Transtorno de conduta: como afeta crianças e adolescentes
O transtorno de conduta é uma condição que, juntamente com o transtorno opositivo desafiador, forma os chamados problemas de conduta.
Ele é um problema que afeta não só a saúde e desenvolvimento de quem sofre, mas também os responsáveis e terceiros, uma vez que a criança ou adolescente com o transtorno de conduta é mais suscetível à prática de atos ilícitos.
Para saber mais sobre esse importante assunto, fique com a gente até o final!
Tenha uma ótima leitura.
Quem sofre de transtorno de conduta?
Segundo uma pesquisa de revisão da literatura científica sobre o transtorno de conduta, a condição tem uma taxa média de prevalência de 3,6%.
No entanto, o número de pessoas atingidas com o transtorno varia de país para país.
Por exemplo, há estudos que apontam para uma prevalência de 30,4% de transtorno de conduta no Peru.
As populações que sofrem de transtorno de conduta são duas: os adolescentes e as crianças.
Vejamos uma a uma.
Transtorno de conduta infantil
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infância é um período da vida que vai dos 0 aos 10 anos.
Por outro lado, a infância seguindo o Ministério da saúde é o período que se estende dos 0 aos 12 anos de idade.
Seja qual for a referência usada, fato é que o transtorno de conduta infantil merece atenção, uma vez que a criança com essa condição pode ter dificuldades não só no ambiente escolar, mas também no contexto familiar.
O ideal é que, identificando-se sintomas possíveis do transtorno de conduta, a criança passe pela avaliação de um especialista em saúde mental.
Assim, quanto mais cedo a criança tiver amparo profissional, mais evidentes serão as melhoras.
Transtorno de conduta nos adolescentes
A adolescência é uma fase da vida de muitas descobertas e mudanças.
Não à toa, as pessoas nessa idade ficam mais vulneráveis ao transtorno de adaptação, sobretudo quando há grandes reviravoltas em suas vidas.
Além disso, é nesse momento da vida em que os jovens geralmente começam a ter certa liberdade e autonomia, uma vez que o senso crítico deles começa a se desenvolver.
Por isso, é na adolescência que o transtorno de conduta pode ficar mais evidente.
É comum que adolescentes com a condição se envolvam com o uso de drogas, atos ilícitos como furtos, depredação do patrimônio público ou privado, entre outros sintomas.
Assim, é importante que os pais estejam atentos a fim de procurar ajuda oportunamente.
Sintomas: o comportamento do transtorno de conduta
O transtorno de conduta é uma das condições psiquiátricas mais graves que ocorrem em crianças e adolescentes.
Sendo assim, é imprescindível que os pais ou responsáveis estejam atentos aos sinais e sintomas do comportamento de quem possui o transtorno de conduta. Alguns deles são:
- Desobediência às ordens dos pais ou responsáveis;
- Conflitos frequentes com os colegas de escola e com os familiares (por motivos banais) – nesse sentido pode ser confundido com o transtorno explosivo intermitente;
- Furtos recorrentes e violação de normas legais;
- Oposição a adultos e figuras
- Relacionamento conturbado com pares;
- Atos ameaçadores que colocam em risco a integridade dos colegas;
- Ter acessos de raiva ou crises de choro;
- Gritar ou fazer birra;
- Desrespeito, preconceito e segregação dos colegas de classe – bullying;
- Perseguição às minorias;
- Prática de maus tratos aos animais;
- Depravação do patrimônio da escola ou danos a bens alheios;
- Mentira e dissimulação a fim de persuadir as pessoas a determinados fins;
- Não ter empatia e não se afetar com as consequências negativas de suas ações;
- Embora não seja comum, a saída da realidade (psicose), adolescentes com transtorno de conduta podem assumir diferentes identidades.
Esses sintomas de transtorno de conduta podem aparecer de forma concomitante ou não e variam de acordo com a intensidade. Vejamos mais sobre isso..
Subtipos de Transtorno de Conduta
De acordo com o Código Internacional de Doenças 10 (CID-10) o transtornos de conduta são divididos em:
- F910 Distúrbio de conduta restrito ao contexto familiar
- F911 Distúrbio de conduta não-socializado
- F912 Distúrbio de conduta do tipo socializado
- F913 Distúrbio desafiador e de oposição
- F918 Outros transtornos de conduta
- F919 Transtorno de conduta não especificado
Cada uma dessas condições pode ser manifestar em 3 graus de intensidade, que são:
Leve
Os sintomas são mais brandos e representam problemas principalmente para a criança ou adolescente com o transtorno de conduta.
Nesse quadro, conta-se pequenas mentiras, o adolescente começa a matar as aulas e passa a ter uma revolta exacerbada.
Moderado
Nesse grau de transtorno de conduta, os atos da criança ou do adolescente passam a afetar os outros.
Assim, conflitos familiares, agressões e ameaças começam a surgir.
Além disso, nesse grau da condição podem surgir pequenos furtos e delitos.
Grave
Envolve a prática de delitos seríssimos, como, por exemplo:
- Tortura (a pessoas ou animais)
- Agressões físicas (às vezes com armas brancas como facas, canivetes ou até mesmo armas de fogo);
- Violência sexual, psíquica, moral, entre outras;
- Assaltos bem arquitetados com arrombamento de casas e apartamentos;
Nesse caso é preciso intervir rapidamente a fim que não haja prejuízos irreparáveis às vítimas.
Qual a diferença entre transtorno de conduta e transtorno de personalidade?
O transtorno de conduta é uma condição que só pode ser diagnosticada antes dos 18 anos.
Segundo o O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição – DSM-V – a personalidade de uma pessoa só é formada a partir dos 18 anos.
Por isso, crianças e adolescentes não podem receber o diagnóstico de nenhum transtorno de personalidade (como o transtorno de personalidade histriônica, por exemplo).
O transtorno de conduta tem sintomas bastante similares ao transtorno de personalidade antissocial.
Então, na prática, acontece que transtornos de conduta se tornam, com a maioridade, transtornos antissociais.
Além disso, é importante diferenciar o transtorno de conduta do transtorno hipercinético de conduta.
Este último é um subtipo do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em que são observados os 3 sintomas pilares:
- Hiperatividade
- Desatenção
- Impulsividade
Diagnóstico do transtorno de conduta infantil
Só um profissional especializado em saúde mental como um médico psiquiatra e um psicólogo podem dar o diagnóstico de transtorno de conduta infantil ou na adolescência.
Afinal, os sintomas são complexos e podem se confundir com outras condições comuns na faixa etária acometida, como o transtorno hipercinético de conduta, por exemplo.
Como é o tratamento do transtorno de conduta?
Antes de dar início ao tratamento do transtorno de conduta, é preciso afastar todos os outros diagnósticos possíveis como, por exemplo, o transtorno global do desenvolvimento.
Feita essa distinção, é importante que um médico psiquiatra avalie a criança ou o adolescente a fim de verificar a necessidade ou não do uso de psicotrópicos.
Tais medicações podem ser úteis nos casos de:
- Agressividade
- Impulsividade
- Outras condições associadas (por exemplo, TDAH, transtornos de ansiedade)
Além disso, é crucial que se busque apoio psicológico através da terapia, pois ela permitirá que a pessoa com o transtorno de conduta desenvolva uma personalidade saudável, ética e responsável.
Vale destacar que para definir o melhor tipo de terapia, é importante avaliar cada caso. Assim, fatores que são levados em conta nesse sentido são:
Idade do paciente (crianças podem se beneficiar mais de abordagens como a ludoterapia, por exemplo);
Repercussões na esfera familiar (nesse caso se pode optar pela terapia familiar)
Subtipo do transtorno de conduta.
Na maioria dos casos a pessoa com transtorno de conduta pode realizar sessões de terapia ambulatoriais no regime online ou presencial.
No entanto, em condições severas nas quais os sintomas representam riscos sérios à integridade de terceiros, pode ser necessário o tratamento em regime de internação.
Mudança de comportamento infantil: procure ajuda de um especialista
O transtorno de conduta é uma condição que pode evoluir para graves implicações.
Por isso, é importante que se busque ajuda de um especialista ao perceber mudanças no comportamento infantil ou do adolescente que possam indicar o transtorno de conduta.
Na Zenklub você pode encontrar mais de 4000 terapeutas disponíveis para o atendimento online e vários deles são especialistas em tratar transtornos ligados à infância e adolescência.
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Referências:
1) VILHENA, Karine. Problemas de conduta: prevalência, fatores de risco/proteção; impacto na vida escolar e adulta. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, 2017.
Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-03072017000100005
2) CRUZEIRO et al. Prevalência e fatores associados ao transtorno da conduta entre adolescentes: um estudo de base populacional. Cad. Saúde Pública 24. 2008.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/csp/a/VNGPQwC5yFCsprTYpFrCx6m/?lang=pt
3) KAPLAN, H. B.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.
4) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.