Um momento de grande alegria e realização pessoal é a gravidez. Com ela a casa se enche de novidade, de desafios e porque não de superações. Pensando em conversar com futuros – ou não – papais e mamães, trouxemos aqui alguns dos principais temas e aspectos psicológicos que rodeiam esse período tão esperado e a opinião da psicóloga e especialista do Zenklub, Fernanda Costa.
Deu positivo, e agora?
Como já é de conhecimento geral, agora começam diversas mudanças físicas no corpo da mulher, mas junto com essa mudança vem também diferentes aspectos emocionais, que talvez você nunca imaginou que poderia sentir.
Nos três primeiros meses, o receio e a insegurança quanto a saúde do bebê ou da continuação da gestação é o grande ápice psicológico. Nesse período, é comum a maioria ficar em estado de ansiedade em grau mais elevado do que o normal. Com os exames mostrando que “está tudo bem” e o apoio das pessoas próximas, esse momento pode ser superado de forma mais fácil, mas há quem precise de um acompanhamento de especialista para não elevar demais essa sensação e transformá-la em um sentimento contínuo que prejudique inclusive a gestação.
Passado esse período, começam as transformações físicas mais visíveis e que mexem bastante com a autoestima da mulher, afinal, para muita gente, ganhar aqueles quilinhos a mais e não caber nas roupas que sempre couberam, pode ser um desafio na frente do espelho. É comum você ou a sua parceira que está gestante se sentir menos bonita ou atraente, e nessa hora o apoio do ciclo social e familiar faz toda a diferença. É importante compreender que é um novo ciclo que se inicia e que toda transição de vida pode carregar aspectos psicológicos mais densos, se não forem trabalhados da forma mais equilibrada e harmoniosa possível.
No último trimestre da gravidez, a ansiedade muda de figura. Não é mais a insegurança da perda, mas sim da chegada do bebê. Questões como, será que faço cesária ou parto normal, como serei como mãe, passou tão rápido e ainda não me sinto pronta, são comuns nessa hora. É uma mistura de sensações em querer ter logo o bebê no colo, com o medo do que será dali para frente.
Palavra de especialista
Para Fernanda Costa, a gravidez, além dos aspectos já mencionados aqui, é uma mudança de papel ou função e também de identidade, e as mudanças emocionais também compreendem aquelas antigas marcas, deixadas por nossa história, que nesse período insistem em retornar: a relação com nossos pais, histórias que ouvimos sobre a nossa família, questões vivenciadas na infância, nossa relação com o mundo adulto e com a responsabilidade. Tudo o que não tiver sido bem resolvido pode vir à tona nesse momento de transformação, e, se não for bem cuidado, pode interferir posteriormente na relação mãe-bebê.
Depressão na gravidez
Pode parecer uma palavra forte diante de um momento que deveria ser tão pleno e feliz, mas a depressão atinge muitas mulheres, durante e após a gravidez, como vamos ver mais adiante. A depressão chega como reflexo dessas angústias e ansiedades que falamos. A gestante experimenta uma ampla variedade de emoções, como introversão e passividade, uma vez que os conteúdos internos ganham destaque sobre o mundo externo, ambivalência afetiva, representada nas díades querer/não querer, poder/não poder, estar/não estar grávida, mudanças bruscas de humor, inquietação, irritabilidade e preocupação.
Você não é igual a todas as outras
Mesmo que todos os momentos que falamos acima sejam muito parecidos, cada mulher responde da sua forma às sensações e anseios psicológicos advindos da gravidez. Não existe uma regra de como, porquê, quando e o que fazer. É preciso fazer uso da sensibilidade e da compreensão para passar por esses momentos ou recorrer a ajuda e apoio de amigos, e familiares, parceiros (as) e também de um psicólogo e especialista que ajude a externalizar as suas próprias questões diante dessa novidade.
Pós-parto e o puerpério
Depois de todas essas fases e mudanças, eis que o bebê nasce e o corpo da mulher e a vida de muitos ao redor se transforma. Por isso, nossa conversa agora vai abordar esse novo período e os desafios que as mulheres precisam superar e como encontrar ajuda com os entes próximos ou com especialistas.
O que é puerpério?
O Puerpério começa logo após o nascimento do bebê e dura até a mulher voltar a menstruar, o que pode demorar em média 45 dias, dependendo de como será feita a amamentação. É também popularmente conhecido como período de resguardo ou quarentena. Conheça melhor as etapas:
– Puerpério imediato: acontece do 1º ao 10º dia do pós-parto;
– Puerpério tardio: do 11º ao 42º dia;
– Puerpério remoto: a partir do 43º dia
Durante o puerpério, a mulher passa por diversas transformações hormonais, afinal de contas, seu corpo precisa se preparar para o novo ciclo de cuidados com o bebê, como a amamentação, e ao mesmo tempo, está cicatrizando e voltando ao seu estado sem uma gravidez.
Nos primeiros dez dias, período do puerpério imediato, e logo após o parto a mulher deve levantar e fazer caminhadas leves para diminuir o risco de trombose, recuperar a fluência intestinal e para melhorar o seu bem-estar.
10 coisas que acontecem durante o puerpério
1 – Sangramentos: o útero libera sua secreção de cicatrização durante os quinze primeiros dias após o nascimento do bebê. É bem parecido com a menstruação, mas recebe o nome de lóquidos. É importante observar se o sangramento não for reduzindo ao longo dos dias até desaparecer. Caso isso não ocorra deve-se procurar um médico;
2 – Menstruação: a volta da menstruação depende da sua amamentação. Para quem amamenta o período é de aproximadamente 6 meses, para aquelas que não amamentam a menstruação poderá voltar em até 2 meses;
3 – Cólicas: o útero está voltando ao seu estado normal antes da gravidez, por isso é comum as mulheres sentirem desconfortos abdominais em suas atividades, inclusive durante a amamentação. Essa cólica dura até 20 dias, que é o tempo que o útero precisa para recuperar o seu tamanho (em média ele reduz 1cm por dia). Para compensar esse desconforto, a técnica da vovó de colocar compressa morna sob o abdômen pode ajudar bastante;
4 – Abdômen: ainda sobre a questão do tamanho do útero, é muito comum que a barriga da mulher fique inchada ainda após o parto. O uso da cinta abdominal pode ajudar nesse processo, além de exercícios que fortalecem a região do abdômen;
5 – Mamas: as mamas após o parto ficam mais durinhas e isso é um bom sinal! Sinal de que estão cheias de leite para amamentar o seu bebê. No caso de desconforto é recomendável também colocar compressa morna e realizar a amamentação sempre que o bebê pedir ou a cada 3 horas. Para mulheres com problemas para amamentar, a recomendação médica individual é a melhor opção;
6 – Região íntima: independente se você fez parto normal ou cesária, é normal a vagina ficar dilatada e inchada nos primeiros dias após o parto. Médicos recomendam a higiene como forma de ajudar a essa cicatrização que pode durar até 2 semanas. Banhos de assento não são recomendados até 1 mês após o parto;
7 – Incontinência urinária: dificuldades para segurar o xixi podem acontecer, principalmente, em mulheres que optaram pelo parto normal, mas não se assuste, assim como os outros itens que estamos falando aqui, seu corpo irá restabelecer e tudo ficará normal;
8 – Cicatriz: para aquelas que fizeram cesária, os cuidados com a cicatriz devem ser redobrados. Isso porque o local exigirá cuidados para que não acumule líquido, conhecido também como seroma, que é retirado facilmente por um profissional com um dreno ou seringa;
9 – Métodos contraceptivos: este item varia muito para cada mulher e deve ser conversado com o médico para avaliar qual melhor momento de voltar a contracepção. Em geral, 15 dias após o parto já é possível retomar a medicação;
10 – Relação sexual: a recomendação é aguardar o período do puerpério para voltar a ter relações sexuais. Assim você garante uma cicatrização completa e menos risco de infecção.
Bem-estar emocional
Listamos essas dez transformações no corpo e na vida de uma mulher pós-parto para que fique mais fácil de entendermos e valorizarmos o quanto é importante que, aliado aos cuidados físicos, haja uma preocupação também com o bem-estar emocional dessa mulher.
“É importante que a gestante tenha com quem trocar sobre todas essas mudanças, seja com o parceiro, em rodas de conversa ou grupo de gestantes. E o psicólogo entra como um recurso nesse processo, ajudando a gestante a passar por todo esse período e se preparar melhor para a maternidade, tendo uma transição para o papel de mãe mais tranquila e consciente.”, afirma Fernanda.
Todas essas transições e o desafio de ser mãe, sem dúvidas, mexem muito com o psicológico e é preciso sim ter um apoio emocional nessa fase. Seja você parceiro (a) ou parente próximo ou amigo, enfim, todos podem ajudar a tornar esses momentos mais confortáveis e menos dolorosos.
Para quem tem dificuldades de saber como apoiar, procure ajuda de um especialista, ele poderá te mostrar um caminho mais confiável para que você tenha êxito na sua missão. Agora, você mamãe ou futura mamãe, não deixe de lado as suas emoções, converse com as pessoas ao seu redor sobre os seus sentimentos e busque ajuda de um profissional se for necessário. A gravidez – e ser mãe – é um momento muito importante e que pode ser desfrutado com menos dores emocionais.