A gravidez é um momento importante na vida da mulher. Enquanto algumas tentaram incansavelmente até conseguir, outras foram surpreendidas pela gestação não planejada. A partir do resultado positivo, a grande maioria das futuras mamães passa a contar os dias até a hora tão esperada de conhecer o bebê. 

Normalmente são 41 semanas de gestação, período em que a revolução hormonal que acontece no corpo mexe com as emoções e sentimentos. Também ocorre o ajuste de identidade, no qual a mulher passa a construir o papel de mãe e a incorporar as responsabilidades que ele traz.

Essas mudanças na vida da mulher podem levá-la para o caminho da autorrealização e da felicidade ou, então, para a alteração de sua saúde mental, com um quadro de ansiedade na gravidez, por exemplo.   

É normal ter crise de ansiedade na gravidez?

Tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo pode provocar ansiedade na gravidez. Até certo ponto, esse sentimento comum a todo ser humano é normal e esperado, porque a pessoa se encontra diante da nova situação que é gerar uma vida. 

São muitas dúvidas e inseguranças rondando a cabeça da gestante. Será que vou dar conta? O parto vai doer muito? O bebê vai ser saudável? Vou conseguir amamentar? Então, a ansiedade na gravidez só passa a ser um problema quando chega ao ponto de afetar a vida da mulher, algo que requer atenção e cuidado.    

Nem sempre é fácil reconhecer quando se trata de uma crise de ansiedade na gravidez. As oscilações de humor típicas dessa fase podem confundir e atrasar o diagnóstico. Por isso, é importante observar como a gestante está lidando com essas questões. 

Se essas preocupações estiverem absorvendo-a psicológica ou fisicamente ao ponto de incapacitá-la, é preciso buscar ajuda. Também é importante verificar se ela está se relacionando normalmente com as pessoas ou se está buscando isolamento.   

Sintomas de ansiedade na gravidez

Os sintomas de ansiedade na gravidez são basicamente os mesmos da ansiedade em geral. Mas como a futura mamãe passa por alterações fisiológicas, psíquicas, hormonais e sociais, ela fica mais vulnerável. Isso aumenta o risco de sofrimento emocional e de desenvolvimento de patologias psiquiátricas como ansiedade e depressão nas mulheres

Em se tratando de crise de ansiedade na gravidez, sintomas como angústia e negatividade são os mais comuns. Além deles, fazem parte da lista: 

  • Medo, angústia e preocupação intensos;
  • Desequilíbrio emocional;
  • Sentimento de culpa;
  • Sensação de que algo muito ruim vai acontecer;
  • Pensamentos negativos;
  • Sudorese;
  • Palpitação cardíaca;
  • Tremores;
  • Falta de ar;
  • Desinteresse em se relacionar com as pessoas; 
  • Insônia;
  • Estresse;
  • Aumento da pressão arterial.

Fatores de risco para a ansiedade na gravidez

Estudos sugerem que pode haver relação entre a ocorrência de ansiedade na gravidez e a ocupação da mulher: a incidência é maior nas que exercem atividades no lar em comparação às que trabalham. Esse dado evidencia o emprego como um elemento de proteção da saúde mental.

A maioria dos casos de ansiedade na gravidez ocorre no terceiro trimestre. Isso sinaliza que a reta final da gestação e a proximidade do parto também têm alguma influência. 

Alguns fatores podem tornar as mulheres mais propensas ao desenvolvimento da ansiedade patológica: 

  • Presença de doenças psiquiátricas;
  • Eventos altamente estressantes, como sofrer um assalto, por exemplo;
  • Sérios problemas financeiros ou familiares;
  • Consumo de drogas lícitas e ilícitas;
  • Gravidez indesejada;
  • Abortos em gestações anteriores;
  • Risco de morte fetal, de malformação ou de parto prematuro.

A ansiedade da mãe afeta o bebê?

O transtorno de ansiedade é considerado um fator de risco para a evolução da gravidez e para o bebê. Daí a importância de identificar o problema o quanto antes e buscar ajuda profissional para que ela possa superar a ansiedade de ser mãe. A agilidade na detecção da ansiedade ajuda a proteger a mãe de desenvolver doenças como a tocofobia.

Uma equipe de pesquisadores americanos conseguiu mostrar, por meio de imagens de ressonância magnética funcional, que o estado emocional da gestante pode gerar alterações cerebrais nos fetos. O estudo foi publicado na Revista de Neuropsicofarmacologia do American College of Neuropsychopharmacology. 

Ou seja, a situação emocional da mulher pode afetar a inteligência e alterar traços de personalidade do bebê que está em formação. Os impactos negativos podem se estender até a vida adulta, por exemplo, causando doenças degenerativas.  

Alguns resultados negativos para o bebê nascido de uma mãe com ansiedade são: 

  • Prematuridade;
  • Baixo peso ao nascer;
  • Score baixo de Apgar (uma escala que mede o estado geral do bebê ao nascer);
  • Complicações obstétricas;
  • Problemas de desenvolvimento físico e psicológico da criança;
  • Alterações cerebrais;
  • Doenças ao longo da vida;
  • Problemas afetivos na infância. 

 

O que fazer para amenizar a ansiedade na gravidez?

Saber como controlar a ansiedade na gravidez é um ponto de interesse para a gestante e seus familiares. Pelas restrições que essa situação impõe, as buscas mais frequentes na internet envolvem termos como “crise de ansiedade na gravidez o que tomar” e “remédios para ansiedade que podem ser tomados na gravidez”.

A boa notícia é que o cuidado com a ansiedade não depende apenas de medicação. Algumas iniciativas podem surtir um efeito positivo e até mesmo controlar a ansiedade na gravidez, sintomas e incômodos a ela relacionados.

Meditação, yoga e pilates 

O yoga e o pilates são atividades que ajudam a trabalhar o foco e a equilibrar a mente. Os movimentos realizados relaxam e fortalecem partes estratégicas do corpo muito recrutadas na gravidez e no parto, como o assoalho pélvico e a região abdominal.

Além disso, essas modalidades trabalham o controle da respiração, favorecendo a circulação sanguínea, normalizando a pressão arterial e promovendo bem-estar. O resultado é mais energia, disposição e tranquilidade. 

A meditação também beneficia o equilíbrio emocional. Ela permite que a gestante tenha uma visão mais serena sobre as coisas e lide melhor com tudo o que está acontecendo em sua vida. Os níveis de estresse se reduzem e ela consegue curtir esse momento tão especial. 

Dormir bem

A qualidade do sono também é um reflexo de como foi o dia. Então, procure fazer algumas pausas durante o dia, elevando as pernas se possível, para não chegar ao final do dia muito cansada. A dica de elevar as pernas ajuda a combater o inchaço e a dor que incomodam e atrapalham na hora de adormecer. 

A alimentação também é um detalhe importante para o sono. Reduzir o consumo de líquidos perto da hora de ir para a cama reduz a pressão do útero sobre a bexiga cheia e diminui as chances de precisar levantar para fazer xixi durante a noite. 

Um banho morno e relaxante pode ter ótimos resultados também. Aproveite a ocasião para fazer alguns exercícios de respiração para tranquilizar o corpo e a mente, preparando-se para uma boa noite de sono. 

Fazer atividade física

Com a devida orientação do obstetra, é possível se beneficiar (e muito) com a prática de exercícios. Além de fazer bem à saúde, eles são muito eficientes no combate à ansiedade porque liberam endorfina, conhecida como hormônio do prazer.  

A atividade física ainda produz substâncias anti-inflamatórias benéficas não apenas para a mãe, mas também para a placenta. Outra vantagem em ser uma gestante ativa é a proteção contra problemas gestacionais bem comuns, como diabetes, depressão e pré-eclâmpsia.  

A modalidade mais adequada vai depender do condicionamento físico e perfil da mãe. No caso das que já eram ativas antes da gravidez, é possível até manter a atividade, efetuando apenas alguns ajustes. 

É claro que alguns esportes não são permitidos, como os de contato ou com bola (como vôlei), mas atividades leves como caminhada, hidroginástica e alongamento estão liberadas. 

Planejar e se informar

Cuidar das roupinhas, organizar o quarto, fazer um plano de parto, preparar a mala da maternidade e escolher as lembrancinhas são atividades de planejamento que ajudam a concretizar a nova vida com o bebê. Essas ações voltadas para o futuro ajudam a tranquilizar as preocupações e dão a sensação de segurança.    

Também é de grande ajuda se manter informada. Acompanhar o que está acontecendo em cada fase da gestação e do desenvolvimento do bebê traz segurança para a mulher. Como ela tem noção do que esperar, não se assusta tão facilmente, mantendo os níveis de ansiedade mais controlados. 

Usar calmante natural para ansiedade na gravidez

Aquele chá para ansiedade na gravidez que as vovós sugerem pode ser um bom aliado. Porém, é importante verificar com o obstetra se há alguma contraindicação – afinal, cada gestante tem suas características clínicas e o que é bom para uma pode não ser tão benéfico para a outra. 

Um calmante natural para ansiedade na gravidez normalmente inofensivo é o suco de maracujá. Um chá de erva tranquilizante, como camomila, erva-doce, alfazema e cidreira também é de grande valia.

Fazer terapia 

A terapia evita ao máximo o emprego de medicação, que pode ter contraindicações e efeitos adversos indesejados para a mãe e para o bebê.

Falar sobre as preocupações, medos e inseguranças faz bem e alivia a pressão interna que a grávida está sentindo. Quando ela entende como seus pensamentos e emoções contribuem para reações disfuncionais ou prejudiciais, consegue ter mais eficiência na gestão de si mesma diante do estresse. 

O apoio de um terapeuta é fundamental para ajudá-la a superar a ansiedade e desfrutar plenamente da gravidez e do parto. Precisa de ajuda? O Zenklub oferece conteúdo e sessões de terapia de acordo com a sua necessidade. Agende uma sessão.

Referências

SILVA, Mônica Maria de Jesus. et al. Ansiedade na gravidez: prevalência e fatores associados. Revista da escola de Enfermagem da USP. 2017; 51:e03253. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reeusp/a/VksFnnCm69jLxXp3PdVXYHC/?lang=pt&format=pdf 
THOMASON, Moriah E. et al.Interactive relations between maternal prenatal stress, fetal brain connectivity, and gestational age at delivery. Neuropsychopharmacol. 46, 1839–1847 (2021). Disponível em: https://doi.org/10.1038/s41386-021-01066-7