Conheça as histórias de quem venceu a ansiedade generalizada
A equipe do Zenklub conversou com pessoas que enfrentam o transtorno de ansiedade generalizada (T.A.G.) e descobriu como elas conseguiram tratar e mantê-la sob controle.
Além disso, todos passaram por acompanhamento profissional e têm aprendizados interessantes para dividir…
Clara Bauéb, 27, descobriu que pode assumir o controle
Zenklub: Quando foi que você percebeu que não era uma ansiedade normal?
Clara Bauéb: Quando eu era pequena sofri um trauma. No prédio em que eu morava em São Paulo tinha um rapaz esquizofrênico que ameaçou me matar e matar meu irmão. Por isso, por volta dos 13, 14 eu comecei a ter muita insônia e falta de ar. Fiz muitos exames, coração, pulmão e não tinha nada. Até ir em um psicólogo, ser diagnosticada e começar a fazer tratamento.
ZK: Mas como eram as suas crises de ansiedade?
CB: Eu sentia que parecia que tinha alguém apertando meu peito e não me deixava respirar. Sentia meu coração acelerado também.
ZK: Qual tratamento você fazia?
CB: Eu me consultava com um psiquiatra semanalmente e tomava remédios para ansiedade, mas nada forte. Além disso, umas vezes que tive crises mesmo de formigamento, mais velha, tomei Rivotril e Lorax.
ZK: Quanto tempo durou o seu tratamento?
CB: 5 anos
ZK: E você percebeu melhora desde aquela época ou ainda é uma coisa recorrente na sua vida?
CB: Eu melhorei bastante, mas são crises. Em algumas épocas eu fico ótima, mas outras vezes a crise vem do nada. Por exemplo agora que vou me mudar. Eu sinto que é algo que foge do meu controle.
ZK: E como você lida com isso? Existe alguma “técnica” para controlar essas crises?
CB: Eu tento desviar o foco e pensar positivo, porque quando a crise vem você fica desesperada. Também uso algumas técnicas de respiração
ZK: E o quão importante foi para você o acompanhamento profissional?
CB: Muito importante. Assim, eu consegui entender várias coisas melhor
ZK: Por exemplo…
CB: por exemplo a tentar não antecipar os acontecimentos. [Entendi] que as coisas acontecem naturalmente
O acompanhamento de profissional ensina a antecipar as crises de ansiedade generalizada
ZK: E não é só a ansiedade em si então? É tudo mais que ela causa?
CB: insônia, medo… Ou seja, você começa a achar que tem doenças. O problema maior pra mim é antecipar acontecimentos.
ZK: Algum comentário final ou algo que considere importante dividir sobre o tema?
CB: acho que as pessoas que têm esses sintomas precisam procurar ajuda e pensar que não é “problema” ou loucura… mas sim, que é algo sério realmente e é bom dividir isso com as pessoas.
A Michele Melão, 32, percebeu que tratar a ansiedade generalizada é cuidar da saúde:
Zenklub: Como a ansiedade afeta a sua vida?
Michele Melão: Atrapalha a vida pois você quer resolver tudo, sua vida inteira e na hora. Mas, as pessoas não conseguem entender isso e não acompanham esse timming. No final das contas você é o neurótico. Ou então começa a afetar diretamente sua saúde. Eu tenho pressão alta e a ansiedade potencializa isso. Sem contar os apertos no peito, a falta de ar e as mãos geladas que sinto, no meu caso.
ZK: Você já chegou a se consultar com algum profissional para tratar a sua ansiedade?
MM: Sim, na verdade faço tratamento pra isso. Já faz 1 ano e meio.
ZK: E desde então você tem percebido melhora?
MM: Com certeza. Você não deixa de ter T.A.G. de uma hora para a outra, mas você consegue lidar com mais tranquilidade com as coisas, focar mais, e lidar com mais naturalidade com as coisas que acontecem.
Você não deixa de ser ansioso de uma hora para outra, aprende a lidar
ZK: Quem são os profissionais que te acompanham?
MM: Hoje em dia é um psiquiatra pois só ele pode receitar algo. Mas já fiz terapia, acupuntura, já tomei florais, já fiz academia, tentei por diversos outros meios mais naturais que não foram tão eficazes. Meu cardiologista acabou me direcionando para esse profissional. Ansiedade é uma beleza para algumas coisas porque você vai e faz, e as pessoas reconhecem isso em você… mas tem o contra também.
ZK: E qual o lado negativo?
MM: o lado negativo é exatamente a questão saúde. É péssimo você querer resolver o mundo e não poder. O sentimento de frustração que fica, aquele aperto no peito de “podia ter feito mais”, de querer que as coisas aconteçam e elas não acontecem no seu ritmo. A gente acaba ficando irritadiça, sem paciência com as pessoas ao redor, então é o momento de parar respirar e procurar um help
ZK: Você tem algum comentário final? Alguma coisa que ache importante dividir sobre o assunto?
MM: Eu acho sim que a ansiedade é o novo mal do século e acho que as pessoas não podem ter vergonha de falar sobre isso, porque algumas ainda têm preconceito, principalmente em falar que vão ao psiquiatra para resolver o assunto.
E o Milton Gazzano Jr, 28, conseguiu enxergar novas possibilidades profissionais:
Zenklub: Quando foi que você percebeu que precisava de ajuda de um profissional?
Milton Gazzano Jr: Quando o eu percebi que era todo dia, o dia inteiro, que eu sofria com ansiedade. Eu me sentia muito mal, taquicardia, boca seca, não conseguia me concentrar nem raciocinar.
ZK: E quantos anos você tinha nessa época?
MG: 24. Foi na época de primeiro estágio. Na época de ser efetivado. Acho que isso potencializou.
ZK: E qual tratamento você buscou?
MG: Eu fui a uma psiquiatra indicada pela minha irmã e fiz terapia com ela por uns 2 anos.
ZK: E quais mudanças você percebeu desde então?
MG: Eu não me desespero mais com facilidade, vejo as coisas com mais clareza e encaro os problemas de uma forma diferente. Tomei remédio também, o que ajudou
ZK: Como você encara os problemas hoje?
MG: Você começa a perceber que existem coisas mais importantes do que ser o melhor no trabalho, dar o sangue por uma empresa que não é sua. Agora eu sei identificar melhor a urgência dos problemas, priorizar melhor as coisas na minha vida
ZK: Você acha que teria conseguido avançar tanto assim sem a ajuda de um profissional?
MG: Não. Inclusive, hoje insisto muito para minha mãe fazer terapia, porque eu sei da importância da ajuda
A melhor maneira de curar ansiedade é encarando o problema de frente. Se o transtorno te impede de levar uma vida feliz, não pense duas vezes: consulte um profissional. O Zenklub está pronto para ajudar.
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