Dislexia: o que é, quais os sintomas e como tratar esse distúrbio de aprendizagem
Albert Einstein, John Lennon, Leonardo da Vinci, Muhammad Ali, Pablo Picasso. Primeiramente, você sabe o que todos esses grandes gênios famosos tinham em comum? Todos eles foram diagnosticados com um dos mais frequentes distúrbios de aprendizagem do mundo: a dislexia.
Estima-se que esse transtorno atinge até 17% de toda a população mundial. Por isso, é importante que você entenda o que é dislexia, quais são os sintomas e como você pode buscar o melhor tratamento.
O que é dislexia?
A dislexia tem origem neurobiológica e é um transtorno de aprendizagem. Nesse sentido, têm como características a dificuldade de ler e escrever. Além disso, pode atingir também a fala e soletração.
Costuma ser diagnosticado durante a infância, principalmente no período de alfabetização. Além disso, pode aparecer associada a outros distúrbios, como a hiperatividade e o Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH).
Nem todos os disléxicos têm sintomas iguais, mas há coisas em comum, como problemas na aprendizagem, na concentração, na escrita e confusão entre sons e grafias parecidas.
Hoje, considera-se que as causas da dislexia podem ser tanto genéticas como ambientais. Fatores como alterações neurobiológicas e traumas no começo da vida podem ser o motivo para o aparecimento desse transtorno.
Quais são os tipos de dislexia?
- Auditiva ou Disfonética: é a dificuldade de perceber os sons, que tem como consequência problemas com a fala, erros na escrita com a mistura de sons e sílabas e problemas para ler;
- Visual ou Diseidética: a pessoa acha difícil diferenciar os lados esquerdo e direito, e entender as palavras. Pode dificultar a leitura e causar erros na escrita;
- Mista: é o conjunto de dois ou mais tipos de dislexia. Pode apresentar, por exemplo, dificuldades visuais e auditivas ao mesmo tempo.
Quais são os sintomas e como diagnosticar a dislexia?
Os sintomas da dislexia são iguais para crianças, adolescentes e adultos. Porém, ela é geralmente é identificada durante a infância. Isso acontece porque é possível notar dificuldades na aprendizagem e alfabetização.
Por isso, é muito importante que a família preste atenção na criança durante essa fase e procure ajuda caso note algo fora do normal. O diagnóstico da dislexia é feito por profissionais como o pedagogo, o psicólogo e o fonoaudiólogo.
Veja os principais sinais da dislexia que aparecem nas salas de aula e fique atento:
Primeiros sinais na infância
- Dispersão;
- Falta de atenção e concentração;
- Atraso na fala e linguagem;
- Dificuldade em aprender rimas e canções;
- Atraso na coordenação motora;
- Falta de interesse por livros.
Os impactos da dislexia no aprendizado escolar:
- Dificuldade para aprender a ler e escrever;
- Falta de atenção em sala de aula;
- Dificuldade em copiar palavras dos livros e lousa;
- Problemas com ler em voz alta e entender o que leu;
- Confunde letras, números e palavras sempre;
- Lê mas tem problemas em entender;
- É visto como preguiçoso ou com um comportamento difícil;
- Dificuldade em colocar pensamentos em palavras. Pode até gaguejar sob estresse;
- Tem baixa autoestima.
Como identificar o comportamento de uma pessoa disléxica?
Conheça algumas características muito comuns a pessoas com dislexia, como traços de personalidade, habilidades motoras e hábitos do dia a dia:
- Mesmo não tendo um bom desempenho escolar, têm um alto QI (Coeficiente de Inteligência);
- Costumam ser talentosos em áreas como arte, música, esportes, mecânica, vendas e negócios;
- Parecem sonhar acordados o tempo todo;
- Aprendem melhor na prática ou com experimentações e observação;
- Podem ser ambidestros e muitas vezes confundem esquerda com direita;
- Têm uma memória de longo prazo muito boa para experiências, lugares e rostos, mas memória ruim para fatos e informações;
- Pensam principalmente com imagens e sentimentos, ao invés de sons ou palavras;
- Tendem a ficar mais confusos em locais bagunçados, sob pressão e estresse emocional;
- Costumam ter um senso forte de justiça e grande sensibilidade emocional.
Como posso auxiliar meu filho nas tarefas escolares?
Para crianças com dislexia, algumas técnicas podem ajudar no processo de aprendizagem, como pedir que ela leia em voz alta com o auxílio de um adulto. Além disso, é importante saber que ajudar os disléxicos a melhorar a leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção, dedicação e repetição. No entanto, um bom tratamento com certeza tem bons resultados.
Desta forma, acreditamos que quando os filhos têm ajuda de sua família, escola e especialistas, as dificuldades são menores.
Veja o que você pode fazer para ajudar seu filho:
- Valorize sempre os conteúdos feitos pela criança, os disléxicos precisam de estímulo contínuo;
- Seja o mais claro possível nas orientações e dê exemplos;
- Tenha paciência para repetir;
- Esteja sempre em contato com o professor e profissionais que acompanham o aluno. Por exemplo, saiba quais as letras já foram ensinadas para que você possa treinar em casa;
- Nunca punir um erro, e sim tentar ensinar com o mesmo.
Dislexia tem cura? Quais os tratamentos?
Em resumo, não há cura para dislexia. No entanto, há tratamentos que podem ter ótimos resultados. Dessa forma, no tratamento da dislexia é necessário um trabalho em conjunto com a escola, família e profissionais como o pedagogo, o psicólogo, psiquiatra e o fonoaudiólogo. Portanto, é feito por meio de estratégias de aprendizagem que ajudam na leitura, na escrita e na visão.
Veja os tratamentos para dislexia:
Fonoaudiologia
Primeiramente, o fonoaudiólogo da dicas para facilitar a leitura e diminuir a dificuldade de ligar os sons da fala à escrita. No entanto, é importante que o disléxico treine sempre para manter e reforçar tudo o que aprendeu.
Adaptações na escola
Antes de tudo, a escola tem um papel muito importante na inclusão da criança ou adolescente disléxico em sala de aula. Desse modo, o professor e outras pessoas da escola devem criar maneiras de encorajar a autonomia e autoestima da criança. Ou seja, devem dar instruções orais e escritas, explicar de um jeito simples as atividades e programar atividades em grupo fora da sala de aula.
Psicoterapia
O tratamento psicológico é muito importante, pois irá trabalha a autoestima e as dificuldades em relacionamentos da pessoa que sofre um transtorno de aprendizagem. Sendo assim, a psicoterapia pode ajudar o disléxico a se relacionar com outras pessoas de uma forma mais saudável.
Outras orientações
A Associação Brasileira de Dislexia (ABD), criada em São Paulo, em 1983, por um pai que enfrentava o desafio de ajudar o seu filho disléxico, hoje é conhecida como ponto de apoio para famílias de todo o Brasil. A partir de cursos, palestras, workshops e muita informação, a entidade ajuda para que cada vez mais o tema seja valorizado pela sociedade como um todo.
Por fim, para entender mais sobre o assunto, acesse o site da ABD e conte também com a ajuda dos especialistas em bem-estar emocional do Zenklub, disponíveis quando e onde você estiver.
Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.