A amissulprida é um remédio da classe dos antipsicóticos que é comercializada no Brasil pelo nome de Socian®, produzido pela indústria farmacêutica Sanofi-Aventis.

O Socian® está disponível em doses de 50 e 200 mg e é utilizada para tratar transtornos psicóticos como, por exemplo, a esquizofrenia e também distimia, um transtorno do humor que muitas vezes demora para ser diagnosticado.

Para saber mais sobre a amissulprida e as informações contidas na bula de tal medicação, continue com a gente aqui neste artigo.

Tenha uma excelente leitura!

Para que serve a amissulprida?

Segundo a bula da amissulprida, o fármaco serve para tratar:

  • Indicações principais: estados deficitários (deficiência do neurotransmissor dopamina), incluindo distimia;
  • Indicações secundárias: estados produtivos (alucinação e delírio). 

Além disso, a amissulprida serve para tratar casos de ansiedade, embora seja um uso “off label”, ou seja, fora da bula.

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Como a amissulprida funciona e age no organismo?

O principal mecanismo de ação da amissulprida é antagonizando receptores de dopamina.

Em baixas doses (50 mg) tal fármaco age mais especificamente nos receptores D2.

Já em doses mais altas a ação também abrange outros receptores, suscitando efeitos mais contundentes contra, por exemplo, delírios e alucinações.

Diferentes da maior parte dos antipsicóticos típicos e atípicos, a amissulprida não atua em receptores:

  • Serotoninérgicos;
  • Alfa-adrenérgicos;
  • Histamínicos H1;
  • Colinérgicos.

Para que a amissulprida é indicada? 

Segundo a bula da amissulprida, ela é indicada para:

Distimia

Trata-se de um transtorno do humor em que se persiste, por mais de 2 anos, com um humor deprimido crônico associado com:

  • Fadiga (cansaço);
  • Baixa autoestima;
  • Concentração pobre;
  • Dificuldade na tomada de decisões;
  • Sentimento de desesperança;
  • Alterações do apetite e do sono.

Transtornos psicóticos

Assim como os outros antipsicóticos, a amissulprida serve para tratar transtornos como, por exemplo, a esquizofrenia.

Nesse sentido, ela atua com eficácia nos seguintes grupos de sintomas:

  • Sintomas positivos (alucinações, delírios, perturbações do pensamento); 
  • Sintomas negativos (apatia, falta de afeto), agindo na oscilação de humor. 

Existem contraindicações? Quais?

A amissulprida é contraindicada nos seguintes casos:

  • População pediátrica até a puberdade;
  • Durante a gravidez e a lactação;
  • Pacientes com tumores dependentes da prolactina (hormônio que estimula a produção de leite), como prolactinoma da hipófise (tumor da hipófise que causa secreção excessiva do
  • hormônio prolactina) e câncer de mama;
  • Pacientes com feocromocitoma (tumor da glândula suprarrenal). 
  • Uso de certas medicações (por exemplo, levodopa).

Quais os efeitos esperados?

Os efeitos esperados para a amissulprida irão variar de acordo com o transtorno a ser tratado.

No caso da distimia, espera-se que o estado de humor seja equilibrado e a pessoa sinta mais satisfação com as tarefas do dia a dia e as realize com maior clareza.

Por outro lado, nos casos de transtornos psicóticos espera-se um efeito da redução tanto dos sintomas positivos quanto negativos.

A amissulprida apresenta dois picos de absorção, sendo o primeiro atingido rapidamente (1 hora após a ingestão) e o segundo entre 3 a 4 horas após a administração.

Quais os efeitos colaterais causados pela amissulprida?

Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM)

Embora rara, a SNM é uma complicação potencialmente fatal que pode ser causada pela amissulprida.

Ele é caracterizada por 4 grupos de sintomas principais:

  • Hipertermia (aumento da temperatura do corpo);
  • Rigidez muscular;
  • Instabilidade autonômica (alterações na frequência cardíaca, na pressão arterial, sudorese);
  • Elevação da CPK (creatina fosfoquinase –enzima dos 2 de 7 músculos e do sistema nervoso central). 

Hiperglicemia 

De acordo com a bula, a hiperglicemia (taxa elevada de açúcar no sangue) foi reportada em pacientes tratados com alguns medicamentos antipsicóticos atípicos, incluindo amissulprida.

Assim, pacientes com diagnóstico estabelecido de diabetes mellitus ou com fatores de risco para diabetes e que iniciaram tratamento com amissulprida, devem ter suas taxas de glicemia monitoradas de forma adequada. 

Sintomas extrapiramidais

O aparecimento de distúrbios do movimento involuntário está relatado na bula da amissulprida.

Exemplos desses sintomas são:

  • Acatisia (inquietação psicomotora);
  • Distonia (contrações musculares involuntárias);
  • Discinesia (movimentos involuntários anormais do corpo). 

Outros (de acordo com a frequência)

De acordo com a bula da amissulprida, suas reações colaterais podem ser divididas de acordo com a ordem de frequência:

  • Muito comum (ocorre em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Comum (ocorre entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Incomum (ocorre entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Rara (ocorre entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Muito rara (ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento).
  • Não conhecida: não podem ser estimados com os dados disponíveis. 

Alguns distúrbios possíveis e suas probabilidades são:

  • Psiquiátricos – Comuns: insônia, ansiedade, agitação, disfunção orgástica (dificuldade para alcançar o orgasmo);
  • Gastrintestinais – Comuns: constipação (prisão de ventre), náusea, vômito, boca seca;
  • Endócrinos – Comuns: aumento nos níveis plasmáticos de prolactina. Essa reação é reversível após descontinuação do tratamento com amissulprida e pode resultar em galactorreia (produção de leite fora do período pós-parto ou de lactação), amenorreia (ausência de menstruação), ginecomastia (aumento das mamas em homens), dor no peito e disfunção erétil (impotência sexual).
  • Cardiovasculares – Comum: hipotensão (pressão baixa); Incomum: bradicardia (diminuição da frequência cardíaca).
  • Metabólicos/laboratoriais – Comum: ganho de peso; Incomum: elevação das enzimas do fígado, principalmente as transaminases.
  • Imunológicos – Incomum: reações alérgicas.
  • Distúrbios da visão – Frequência não conhecida: visão embaçada.

Quais os efeitos de tomar amissulprida com outros remédios?

Segundo a bula da amissulprida, algumas associações devem ser contraindicadas ou evitadas, entre elas:

Potencial de causar arritmia grave

A amissulprida é contraindicada em associação com medicamentos que podem induzir torsades de pointes (tipo de alteração grave nos batimentos cardíacos), que são: 

  • Antiarrítmicos classe Ia (quinidina, disopiramida);
  • Antiarrítmicos classe III (amiodarona, sotalol);
  • Outros medicamentos tais como bepridil, cisaprida, sultoprida, tioridazina, metadona, eritromicina IV, vincamina IV, halofantrina, pentamidina e esparfloxacino.

Levodopa

Deve-se ter cautela ao administrar amissulprida em pacientes com doença de Parkinson, uma vez que pode ocorrer um agravamento da doença.

Isso ocorre não só pelo próprio mecanismo de ação do antipsicótico, como também há uma associação negativa com a levodopa, o principal fármaco antiparkinsoniano.

Ou seja, a amissulprida só deve ser usada em pacientes com Parkinson quando não houver outra opção e é contraindicada em associação com a levodopa.

Depressores do Sistema Nervoso Central (SNC)

Em associação com tais fármacos, a amissulprida pode ocasionar quedas e colocar o paciente em risco em tarefas como a direção de veículos.

Remédios depressores do SNC que devem ser evitados em associação com a amissulprida são:

  • Narcóticos;
  • Analgésicos;
  • Sedativos;
  • Anti-histamínicos;
  • Barbitúricos;
  • Benzodiazepínicos;
  • Outros ansiolíticos;
  • Clonidina e derivados.

O que corta o efeito da amissulprida?

Sabe-se que o levodopa corta o efeito da amissulprida.

Nesse caso, como foi visto, há uma antagonização mútua. 

Ou seja, a amissulprida inibe o levodopa e vice-versa.

Por isso, tal associação é contraindicada.

A amissulprida pode gerar dependência?

A amissulprida não causa dependência.

Contudo, sintomas de abstinência foram descritos após interrupção abrupta da administração do fármaco, sobretudo em altas doses. Exemplos desses sintomas são:

  • Náuseas;
  • Sudorese;
  • Tremores;
  • Psicose

Tais manifestações podem surgir poucos dias após a retirada do fármaco e persistirem por algumas semanas.

Quais cuidados devo ter ao usar amissulprida?

  • Não ingerir bebida alcoólica durante o tratamento;
  • Cuidado ao dirigir ou executar tarefas que exijam atenção;
  • Fazer monitorização da glicemia no caso de ter diabetes ou fatores de risco para ela;
  • Ingerir o comprimido em associação com refeições a fim de evitar efeitos colaterais gastrointestinais.

Quando interromper o tratamento da amissulprida?

Em casos de hipertermia, particularmente com doses diárias altas, todos os medicamentos antipsicóticos, incluindo a amissulprida, devem ser descontinuados. 

Além disso, como tal antipsicótico pode causar sintomas de abstinência em casos de retirada abrupta, é recomendada a retirada gradual da amissulprida. 

A cessação do tratamento também irá depender da eficácia do tratamento e da tolerância à substância.

Sempre procure ajuda médica antes de interromper o uso da amissulprida.

Dúvidas Frequentes

  • Amissulprida engorda ou emagrece?

Segundo a bula da amissulprida, um efeito colateral comum é o ganho de peso, o qual é percebido por 1 a 10% dos pacientes que fazem uso do antipsicótico.

  • Em caso de dose omitida, o que fazer?

Caso esqueça de administrar uma dose, administre-a assim que possível. No entanto, se estiver próximo do horário da dose seguinte, espere por este horário, respeitando sempre o intervalo determinado pela posologia. Nunca devem ser administradas duas doses ao mesmo tempo. 

  • Amissulprida serve para tratar a ansiedade?

Embora o tratamento de transtornos de ansiedade não esteja na bula da amissulprida, alguns profissionais optam pelo uso off label do antipsicótico para tratar alguns quadros de ansiedade.

Resumo

A amissulprida é um fármaco antipsicótico que serve para tratar distimia e transtornos psicóticos.

Embora seja um remédio eficaz, por si só não irá angariar todos os benefícios necessários para a plena saúde mental.

Para tanto, é fundamental associar ao tratamento medicamentoso, o tratamento com terapia, pois é através dela que cada pessoa recebe as ferramentas para se conhecer e lidar com as circunstâncias que a fazem sofrer.

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Referências

1) https://consultaremedios.com.br/amissulprida/bula 

2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/157/amissulprida.htm  
3)http://200.199.142.163:8002/FOTOS_TRATADAS_SITE_14-03-2016/bulas/15679.pdf