Salário emocional: o que é e como o RH pode inserir
Uma empresa que não cuida de seus funcionários, não se preocupa com o bem-estar deles ou os mantém motivados, é uma empresa que está fadada ao fracasso. Além de problemas internos, a empresa não consegue ser produtiva e tirar o que há de melhor em seus funcionários.
O salário e compensação financeira são extremamente importantes para garantir o bem-estar e qualidade de vida dos colaboradores, mas cada vez mais as empresas têm entendido também a importância do salário emocional. Um bom clima dentro da empresa, benefícios adicionais, acolhimento, são alguns dos elementos incluídos dentro do salário emocional.
Neste texto, iremos entender melhor o conceito de salário emocional, sua importância para o engajamento dos funcionários e estratégias que as empresas podem adotar para oferecer um pacote de benefícios completo e atraente.
O que é salário emocional?
O salário emocional é um conjunto de benefícios não financeiros oferecidos pelas empresas aos seus funcionários, que não estão incluídos nos benefícios obrigatórios por lei. Eles podem variar de empresa para empresa e cada uma pode escolher esses benefícios de acordo com as necessidades de seus colaboradores.
Esse salário emocional tem como principal objetivo aumentar a satisfação e motivação no trabalho, podendo ter como forma o reconhecimento dos funcionários, possibilidade de crescimento dentro da empresa, um ambiente de trabalho saudável e acolhedor ou serviços que incentivam os colaboradores a cuidar da saúde, como uma academia ou auxílio terapia.
Esses benefícios tornam os empregados muito mais motivados e engajados no trabalho, aumentando a produtividade e dando destaque para a empresa como um bom lugar para se trabalhar.
Idalberto Chiavenato, um renomado autor de obras literárias sobre administração e recursos humanos, cita que “As pessoas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional: elas passam a ser a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva em um mundo globalizado, instável, mutável e fortemente competitivo.”
Manter seus funcionários saudáveis e motivados a trabalhar, faz com que a empresa seja próspera e produtiva, se tornando um diferencial dentro do mercado.
O salário emocional surge como uma forma de as empresas demonstrarem que valorizam seus colaboradores não apenas como recursos produtivos, mas como seres humanos que desejam crescer e se desenvolver em um ambiente de trabalho saudável e positivo.
Salário emocional é mais importante que salário em dinheiro?
O salário emocional é muito importante para o ambiente dentro das empresas, no entanto, ele não pode substituir o salário remunerado, previsto em lei. O artigo 458, da lei 5.452 prevê que: “Além do pagamento em dinheiro, compreende-se no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações “in natura” que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas.”
Portanto, o salário emocional não pode e não deve substituir o salário em dinheiro, já que este atua na manutenção das necessidades dos funcionários, que não podem ser pagos apenas com benefícios subjetivos.
No entanto, a importância do salário emocional é grande. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a valorização do salário emocional, assim como um ambiente de trabalho saudável e o cuidado com o bem-estar físico e psicológico, dá destaque e fortalece a imagem de bom empregador de uma empresa.
Portanto, é importante que as empresas ofereçam um pacote de benefícios completo, que inclua tanto o salário financeiro quanto o salário emocional. Dessa forma, é possível atrair e reter talentos, garantindo a satisfação e produtividade dos funcionários e, consequentemente, o sucesso da empresa.
Quais são os benefícios do salário emocional?
O salário emocional é um benéfico não apenas para os colaboradores, mas para as empresas também. Veremos como esses benefícios podem ser observados.
Para as empresas
- Baixa taxa de Turnover (alta retenção de funcionários): com um ambiente que oferece benefícios e um clima de trabalho saudável, os funcionários tendem a permanecer por mais tempo no emprego, ao invés de procurar por novas oportunidades;
- Vagas mais atrativas: com um mercado cada vez mais competitivo, investir em um salário emocional é vantagem. Na busca por vagas, a empresa terá muito destaque para novos talentos, oferecendo mais do que apenas o salário remunerado ou o que é previsto por lei;
- Alto engajamento dos colaboradores: os colaboradores se tornam muito mais engajados em suas funções, buscando qualidade no trabalho;
- Maior produtividade: com funcionários mais motivados, a empresa consegue apresentar mais resultados e eficiência. A produtividade aumenta, bem como o lucro.
Para os colaboradores
- Mais saúde: dentro de um ambiente organizado e saudável, o colaborador se mantém muito mais saudável. Além disso, alguns dos benefícios podem interferir diretamente na saúde, como atividades físicas, cuidados com a saúde mental no trabalho e relaxamento;
- Aperfeiçoamento: com mais motivação, os funcionários começam a ir atrás de evoluir e se aperfeiçoar como profissionais. Isso faz com que eles desenvolvam habilidades e pontos fortes, sendo benéfico tanto para a empresa quanto para sua vida diária;
- Reconhecimento: o salário emocional pode incluir benefícios como promoções para funcionários com maior desempenho. Os colaboradores passam a ter seu esforço reconhecido, e se tornam muito mais produtivos e satisfeitos com seu trabalho;
- Saúde psicológica: Com o salário emocional, o ambiente de trabalho se torna muito mais tranquilo e organizado. Os colaboradores ficam mais tranquilos e satisfeitos com o que é oferecido, e evitam estresse. Além disso, as empresas podem oferecer como benefício o cuidado com a saúde mental, com o acompanhamento de psicólogos, terapeutas ou palestras e treinamentos.
Quais tipos de salário emocional existem?
Existem diversos tipos de salário emocional que podem ser oferecidos pelas empresas. Alguns exemplos são:
- Ambiente profissional saudável e acolhedor: fortalecer uma cultura de garante a segurança e bem-estar emocional com colaboradores no ambiente de trabalho;
- Reconhecimento e valorização do trabalho de cada funcionário: tenha uma cultura de feedback, elogios, prêmios e incentivos para garantir que seus colaboradores se mantenham engajados e felizes no trabalho;
- Oportunidades de crescimento: estabeleça planos de carreira e programas de desenvolvimento profissional, com treinamentos, cursos e capacitações para seus colaboradores;
- Flexibilidade de rotina: cada vez mais as empresas vêm adotando políticas de horários flexíveis, garantindo que seus colaboradores tenham tempo para realizar outras atividades e possam conciliar da melhor forma sua vida pessoal e profissional;
- Programas de lazer: funcionários felizes são aqueles que têm tempo e oportunidade para fazer outras atividades que lhe dão prazer, então busque incluir benefícios como por exemplo esportes, academias ou yoga;
- Cultura organizacional e comunicação bem definidos: quando um colaborador conhece e está de acordo com os valores, objetivos e missão de uma empresa, sua motivação tende a ser maior;
- Valorização da saúde emocional: muito se fala hoje sobre a saúde física, mas cada vez mais os problemas da saúde emocional, como por exemplo o burnout ou depressão, vem afetando a vida e desempenho dos trabalhadores. Por isso, as empresas precisam começar a pensar e valorizar esses aspectos dentro do salário emocional.
Esses são apenas alguns exemplos de salário emocional que podem ser oferecidos pelas empresas. O importante é identificar as necessidades e expectativas dos funcionários e buscar oferecer um pacote de benefícios que atenda a essas demandas.
Como o RH pode implementar o salário emocional?
Para que o salário emocional seja efetivo, ele deve ser executado de forma a trazer apenas benefícios, sem prejudicar qualquer pessoa dentro do ambiente de trabalho. Daremos algumas dicas de como o RH pode implementar esse salário em seu ambiente de trabalho.
Alinhe com os líderes
Os líderes devem estar alinhados e cientes da importância do salário emocional para seus liderados. O primeiro passo para que isso aconteça é que os gestores engajem seus colaboradores, e os mantenham motivados.
Além disso, a liderança é uma das principais bases para um bom clima organizacional dentro de uma empresa, evitando pressão sob seus funcionários, e que inspire motivação e não medo.
Conheça o perfil dos colaboradores
O próximo passo é entender as necessidades de seus funcionários, buscando identificar o perfil deles. Os benefícios ficam de acordo com o que se espera. Não adianta a empresa investir em benefícios que não serão utilizados por seus funcionários, resultando apenas no desperdício de tempo e dinheiro.
Inclua todos os funcionários
A gestão deve se certificar de que todos os funcionários estão envolvidos no salário emocional. Fazer distinção por algum motivo é injusto e os colaboradores se sentirão deixados de lado. É importante que todos estejam envolvidos, e que nenhuma injustiça seja cometida com quem quer que seja.
Faça uma pesquisa e veja o que é mais valorizado
Busque entender o que outras empresas vêm oferecendo para seus colaboradores e se essas iniciativas têm apresentado resultados positivos.
Além disso, uma pesquisa é um bom caminho para entender o que seus funcionários esperam da empresa. Isso ajudará a escolher melhor quais serão os benefícios disponibilizados, de modo que o salário emocional seja aproveitado por todos.
Utilizar dados comportamentais e mapear o bem-estar dos funcionários garante que a empresa possa ter insights mais personalizados, ajudando na definição de quais são os benefícios ideais para seus colaboradores.
O ZenManager é a plataforma do Zenklub para RHs que oferece esses dados comportamentais e de bem-estar de forma inteligente para orientar essa e outras estratégias do RH.
Não esqueça de focar no desenvolvimento de competências
Como explicamos, o salário emocional é muito importante dentro das empresas, tanto para a própria, quanto para os funcionários. No entanto, é importante que haja investimento nos colaboradores, não apenas na questão emocional, mas também no desenvolvimento de habilidades.
Ofereça treinamentos e capacitações que incentivem seus funcionários a aprender sempre. Esses treinamentos são importantes para que os colaboradores estejam alinhados com as novas exigências do mercado, e isso fará com que eles se sintam motivados a aprender, investindo em suas habilidades individuais.
Funcionários bem preparados são mais produtivos, e contribuem muito mais dentro da empresa!
Rui Brandão é médico, com experiência em Portugal, Brasil e Estados Unidos da América, e mestre em Administração pela FGV em São Paulo. Hoje é CEO & Co-fundador do Zenklub, plataforma de saúde emocional e desenvolvimento pessoal que oferece conteúdos, profissionais e ferramentas especializadas para mais de 1.5 milhões de pessoas no Brasil.