A gravidez é uma fase repleta de sensações, alegrias e temores. Para a mulher, as transformações são intensas, tanto no corpo como na mente. 

A ansiedade de gerar uma nova vida, o medo de algo dar errado, a expectativa quanto ao sexo do bebê, enjoos, dores, desconforto e muito sono (com sonhos bem diferentes dos usuais) são apenas alguns dos desafios que elas precisam encarar.

Passar por tudo isso não é fácil, mas pode ser mais tranquilo quando se tem uma rede de apoio. Contar com familiares e amigos para dividir as tarefas do dia a dia, como as compras no mercado ou mesmo para fazer companhia durante as consultas do pré-natal é muito benéfico para as futuras mamães e seus bebês. 

A rede de apoio é ainda mais importante quando o relacionamento do casal termina e a separação se torna a melhor saída. Passar por isso já é complicado, mas no meio de uma gestação, exige uma atenção especial.

Estou grávida e quero me separar. Como lidar com essa decisão?

Um relacionamento conturbado pode ter seus problemas evidenciados durante uma gestação e desmoronar. Afinal, é um período de revoluções hormonais, que levam a alterações bruscas de humor e muita sensibilidade. 

Além disso, os futuros pais passam por mudanças dramáticas em suas vidas, que não voltarão a ser como antes. São alterações profundas nos papéis de cada um e na dinâmica entre os cônjuges.

Atravessar a fronteira sem volta que é a maternidade e a paternidade significa abrir mão de muita coisa por um bom tempo. Eventos sociais, jantares, festas e viagens, por exemplo, passam a ter novos critérios de participação. Para quem é mais sociável e aventureiro, se adaptar à nova realidade é mais complicado. 

Toda essa carga pode ser insustentável em um relacionamento problemático. Quando infelicidade, raiva, mágoa e solidão se tornam insustentáveis, a separação é uma solução de comum acordo. Muitas vezes, o casal que chegou neste extremo já tentou uma conversa franca e terapia, sem sucesso. 

Gravidez e separação são duas palavras difíceis de associar. Elas incluem momentos delicados na vida de qualquer pessoa. Enquanto um filho marca os pais para sempre, o divórcio sinaliza que eles cuidarão da criança de forma desassociada. 

Nenhuma gestante deseja passar pela dor do fim de um relacionamento, independentemente da fase da gravidez em que ela se encontra. Como lidar com a separação na gravidez? Como proteger o filho dos conflitos de um divórcio? Essas preocupações são legítimas e sinalizam a importância e a necessidade do diálogo entre os envolvidos.

Separação na gravidez afeta o bebê?

Uma gravidez conturbada aumenta os riscos para a mãe e para o bebê. O estresse, por exemplo, faz mal à saúde de todos e um processo de separação é inevitavelmente estressante. Mas não há evidências de que o divórcio, ou o estresse em si, provoquem diretamente algo grave como um aborto.      

Uma separação pode causar prejuízos à saúde dependendo da forma como ela é vivenciada.  Ainda que não exista mais uma relação romântica, a gestação saudável deve ser um compromisso dos dois. Por isso, a preocupação com a saúde mental e física de todos precisa ser mútua. 

Para tranquilizar a gestante, a atividade física pode ser uma boa estratégia. A modalidade eleita deve ser compatível com o perfil da mulher e o estágio gestacional. Entre as melhores opções estão pilates, que ajuda a reduzir dores, a estabilizar e aumentar a mobilidade da coluna vertebral, promove a respiração correta, melhora a circulação sanguínea e fortalece o assoalho pélvico, favorecendo o parto e a recuperação.

Yoga e mindfulness são alternativas que acalmam e melhoram o foco e a saúde. Além disso, leitura, meditação ou alguma atividade como pintura também são úteis para equilibrar as emoções e ajudar a dormir bem, algo essencial para o desenvolvimento correto do bebê.  

Como superar o fim do casamento na gravidez?

Este momento pode ser doloroso e emocionalmente difícil, especialmente para a mulher que está esperando um bebê. Mas não precisa ser tão sofrido. Acima de tudo, é preciso ter cuidado com a saúde e o bem-estar da gestante e da criança. Essa cautela também reduz as chances de que a mulher desenvolva uma tocofobia em função do trauma gerado na separação. 

Veja a seguir algumas dicas de como superar a separação na gravidez.

Busque amparo 

Vale para o lado emocional e para as demandas práticas. O ideal é que o pai seja uma dessas pessoas. Mas o mais importante é que elas sejam empáticas, disponíveis e cuidadosas. Quanto antes elas puderem ser recrutadas, mais protegida a mamãe estará de um esgotamento. 

Não se culpe

Quem enfrenta uma situação assim, pode se questionar: em término de relacionamentos existe um culpado? E na verdade, essa pergunta não é tão relevante quando há um consenso sobre o fim em si. A partir dessa conclusão, as prioridades passam a ser o bem-estar e a saúde. Essa atitude ajuda a combater problemas como uma depressão na gravidez, por exemplo.  

Cuide-se

Negligenciar o próprio bem-estar é algo prejudicial e que precisa ser evitado. A mulher não deve deixar de lado as atividades que gosta, abandonar o estudo ou o que a faz se sentir bonita. Curtir a gestação e planejar a chegada do bebê também fazem parte desse universo de autocuidado.   

Viva esse novo momento

É indispensável assumir essa fase, adaptando-se ao que ela traz de novidade, sem constrangimento ou pressão. Não há nenhuma obrigação de assumir outro relacionamento, mas é fundamental apenas reconhecer que está solteira. Essa consciência é mais benéfica quando alcança ambos os pais separados na gravidez.   

Procure manter um bom relacionamento

Uma separação pode ser pacífica quando há diálogo. Aliás, a comunicação não violenta é uma das principais respostas para quem se pergunta como lidar com a separação na gravidez. Em outras palavras, é conversar sobre as preocupações e anseios tentando entender também o ponto de vista do outro. É interessante que o casal tenha em mente que essa é apenas uma das questões a serem definidas e será seguida de outras, como pensão e guarda.   

 

Quais os direitos de uma grávida na separação?

Para quem passa por uma separação conjugal na gravidez, direitos são um tema recorrente. Afinal, isso implica em questões jurídicas, relacionadas à responsabilidade compartilhada entre pai e mãe. Confira algumas dúvidas frequentes sobre o tema.  

Quem deve pagar as despesas do pré-natal e do parto? 

Se for necessário, a mulher pode propor a ação de alimentos gravídicos. Por “alimento”, a lei entende que implica em tudo que for necessário para uma gestação saudável e segura. Ou seja, mais do que a comida em si, inclui despesas com assistência médica e psicológica, exames, internações etc. 

Essa responsabilidade é compartilhada por pai e mãe, sendo proporcional à renda de cada um. Depois do parto, os valores correspondentes à parte do pai são convertidos em pensão alimentícia em favor do bebê.   

Ele me traiu. Tenho direito a indenização?

Não. A lei não interfere na liberdade de alguém escolher, mesmo que esta escolha seja se relacionar com mais de uma pessoa simultaneamente. Porém, nos casos em que isso provoca humilhação ou vexame resultantes de grande repercussão social, pode caber uma indenização por dano moral. 

O pai pode estar no parto?

Entre os direitos do pai separado na gravidez, está o de acompanhar tudo na vida do filho. Porém, de acordo com a Lei do Parto Humanizado, a mulher tem o direito de escolher uma pessoa para estar com ela na sala de parto. Então, a palavra final é dela. O pai pode estar na maternidade – e esse é um direito dele – mas não pode exigir a participação no parto em si. 

Na separação na gravidez, direitos são assegurados por lei, mas neste momento específico, o que vai ser determinante é a relação com a mãe e o grau de confiança e suporte que ela tem em quem definiu como acompanhante. 

Busque orientação psicológica durante a separação na gravidez

A terapia é um suporte essencial para quem procura maneiras de superar uma separação na gravidez. O processo de término de relacionamento acrescenta vários elementos na complexa tarefa que é trazer uma nova vida ao mundo. 

Com apoio terapêutico, o casal descomplica a experiência e consegue passar melhor por essa fase, podendo manter o foco no bebê e nas demandas que acompanham a sua chegada. Às vezes, alcançam um equilíbrio que permite superar as diferenças para permanecerem juntos. 

Para a mulher, que já enfrenta as alterações de humor típicas dessa fase da vida, o apoio psicológico é uma forma de prevenir a depressão, tanto durante a gravidez, como no pós-parto. Assim, o puerpério também se torna um período mais ameno.  

Precisa de ajuda? O Zenklub oferece conteúdo e sessões de terapia de acordo com a sua necessidade. Assim, fica mais fácil se abrir, falar sobre os temores, anseios, mágoas e até sobre o que esperar do futuro. Não espere para começar a cuidar de quem tem à frente uma missão tão bela e desafiadora: a de ser mãe. Agende uma sessão.

Referências

Can too much stress cause early miscarriage? Disponível em: https://www.mayoclinic.org/healthy-lifestyle/pregnancy-week-by-week/expert-answers/early-miscarriage/faq-20058214 

BONFIM, Marcos. Traição gera dever de indenizar por dano moral? Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1762/Trai%C3%A7%C3%A3o+gera+dever+de+indenizar+por+dano+moral%3F 

SANTOS, Danielle. Alimentos gravídicos. Disponível em: https://ibdfam.org.br/artigos/1581/Alimentos+grav%C3%ADdicos 

ENDACOTT, Jan. Pilates para grávidas. São Paulo: Manole, 2007

BRASIL. Lei n.° 11.108, de 7 de abril de 2005. Garante às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11108.htm