Filhos: como se comunicar e estabelecer uma relação harmoniosa?
Ter filhos é um grande sonho para muitas pessoas, mas a verdade é que criar e cuidar dos filhos pode ser uma das tarefas mais difíceis de nossas vidas.
Está muito claro que, a relação entre pais e filhos tem mudado muito. E a mudança veio acompanhando as transformações sociais e políticas no mundo todo. Mas por que será que agora parece tão mais difícil manter essa relação de forma saudável? Por que a comunicação está cada dia mais complicada?
Talvez por uma outra ótica, você vai perceber que não está tudo tão perdido assim e que você tem chances de estabelecer uma boa relação desde o início ou quem sabe mudar esse jogo. Vamos falar aqui sobre o tema e entender como lidar com os seus filhos.
Depois de 9 meses…
São algumas semanas de preparação para a chegada tão esperada daquele novo membro da família e a casa já se enche de mais amor. Com o nascimento de uma criança é preciso se preparar para diversas mudanças, na vida, na rotina, no relacionamento entre os pais, e até nos espaços da casa.
Nada de muito novo até aí, não é mesmo? As coisas começam realmente a fazer sentido quando os meses vão se passando e é preciso começar a educar, ensinar a falar, a comer bem, a andar, a brincar com outros amigos e até a controlar as manhas e pirraças.
É fundamental que nesse momento, mesmo com a criança ainda bebê, as relações fiquem bem estabelecidas, como qual o seu papel como pai ou mãe, qual a rotina, qual a hora de dizer não e em qual fase já é possível ter comandos mais enfáticos que demonstrem reprovação, e sem culpa.
É ainda na infância que os filhos começam a se descobrir, adquirir hábitos, ter preferências e compreender como se dá tudo que está ao seu redor, por isso, é importante os pais prestarem atenção não só aos movimentos e conquistas dos filhos, mas também como se está evoluindo essa aprendizagem.
Todo mundo tenta opinar
Esse talvez seja um grande problemas para os pais nessa fase em que a criança está menor em que avós, avôs, tios, amigos e até pessoas na rua, tentam dar opinião sobre tudo, sem se quer, muitas vezes, perguntarem se a sua opinião é de fato bem-vinda.
É normal, e acredite, depois que você deixar de ser um pai ou mãe de primeira viagem, é bem natural que o seu olhar diante de outros pais e seus filhos, seja também assim, de ter uma solução, opinião e conselho para tudo.
Aqui a palavra de ordem é sem dúvida o respeito. Respeito por você e seu filho, pela relação que estão construindo juntos, e também pelo outro, que dificilmente está ali tentando piorar o seu mundo, mas sem a noção de que na verdade não está ajudando em nada.
Deixar de lado as ideias que você entende que não se aplicam para a sua realidade e uma boa dose de empatia podem ser uma boa saída. Pois o mais importante é que você esteja emocionalmente pronto para romper suas barreiras nas dificuldades e criar seus próprios recursos para criar esse novo ser humano.
Adolescência
Passada a fase da infância, agora está aí um novo desafio, ter um filho adolescente! E a adolescência pode parecer tão complicada, pois, quem não lembra o quanto aprontava com os amigos e os pais nessa fase?
Praticamente todo mundo tem o seu momento de crise ao lembrar desse período, afinal ele é repleto de informação. É nessa época quem vem as principais descobertas sobre o que queremos ser e como queremos ser, os desafios da puberdade e da transformação do corpo, questões de gênero e sexualidade se tornam mais evidentes, a busca constante por pertencimento e aceitação, e, finalmente, novos exemplos, fora do ambiente familiar, passam a ser itens importantes para serem seguidos.
Para a especialista e psicóloga do Zenklub, Silvana Brianezi, “Muitos adolescentes sofrem porque os pais já não os veem como crianças e acreditam que eles não precisam mais dos carinhos e cuidados da infância. Porém, é nessa fase de transição que eles precisam de maior apoio, compreensão, cuidados, atenção e carinhos. Segundo os neurologistas, essa é a oportunidade de construir um ser humano saudável, feliz e bem-sucedido”.
Além disso, segundo Silvana, há três fatores que governam essa transição da adolescência:
- Segurança emocional;
- Habilidades de comportamento;
- Responsabilidade pelos próprios atos
E isso implica uma relação entre pais e filhos baseadas na calma, competência e confiança, basicamente pensando nesse formato:
Relação pais e filhos mais amorosa
Transmita ao seu filho a sensação de ser amado, valorizado e protegido. Não diminua o carinho e o afeto, ou fique distante por medo de mimar demais com tanta atenção. Alguns pais acreditam que não demonstrar amor ajuda a desenvolver o caráter da criança. A verdade é exatamente o oposto. Quando a criança ou o adolescente se sentem genuinamente amados, eles tem menos necessidades.
Uma dica para se aproximar nesse passo de mais afeto e carinho é tentar entender as necessidades emocionais dos filhos a cada idade, além de respeitá-la. Envolva-se na vida dele e torne-se parte desse mundo.
Seja firme
Impor limites ao comportamento também faz parte. As crianças e adolescentes conseguem ter mais autocontrole quando há regras. Disciplina traz segurança e deixar claro as suas expectativas em relação ao seu comportamento, explicando como e porquê, cria um laço mais sincero de confiança.
Apoie as suas decisões
É muito importante encorajar a autonomia dos filhos desde que haja um equilíbrio coerente com a capacidade, idade e desenvolvimento dele para realizar. Preparar o seu filho para o sucesso e para as frustrações faz parte de uma relação amigável e de confiança, além de trabalhar a sua autoestima. Por isso, elogie as conquistas, mas foque mais no seu esforço do que no resultado em si.
Deixe-o ser auto-suficiente
Não seja excessivamente invasivo, pois parte do que faz uma criança saudável, feliz e bem sucedida é a sensação de autossuficiência. Encontre um equilíbrio entre envolver-se e deixá-lo independente. Vá liberando o controle gradualmente, assim que seu filho for administrando melhor sua vida e obtendo mais autocontrole. Proteja quando deve, mas permita quando pode.
Converse
O principal aspecto de qualquer relação pessoal está no diálogo. Mas como conversar com seu filho? Essa pergunta pode parecer difícil, mas quanto mais natural esse processo de se conectar à vida dele for, mais fácil será.
Se em sua família não existe o hábito da conversa, tudo o que se pensa não é esclarecido. As coisas acontecem, as idéias se formam, os pensamentos tomam forma e geram comportamentos inadequados, pois nada fica claro. Tudo fica no achismo e a importância da conversa é exatamente esta. Ou se vive um bem-estar estético de uma convivência harmoniosa, ou um sofrimento da exigência negadora.
Onde encontrar respostas?
As respostas para criar os filhos não está em nenhum livro de receita, mas sim dentro de você e nos seus valores. O seu autoconhecimento e inteligência emocional serão fundamentais para que você saiba exatamente como lidar com as mais variadas situações.
Então, além de investir no seu amor como mãe ou pai, invista também nos seus cuidados com o seu bem-estar emocional. Quando estamos bem com nós mesmos, tendenciamos a ter relações mais valiosas e harmônicas.
Outra coisa que vale lembrar é que criar os filhos para o mundo pode parecer uma frase clichê, mas é algo que devemos fazer para que possamos cultivar a liberdade de formar pessoas com capacidades de se desdobrarem em diferentes situações, sem aquela dependência emocional ou física.
A liberdade irá trazer novos desafios, respostas e maneiras de superar dificuldades ao longo da vida, sempre com aquela sensação de que seu filho pode, a qualquer momento, contar com o carinho e compreensão dos pais.
Se ainda com esses argumentos e práticas você encontrar dificuldades para seguir com essa relação mais com mais felicidade, procure ajuda de um especialista em bem-estar emocional, como psicólogos e psiquiatras, que poderão trazer uma nova visão e desenvolver habilidades para você encontrar o melhor caminho.
Para mudar o relacionamento com seus filhos, mude algumas das suas atitude
Por fim, a especialista do Zenklub e psicóloga, Bianca Benevenuti traz algumas dicas práticas para você mudar algumas atitudes e melhorar a comunicação entre mãe, pai e filho:
- Melhore sua atenção em relação à vida de seu filho, procure saber mais sobre suas atividades diárias, seus amigos, medos e desejos;
- Converse, solicite que conte como foi o dia, faça considerações, esteja presente, fisicamente e emocionalmente;
- Comunique-se de maneira objetiva, deixando clara a expectativa que você tem sobre determinada tarefa ou situação;
- Não tome decisões sobre a vida de seus filhos sozinho ou sozinha, chame o pai ou a mãe, decidam juntos e compartilhem com seus filhos a decisão tomada, mesmo que não estejam mais casados;
- Não tire autoridade do pai ou da mãe na frente de seus filhos;
- Seja firme na decisão que tomarem juntos, mantenha a decisão e cumpra a promessa;
- Procure fazer atividades que envolvam toda a família, pelo menos 2 vezes por semana;
- Não se culpe por ter pouco tempo com seus filhos; pense que pouco tempo com qualidade é mais eficaz que muito tempo sem qualidade;
- Ouça e acolha a opinião de seu filho, pondere antes de dizer não ou sim;
- Evite fazer julgamentos, você não precisa concordar com ele , mas tente entendê-lo;
- Diga que o ama e expresse seu afeto.
Quando fui criança, entre as décadas de 60/70, a preocupação tinha uma expressão “as companhias”! Já há algum tempo, as crianças passam a frequentar creches aos 4 ou 6 meses: tudo que seria “construção familiar” foi delegado a profissionais que nem sempre terão formação pedagógica. Aliado à isso, foram gerados em mulheres por volta dos 40 anos! Uma cena que me comoveu até porque meu pai faleceu antes de eu completar 3 anos e 10 meses, foi de uma criança nessa faixa etária, em creche, próximo a grade da escola, olhando para baixo e ainda pensei e até comentei com minha tia, que aquela criança me fez refletir sobre “orfandade”: eu com pai falecido e aquela criança ali, circunstancialmente, devido os pais estarem buscando sustento material (trabalhando), mas eu tive a presença materna nessa fase de construção emocional, na infância!