A lamotrigina é um remédio anticonvulsivante que serve para tratar epilepsia e transtorno bipolar.

O nome de referência da lamotrigina é Lamictal® (da empresa GlaxoSmithKline) que é encontrado nas doses de 5 mg, 25 mg, 50 mg, 100 mg e 200 mg. 

No entanto, outros nomes comerciais da substância que podem ser encontrados são:

  • Lamitor® (Torrent)
  • Neural® (Cristália).

Sumário

Lamotrigina: o que você precisa saber sobre esse medicamento

Para que serve?

Como funciona e como age no organismo?

Para que é indicado?

Transtorno afetivo bipolar

Epilepsia

Existem contraindicações? Quais?

Quais os efeitos esperados?

Quais os efeitos colaterais?

Reações muito comuns (ocorrem em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento)

Reações comuns (ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento)

Reações incomuns (ocorrem entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento)

Reações raras (ocorrem entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento)

Reações muito raras (ocorrem em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento)

Quais os efeitos de tomar com outros remédios?

O que corta o efeito do lamotrigina?

Lamotrigina pode gerar dependência?

Quais cuidados devo ter ao usar o lamotrigina?

Quando interromper o tratamento?

Dúvidas Frequentes

Resumo

Referências

Para que serve?

A lamotrigina serve para prevenir episódios de convulsão e evitar episódios de depressão em casos de transtorno afetivo bipolar (a partir de 18 anos).

Em casos de epilepsia, segunda a bula da lamotrigina, ela pode ser usada da seguinte forma:

  • Em monoterapia (sem associação de outros medicamentos) – adultos e crianças acima de 12 anos
  • Em terapia combinada – sobretudo no início (associada com outras drogas anticonvulsivas como o ácido valpróico) – crianças de 2 a 12 anos

Como funciona e como age no organismo?

Embora ainda não se saiba com clareza o mecanismo de ação da lamotrigina, estudos apontam que ela age no potencial elétrico das células.

Ou seja, ao alterar a carga elétrica da membrana das células, especialmente dos neurônios, a lamotrigina inibe a liberação de certos neurotransmissores, causando seu efeito terapêutico.

Em especial, a lamotrigina age inibindo a liberação do neurotransmissor glutamato, que tem potencial para gerar convulsões.

Esse efeito neural da lamotrigina acalma e evita não só crises convulsivas, mas também interfere na estabilidade do humor.

Para que é indicado?

Embora a lamotrigina seja uma substância da classe dos anticonvulsivantes, seus efeitos vão além do tratamento das convulsões.

Confira para que serve a lamotrigina:

Transtorno afetivo bipolar

A lamotrigina se mostrou eficaz para diminuir as chances de recorrências de episódios depressivos em pacientes com transtorno bipolar.

Segundo a bula da lamotrigina, não há evidências significativas que indicam prevenção de episódios de mania (euforia).

Por isso, é importante associar, em alguns casos, essa substância com outros estabilizadores do humor (como o carbonato de lítio) a fim de evitar a “virada maníaca”.

Para maior eficácia na estabilização do paciente com essa condição, é importante realizar regularmente sessões de terapia.

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Epilepsia

A lamotrigina é indicada como adjuvante no tratamento da epilepsia, para o tratamento de crises convulsivas parciais e crises generalizadas, incluindo crises tônico-clônicas

(em que a pessoa se debate durante a convulsão).

Não se recomenda tratamento inicial em esquema de monoterapia em crianças de 2 a 12 anos de idade com diagnóstico recente.

Após o controle epiléptico ter sido alcançado, durante terapia combinada, drogas antiepilépticas (DAEs) concomitantes geralmente podem ser retiradas, substituindo-as pela monoterapia com a lamotrigina.

Obs: embora haja um ou outro relato de pessoas que tomam lamotrigina para tratar ansiedade generalizada, essa indicação não consta na bula. O que pode acontecer, na verdade, é um efeito de engorda ou emagrecimento secundários por melhora do humor, por exemplo, nos casos de transtorno bipolar.

Existem contraindicações? Quais?

As contraindicações da lamotrigina são para:

  • Pessoas que possuem alergia à substância ou a algum dos componentes da fórmula
  • Mulheres que estão amamentando
  • Crianças menores de 2 anos.

São contraindicações relativas (avaliar relação do risco com o benefício) da lamotrigina os seguintes casos:

  • Diminuição da função do fígado ou renal (pode exigir redução de doses)
  • Talassemia – forma de anemia crônica, de origem genética (lamotrigina pode diminuir a eritropoiese).
  • Gravidez (lamotrigina é categoria C na gestação, pois inibe a produção de folato – também chamado ácido fólico – que é uma vitamina importante da formação do bebê.

Quais os efeitos esperados?

Os efeitos esperados da lamotrigina dependem da condição que está sendo tratada.

Por exemplo, os efeitos esperados para o tratamento da epilepsia envolvem redução do 

Para diminuir o risco de efeitos colaterais, a lamotrigina costuma ser introduzida pouco a pouco.

Segundo a bula de uma dos nomes comerciais mais conhecidos da lamotrigina (Lamictal®), a absorção completa da substância ocorre em até 2 horas e meia e pode demorar mais se a medicação for consumida após as refeições.

No entanto, os efeitos esperados podem demorar até 6 semanas para aparecerem, uma vez que a dose terapêutica demora nessa faixa de tempo para ser introduzida.

Embora alguns depoimentos de pessoas que fazem uso de lamotrigina digam que ela emagrece, não há nada na bula que aponte para esse efeito esperado da medicação.

Quais os efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais da lamotrigina são classificados de acordo com a frequência de apresentação.

Assim, o paciente em uso da substância pode ter:

Reações muito comuns (ocorrem em mais de 10% dos pacientes que utilizam este medicamento)

  • Dor de cabeça;
  • Erupções cutâneas (exantema).

Reações comuns (ocorrem entre 1% e 10% dos pacientes que utilizam este medicamento)

  • Agressividade;
  • Irritabilidade;
  • Cansaço;
  • Sonolência;
  • Insônia;
  • Tontura;
  • Tremor;
  • Enjoo;
  • Vômito;
  • Diarreia.

Reações incomuns (ocorrem entre 0,1% e 1% dos pacientes que utilizam este medicamento)

  • Ataxia (falta de coordenação dos movimentos musculares);
  • Diplopia (visão dupla);
  • Visão turva.

Reações raras (ocorrem entre 0,01% e 0,1% dos pacientes que utilizam este medicamento)

  • Síndrome de Stevens-Johnson (reação alérgica medicamentosa grave).

Reações muito raras (ocorrem em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam este medicamento):

  • Necrólise epidérmica tóxica (uma forma grave de erupção na pele)
  • Anormalidades hematológicas (alterações no exame de sangue)
  • Síndrome de hipersensibilidade (incluindo sintomas como febre, linfadenopatia, edema facial, anormalidades sanguíneas e do fígado, coagulação intravascular disseminada (CID), insuficiência múltipla de órgãos)
  • Tiques
  • Alucinações
  • Confusão
  • Testes de função hepática aumentados (alteração nos exames do fígado), disfunção hepática e insuficiência hepática.

Quais os efeitos de tomar com outros remédios?

O tempo de duração da lamotrigina no organismo (chamado de meia-vida) é significativamente afetado por medicação concomitante.

Por exemplo, a meia-vida média é reduzida para aproximadamente 14 horas quando a lamotrigina é administrada com drogas indutoras de glicuronidação, como carbamazepina e fenitoína, e é aumentada para uma média de aproximadamente 70 horas quando administrada com valproato.

Para esclarecer as interações da lamotrigina com outras medicações, trouxemos essa tabela que consta na bula da substância:

Drogas que aumentam a concentração dalamotriginaDrogas que reduzem a concentração dalamotriginaDrogas que têm pouco ou nenhum efeito na concentração dalamotrigina
valproatocarbamazepina
fenitoína
primidona
fenobarbital
rifampicina
lopinavir/ritonavir
atazanavir/ritonavir
Associação de
etinilestradiol/levonorgestrel
lítio
bupropiona
olanzapina
oxcarbazepina
felbamato
gabapentina
levetiracetam
pregabalina
topiramato
zonisamida
aripiprazol
lacosamida
perampanel
paracetamol

O que corta o efeito do lamotrigina?

Algumas medicações (como as citadas na tabela acima) podem cortar o efeito da lamotrigina.

É importante relatar ao médico todas as medicações que se faz uso, a fim de localizar possíveis interações e realizar eventuais ajustes na dosagem.

Diferente do que ocorre com algumas medicações, a bula da lamotrigina não mostra que tomar a medicação no jejum interfere na absorção dela.

Ou seja, é possível tomar a lamotrigina mesmo no jejum sem prejuízos dos efeitos terapêuticos.

No entanto, associar a droga após refeições pode diminuir efeitos colaterais como náuseas e vômitos.

Lamotrigina pode gerar dependência?

Lamotrigina não causa dependência química, mas pode gerar sintomas de dependência psíquica que são sintomas causados pela falta do hábito da tomada da medicação.

As únicas medicações psicotrópicas que causam dependência química são as das seguintes classes:

  • Estimulantes (por exemplo, metilfenidato)
  • Benzodiazepínicos (como, por exemplo, o clonazepam). 

Quais cuidados devo ter ao usar o lamotrigina?

É importante que algumas medidas sejam tomadas durante o uso da lamotrigina, entre elas:

  • Deve-se evitar o uso de álcool e outro depressor do sistema nervoso central, pois essas substâncias podem aumentar o risco de efeitos colaterais da lamotrigina
  • Cuidado ao dirigir ou executar tarefas que exijam atenção.
  • O medicamento não pode ser descontinuado por conta própria e, na maioria das vezes, precisa ser retirado gradualmente por pelo menos 2 semanas (redução de 50% a cada semana)
  • Em pacientes com risco de suicídio, é importante manter monitorização atenta e, em caso do surgimento de qualquer sintoma é preciso buscar ajuda de um especialista
  • Como não há evidências de que a lamotrigina evita o surgimento de episódios de mania, em pacientes com transtorno bipolar, atenta-se a eventuais sintomas de euforia (nesse caso, buscar ajuda especializada).

Além desses cuidados, é importante estar atento aos sintomas de meningite asséptica (efeito colateral raro, mas perigoso da lamotrigina). 

Sintomas de meningite podem incluir:

  • Dor de cabeça
  • Febre
  • Rigidez de nuca
  • Náusea
  • Vômito
  • Erupção na pele 
  • Sensibilidade à luz. 

Quando interromper o tratamento?

O tratamento deve ser somente interrompido com a indicação médica.

No caso do uso para epilepsia, a menos que seja necessária a interrupção abrupta (em casos de exantema, por exemplo), a dose de lamotrigina deve sofrer redução gradual ao longo de duas semanas para evitar sintomas de retirada.

Por outro lado, no tratamento do transtorno bipolar em adultos, os pacientes podem, após recomendação médica, interromper o tratamento com lamotrigina sem redução prévia da dose.

Dúvidas Frequentes

  • Para que é indicado lamotrigina?

Para epilepsia e evitar recorrência de episódios depressivos em pacientes com transtorno bipolar.

  • Qual a substância da lamotrigina?

A própria substância ativa é a lamotrigina, cujos nomes comerciais são: Lamictal®, Lamitor® e Neural®.

  • Qual o mecanismo de ação da lamotrigina?

Ainda não se conhece totalmente, mas sabe-se que a lamotrigina altera o potencial elétrico da membrana dos neurônios, diminuindo a liberação de neurotransmissores (em especial do glutamato).

  • lamotrigina dá sono?

A sonolência é um efeito colateral que ocorre, segundo a bula, entre 1% e 10% das pacientes que fazem uso da lamotrigina.

  • lamotrigina emagrece?

Diretamente a lamotrigina não engorda nem emagrece, mas esses sintomas podem ser observados pela melhora da condição tratada.

  • Qual o valor da lamotrigina?

O valor da lamotrigina depende da dose utilizada e qual nome comercial é prescrito pelo médico.

Resumo

A lamotrigina é uma medicação anticonvulsivante que serve para tratar epilepsia tanto em crianças de 2 a 12 anos como também em adolescentes e adultos.

Além disso, a lamotrigina evita o surgimento de depressão em pacientes com transtorno bipolar.

Embora algumas pessoas pensem, lamotrigina não emagrece nem engorda diretamente.

Por ter possíveis interações medicamentosas, é importante relatar ao médico responsável todas as substâncias que se faz uso (inclusive fitoterápicos) antes de iniciar o tratamento com a lamotrigina.

Para melhores resultados no tratamento com lamotrigina e com outras medicações psicotrópicas, o recomendado é também realizar sessões de terapia.

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Referências

1)https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/625/lamotrigina.htm 

2)https://br.gsk.com/media/6286/l1408_lamictal_com_disp_gds48_ipi25.pdf 

3)https://cdn.eurofarma.com.br//wp-content/uploads/2016/09/lamotrigina-bula-paciente-eurofarma.pdf