O teste de gravidez deu positivo, o pré-natal foi iniciado, cada ultrassom vem revelando o desenvolvimento saudável do bebê. O desejo de conhecê-lo só aumenta, assim como a ansiedade e um certo temor de que algo não saia como esperado. 

O que não costuma ser tema dentro do assunto gestação é a rejeição do marido durante a gravidez. Na verdade, pouco se fala sobre a experiência masculina em uma gravidez e como ela afeta seu comportamento. 

Como homens e mulheres pensam diferente, é natural que não tenham as mesmas expectativas e reações. Esse descompasso é normal e permite que um complemente o outro. Afinal, tudo o que a mulher vive durante a gravidez é somente testemunhado pelo homem, que se sente um coadjuvante neste processo até o nascimento. 

Rejeição sexual entre o casal na gravidez

Muitas mudanças acontecem na vida de um casal que está esperando um filho. Já na gestação, é possível que o homem tenha a necessidade de esconder ou disfarçar temores e inseguranças por não querer demonstrar fragilidade. Por conta disso, acaba se afastando um pouco. 

Uma situação que faz a mulher se perguntar como lidar com a rejeição do marido é quando ele sente que a gravidez só se concretiza no parto. É a partir desse momento que ele tem contato direto com a criança. Alguns homens estranham as alterações que acontecem no corpo da mulher e sentem dificuldades em lidar com isso. Isso causa tanto a redução de atração física como da excitação sexual.  

A mulher também rejeita o marido. Como ocorre uma revolução hormonal em seu corpo, o seu comportamento é alterado. Uma causa frequente para isso são as transformações corporais, que provocam insegurança e prejudicam a autoestima. Ao mesmo tempo, há relatos de afastamento da mulher por não suportar o cheiro do companheiro, que até causa enjoo. 

Os dois se distanciam durante a gravidez por vários motivos, inclusive como resposta a uma mudança comportamental da outra pessoa. A mulher tem seu foco e prioridade voltados para o bebê, o que pode causar algum ressentimento ou solidão no homem, que se afasta. 

É normal o homem se afastar durante a gravidez?

Sim, até certo ponto. Abandono e rejeição do marido são mais difíceis de reverter porque têm efeito negativo mais intenso. Mas se a situação for apenas de redução do interesse, as causas masculinas são bem orgânicas, como a diminuição da testosterona durante a espera de seu filho, principalmente quando é o primeiro. A testosterona é um dos principais hormônios relacionados ao desejo sexual nos homens. 

Um estudo, publicado na Scientific American, mostrou que os “grávidos” apresentaram quedas na testosterona e do estradiol (uma forma de estrogênio). Ao mesmo tempo, não foi detectada nenhuma alteração no cortisol e na progesterona, dois hormônios relacionados ao estresse. 

Essa pesquisa analisou juntamente mãe e pai e concluiu que os níveis hormonais tiveram alterações semelhantes no casal, sinalizando uma experiência excitante e estressante compartilhada entre os dois. Um detalhe interessante foi a constatação de que os homens mais engajados com os filhos e a mulher foram os que tiveram quedas maiores da testosterona.  

Por que o homem perde o interesse na mulher grávida?

O homem perde o interesse por sua mulher grávida por uma série de fatores. Não há um padrão que permita prever se isso acontecerá com um casal. De questões culturais até influências hormonais, a percepção masculina sobre a espera de um filho é muito pessoal. 

Alguns homens não sabem lidar com as mudanças no corpo da mulher que a tiram do modelo de beleza idealizado por eles. Até mesmo as roupas que elas escolhem, mais folgadas e confortáveis, têm chance de interferir no interesse do homem, que interpreta essas novas preferências como uma forma de rejeição a ele. 

São muito comuns os relatos de homens que desistem de fazer sexo por medo de machucar, com a penetração, a mulher ou o bebê. E cabe dizer: é impossível que o pênis, por maior que seja, alcance o feto. O medo de provocar dor ou de alguma forma prejudicar a gravidez alteram a libido, diminuindo a vontade de ter relações.  

Outros homens podem se sentir ameaçados diante da chegada de um novo membro na família, com quem deverão dividir as atenções das mulheres, até então exclusivas. Essa sensação não é intencional ou sinaliza desafeto com a criança. Mas representa uma dificuldade em visualizar a nova realidade que se aproxima e se manifesta com a rejeição do marido na gravidez.  

O motivo mais comum 

Estes, porém, são os casos mais raros. O que acontece com mais frequência tem raízes profundas. A grande maioria dos homens que rejeitam suas esposas grávidas na verdade não está conseguindo desapegar de anseios e temores sobre o futuro. 

Ou seja, a rejeição masculina tem mais a ver com ansiedade e a insegurança de ser um bom pai e bom provedor. É uma autocobrança excessiva diante da responsabilidade de estar construindo uma nova família. 

Em todos os casos, é raro que a rejeição do marido seja resultado do fim do amor pela mulher. Quando isso acontece, o desfecho mais provável é uma separação na gravidez ou algum tempo depois do nascimento, porque isso costuma tornar a relação insustentável. 

Estou grávida e sinto que meu marido me rejeita. O que posso fazer?

Não fique tentando descobrir como aceitar rejeição do marido. Em vez disso, procure o diálogo e evite o conflito. Incentive seu companheiro a compartilhar o que o aflige. Mostre que ele pode dizer livremente o que está sentindo, sem temer represálias ou críticas. Se isso não funcionar, buscar ajuda profissional é uma forma de ter alguém imparcial mediando uma conversa sincera e aberta. 

É importante se conscientizar que a saúde de um relacionamento não depende de sexo constante, especialmente quando há uma gravidez envolvida. Sexo é importante, mas não deve ser uma obrigação ou prioridade. O que não deve faltar é intimidade e cumplicidade, com carinho, diálogo e conexão emocional.   

Dicas para amenizar a rejeição entre casal na gravidez

Como lidar com a rejeição do marido? Não há resposta pronta para esta pergunta, mas algumas estratégias ajudam bastante.   

Diálogo franco

Conversar honestamente é o melhor começo. Ser franca, dizer como está se sentindo e convidar o parceiro a fazer o mesmo são iniciativas eficientes. É uma forma de incentivar o homem a expressar seus sentimentos e preocupações, o que, por si só, já trará alívio e redução de tensões. 

Envolver o homem nos preparativos para a chegada do bebê 

Incluir o homem na jornada de preparação da casa e do enxoval para o novo membro da família é uma maneira de eliminar a sensação de exclusão da relação mamãe-bebê. Pedir a opinião dele na escolha de roupinhas, de móveis e afins faz com que ele se sinta necessário e envolvido. 

Convidá-lo para as consultas e exames de pré-natal, especialmente quando for dia de ultrassom, tira o marido do papel de mero espectador e o coloca no centro do palco, como um elemento essencial dessa história que está apenas começando. Esse movimento também estimula o vínculo entre o pai e a criança, trazendo benefícios para todos. 

Manter o romance 

Uma gestação não significa o fim do romance. Ao contrário, é um fruto desse relacionamento. É importante reservar momentos para desfrutar da companhia do parceiro, reforçando a conexão emocional. Vale sair pra jantar, ver um filme, ir ao teatro ou simplesmente caminhar lado a lado. Essas ocasiões são propícias para trocar olhares, carinhos, toques e elogios.   

Ajuda profissional 

Se nada disso gerar resultados satisfatórios, é hora de buscar ajuda profissional de um terapeuta de casal. Esse apoio é importante, entre outras razões, para evitar o desenvolvimento de tocofobia, o pavor de engravidar ou do parto. Um especialista treinado conhece métodos e abordagens que ajudam a reconectar o casal. É uma pessoa treinada para reconhecer e reverter as razões que criaram essa situação incômoda. 

O Zenklub é uma plataforma de saúde emocional que conecta pessoas e especialistas. São mais de 5000 profissionais, entre psicólogos, psicanalistas, terapeutas e coaches à disposição em qualquer lugar e sempre que precisar. É conveniência, segurança e privacidade a seu serviço.

Referências 

EDELSTEIN, Robin S. et al. Prenatal hormones in first-time expectant parents: Longitudinal changes and within-couple correlations. American Journal of Human Biology. 27: 317-325. https://doi.org/10.1002/ajhb.22670 

BOGREN, L.Y. Changes in sexuality in women and men during pregnancy. Arch Sex Behav 20, 35-45 (1991). https://doi.org/10.1007/BF01543006