De fato, a arte imita a vida. E muitas vezes trazer a arte à vida faz com que possamos ter maior autoconhecimento e, assim, viver melhor. Essa é justamente a proposta do psicodrama.
Dentre as várias abordagens psicoterapêuticas, talvez o psicodrama seja a mais artística.
Afinal, nessa escola são usadas técnicas de teatro associadas à psicologia a fim de diagnosticar e tratar problemas de natureza psíquica.
Que tal mergulhar nessa peça de encontro interior e aprender mais sobre o psicodrama?
Para isso, continue com a gente e tenha uma excelente leitura!
O que é psicodrama?
O psicodrama é uma abordagem de terapia que usa o teatro para diagnosticar e tratar questões de natureza psíquica.
O fundador dessa técnica foi o psiquiatra romeno Jacob Moreno (1889-1974), que desde jovem fazia das artes cênicas parte importante de sua vida.
Nesse contexto, o médico alugou um teatro na cidade de Viena (onde estudou medicina) no ano de 1922 a fim de praticar suas peças.
Jacob sempre valorizou a criatividade em suas atuações, pois acreditava que a espontaneidade abre portas para o desenvolvimento pessoal.
O que surpreendeu Jacob é que à medida que as pessoas atuavam em suas peças teatrais, aprimoravam sua saúde mental e ainda aprofundavam o conhecimento delas mesmas.
A partir disso, pouco a pouco foram inseridas técnicas para aprimorar a finalidade terapêutica do ato teatral.
Dessa forma surgiu uma das mais icônicas escolas psicoterapêuticas: o psicodrama.
Dentre as fontes teóricas das quais o psicodrama bebeu estão a:
- Fenomenologia;
- Metapsicologia;
- Psicotécnica;
- Psicopatologia;
- Psicologia genética.
Qual o objetivo do psicodrama?
As técnicas do psicodrama visam o resgate da essência de cada ser humano.
Através da teatralização da vida e dos contextos inerentes à existência de cada um, é possível entender melhor os papéis que cada pessoa assume em determinados contextos.
Segundo Moreno, ter compreensão acerca dos papéis desempenhados em nossas vidas é um passo essencial para conquistar o autoconhecimento e viver de forma mais consciente.
Nesse viés, dentre os exemplos de psicodrama pode-se criar um cenário teatral onde o protagonista (paciente), que passa por conflitos conjugais, assume o papel de marido e o terapeuta faz às vezes da esposa (papel tecnicamente chamado de ego-auxiliar).
Essa interação fictícia ajudaria a entender o papel assumido pelo paciente dentro da relação de uma forma distante. Ou seja, na encenação afetos e emoções que poderiam comprometer a compreensão de si e do outro são dissolvidos, o que auxilia no processo de autoconhecimento.
Assim, o psicodrama busca resgatar o que se chama de “matriz de identidade”, que nada mais é que a essência do ser humano, a qual é responsável por guiar seus atos e decisões.
Usa-se exatamente o termo “resgatar”, porque a matriz de identidade tende a se perder dentro dos inúmeros padrões socioculturais, denominados no psicodrama de “conserva cultural”.
Diferenças entre psicodrama e sociodrama
O psicodrama e o sociodrama têm uma mesma raiz teórica, a chamada socionomia. No entanto, existem diferenças importantes entre elas, principalmente no que se refere ao foco terapêutico.
Tanto uma como a outra derivam da socionomia, ciência estruturada por Moreno que visa tornar as relações sociais melhores, impactando não só o indivíduo mas também a comunidade como um todo.
Diante disso, da socionomia saem vários “braços”, que são nada mais que subdivisões para o mesmo fim: tornar as relações humanas cada vez mais frutuosas e benéficas.
Essa vivência social, inerente e indispensável ao ser humano, possui maior enfoque no indivíduo quando se fala em psicodrama.
Por outro lado, no caso do sociodrama, o objetivo maior é olhar o todo, isto é, buscar resolver problemas dentro do contexto social.
Em outras palavras, as técnicas de psicodrama procuram resolver queixas sociais no aspecto micro (individual), enquanto as do sociodrama visam florescer o viés macro, estruturando laços funcionais de relacionamento social.
Quando o psicodrama deve ser aplicado?
O psicodrama, por ser uma técnica terapêutica muito versátil e lúdica, pode ser aplicada nas mais diversas situações, para as mais variadas pessoas.
Segundo os especialistas em psicodrama, qualquer pessoa que realizasse sessões dessa abordagem teria benefícios.
Afinal, o ato de teatralizar situações da vida passada ou presente faz com que o protagonista tenha melhor compreensão dos seus papéis e, dessa maneira, compreenda melhor a si mesmo.
Além de ter importante valor terapêutico, isto é, na resolução de queixas pontuais, o psicodrama deve ser aplicado quando não se sabe ao certo quais são as fontes que desencadeiam o quadro clínico do paciente.
Assim, a aplicação do psicodrama permite não só tratar mas também identificar as causas que permeiam o problema.
Como funciona a abordagem terapêutica utilizando o psicodrama?
As sessões de psicodrama podem ser realizadas em vários contextos e cenários, entre eles:
- Em grupo;
- Individualmente;
- Online;
- Presencialmente;
O grande dramaturgo é o terapeuta, o qual organizará o enredo e norteará o papel de cada personagem da história teatral.
Para compor o todo do psicodrama, o terapeuta leva em conta fatores do paciente como:
- Queixa principal;
- Contexto familiar e social;
- Vivências passadas com alta carga afetiva;
- Bloqueios e medos identificados no contato inicial.
Uma vez realizada a cena, o terapeuta faz uma análise junto com o paciente e os demais participantes para ouvir as sensações vivenciadas no momento artístico e auxiliar na transformação desses sentimentos para benefícios práticos à vida do cliente.
As fases do psicodrama
Após mais de 100 anos da fundação do psicodrama, hoje há um método estruturado para a aplicação das técnicas dentro de tal escola terapêutica.
Basicamente, as fases do psicodrama são as 3 seguintes:
- Contextos;
- Instrumentos;
- Etapas.
Vejamos mais a fundo cada uma delas.
Contextos
Esse é o momento que precede a dramatização.
Nele o terapeuta rastreia nuances da personalidade do paciente.
Além disso, são consideradas e analisadas as características socioculturais não só do paciente mas também do grupo de pessoas presente (se houver).
A partir disso o terapeuta poderá passar para a próxima fase do psicodrama.
Instrumentos
Nessa fase, define-se os principais pontos organizacionais da encenação.
Assim, sob a orientação do terapeuta, caracteriza-se o:
- Cenário;
- Protagonista;
- Diretor;
- Ego-auxiliar (quem irá interagir de forma mais próxima com o protagonista);
- Público.
O que é preconizado dentro do psicodrama é respeitar a liberdade de criação do paciente.
Afinal, quanto mais aflorada for a espontaneidade da encenação, possivelmente melhores serão os resultados terapêuticos.
Etapas
Por fim, nessa fase há o planejamento e execução do enredo.
Em um primeiro momento, denominado aquecimento, há a preparação do cenário e tema a ser dramatizado.
Em sequência, ocorre o teatro na prática.
Por fim, há a fase do compartilhamento, em que se faz o link entre a vivência artística e a real/social.
Conclusão
O psicodrama é uma forma eficaz de tratar e diagnosticar problemas da mente através da dramaturgia.
Para realização dessa abordagem, é essencial a presença de um terapeuta especializado nas principais técnicas do psicodrama.
Tais sessões podem ser realizadas no setting individual ou em grupo; online ou presencial.
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Referências
http://www.sedes.org.br/Departamentos/Psicodrama/sobre_o_psicodrama.htm
https://febrap.org.br/psicodrama-psicoterapia/
https://www.psicanaliseclinica.com/psicodrama/
https://blog.cenatcursos.com.br/psicodrama-a-teatralidade-terapeutica-em-favor-da-saude-mental/