Em todo o mundo, a Organização Mundial da Saúde estima que mais de 300 milhões de pessoas sofram com transtorno depressivo maior, sendo considerado o “Mal do Século”. Mas qual a diferença desta condição para o transtorno depressivo recorrente?

Por ser um transtorno tão comum e muitas vezes complicado de se tratar, é importante reconhecer os sintomas logo no início para realizar o tratamento assertivo e melhorar a qualidade de vida da pessoa que sofre e dos familiares.

Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, preparamos este artigo para te ajudar! Tenha uma ótima leitura!

O que é transtorno depressivo recorrente?

O transtorno depressivo recorrente é caracterizado pela presença de 3 ou mais episódios de transtornos depressivos maiores prévios.

Ou seja, ter transtorno depressivo recorrente significa apresentar 3 quadros de depressão.

O nosso humor é como um pêndulo. Há dias que estamos mais felizes, dias mais cabisbaixos. Isso tudo é normal.

No entanto, quando a tristeza persiste por mais de duas semanas, é necessário procurar ajuda de um profissional da saúde mental, pois pode se tratar de um episódio depressivo.

O transtorno depressivo recorrente é considerado mais grave que a depressão comum, pois, apesar de tratamentos anteriores, o quadro retornou. Assim, essa condição é um dos motivos mentais mais frequentes para a aposentadoria.

Além disso, de acordo com os sintomas de cada episódio, o transtorno depressivo recorrente é classificado como:

  • Leve
  • Moderado
  • Grave

Diferente dos transtornos de personalidade (como, por exemplo, o transtorno de personalidade antissocial) o transtorno depressivo recorrente é diagnosticado em qualquer idade, sendo mais prevalente em mulheres (a cada 3 casos de depressão, 2 acometem mulheres).

Sintomas do transtorno depressivo recorrente

Há uma série de sintomas que podem indicar o quadro de um episódio depressivo maior.

Como a mente e o corpo estão ligados um ao outro, os sintomas psíquicos refletem no corpo, causando sintomas que literalmente são sentidos na pele de quem sofre.

Entre os sintomas físicos que podem ser presenciados estão:

  • Fadiga constante.
  • Emagrecimento ou ganho de peso rápido.
  • Incômodos gastrointestinais (náuseas, vômitos, azia)
  • Dor de cabeça e enxaqueca.
  • Insônia.
  • Forte desânimo corporal.

Além disso, alguns sintomas emocionais de quem está com depressão são:

  • Culpa excessiva.
  • Grande autocobrança.
  • Baixa autoestima.
  • Melancolia.
  • Insegurança.
  • Frustração.
  • Sobrecarga emocional.
  • Ansiedade.
  • Irritabilidade.

Por fim, alguns dos sinais que alguém nessa condição podem apresentar em seu comportamento são:

  • Não querer ver nem conversar com ninguém.
  • Ataques de choro com facilidade
  • Abuso de substâncias químicas, como drogas ou álcool como um refúgio para a tristeza.
  • Dificuldade de concentrar e focar naquilo que o outro diz
  • Distanciamento nas relações pessoais.
  • Falta de prazer em atividades que antes gostava (anedonia)

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Como a vida de quem sofre desse transtorno é afetada

A vida da pessoa com transtorno depressivo recorrente é afetada nas esferas:

  • Físicas
  • Psíquicas
  • Sociais
  • Profissionais
  • Entre outras.

Infelizmente, ainda há muito preconceito em relação a essa condição.

Por isso, é importante que todas as pessoas busquem conhecer mais sobre a depressão e entendam que se trata de um distúrbio neuroquímico cerebral que deve ser tratado com a mesma seriedade que doenças como a hipertensão e diabetes.

O que mais prejudica a pessoa com depressão é a falta de disposição para realizar suas atividades cotidianas, por conta da forte tristeza vivenciada.

A depender da gravidade do quadro, quem está sofrendo por conta de depressão não consegue realizar nem mesmo atividades básicas do dia a dia como se alimentar, escovar os dentes ou tomar banho.

Diagnóstico do transtorno depressivo recorrente

Segundo o Manual mais recente de Doenças Psiquiátricos criado pela Associação Americana de Psiquiatria (DSM-V), para o diagnóstico do transtorno depressivo maior é preciso apresentar humor deprimido (sentir-se triste) ou perda do interesse/prazer por atividades que antes eram satisfatórias por pelo menos duas semanas mais 4 dos sintomas abaixo:

  1. Alterações no peso (variação de 5% em 1 mês)
  2. Alterações Psicomotoras (agitação ou retardo)
  3. Fadiga ou perda na energia
  4. Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva
  5. Queda na capacidade de pensar/concentrar
  6. Pensamento de morte recorrentes / ideações suicidas / tentativa de suicídio
  7. Insônia (dificuldade para dormir) ou hipersonia (dormir muito)

Deve haver sofrimento significativo e prejuízo social, ocupacional ou em outras áreas importantes.

Além disso, é preciso excluir sintomas de outros transtornos mentais (como o transtorno misto ansioso e depressivo) e outras condições como:

  • Distúrbios orgânicos: p.ex. hipotireoidismo
  • Problemas neurológicos: demência e Doença de Parkinson
  • Pseudodemência = Transtorno semelhante à demência que pode ser revertido por tratamento adequado e não é causado por doença cerebral orgânica.

CID: Transtorno Depressivo Recorrente

De acordo com o Código Internacional de Doenças CID-10, um dos principais parâmetros para diagnósticos de transtornos mentais, o transtorno depressivo recorrente é caracterizado por 3 episódios ou mais de depressão.

O CID-10 divide os sintomas do transtorno depressivo recorrente em 2 tipos:

→ Sintomas principais

  • 1 = humor deprimido
  • 2 = perda do interesse e prazer
  • 3 = energia reduzida

→ Outros sintomas

  • Atenção e concentração diminuídos
  • Autoestima reduzida
  • Apetite diminuído
  • Ideias de culpa e inutilidade
  • Ideias ou atos autolesivos ou ideias de morte
  • Sono reduzido
  • Visão pessimista do futuro

Assim, cada episódio depressivo é classificado de acordo com a gravidade:

→ Episódio Depressivo Leve (CID 10 – F33.0)

  • Pelo menos 2 dos principais e 2 dos outros
  • Nenhum dos sintomas em grau intenso

→ Episódio Depressivo Moderado (CID 10 – F33.1)

  • Pelo menos 2 dos principais e 3 dos outros
  • Vários dos sintomas com grau marcante (dificuldade para realizar atividades diárias)

→ Episódio Depressivo Grave (CID 10 – F33.2 – sem sintomas psicóticos ou CID 10 – F33.3 – com sintomas psicóticos)

  • Todos os 3 principais e pelo menos 4 dos outros
  • Intensidade grave dos sintos – risco de suicídio marcante

Cada quadro de transtorno depressivo recorrente exigirá um tratamento específico.

Diferente de transtornos com sintomas psicóticos (como, no transtorno de personalidade paranóide), sintomas como delírios e alucinações não são tão frequentes no transtorno depressivo recorrente.

Mas se por um acaso eles surgirem, o CID será o F33.3, conforme relatado acima.

Qual o CID mais grave de depressão?

O CID mais grave para depressão é o CID 10 – F33.3 que se refere a um transtorno depressivo recorrente, isto é, em que já ocorreu pelo menos 3 episódios depressivos e o atual cenário é de um episódio grave com sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações).

Embora esse seja o caso mais grave de transtorno depressivo recorrente, é importante frisar que outros CID, como o F33.2 (Transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave sem sintomas psicóticos) são sérios e podem levar à aposentadoria por invalidez.

Além disso, nos casos graves de transtorno depressivo recorrente o tratamento costuma ser bastante desafiador, pois é preciso lançar mão de vários recursos psicoterapêuticos e farmacológicos para a melhora do quadro.

Por fim, é importante frisar que a depressão está frequentemente associada com ideação suicida ou até mesmo tentativas de suicídio. Isso é um sinal de gravidade para o quadro.

Como ajudar a pessoa com transtorno depressivo recorrente?

De fato, a tristeza de alguém nunca deve ser negligenciada, pois pode se tratar de um transtorno depressivo recorrente grave.

Uma das formas de prevenir essa condição é:

  • Cuidar da autoestima
  • Buscar ter uma alimentação saudável
  • Praticar exercícios físicos regularmente
  • Ter um sono adequado
  • Entre outras.

Apesar dessas medidas serem importantes, o tratamento especializado é fundamental para a melhora do transtorno depressivo recorrente.

Além de passar por um psiquiatra que irá receitar os antidepressivos adequados para cada caso, é importantíssimo buscar amparo por meio da terapia.

As sessões de psicoterapias tem o poder de estruturar a vida de alguém que está sofrendo com a depressão, lançando luz e leveza para a vida.

A Zenklub conta com mais de 4000 profissionais especialistas em terapia que ajuda e muito aqueles que estão passando por depressão!

Referências:

1) KAPLAN, H. B.; SADOCK, B. J.; GREBB, J. A. Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003.

2) Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

3) Organização Mundial da Saúde (OMS). Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes. Trad. Dorgival Caetano. Artes Médicas, Porto Alegre. 1993. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=2774544&pid=S1677-2970200000010001300006&lng=pt