O uso de aparelhos eletrônicos na saúde emocional das crianças
Já parou pra pensar que com os pais trabalhando em casa é comum crianças ficarem por muitas horas usando aparelhos eletrônicos e que isso pode afetar a saúde emocional delas?
As aulas online, em tempos de pandemia, também justificam pelo menos um período por dia diante das telas, afastando as crianças de outras atividades. Ou seja, elas estão cada vez mais sedentárias e afastadas de experiências importantes para o seu crescimento físico e o desenvolvimento emocional.
Também é importante estimular a criança a brincar, quanto mais criativa a brincadeira, mais conteúdos internos são expressos (de forma simbólica), resolvendo problemas do passado ou do cotidiano.
Mas, é importante saber que brincar com eletrônicos também pode estimular algumas vivências interessantes. Não digo que nascer apertando botões e acessando à Internet desde bebê possa ser uma desvantagem.
Mas, por exemplo, existem experiências ricas em superação. Como um pequeno jogador de vídeo-game que busca passar para uma nova fase. Além disso, a curiosidade por diversos assuntos pode ser rapidamente explorada em uma busca online sobre o tema de interesse. É uma grande vantagem ter o conhecimento disponível na palma da mão.
Então, eu te pergunto: será que as experiências digitais são suficientes para o desenvolvimento infantil?
Por exemplo, nas brincadeiras online as opções criativas para a criança podem ser limitadas e o corpo em geral fica fora de atividade, basta clicar um botão para isso acontecer. A criança joga futebol online, mas não fica ao ar livre brincando no campo.
Você já observou as crianças brincando espontaneamente? Em tempos de mundo digital, está cada vez mais difícil encontrar espaço para a expressão da criatividade. Então, eu te pergunto: quais lugares ocupam hoje as brincadeiras infantis livres e espontâneas?
Crianças são barulhentas
Crianças podem ser muito barulhentas. Elas falam enquanto brincam, são alegres, se movimentam, podem ser diversos personagens: mães, pais, filhos, policiais e bandidos. Ou seja, uma simples caixa pode se transformar em foguete e rapidamente uma criança se torna um astronauta.
Grandes questões da vida são mostradas durante a brincadeira. Uma boneca bebê pode mostrar a necessidade da criança em ser cuidada. Uma criança policial tem a oportunidade de expressar sua agressividade, prendendo um bandido.
Além disso, o que mais me impressiona ao ver as crianças nos seus tablets, computadores e celulares é o silêncio. Os celulares estimulam as crianças a ficarem em silêncio concentradas no que elas veem.
Você já parou para observar uma criança brincando com a internet? Ela não fala, não se movimenta… fica atenta ao que está “consumindo”, em uma brincadeira solitária e ausente de criatividade.
Pare para observar a diferença de características entre o brincar criativo e o brincar com a internet. Essa atitude de só receber informações não é saudável. E até mesmo a interação entre os membros da família fica prejudicada.
Ou seja, é fácil perceber que as crianças ficam irritadas, após longos períodos conectadas e o excesso digital é sempre motivo de preocupação de pediatras, educadores e psicólogos.
Como brincar de forma saudável
Brincar de forma saudável é possível. A Sociedade Brasileira de Pediatria publicou um manual de orientação aos pais onde estabelece parâmetros para o tempo de utilização de aparelhos com acesso à internet de acordo com cada faixa etária.
Além disso, o estudo explora os riscos do uso de celulares sem supervisão ou regras, entre outras orientações. Confira aqui a íntegra do manual de orientação.
Talvez, pode até ser uma vantagem para os pais, em algumas circunstâncias, ter os filhos brincando com seus celulares, mas precisamos avaliar também o tempo que essas crianças ficam conectadas.
Além disso, a criança também precisa correr, pular, interagir com os colegas, falar sobre si mesma, exercitar a imaginação. E saber escolher outras boas formas de brincar, é um grande aprendizado para todas as idades.
Todas as crianças podem enfrentar problemas que se caracterizem como impossíveis de resolver; através do brincar de forma simbólica, elas expressam o que sentem. Brincar é a linguagem secreta (Bettelheim, 1988), para entender o mundo e a si mesmas.
O que fazer para diminuir o tempo do uso de celulares com as crianças?
Para diminuir o tempo de acesso à Internet, celular, etc, é importante que você, pai ou responsável, tenha um espaço destinado para as criatividades da criança.
Se você quer que seus filhos saiam do celular, do vídeo game ou do computador, ofereça outras opções para eles.
Pensando nisso, separei algumas atividades para você fazer com seus filhos.
- Brincadeiras ao ar livre são boas para colocar o corpo em movimento.
- Tenha um cantinho de leitura, ele pode ser um estímulo para sair das telas. Alguns livros infantis tratam o tema do mundo digital e podem ajudar os adultos a estabelecer limites.
- Além disso, um cantinho criativo em casa pode ter: instrumento musical, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, sucatas, bonecas, carrinhos, massa de modelar, cola, tesoura, tinta, pincéis, papéis coloridos, fantasias e chapéus, espelho de corpo inteiro.
Ou seja, não precisa virar uma guerra contra os video-games, celulares e internet, mas incentivar as crianças a fazerem atividades diferentes. Isso vai ajudar no desenvolvimento físico e emocional delas fazendo com que fiquem menos tempo no celular.
Qual é a importância de brincar?
Para jogar um jogo de tabuleiro, as crianças precisam de companhia, vão interagir socialmente, aprendendo a esperar sua vez de jogar, controlando a ansiedade e aceitando que poderão ganhar ou perder. Este é um exercício de grande valor para a vida.
Aprendendo a controlar suas frustrações em uma situação lúdica, a criança exercita sua capacidade de enfrentar suas próprias frustrações na vida real. Esperando a sua vez para jogar, respeitando a regra do jogo, ela se prepara para as situações em que terá que abrir mão dos seus desejos e frustrar-se, diante da impossibilidade de realizá-los. Aceitar perder não permitindo sentir-se derrotado, protege o perdedor de ter sua autoestima abalada.
Quanto menos estruturado for o brinquedo que oferecer, melhores são as condições para que a criança entenda determinados aspectos relacionados ao autoconhecimento.
A construção de brinquedos, com blocos coloridos e sucatas, exige da criança virtudes como paciência e perseverança, importantes em todas as etapas da vida.
Diante de uma dificuldade na vida, não desistir exige perseverança e paciência, características que precisam estar bem desenvolvidas desde a infância.
O trabalho de construção com brinquedo-sucata alia a expressão de conflitos internos e ajuda a criança a enfrentar desafios; Neste tipo de atividade lúdica, é possível simbolizar uma pequena conquista. Ou seja, (Re)significar algo que estava destinado ao lixo, é garantir a si mesmo a possibilidade de transformação.
O brinquedo-sucata é uma excelente opção de brincadeira para pais e filhos. Momentos divertidos com criatividade em família, são ótimas oportunidades para que os filhos se aproximem dos pais e falem de suas necessidades. Enquanto fazem algo juntos, a família se reconecta e fortalece.
O brincar é saudável
Brincar é uma das atividades mais prazerosas da vida, não importando a idade que se tem. Quando crianças, brincar resumia praticamente aquilo que mais queríamos fazer, mas quando adultos, resgatar o brincar, talvez seja uma das formas de encontrar a alegria de viver.
É claro que o brincar de um adulto poderia ser identificado através de hobbies, ou qualquer outro tipo de atividade que realmente possibilite uma sensação de prazer e bem-estar, bem diferente da rotina do dia-a-dia.
Ensinamos os filhos pelo exemplo, então deixando de lado os eletrônicos e fazendo outras atividades de lazer, também os estimulamos a brincar.
Você sabe o que gosta de fazer e te faz bem? Se sim, aproveite então e use algum tempo do seu dia para “brincar”. Se você já esqueceu do que gosta de fazer, sempre é tempo de descobrir. Experimente se divertir de uma forma diferente!
Eu posso te ajudar
Eu posso te ajudar a entender os seus seus sentimentos e emoções. Você pode conversar comigo sobre desmotivação profissional, ansiedade, estresse, morte e luto, mudança de estilo de vida. Vem comigo nessa jornada rumo ao autoconhecimento.
É Psicóloga Clínica, pós graduanda em Psicologia Positiva pela PUC- RS. Especialista em Psicopedagogia pela UMESP, atua como palestrante na área de educação, saúde emocional e família. Como psicóloga voluntária participa do Projeto Ouvido Amigo em São Paulo e do G.A.M.S. Grupo de Apoio a Mães Saudosas, em Bragança Paulista, SP. CRP: 06/65897