  • Nos grupos tribais mais remotos, os transtornos mentais eram associados às forças sobrenaturais, encarados como um fenômeno de possessão. Rituais xamânicos, magias e poções dentre outros,  faziam parte das práticas em que buscava-se “tratar” os desvios da mente.
  • Já na Grécia, a produção filosófica e os primórdios da ciência médica sustentam as raízes do que compreendemos hoje como processos psicoterapêuticos. Além disso, as produções literárias, o teatro, a mitologia, abarcavam as dimensões psicológicas e os impasses humanos, reconhecendo e compreendendo o dinamismo da vida mental.
  • Na Idade Média, por sua vez, as ideias religiosas contextualizavam a compreensão da vida mental. As forças do mal e a dimensão demoníaca davam sentido aos desvios da psique.
  • No século XVI e XVII surgem os primeiros hospitais psiquiátricos com o intuito de contenção.
  • No século XVIII, influenciados pelas ideias do iluminismo, observa-se um processo de humanização na compreensão das doenças mentais.
  • Na segunda metade do século XIX, podemos considerar como sendo o início do que compreendemos hoje como processos psicoterapêuticos. O médico francês Charcot (1825-1893) contribui com suas pesquisas para o entendimento de algumas doenças do cérebro. Em seus estudos, Charcot observa um efeito positivo da hipnose nos transtornos mentais.
  • No final do século XIX e início do século XX, vários médicos e cientistas se debruçam sobre os fenômenos mentais, quer seja por meio dos sonhos, da hipnose ou da associação livre, dentre outros. Destaca-se nesse período Sigmund Freud, que por meio de seus estudos e pesquisas, concebe a teoria psicanalítica que considera o inconsciente como uma base para os processos mentais.
  • No início do século XX ocorre uma efervescência de pesquisas e estudos sobre a psicologia. A vida mental passou a ser considerada como um objeto de estudo. Vários teóricos emergem como estudiosos da psique: Jung, Skinner, Moreno, Reich, dentre outros.
  • Na metade do século XX observa-se o desenvolvimento de pesquisas e estudos clínicos envolvendo a saúde mental. Em 1948 a OMS (Organização Mundial de Saúde) incluiu pela primeira vez uma sessão destinada aos Transtornos Mentais. Já a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) foi publicada pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em 1953.*2

O que podemos observar sobre a Saúde Mental na atualidade

Setembro amarelo, saúde mental no trabalho, crises de ansiedade, síndrome do pânico, burnout, depressão, transtornos das mais diversas ordens, são conceitos que passaram a fazer parte do vocabulário do nosso dia a dia.

Diversas séries e filmes – Atypical, The Alienist, This is us, Sessão de terapia, Sense8, Please Like Me, dentre tantas outras – trazem à tona a complexidade humana, o universo psicológico e as psicoterapias como tomando parte importante na vida contemporânea. 

O que essa tendência nos aponta?

Evidenciam de maneira mais significativa a procura humana por um significado da própria existência, por se conhecer de maneira mais profunda, por uma necessidade de conseguir se apaziguar consigo mesmo e com os outros, redimensionar traumas, perseguir suas inspirações mais genuínas e autênticas, enfrentar a solidão dos preconceitos, entre outras tantas temáticas abordadas. Conferem um reconhecimento e uma afirmação da importância da vida mental.

Nesse sentido, podemos destacar alguns aspectos importantes para redimensionarmos a saúde mental na contemporaneidade:

  • Redução do preconceito em relação aos processos psicoterapêuticos – Como apresentado acima, por muito tempo, as psicoterapias foram compreendidas como tratamentos específicos para as doenças mentais. Procuravam por profissionais da área da psicologia, pessoas que manifestavam graves distúrbios de comportamentos. Esta era a esfera de atuação reservada aos profissionais da saúde mental. O que observamos nos dias de hoje é uma preocupação em relação aos estados emocionais e não somente às doenças mentais. Identificamos também que existe um ambiente de liberdade para que pessoas com diferentes necessidades possam procurar apoio psicoterapêutico. A procura não é mais identificada como “doença”.
  • Ampliação da atuação da psicologia – Observa-se um crescimento não só da demanda pelas psicoterapias em geral, como também pelo trabalho psicológico em diversas atividades profissionais. Cuidar do ambiente psicológico nas gestões empresariais, instituições escolares, de saúde, dentre outras, tornou-se um valor reconhecido e difundido.
  • Democratização do acesso à saúde mental – Como decorrência, observamos que mais pessoas, de diferentes origens sociais e culturais, consideram nos dias de hoje a possibilidade de recorrerem às psicoterapias como forma de estabelecerem diálogos significativos para os impasses de suas vidas.
  • Ampliação do acesso aos profissionais de saúde mental – Em 2018, o Conselho Federal de Psicologia engloba as tecnologias de informação e comunicação como ambiente de trabalho para o exercício profissional da categoria. Observa-se um crescimento dos atendimentos online, transportando metodologias e técnicas para o ambiente virtual.
  • Educação emocional / Habilidades socioemocionais – São objetivos que passam a incorporar os projetos escolares, agregando valor à saúde mental.
  • As plataformas digitais de atendimento online – Favorecem e disponibilizam o acesso daqueles que buscam por um atendimento psicoterapêutico, ampliando a democratização dos atendimentos psicológicos.

O mundo contemporâneo favoreceu o crescimento de uma visibilidade positiva sobre a saúde mental, reconhecendo os transtornos, favorecendo o cuidado, desenvolvendo ambientes mais saudáveis e favoráveis ao desenvolvimento humano.

Frente a esse contexto, as terapias ganham espaço e credibilidade, na ciência e na humanidade.

Eu posso te ajudar

Eu posso te ajudar a entender os seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo sobre ansiedade, insônia, procrastinação, autoestima e conflitos familiares.

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Fonte:

*1 https://amenteemaravilhosa.com.br/a-origem-da-psicologia/psicologia/

https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/psicologia/historia-da-psicoterapia/16769

*2 https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n1p73