The Morning Show e o debate de como tomar decisões difíceis
Aviso: esse texto contém spoilers bem leves e pequenos de The Morning Show, já que nosso foco é falar sobre como tomar decisões difíceis. Pra quem não quiser saber naaaada da série antes de assistir, melhor deixar pra ler esse texto depois. Mas a gente promete que revela super pouquinho, sem comprometer nenhum ponto importante da história.
Gostar ou não gostar da série? Primeiro dilema de como tomar decisões difíceis
Você já ouviu falar da série The Morning Show? Pra quem não conhece, esse foi o principal lançamento da plataforma de streaming da Apple no ano passado, que trouxe a maravilhosa Jennifer Aniston de volta para a telinha 💜 Com boas atuações e temáticas importantes, a série tem algo a nos ensinar sobre a complexidade da vida e das escolhas – e pra quem acompanha nosso blog já sabe: não tem uma resposta final para como tomar decisões difíceis, porém dá pra entender um caminho de como lidar com esses momentos.
Mas, primeiro, vale dizer que, depois de uma enrolaçãozinha pra sair, quando a série finalmente foi ao ar, ela dividiu opiniões. De um lado, a crítica ama, com 3 indicações (incluindo melhor série de drama) ao Globo de Ouro, que aconteceu ontem, e 3 ao SAG (que premeia atores e atrizes em filmes e séries). De outro, algumas colunas especializadas têm ressalvas quanto ao roteiro e à produção de The Morning Show.
O público também parece não conseguir decidir muito bem se gosta ou não. No site Metacritic, que faz uma média de diferentes avaliações, a nota do público não chega aos 7,5 de 10 (o que é considerado mediano para uma série desse porte), enquanto que no Rotten Tomatoes, especializado em filmes e séries, a nota já se aproxima dos 100%. Uma disparidade esperada, tanto do público quanto da crítica, quando a gente olha para os temas que a série traz e a maneira como os aborda.
Um resuminho de The Morning Show
Pra quem nunca viu a série e nem sabe do que ela trata, vamos dar um passadão geral na premissa e nas principais tramas, sem revelar muito, tá? Se você já está por dentro de tudo, pode pular pra próxima seção. Senão, segue aqui com a gente.
Bom, The Morning Show conta a história de um jornal matutino (fictício) gravado em Nova York. E a série começa com um escândalo: um dos âncoras do jornal (Steve Carell, de The Office e O Virgem de 40 Anos) é denunciado por assédio, na onda (mais do que necessária) do #MeToo, e demitido do programa.
Daí, a série segue mostrando os impactos desse acontecimento na outra âncora (Jennifer Aniston, de Friends e Cake) e na produção do programa (desde os CEOs do canal até a equipe que trabalhava diretamente com a dupla). E tem mais, viu? Entra em cena: Reese Witherspoon (de Big Little Lies e Legalmente Loira), que interpreta uma repórter jovem, toda milituda, e que vai dar uma sacudida em todo mundo enquanto entende a barra que é saber como tomar decisões difíceis.
Dá uma olhadinha no trailer se quiser saber mais:
A abertura linda de The Morning Show
Já dizia a grande sábia: vamos começar pelo começo, né não? Então, nós pre-ci-sa-mos comentar a abertura de The Morning Show, que é uma animação belíssima. Por isso, antes de mais nada, dá uma assistida, já vai tirando suas próprias conclusões e, depois, conta pra gente nos comentários o que você achou:
A gente não quer ficar interpretando a abertura por você, mas quer chamar a sua atenção para alguns pontos. O primeiro deles é para a complexidade de ideias que esses menos de 2 minutos trazem. Não é exatamente fácil de entender, né? Pois é… Essa animação já dá o tom para a série e para a mensagem que ela quer passar, que é: pra gente entender alguma coisa de fato, para saber como tomar decisões difíceis, é preciso olhar com cuidado, olhar de novo e (re)considerar possibilidades para, muitas vezes, concluir que não existe só uma resposta certa.
A abertura faz tudo isso ao mostrar oposições; sejam de grande e pequeno, sem cor e colorido, subir e descer, entrar e sair, constância e mudança, seguir e contestar. Essa bolinha preta, que muda de cor e de tamanho, e que parece ser a protagonista da abertura, acaba representando muito – mesmo se apresentando assim, de maneira simples.
“Não tudo é preto no branco”
Em um determinado momento da série, as produtoras do programa vão pro famoso boteco dar uma descontraída. E numa conversa mais… Acalorada, digamos, entre duas delas, uma das produtoras fala:
“As coisas não são tão preto no branco, que nem você está dizendo…”
Pra gente, essa frase é um ícone de sensatez. E uma verdadeira síntese do que The Morning Show quer nos dizer.
Parece que em tempos de internet, mais do que nunca, a gente tem uma tendência de fazer análises rápidas e rasas dos acontecimentos e das pessoas. Tudo fica muito simplista: a pessoa ou é boa ou ruim. É uma tal de dificuldade de olhar para além da foto do perfil, o que desumaniza as pessoas e suas histórias.
E isso é perigoso para nós mesmos. Porque num suposto mundo em que ou as coisas são ou não são, tomar decisões parece fácil: ou algo é certo, ou é errado. Mas a vida está longe de ser assim. Fazer escolhas certamente não é uma tarefa tão de boa quanto os sites de meme nem os influencers de dieta fazem parecer. E, muitas vezes, envolvem jornadas de uma existência inteira (no post sobre Promessas de Ano Novo tem mais sobre isso).
Mulheres e homens aprendendo como tomar decisões difíceis
Entre #MeToo, dicotomias, polaridades e tudo que existe entre elas, a oposição homens e mulheres está presente desde o primeiro capítulo de The Morning Show. A maneira como cada um se relaciona, se posiciona e tenta entender como tomar decisões difíceis é um ponto de discussão constante, que enriquece os debates sobre a série.
O lado delas
Ao longo da primeira temporada, a dificuldade de se fazer escolhas fica evidente especialmente entre as mulheres. A série mostra como muitas delas têm que ficar pesando seus valores e vontades frente a uma sociedade e suas dinâmicas, que muitas vezes não vão ao seu encontro. Além disso, a fim de manterem certas posições, acabam se tornando cúmplices de situações que vão contra seus ideais, interesses ou comunidade.
Dentro do contexto do jornal matutino de The Morning Show, as mulheres devem rever suas prioridades constantemente, num caminho difícil em que por vezes conseguem, e por outras não, contornar uma cultura que é centrada nas figuras masculinas. É uma luta constante entre descobrir como tomar decisões difíceis e ter que tomá-las mesmo sem estar completamente segura.
É nessa busca por um caminho que seja satisfatório, mas também possível, que vemos as mulheres descobrirem que saber qual é a resposta certa para algumas escolhas é quase impossível. Fica o entendimento de que certo e errado são conceitos muito próximos, podendo mudar conforme a pessoa evolui.
O lado deles
Quanto aos homens, a série se preocupa em deixar claro que existe toda uma estrutura que sustenta e incentiva comportamentos tóxicos por parte deles – um fato que alguns vão usar mais e outros menos, dentro da série.
Ao identificar essa dinâmica, aparece, novamente, a possibilidade de desenvolver um olhar humano para todos, mostrando que existem culturas que levam determinadas pessoas a exercerem sua presença de maneira destrutiva, em vez de construtiva. Nesse caso, não são determinados homens que nascem como agressores; mas eles chegam lá por questões que todas pessoas ajudam a manter – até que compreendam a situação e decidam fazer algo a respeito.
Não somente, uma vez que essas figuras masculinas ocupam importantes posições de poder, fica claro como suas decisões têm a capacidade de afetar muito a vida de outros à sua volta – até aqueles que estão fora do seu campo de visão. Sendo importante fazer com que entendam que as reverberações de seus atos vão para muito além do que podem imaginar – e que eles, assim como todos, devem lidar com as consequências de suas escolhas.
Opostos e similares
Lembra o que a gente falou lá em cima, né? Não é sobre preto no branco, nem sobre análises rasas. Por isso, embora colocados em opostos, The Morning Show revela como há muito de similar entre homens e mulheres.
Uma reflexão que pode ir para além do gênero e nos fazer pensar sobre nossa autoimagem e como vemos outros. Quando nos permitimos conhecer a nós mesmos e as pessoas ao nosso redor com profundidade, descobrimos que partilhamos várias dores em comum, bem como as dificuldades. Afinal, quem nesse mundo tem noção de qual é a melhor decisão a se tomar para um futuro melhor?
Como tomar decisões difíceis quando o papo é dinheiro
Por fim, não dá pra gente deixar de falar da relação com dinheiro, glamour e sucesso que The Morning Show destaca. Alex, a personagem de Jennifer Aniston, por exemplo, mora num apartamento enorme onde acaba se sentindo sozinha (mostrando os limites do estar só ou não, parecido com o que falamos no post Solidão na Era Digital); já Bradley, personagem de Reese Witherspoon, passa muito tempo num quarto de hotel extremamente impessoal.
Ambas estão nesses lugares porque essa foi a vida que escolheram, entre erros e acertos na hora de lidar com como tomar decisões difíceis. Em meio ao glamour de aparecer na TV de milhões de americanos todos os dias e um salário lá em cima, a série questiona o que realmente é sucesso. Afinal, uma vida triste fora das telinhas é realmente uma vida de sucesso?
Então, o melhor seria escolher seguir uma vida que fique longe dessas tentações? Talvez… Mas que bom seria se o mundo fosse fácil assim! Uma grandíssima parte de todas as pessoas do mundo quer um glamour, quer reconhecimento, quer crescer na vida do jeito que lhes é ensinado. A coisa é: como saber do que é melhor abrir mão e do que é preciso correr atrás? Pois é, essa é a luta de uma vida, que só é bem feita quando se tem #autoconhecimento. Concorda? Deixe seu comentário com a sua opinião 🙂
E, afinal… Como tomar decisões difíceis, então?
Bom, se você ainda não viu The Morning Show, a primeira coisa é dar um jeito de assistir à primeira temporada pra você tirar suas próprias conclusões – pelo menos uma decisão fácil, rs. Enquanto isso, procure refletir sobre os pontos abaixo:
Por mais análises profundas
E gente não tá falando de psicanálise não, tá? É sobre poder olhar além das aparências e do imediato. Todos temos nossas histórias e complexidades.
Ambientes mais construtivos
O mundo só muda se a gente fizer algo a respeito. A responsabilidade é toda nossa pra criar culturas que sejam melhores para todos.
Pense nos outros e a longo prazo
Talvez uma dica boa para aprender como tomar decisões difíceis seja ter noção do que elas possam causar aos outros e como vão afetar a sua vida não exatamente agora, mas no futuro.
Todo dia, uma escolha complicada
Faz parte, bb. Mas das decisões mais level hard que a gente tem que fazer podem surgir as coisas mais lindas (dá uma olhada no post Família que A Gente Escolhe).
É sobre se conhecer
No piloto automático, a chance de se fazer boas escolhas cai. Por isso, com o #autoconhecimento você tem mais clareza de qual caminho seguir.
E sobre procurar ajuda (quando precisar)
The Morning Show mostra como a jornada é mais difícil quando a gente está sozinho, por isso, esteja junto de pessoas que te apoiam e te conhecem. E, se a barra pesar muito, procure a ajuda de algum especialista. No nosso app, além de conteúdos sobre #saúdeemocional e #bemestar, você também encontra especialistas com quem conversar.