O transtorno conversivo é um distúrbio de origem neurológica caracterizado por gerar sintomas físicos sem qualquer problema estrutural. Isso é, estamos falando de uma doença que provoca fenômenos como paralisia, convulsões e cegueira por conta de uma espécie de desordem mental.

Por essa razão, essa patologia transita nos campos da psiquiatria, neurologia e psicologia. E para entender melhor sobre esse assunto, você confere a seguir o que é transtorno conversivo, quais são os sintomas e o tratamento. Entenda ainda os desafios do diagnóstico e descubra se o transtorno conversivo tem cura.

O que são transtornos conversivos?

Podemos definir o que é transtorno conversivo como um desequilíbrio mental que provoca uma série de sintomas físicos e prejuízos à qualidade de vida do indivíduo. São manifestações neurológicas que não podem ser explicadas por outra causa ou condição, mas que geram sofrimento.

No passado, este tipo de distúrbio era chamado como um tipo de “histeria” – termo clássico de diagnóstico à época. Com o avanço das pesquisas, essa classificação foi substituída pela denominação de diversas outras enfermidades. Dentre as descobertas desse desmembramento estão os transtornos conversivos e suas variantes.

Qual é a definição do transtorno conversivo?

Pelo Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, os transtornos conversivos são classificados como um transtorno somatoforme. Já a classificação internacional de doenças (CID-10) qualifica como um transtorno dissociativo.

Transtorno dissociativo conversivo

O transtorno dissociativo conversivo é conhecido pela perda, seja parcial, seja completa, da consciência. É como se houvesse uma falha nas funções integradas do indivíduo. Isso acarreta fenômenos como falta de controle motor, incompreensão das sensações e até o esquecimento da própria identidade.

Transtorno somatoforme

O transtorno somatoforme é marcado essencialmente pelas queixas que não possuem qualquer origem orgânica. Ou seja, o paciente apresenta sintomas físicos de origem neurológica que não têm qualquer explicação médica ou estrutural. Contudo, o problema se faz presente causando angústia, sofrimento e prejuízo social.

Transtorno conversivo: sintomas

Existem diversos sintomas de transtorno conversivo. Dentre eles, os mais comuns são:

  • Déficit da função motora voluntária
  • Tremor
  • Convulsões
  • Alteração da consciência
  • Paralisia
  • Falha da função sensorial
  • Maneirismos anormais dos membros
  • Cegueira
  • Visão dupla
  • Surdez
  • Afonia
  • Retenção urinária
  • Dificuldade para comer

Transtorno conversivo sintomas

Para entender as manifestações apresentadas nos resultados de uma busca por “transtorno conversivo sintomas”, é preciso compreender a sua origem. Os estudos apontam que o termo surgiu com Sigmund Freud, neurologista e psiquiatra, criador da psicanálise. Ele usou o termo conversão fazendo referência às emoções reprimidas.

Essa ideia facilita o entendimento de que os sintomas geralmente surgem repentinamente e associados a algum evento de ordem emocional. Muitas vezes, esse sofrimento é uma demonstração de como o indivíduo compreende uma doença física.

Quanto tempo dura uma crise conversiva?

Pessoas com transtorno conversivo normalmente enfrentam episódios rápidos, com duração de poucos minutos. Também pode acontecer de o paciente ter várias crises esporádicas. Vale acrescentar ainda que em alguns casos, o problema pode se tornar crônico.

Quais são os tipos de transtornos conversivos?

Existem basicamente dois tipos de transtornos conversivos: transtornos dissociativos conversivos e transtornos somatoformes. A partir dessas duas categorias de doença, o distúrbio se divide em diversos outros subtipos.

Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10)

Publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Classificação Internacional de Doenças (CID) é uma forma de padronizar e codificar doenças e questões sobre saúde.

E no caso dos tipos de transtornos conversivos, tanto os transtornos dissociativos conversivos como os transtornos somatoformes são identificados na CID 10. Ou seja, possuem um código para catalogação de um grupo de doenças e suas variações de sintomas, aspectos e descrições.

Dito isso, apresentamos os tipos de transtornos conversivos listados na CID-10.

F44 – Transtornos dissociativos conversivos

  • F44.0 Amnésia dissociativa
  • F44.1 Fuga dissociativa
  • F44.2 Estupor dissociativo
  • F44.3 Estados de transe e de possessão
  • F44.4 Transtornos dissociativos do movimento
  • F44.5 Convulsões dissociativas
  • F44.6 Anestesia e perda sensorial dissociativas
  • F44.7 Transtorno dissociativo misto [de conversão]
  • F44.8 Outros transtornos dissociativos [de conversão]
  • F44.9 Transtorno dissociativo [de conversão] não especificado

F45 Transtornos somatoformes

  • F45.1 Transtorno somatoforme indiferenciado
  • F45.2 Transtorno hipocondríaco
  • F45.3 Transtorno neurovegetativo somatoforme
  • F45.4 Transtorno doloroso somatoforme persistente
  • F45.8 Outros transtornos somatoformes
  • F45.9 Transtorno somatoforme não especificado
  • F48 Outros transtornos neuróticos

Diagnóstico do transtorno conversivo

O diagnóstico do transtorno conversivo é considerado apenas após descartar todas as respostas que justifiquem os sintomas. Para isso, é necessário realizar uma série de exames físicos, testes, avaliação clínica e com especialistas.

Caso não se encontre uma resposta, são adotados alguns critérios para investigar o paciente como por exemplo:

  • Análise do histórico do paciente e do seu histórico familiar
  • Avaliar se há um ou mais déficits que prejudiquem a função motora ou a função sensorial
  • Os sintomas apresentados devem ter um grau elevado de modo que cause sofrimento clínico ou prejuízo significativos. Deve-se levar em consideração a sua interação e funcionamento em diversas áreas da vida, como social e ocupacional do paciente
  • Como os sintomas são gerados por agentes estressores, é importante julgar e estudar os fatores psicológicos
  • Os testes devem conferir se as manifestações apresentadas são intencionais ou simuladas. Por exemplo, se o paciente se distrair, os tremores desaparecem ou mudam
  • As evidências não podem estar associadas aos efeitos de uma substância
  • A avaliação precisa ponderar e respeitar comportamentos ou experiências culturais e religiosas legitimadas
  • Os problemas não podem ser explicados por qualquer outro transtorno relacionado à saúde mental

Os desafios do diagnóstico

Como não há um guia consensual e bem definido, o diagnóstico de transtorno conversivo é extremamente difícil e desafiador. A compreensão dos sintomas requer um grande esforço.

Isso porque as crises podem se assemelhar ao transtorno do espectro do autismo ou diversas outras enfermidades, incluindo o transtorno mental. Tudo isso é necessário a fim de descartar toda e qualquer hipótese que possa justificar tal sintoma.

Também é importante destacar que o profissional precisa ser extremamente cauteloso durante a avaliação clínica. Isso porque os pacientes também podem tentar simular e manipular o exame. Isso pode dificultar ainda mais o trabalho ou esconder outros tipos de distúrbios como o transtorno de personalidade antissocial.

Por essa razão, a conclusão é alcançada após uma avaliação profunda do paciente e por diagnóstico de exclusão.

Difícil jornada

Para chegar a uma conclusão, o paciente deve passar por uma investigação árdua e por um longo período. Essa jornada envolve ainda gastos com consultas médicas – muitas vezes com mais de um especialista, exames e medicações.

As pseudocrises convulsivas, por exemplo, necessitam de uma série de exames, estudo de imagem e vídeo. Tudo isso é custoso seja para o paciente, seja para o estado.

Além disso, um diagnóstico errado leva a um tratamento inadequado e mais preocupação aos familiares e ao próprio paciente. Por essa razão, é imprescindível que sejam feitos mais estudos sobre transtorno conversivo dissociativo e somatoforme.

Transtorno conversivo tem cura?

As pesquisas científicas e os ensaios clínicos desenvolvidos até hoje proporcionaram avanços. Em decorrência disso, chegou-se ao estabelecimento de intervenções terapêuticas multidisciplinares e resultados mais eficazes.

No entanto, para quem quer saber se transtorno conversivo tem cura, a resposta ainda não é muito satisfatória. Infelizmente não existe ainda algo que elimine essa patologia da vida do indivíduo. Mas nada de desanimar! Para quem busca “transtorno dissociativo conversivo tratamento”, as respostas são positivas.

Como é o tratamento do transtorno conversivo?

A boa notícia é que o transtorno conversivo tem tratamento. Geralmente, implica em cuidados com uma equipe multidisciplinar. Isso envolve profissionais e terapias em conjunto.

  • Acompanhamento médico: o ideal é obter a supervisão e assistência de um psiquiatra e de um neurologista
  • Terapia cognitivo comportamental: tem uma função essencial para trazer mudanças comportamentais e cognitivas positivas
  • Psicoterapia psicodinâmica: as teorias psicanalíticas também são ótimas alternativas para provocar mudanças de padrão
  • Farmacoterapia: o uso de medicamentos pode ser necessário em alguns casos, mesmo havendo poucos estudos sobre o assunto
  • Fisioterapia: o fisioterapeuta pode ter um papel importante no desenvolvimento da coordenação motora e outras frentes terapêuticas
  • Mudanças positivas no comportamento
  • Melhora emocional
  • Redução dos sintomas físicos
  • Regressão no distúrbio funcional dos movimentos
  • Desenvolvimento de novos padrões de pensamento

Todas essas respostas benéficas e essa fundamentação reforçam a psicoterapia como uma ótima alternativa de tratamento. E essa afirmação vale não só para transtorno conversivo tratamento, como também para enfrentar os desafios da vida.

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Referências

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LANDEIRA-FERNANDEZ, J.; Cheniaux, E. Cinema e loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. Porto Alegre, Artmed, 2010.

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DIMSDALE, J. Transtorno Conversivo. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/sintoma-som%C3%A1tico-e-transtornos-relacionados/transtorno-conversivo