O cloridrato de clonidina é um remédio bastante conhecido para o tratamento para pressão alta. No entanto, descobertas recentes que ainda não estão na bula da medicação têm indicado que o fármaco pode auxiliar no tratamento da ansiedade.

A referência de uso da clonidina são os seguintes nomes comerciais:

  • Atensina (Boehringer) – Versão em comprimido;
  • Clonidin (Cristália) – Versão injetável (solução) 150 mcg/ 1 mL.

A dose disponível é de:

  • 0,1 mg;
  • 0,15 mg;
  • 0,2 mg.

Continue com a gente e saiba mais sobre a clonidina!

Para que serve a clonidina?

Como a clonidina funciona e age no organismo?

Para que clonidina é indicada?

Hipertensão arterial sistêmica

Ansiedade

Existem contraindicações no uso de clonidina? Quais?

Quais os efeitos esperados?

Quais os efeitos colaterais causados pela clonidina?

Reações muito comuns

Reações comuns

Reações incomuns (>1/1.000 e <1/100)

Reações raras (>1/10.000 e <1.000)

Quais os efeitos de tomar clonidina com outros remédios?

Uso com outros remédios que fazem a pressão diminuir

Potencialização de efeitos colaterais

O que corta o efeito da clonidina?

Clonidina pode gerar dependência?

Quais cuidados devo ter ao usar clonidina?

Quando interromper o tratamento da clonidina?

Dúvidas Frequentes

Resumo

Referências

Para que serve a clonidina?

Cloridrato de Clonidina é indicado para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica (pressão alta).

Esse fármaco pode ser usado sozinho ou em associação com outro remédio cujo objetivo é manter a pressão sanguínea em níveis saudáveis.

Estudos têm mostrado também que o mecanismo de ação da clonidina pode servir para reduzir a ansiedade, auxiliando no tratamento de transtornos como a Síndrome do Pânico.

É importante frisar que o tratamento de questões psíquicas como o Transtorno do Pânico não se faz exatamente como questões puramente orgânicas como a Hipertensão.

Nesta, só o medicamento basta para o controle, já naquela é preciso ir além do fármaco, lançando mão de terapia com especialista.

Leia também: Tartarato de vareniclina: o que você precisa saber sobre esse medicamento.

Como a clonidina funciona e age no organismo?

Segundo a bula da clonidina, sua ação se resume a:

“O cloridrato de clonidina atua essencialmente sobre o sistema nervoso central, reduzindo o fluxo adrenérgico para o sistema cardiocirculatório, diminuindo assim a resistência vascular periférica e determinando uma redução da pressão arterial.”

Ou seja, a atuação desse remédio se dá reduzindo a ativação do sistema nervoso autônomo simpático, que é responsável por liberar substâncias que:

  • Aumentam a pressão sanguínea;
  • Aceleram os batimentos cardíacos;
  • Aceleram o ritmo da respiração.

Isso se dá pelo estímulo de receptores chamados de alfa 2-adrenérgicos que se localizam no Sistema Nervoso Central (SNC).

Para que clonidina é indicada?

Há 2 principais indicações da clonidina hoje.

Uma delas é a que consta na bula, a outra ainda está em análise.

Hipertensão arterial sistêmica

A indicação formal da clonidina (contida na bula), é para a hipertensão arterial sistêmica.

Isso se dá, pois o fármaco diminui a ação de hormônios como a adrenalina nos vasos sanguíneos, o que por sua vez faz com que o calibre das artérias não diminua a ponto de elevar perigosamente a pressão.

Ansiedade

A ansiedade é uma reação natural do organismo perante situações estressantes.

Contudo, quando os sintomas desse quadro se tornam muito grandes e começam a prejudicar a qualidade de vida da pessoa, podemos estar diante de um transtorno de ansiedade.

Nesse sentido, um dos transtornos mais comuns de ansiedade é a Síndrome do Pânico.

Há vários subtipos desse quadro, mas o mais comum é aquele composto por sucessivas crises na qual a pessoa sente:

  • Falta de ar;
  • Coração disparado;
  • Tremores;
  • Calor no corpo.

De forma bem simplificada, esses sintomas são fruto de uma reação adrenérgica do corpo.

Um estudo conduzido pelo pesquisador Alexandre M. Valença, observou remissão de ataques de pânico, redução dos níveis de ansiedade e melhor funcionamento da vida dos pacientes analisados após administração de clonidina (0,30-0,45 mg/dia) por 6 semanas.

Assim, é necessário realizar mais estudos sobre o tema para avaliar de fato a eficácia da clonidina no tratamento de transtornos de ansiedade.

Existem contraindicações no uso de clonidina? Quais?

Há algumas contraindicações absolutas e outras relativas (a depender do caso, pode-se utilizar o fármaco).

Comecemos pelos pacientes que não podem usar de forma alguma a clonidina:

  • Hipersensibilidade conhecida à clonidina e a outros componentes da fórmula.
  • Pacientes portadores de bradiarritmia grave secundária à disfunção do nódulo sinusal ou de bloqueio AV de 2º ou 3º graus.
  • Doenças hereditárias raras que podem ser incompatíveis com algum excipiente da fórmula do produto;
  • Lactentes.

A clonidina deve ser usada com precaução em pacientes com:

  • Bradiarritmia leve a ou moderada, tal como ritmo sinusal baixo, com transtornos de perfusão cerebral (central) ou periférica;
  • Depressão;
  • Polineuropatia;
  • Constipação;
  • Gestantes – classe C em que não há estudos adequados em mulheres. Em experiências animais ocorreram alguns efeitos colaterais no feto, mas o benefício do fármaco pode justificar o risco potencial durante a gravidez.

Em particular, quando a clonidina é administrada para uso não indicado em bula juntamente com metilfenidato em crianças com diagnóstico de TDAH reações adversas sérias, incluindo morte, foram observadas. Desta forma, essa combinação com a clonidina não é recomendada.

Quais os efeitos esperados?

Ao tomar a medicação, espera-se uma redução tanto na pressão sistólica quanto diastólica.

Vale pontuar que, embora não seja a primeira linha de atuação para a pressão alta, a clonidina pode ser uma indicação preciosa, uma vez que apresenta um mecanismo de ação diferente dos demais anti-hipertensivos.

Nos casos de tratamento off label de ansiedade com clonidina, espera-se que os efeitos mais contundentes demorem algumas semanas para surgirem.

Quais os efeitos colaterais causados pela clonidina?

Como todo fármaco, o cloridrato de clonidina pode apresentar efeitos colaterais.

Algumas reações com frequência desconhecida são:

  • Estado confusional;
  • Diminuição da libido;
  • Distúrbios da acomodação visual;
  • Bradiarritmia (coração bate descompassado e em uma frequência lenta).

Por outro lado, certos efeitos que constam na bula foram divididos de acordo com sua frequência, entre elas:

Reações muito comuns

Mais de 10% dos pacientes que fazem uso da clonidina irão sentir um destes sintomas:

  • Tontura;
  • Sedação;
  • Hipotensão ortostática (queda da pressão ao levantar);
  • Boca seca.

Reações comuns

Entre 1 e 10% dos pacientes que fazem uso da clonidina irão sentir um destes sintomas:

  • Depressão;
  • Distúrbio do sono;
  • Cefaleia (dor de cabeça);
  • Constipação (intestino preso);
  • Náusea;
  • Dor nas glândulas salivares;
  • Vômito;
  • Disfunção erétil;
  • Fadiga.

Reações incomuns

Entre 0,1 e 1% dos pacientes que fazem uso da clonidina irão sentir um destes sintomas:

  • Percepção ilusória (confundir algo real como algo imaginário. Por exemplo, achar que uma cadeira é uma mesa);
  • Alucinação (captar algo que não existe com um dos 5 sentidos);
  • Pesadelos;
  • Parestesia;
  • Bradicardia sinusal;
  • Fenômeno de Raynaud (contrações dos vasos sanguíneos que causam palidez, seguida por cianose e rubor de mãos e pés. Ocorre usualmente após estresse ou exposição ao frio);
  • Coceira (prurido);
  • Vermelhidão na pele (rash);
  • Mal-estar.

Reações raras

Entre 0,01 e 0,1% dos pacientes que fazem uso da clonidina irão sentir um destes sintomas:

  • Ginecomastia (aumento do tamanho da glândula mamária);
  • Diminuição da lacrimação;
  • Bloqueio atrioventricular (alteração na condução elétrica do coração);
  • Secura nasal;
  • Pseudo-obstrução do cólon (doença rara da motilidade gastrointestinal caracterizada por episódios recorrentes mimetizando obstrução mecânica na ausência de alterações orgânicas);
  • Alopecia (queda de cabelo);
  • Aumento da glicemia.

Quais os efeitos de tomar clonidina com outros remédios?

A clonidina é um medicamento seguro e testado há muitos anos (1969 – Lançamento de Atensina®, primeiro nome de referência).

No entanto, algumas associações com outros fármacos podem resultar em certos prejuízos. Confira!

Uso com outros remédios que fazem a pressão diminuir

Segundo a bula da clonidina, a redução da pressão arterial induzida por tal fármaco pode ser potencializada pela administração concomitante de outros anti-hipertensivos como, por exemplo:

  • Diuréticos;
  • Vasodilatadores;
  • Betabloqueadores;
  • Antagonistas do cálcio;
  • Inibidores da ECA (Enzima Conversora da Angiotensina).

Isto pode ser de utilidade terapêutica em casos de hipertensão refratária, ou seja, que não melhoram com uma só medicação.

No entanto, certos remédios, como os bloqueadores alfa-1, muitas vezes não têm como intuito a redução da presa, mas apresentam esse efeito como colateral.

Assim, é preciso relatar ao médico todos os medicamentos que se faz uso, pois quedas abruptas da pressão podem causar quedas e, por tabela, sérias lesões.

Potencialização de efeitos colaterais

Medicações que atuam para a manutenção do ritmo cardíaco saudável podem aumentar a chance do desenvolvimento de bradiarritmias. Como exemplo desses medicamentos estão:

  • Betabloqueadores (propranolol) – ainda podem potencializar as chances do desenvolvimento de doenças vasculares periféricas como, por exemplo, as varizes;
  • Glicosídeos digitálicos (digoxina).

Além disso, o cloridrato de clonidina pode aumentar os efeitos de substâncias depressoras centrais e do álcool.

O que corta o efeito da clonidina?

Assim como há aqueles fármacos que aumentam os efeitos da clonidina, há também outros que cortam seu efeito, entre eles:

Substâncias que elevam a pressão arterial ou induzem uma retenção de sódio e água – em especial:

  • Os antiinflamatórios não-esteroidais (como ácido acetilsalicílico e diclofenaco potássico);
  • Corticosteroides (por exemplo, prednisona).

Substâncias com propriedades bloqueadoras alfa-2, tais como:

  • Fentolamina;
  • Tolazolina.

Clonidina pode gerar dependência?

O uso da clonidina não gera dependência química.

No entanto, é importante ter consistência na tomada do fármaco, uma vez que é importante que ele seja ingerido sempre nos mesmos horários.

O que pode acontecer é um condicionamento para o uso da substância, sentindo a necessidade de fazer uso da clonidina nos horários prescritos.

Esse hábito também pode ser chamado de “dependência psicológica”.

Quais cuidados devo ter ao usar clonidina?

Seja pelo uso prescrito em bula da clonidina (hipertensão), seja para tratar sintomas de ansiedade, alguns cuidados precisam ser tomados durante o uso desse fármaco:

  • Não ingerir bebida alcoólica;
  • Cuidado ao dirigir ou executar tarefas que exijam atenção;
  • Avisar o médico do uso antes cirurgias ou tratamentos de emergência;
  • Levantar-se vagarosamente após estar na posição sentada ou deitada;
  • Para melhorar a secura da boca use gomas ou chicletes sem açúcar;
  • Não cessar o uso da medicação abruptamente (pode haver hipertensão de rebote);
  • Para melhora da questão, busque realizar um tratamento integral, cuidando da saúde psíquica e também do estilo de vida;
  • Nos casos de tratamento de hipertensão, checar periodicamente a pressão arterial para acompanhar os resultados.

Quando interromper o tratamento da clonidina?

O tratamento com a clonidina é interrompido somente após a decisão médica.

É notório que a cessação da clonidina deve ser feita com cautela, sobretudo se as doses usadas são altas.

Assim, em caso de tratamento de hipertensão, retira-se a medicação de forma gradativa a fim de evitar possíveis picos hipertensivos à medida em que se percebe melhora sustentada e importante dos parâmetros de pressão.

Nos casos da clonidina para tratar a ansiedade, não se tem protocolos que guiem o tempo de uso. Por isso, cada caso deve ser avaliado de maneira individualizada.

Dúvidas Frequentes

  • O que é o teste da clonidina?

O teste da clonidina é um exame que se faz para verificar os níveis do hormônio do crescimento e, assim, avaliar a presença ou não de deficiências da produção dele. Para a sua realização, faz-se o uso de uma dose de clonidina, fármaco que estimula a liberação de GH, e em seguida são feitas análises da concentração de GH no sangue após 30, 60, 90 e 120 minutos do uso do medicamento.

  • Clonidina serve para tratar ansiedade?

A única indicação formal da clonidina contida na bula é para tratar hipertensão arterial sistêmica. No entanto, estudos apontam para a melhora de certos sintomas do Transtorno do Pânico após o uso da clonidina. Trata-se, portanto, de um uso off label.

Resumo

O cloridrato de clonidina é um medicamento usado para tratar pressão alta, mas que nos últimos anos tem ganhado força no tratamento da ansiedade.

É importante lembrar que uma intervenção cientificamente comprovada para tratar a ansiedade e todos os transtornos psíquicos é a terapia realizada por profissionais especializados.

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Referências

1) http://200.199.142.163:8002/FOTOS_TRATADAS_SITE_14-03-2016/bulas/1220.pdf

2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/593/clonidina.htm

3) https://consultaremedios.com.br/cloridrato-de-clonidina/bula

4) VALENÇA et al. Clonidina no subtipo respiratório de transtorno de pânico. Arquivos de Neuro-Psiquiatria. 2004.Disponível em: https://www.scielo.br/j/anp/a/5WgFjf9Q3DFGn39hw6S6yMq/abstract/?lang=pt