A seletividade alimentar é identificada pela recusa alimentar, baixo apetite e até mesmo desinteresse pelo alimento. Este comportamento é típico da fase pré-escolar, mas em um ambiente familiar desfavorável pode prolongar-se e permanecer até a adolescência.

Saiba como identificar os principais sintomas da seletividade alimentar e seletividade alimentar infantil, e veja como ajudar os pacientes que possuem esta condição

Para entender mais sobre este assunto, leia este artigo até o fim!

O que é seletividade alimentar?

Atualmente, a seletividade alimentar é categorizada como Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE). Desta forma, o paciente que sofre desta condição costuma ser exigente com a alimentação, mas também pode apresentar aversão a alguns tipos de alimento por conta das cores, texturas e sabores, chegando a até mesmo desenvolver fobia de alguns alimentos

Dentre os comportamentos presentes do paciente com seletividade alimentar, pode-se destacar:

  • Ingestão apenas de alimentos “seguros” ou aceitáveis, evitando sabores, texturas e cores em particular
  • Falta de variedades: normalmente o indivíduo escolhe sempre os mesmos alimentos na hora das refeições
  • Aversão: o paciente costuma sentir aversão a grupos alimentares como um todo, como legumes, verduras, frutas e vegetais por exemplo
  • Angústia: a pessoa se sente mal quando incentivada a experimentar alimentos diferentes do seu costume, seja por conta da fobia ou por medo engasgar-se ou até mesmo vomitar
  • Náuseas: náuseas e vômito podem surgir quando o paciente se depara com com a necessidade de ingerir novos tipos de alimento

Por que acontece a seletividade alimentar?

Assim, a recusa alimentar pode ser causada por uma série de fatores, dentre eles:

  • Problemas psicológicos
  • Alterações no paladar
  • Dificuldades para mastigar
  • Fobias sociais
  • Insistência de terceiros na alimentação

“A recusa alimentar exagerada e persistente pode ser causada por problemas psicológicos, fobias sociais, e alterações do paladar.

A seletividade alimentar é caracterizada pela recusa alimentar, repertório restrito de alimentos e até mesmo a ingestão frequente de um único tipo de alimento.

É um comportamento típico da fase pré-escolar, mas, quando presente em ambientes familiares desfavoráveis, pode acentuar-se e permanecer até a adolescência e às vezes até a fase adulta.Embora qualquer criança possa apresentar um quadro desses, é comum verificar a Seletividade Alimentar nas crianças com autismo, pois uma das características do TEA (Transtorno do Espectro Autista) está relacionada a problemas sensoriais da audição, visão, olfato, paladar e toque e esse processamento sensorial anormal é considerado um dos fatores que contribuem para a Seletividade Alimentar no autismo.” Perla Carvalho, psicóloga.

Quando começa a seletividade alimentar?

A seletividade alimentar tem início ainda na infância, e pode estender-se até a adolescência dependendo do desenrolar do ambiente familiar. Desta forma, é importante atentar-se a alguns aspectos relacionados à formação do paladar da criança:

  • Amamentação: o ato de amamentar, além de ser um gesto de amor, é também um meio de facilitar a introdução de novos alimentos, uma vez que as variações da dieta da mãe refletem diretamente nas características do leite
  • Introdução alimentar: apesar da amamentação ser imprescindível para a nutrição e bem-estar na criança, é recomendado que a introdução alimentar sólida não seja tardia, podendo ser iniciada a partir dos 7 meses de vida do bebê. Vale ressaltar a importância da alternação do preparo dos alimentos neste período
  • Oferta: a maneira como o alimento é oferecido à criança também é um ponto a ser considerado. Assim, é recomendável que os responsáveis deixem a criança comer sozinha, e também ofereçam na boca quando necessário
  • Ambiente: pode não parecer, mas o ambiente também afeta a forma que os indivíduos tem de se alimentar. Portanto, os responsáveis devem prezar pelo lugar onde a criança se alimenta. Se o ambiente é considerado saudável e outros alimentos são oferecidos sem pressão, o indivíduo se sente mais disposto e seguro a desenvolver paladar para eles

Como tratar a criança com seletividade alimentar?

Apesar de parecer um transtorno complicado, existem algumas maneiras de driblar a seletividade alimentar, expandir o paladar da criança e ainda assim continuar respeitando-a quando o assunto são as refeições. Aqui vão algumas dicas de como lidar com a seletividade alimentar:

Estabeleça uma rotina

Procure servir as porções nos mesmos horários todos os dias, desta forma a criança condicionará o organismo a comer em horários específicos, evitando que ela pule refeições. Além disso, também é recomendável oferecer água entre os momentos de se alimentar.

Respeite o apetite

Não force refeições e lanches quando a criança disser que não está com fome. Da mesma forma, não a obrigue a limpar o prato quando ela informar a satisfação. Atitudes assim apenas reforçam a aversão pela comida.

Evite exageros

Além disso, também é imprescindível respeitar os momentos de fome da criança, evitando o exagero de precisão entre os horários. Dependendo da refeição anterior, pode ser que a criança sinta fome antes da hora, nestes momentos, sirva pequenas quantidades para evitar a inibição da fome na hora da refeição principal.

Faça refeições agradáveis

Algumas crianças mantêm a aversão pela comida por não a conhecerem de forma mais atrativa. Nestes momentos, vale a pena incrementar os preparos, deixe sua criatividade fluir!

Evite distrações

A saciedade surge nos momentos de conexão do corpo com a comida. Portanto, evite manter aparelhos como TV, celular, tablets e jogos eletrônicos próximos à criança na hora das refeições. Assim, ela entenderá a saciedade e prestará maior atenção à comida.

Nada de recompensas

Não ofereça a sobremesa como um prêmio. Ao fazer isso, a criança pode associar que as sobremesas são os melhores alimentos, e isso continuará reforçando a seletividade alimentar.

Ofereça as coisas no momento certo

No lugar de barganha-lá, selecione alguns dias da semana para servir o doce.

Seja um bom exemplo

As crianças costumam aprender por repetição. Ou seja, se um adulto próximo a ela tem o costume de comer alimentos variados, frutas, legumes e verduras de forma rotineira, é provável que ela desenvolva esse hábito ao observar o indivíduo mais velho.

Seletividade alimentar e autismo

A seletividade alimentar também é frequente em pacientes que possuem autismo, não só pelo risco de deficiências nutricionais, mas também pelo momento da refeição se tornar estressante para ambos.

A dificuldade de alimentação surge em crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista) é frequente, uma vez que ocorre interferência direta nos estímulos sensoriais.

Desta forma, alguns fatores podem contribuir diretamente para a relação autismo e seletividade alimentar. A aversão pode ocorrer por conta da sensibilidade do indivíduo com texturas, sabores, cheiros e até mesmo temperaturas dos alimentos

Vale lembrar ainda que uma das características do TEA é o comportamento repetitivo e restritivo. Ou seja, estes hábitos afetam diretamente a forma como a criança se relaciona com a comida, e podem até mesmo fazer com que ela perca o interesse em se alimentar

Há também outros fatores que podem interferir e potencializar a seletividade alimentar nos autistas. Uma delas é a habilidade motora tardia. Assim, o acompanhamento com profissionais especializados é fundamental para essa jornada.

Como a família pode ajudar no tratamento desse transtorno?

O papel da família quando o assunto é seletividade alimentar pode ser de grande ajuda. Os pais devem transformar o ambiente de alimentação em um lugar adequado para que as experiências alimentares aconteçam. 

A forma como a comida é ofertada é uma maneira de fazer a criança se sentir mais interessada naquilo. A introdução de alimentos à criança autista deve ser feita com cautela, deste modo, os familiares devem respeitar os limites, mudando a rolita alimentar aos poucos

Neste contexto, a família não deve forçar a criança a comer, e sim oferecer os alimentos de forma variada, a fim de que ela própria desenvolva esse interesse. Outro método é colocar pequenos pedaços dos alimentos em outros pratos que a criança já esteja familiarizada a comer.

Procure ajuda para oferecer suporte

A seletividade alimentar requer diagnóstico médico, e não pode ser tratada como frescura, uma vez que trata-se de um transtorno alimentar.

Se possível, busque a ajuda de um psicólogo e de um nutricionista para que essa jornada seja repleta de informações e amparo

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Referências

Sampaio, Ana Beatriz de Mello; Nogueira, Thais Lourenço; Grigolon, Ruth Bartelli; Roma, Ana Maria; Pereira, Leticia Enrique; Dunker, Karin Louise Lenz. Seletividade alimentar: uma abordagem nutricional

de Moraes, L. S., Bubolz, V. K., Marques, A. y C., Borges, L. R., Muniz, L. C., & Bertacco, R. T. A. (2021). Seletividade alimentar em crianças e adolescente com transtorno do espectro autista. Revista Da Associação Brasileira De Nutrição – RASBRAN, 12(2), 42–58.

Estrela, Bárbara Beserra; de Rezende, Pollyanna Ayub Ferreira. ANÁLISE DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR EM CRIANÇAS AUTISTAS.