O aripiprazol é um medicamento da classe dos antipsicóticos atípicos que atua no tratamento de esquizofrenia e transtorno bipolar, sendo o nome de referência Aristab (produzido pela indústria farmacêutica Aché).

No entanto, o aripiprazol é disponibilizado em sua versão genérica e também com vários outros nomes comerciais que variam em preço e dose (10, 15, 20 e 30 mg). São eles:

  • Aipri® (Cosmed)
  • Confilify® (Sandoz)
  • Kavium® (Zydus Nikkho)
  • Sensaz® (Cristália)
  • Toarip® (Torrent)

Saiba mais sobre essa medicação ao longo do artigo!

Para que serve o aripiprazol?

Como o aripiprazol funciona e age no organismo?

Para que o aripiprazol é indicado?

Esquizofrenia

Transtorno bipolar

Autismo

Existem contraindicações? Quais?

Quais os efeitos esperados?

Quais os efeitos colaterais causados pelo aripiprazol?

Ganho de peso

Distonias

Síndrome Neuroléptica Maligna

Diminuição das células de defesa

Cetoacidose diabética

Quais os efeitos de tomar aripiprazol com outros remédios?

Intensificação de efeitos colaterais

Potencialização de certos anti-hipertensivos

Potencial de outras drogas afetarem o aripiprazol

O que corta o efeito do aripiprazol?

Aripiprazol pode gerar dependência?

Quais cuidados devo ter ao usar o aripiprazol?

Quando interromper o tratamento de aripiprazol?

Dúvidas Frequentes

Resumo

Referências

Para que serve o aripiprazol?

As indicações que constam na bula no aripiprazol mostram que o fármaco serve para tratar:

  • Esquizofrenia;
  • Transtorno bipolar.

Embora não tenha constatação na bula, o aripiprazol também têm sido usado em alguns casos de transtorno do espectro autista (chamado uso off label).

Como o aripiprazol funciona e age no organismo?

Embora já se saiba que a ação dos antipsicóticos de uma forma gerar envolva o bloqueio de receptores dopaminérgicos (principalmente D2) e também de serotonina, ainda não se sabe ao certo qual a ação do aripiprazol no organismo.

Isso acontece, pois a medicação foi descoberta recentemente e sua aprovação para uso terapêutico envolve mais observações práticas que de fato a compreensão da atuação em si.

Nesse sentido, o aripiprazol foi aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA), entidade que regula a comercialização de remédios nos EUA, nas seguintes datas:

  • Em novembro de 2002, para o tratamento da esquizofrenia.
  • Em 2004, como esquema terapêutico no transtorno bipolar.

Para que o aripiprazol é indicado?

Esquizofrenia

De uma forma geral, a dose de início de aripiprazol é de 10 mg/dia ou 15 mg/dia uma vez ao dia. Diferente de outros psicofármacos, não precisa ser tomado após as refeições.

Os efeitos desse antipsicótico atuam na melhora dos sintomas da esquizofrenia, entre eles:

  • Positivos (delírios, alucinações, ilusões);
  • Negativos (confusões mentais, déficits de linguagem, falta de energia, isolamento social e familiar).

Transtorno bipolar

O aripiprazol atua não só aumentando a estabilidade do humor de pacientes com o transtorno bipolar, como também auxilia a tratar as crises de mania.

Ou seja, essa medicação pode ser prescrita quando o paciente estiver com um estado humor eufórico (mania) ou em equilíbrio (eutimia).

De forma geral, é seguro iniciar o tratamento com 15 mg/dia e progredir até 30 mg/dia caso a avaliação médica decida.

No tratamento do transtorno bipolar, o aripiprazol pode ser utilizado em monoterapia (sozinho) ou associado com as seguintes medicações que são os principais estabilizadores do humor para esse transtorno:

  • Carbonato de lítio;
  • Valproato de sódio.

Autismo

Apesar de observações de pesquisas mostrarem que o aripiprazol pode ajudar a conter sintomas do autismo, seu uso nesse sentido ainda não consta na bula.

Alguns dos pontos que o aripiprazol pode reduzir nos casos de crianças autistas são:

  • Agressividade;
  • Hiperatividade;
  • Irritabilidade;
  • Impulsividade.

Existem contraindicações? Quais?

Alguns grupos de pacientes não devem fazer o uso de aripiprazol, caso contrário, pode-se correr até mesmo risco de vida.

As principais contraindicações do uso do fármaco são:

  • Hipersensibilidade ao aripiprazol ou qualquer um dos seus excipientes (componentes da fórmula) – As reações podem variar de coceira e vermelhidão na pele até reação alérgica grave (anafilaxia) que pode resultar em morte caso não haja intervenção médica rápida;
  • Psicose associada à demência em pacientes idosos – devido a chance de causar efeitos cardiovasculares potencialmente letais;
  • Lactentes (mulheres que estão amamentando);

Alguns casos precisam ser avaliados individualmente, sendo chamadas de contraindicações relativas:

  • Pacientes com diabetes (contraindicação relativa, ou seja, deve-se avaliar risco e benefício) – o uso de aripiprazol aumenta a chance de desenvolver crises de hiperglicemia que pode gerar cetoacidose diabética;
  • Uso na gravidez – apenas se os benefícios potenciais esperados compensarem o possível risco ao feto;
  • Glaucoma de ângulo estreito;
  • Doença de Alzheimer – especialmente quanto à ocorrência de dificuldade em engolir ou sonolência excessiva, o que poderia levar a ferimentos ou aspiração acidental (alimentos vão para o pulmão causando pneumonia);
  • História de convulsões (assim como os outros antipsicóticos).

Quais os efeitos esperados?

A bula do aripiprazol aponta que os efeitos desejados demoram algumas semanas para serem apresentados.

Isso é comum entre os psicofármacos no tratamento da maior parte dos transtornos da mente.

Nesse sentido, é importante que o paciente tenha consciência de que os resultados contundentes costumam surgir após o seguinte período de tempo:

  • 4 a 6 semanas em caso do tratamento para esquizofrenia;
  • Por volta de 3 semanas no tratamento do transtorno afetivo bipolar.

Quais os efeitos colaterais causados pelo aripiprazol?

A bula do aripiprazol aponta para alguns efeitos colaterais que são comuns (mais que 10% das pessoas que fazem o uso do fármaco apresentam algum deles):

  • Náusea;
  • Vômito;
  • Constipação;
  • Dor de cabeça;
  • Vertigem;
  • Acatisia (agitação);
  • Ansiedade;
  • Insônia;
  • Inquietação.

Por outro lado, distúrbios menos comuns que podem surgir com o uso do antipsicótico são:

  • Oculares: visão embaçada.
  • Gastrintestinais: náusea, constipação, vômito, dispepsia (indigestão), boca seca, dor de dente, desconforto abdominal e desconforto estomacal.
  • Gerais: fadiga e dor.
  • Musculoesquelético e do tecido conjuntivo: rigidez musculoesquelética (imobilidade dos músculos), dor nas extremidades, mialgia (dor muscular) e espasmos musculares (contrações musculares involuntárias).
  • Do sistema nervoso: cefaleia, vertigem (sensação de perda de equilíbrio), acatisia, sedação, distúrbio extrapiramidal, tremores (movimento muscular involuntário) e sonolência.
  • Transtornos psiquiátricos: agitação, insônia, ansiedade e inquietação.
  • Respiratórios, torácicos e mediastinais: dor faringolaríngea (dor nas regiões da faringe e laringe) e tosse.

Vejamos outros sintomas e sinais que podem surgir como efeitos colaterais do aripiprazol:

Ganho de peso

Segundo informações da própria bula do aripiprazol, foi observada diferença na proporção de pacientes que atendiam ao critério de ganho de peso ≥ 7% do peso corporal. Isso também se reforça por meio de depoimentos de algumas pessoas que fazem o uso do fármaco.

Ou seja, pacientes que fazem o uso da medicação podem ter maior chance de ganhar peso comparado às pessoas que não a utilizam.

No entanto, vale ressaltar que cuidados com a alimentação orientados por nutricionista são cruciais para manutenção de um peso saudável.

Distonias

São movimentos musculares involuntários que se dividem em 2 tipos:

  • Aguda – São contraturas musculares dolorosas geralmente na região da cabeça ou pescoço. Surgem poucas horas após o uso (primeiras 48h). Geralmente se trata com uma medicação chamada Biperideno (ou outro fármaco com ação anticolinérgica) intravenosa;
  • Tardia – ocorre após anos (raramente surgem antes dos primeiros 6 meses) do uso do aripiprazol. O tratamento é muito difícil (“pior prognóstico”).

Apesar dessas repercussões não serem fatais, alguns efeitos colaterais (ainda que raros) podem levar à morte e também precisam ser explicados com maior níveis de detalhes:

Síndrome Neuroléptica Maligna

Consiste em um efeito colateral raro comum entre os antipsicóticos que causa sintomas como:

  • Febre;
  • Rigidez muscular;
  • Estado mental alterado;
  • Instabilidade autonômica (pulso ou pressão arterial irregular, taquicardia, diaforese e arritmia cardíaca);
  • Sinais adicionais podem incluir creatinofosfoquinase elevada, mioglobinúria (degeneração dos músculos) e insuficiência renal aguda.

Ao sinal de qualquer um desses sintomas é necessário buscar ajuda médica com urgência a fim de realizar o tratamento necessário.

Diminuição das células de defesa

Alguns efeitos possíveis que estão relacionados a diminuição de glóbulos brancos estão:

  • Maior predisposição a desenvolver infecções;
  • Maiores chances de desenvolver certos tipos de câncer (porque há redução de um fenômeno chamado vigilância imunológica).

Pessoas que já tiveram história de queda das células de defesa do organismo devem evitar o uso do aripiprazol.

Cetoacidose diabética

Principalmente em pacientes predispostos a desenvolver diabetes, um efeito colateral perigoso do aripiprazol é a crise de hiperglicemia (aumento de açúcar no sangue).

Isso pode levar a uma alteração no pH sanguíneo que prejudica todo o funcionamento do corpo, podendo levar ao óbito do paciente.

Quais os efeitos de tomar aripiprazol com outros remédios?

Em virtude dos efeitos principais de aripiprazol sobre o organismo, deve-se ter cautela quando com a associação dessa substância com outras, podendo causar efeitos como:

Intensificação de efeitos colaterais

Quando administrado em combinação com álcool ou outras drogas que por ventura desaceleram o metabolismo do antipsicótico, pode-se ter acúmulo da substância no organismo.

Isso causa maiores chances de efeitos colaterais que, conforme foi mostrado anteriormente, podem ser letais.

Assim, como ocorre com a maior parte dos medicamentos psicoativos, os pacientes devem ser alertados para evitar ingerir álcool durante o tratamento com aripiprazol.

Potencialização de certos anti-hipertensivos

É preciso ter cautela ao iniciar o uso desse antipsicótico quando já se utiliza anti-hipertensivos.

Sobretudo em idosos, quedas bruscas na pressão são um sério risco para a saúde, pois podem causar quedas e, por tabela, incapacitação.

Potencial de outras drogas afetarem o aripiprazol

A interação entre as drogas é bastante complexa.

No entanto, observa-se que boa parte dos efeitos nocivos da associação de fármacos estão relacionados ao metabolismo.

Assim, sabe-se que os seguintes remédios podem inibir a eliminação de aripiprazol e causar elevação no sangue:

  • Cetoconazol (antifúngico)
  • Quinidina (fármaco para tratar arritmias)
  • Fluoxetina ou paroxetina (antidepressivos inibidores seletivos da recaptação de serotonina)

É importante avisar seu médico de todos os remédios dos quais você faz uso, a fim de evitar qualquer interação nociva com o aripiprazol.

que corta o efeito do aripiprazol?

De acordo com a bula do aripiprazol, as enzimas CYP3A4 e CYP2D6 são as moléculas do fígado responsáveis pelo metabolismo do fármaco.

Acontece que certos fármacos aumentam a atividade dessas enzimas, fazendo com que o efeito do aripiprazol seja “cortado”, ou melhor, seus efeitos passam mais rápido.

Dessa forma, um agente indutor (que aumenta a atividade) de CYP3A4 é o estabilizador do humor e anticonvulsivante carbamazepina.

Ou seja, usar aripiprazol com carbamazepina pode causar uma elevação no clearance (retirada do sangue) de aripiprazol e redução no sangue.

Aripiprazol pode gerar dependência?

De forma geral, os psicofármacos não “viciam”, ou seja, causam dependência química, sendo exceções os benzodiazepínicos como o clonazepam e estimulantes como o metilfenidato.

No entanto, segundo a bula do aripiprazol, o fármaco ainda não foi estudado sistematicamente em humanos com relação ao seu potencial de abuso, tolerância ou dependência física.

Mas acontece que, em estudos de dependência física em macacos, sintomas de abstinência foram observados mediante a interrupção abrupta da administração.

Mais estudos são necessários para se chegar a uma resposta segura.

O que se sabe é que, o aripiprazol, assim como qualquer substância, pode causar a chamada dependência psíquica que é quanto se cria o hábito do uso da substância e a retirada dela pode causar certos efeitos colaterais.

Quais cuidados devo ter ao usar o aripiprazol?

Passar por consultas frequentes com profissionais da saúde mental e relatar qualquer tipo de sinal ou sintoma diferente irá ajudar a individualizar as orientações em relação aos cuidados.

No entanto, de forma geral, é importante, durante o uso do aripiprazol:

  • Evitar o uso de álcool;
  • Não cessar bruscamente o uso;
  • Não aumentar a dose por conta própria;
  • Caso esquecer de uma dose, não associar duas ao mesmo tempo (tomar assim que se lembrar, mas se for no momento prescrito para o uso do medicamento não fazer uso da dose dobrada);
  • Não ultrapassar a dose recomendada pelo médico.

Quando interromper o tratamento de aripiprazol?

O tratamento deve ser interrompido após o aval de toda a equipe de saúde mental.

Isto é, após a avaliação psicológica e psiquiátrica é que se decidirá, sempre em conjunto com o paciente, a cessação do uso.

Por outro lado, acontece muitas vezes do uso do aripiprazol ser contínuo, uma vez que as doenças tratadas por ele não têm cura.

Dúvidas Frequentes

  • Qual o preço do Aripiprazol?

O preço do aripiprazol é bem variável e depende do rótulo prescrito. De forma geral, o nome de referência da substância costuma ser mais caro.

  • É possível conseguir o Aripiprazol pelo Sistema Único de Saúde (SUS)?

Sim. O aripiprazol está classificado como uma medicação de alto preço da lista do SUS e pode ser solicitada após requisição especial do médico.

  • Aripiprazol dá sono?

A sonolência é um sintoma pouco comum, mas que pode estar sobretudo no início do tratamento com a substância.

  • Aripiprazol engorda?

O antipsicótico pode causar alterações no metabolismo que propiciam de forma discreta um aumento de peso. No entanto, cuidados com a alimentação e a prática regular de exercícios físicos contêm o ganho ponderal.

Resumo

O aripiprazol é um remédio da classe dos antipsicóticos atípicos.

Por ser um fármaco recentemente aprovado para o tratamento de transtornos como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, ainda pouco se sabe sobre seu mecanismo de ação.

O que se conhece é sua eficácia para tratar essas questões e ainda se têm observado resultados práticos na melhora de sintomas do autismo com o aripiprazol (embora essa indicação não esteja na bula).

De qualquer forma, é imprescindível associar ao tratamento medicamentoso, a abordagem terapêutica.

Afinal, é ela que irá dar os subsídios necessários para a pessoa se estruturar psicologicamente e ter uma qualidade de vida plenamente feliz.

A Zenklub conta com mais de 4000 profissionais capacitados para realizar terapia. Muitos deles são especialistas em temas que tocam os transtornos tratados pelo aripiprazol.

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Referências

1) https://www.ache.com.br/arquivos/Aristab.pdf

2) https://www.drogasil.com.br/aripiprazol-10mg-sandoz-generico-30-comprimidos-c1.html

3) https://consultaremedios.com.br/aripiprazol/bula/para-que-serve