Cada ser humano é único e possui suas próprias experiências e próprias necessidades, que os diferenciam dos outros. Você é uma pessoa diferente de todas as outras. Possui objetivos próprios, suas vontades e sua identidade. Vamos entender um pouco mais sobre humanismo como abordagem psicológica e a identidade de cada um.

O humanismo é estendido para a arte também. Com certeza você já viu a obra Monalisa, de Leonardo da Vinci, ou mesmo Michelangelo, com o Teto da Capela Sistina. Os dois são um dos maiores artistas humanistas, e suas obras refletem um foco maior no ser humano, suas expressões físicas e corporais. 

Entenderemos um pouco melhor sobre o humanismo e como ele funciona no meio psicológico, dando uma atenção total para o homem e sua natureza.

O que é humanismo?

O humanismo é um movimento histórico-cultural que trouxe uma reflexão mais voltada para o ser humano. O movimento surgiu no século XV, na Itália, e substituiu o teocentrismo (Deus como centro de tudo), pelo antropocentrismo (homem como centro das coisas), trazendo um olhar mais aprofundado para o homem, com foco nas artes voltadas para as expressões faciais e corporais, e reflexões sobre a natureza do ser humano.

O movimento trouxe inúmeras revoluções. Além de marcar a transição da Idade Média para a Moderna, o movimento revolucionou as artes, a literatura e a psicologia. Esse movimento trouxe um questionamento para linhas psicológicas anteriores.

Quando a psicologia humanista surgiu?

A psicologia Humanista surge em 1950 como uma “terceira força”. Ela surge como um questionamento de outras especialidades e da primeira e segunda força, o behaviorismo (estuda a psicologia através do comportamento do homem), e a psicanálise (foco no inconsciente do indivíduo e em sua reação a acontecimentos passados).

Os humanistas rejeitam esses dois pensamentos, pois seriam limitações. Os humanistas acreditavam que o behaviorismo e a psicanálise eram pessimistas, focadas em sentimentos mais trágicos. 

Também criticavam que essas duas linhas eram deterministas, ou seja, achavam que os acontecimentos do presente eram baseados em causas anteriores. Os humanistas acreditam que a essência do homem é boa, que ele é naturalmente bom e capaz de superar qualquer obstáculo.

Foi assim que a psicologia humanista nasceu. Ela levou em conta a escolha pessoal do indivíduo e a natureza de cada um. Os humanistas têm maior foco no positivismo, e dão maior ênfase para as qualidades do ser humano. 

É importante ressaltar que as características da psicologia humanista sofreram algumas críticas, que são pautadas especificamente na individualidade de cada ser humano, como:

  • subjetivismo: como a psicologia é pautada em cada ser humano, e em cada experiência, não há nenhuma comprovação de auto-realização de alguma pessoa, então só resta confiar na palavra de cada um;
  • rejeição à abordagem científica empírica: alguns dos conceitos do humanismo são difíceis de serem provados, por serem pessoais. Temas como a autorrealização, o alcance da realização pessoal ou as experiências de cada um são difíceis de serem medidos.

A psicologia humanista tem dois grandes teóricos e fundadores. Abraham Maslow (1908-1970) focou em uma hierarquia de necessidades do ser humano, indo desde as mais básicas, às mais abstratas. 

Carl Rogers (1902-1987) contribuiu com a visão no foco da capacidade de cada indivíduo e não da doença, ou seja, ele acreditava que cada ser humano conseguia encontrar o próprio tratamento para sua enfermidade, com base em que ele seria a responsável pela própria mudança, junto com o ambiente e ajuda de outros indivíduos. 

Quais são as características do humanismo?

O Humanismo possui uma série de características, que são responsáveis pelo direcionamento do indivíduo através da terapia. 

Vamos conhecer agora as principais características da abordagem de terapia humanista e entender o que é necessário saber para escolher um psicólogo que possa te ajudar dentro dessa teoria da psicologia:

Terapia centrada na pessoa

Desenvolvida por Carl Rogers, a Terapia Centrada na Pessoa (TCP) se refere à um desenvolvimento do indivíduo. O foco não é em experiências e problemas já vividos, como o humanismo critica essa volta ao passado, mas nos sentimentos da pessoa no presente e em sua busca natural pela auto-realização. 

Foca também no conhecimento do indivíduo, em que ele buscaria um amadurecimento pessoal. Difere-se de outros segmentos de terapia pois não se baseia na doença.

Auto-atualização

A atualização seria uma tendência do indivíduo pela satisfação de suas necessidades e atualização de suas capacidades. Essa tendência de atualização faz com que o indivíduo consiga se conectar consigo mesmo, entender sua personalidade, e a partir daí, ele consegue tomar decisões que se conectem com quem ele realmente é.

Para o humanismo, sem a auto-atualização, a pessoa não entende sua personalidade, e consequentemente, ela se afasta de sua essência, podendo causar um distúrbio comportamental. A auto-atualização seria então uma busca por crescimento pessoal e psicológico

Livre arbítrio

Outra característica muito presente na psicologia humanista é o livre-arbítrio. No livre-arbítrio, todo ser-humano tem suas próprias escolhas, e seus comportamentos não são determinados. 

Esse livre arbítrio leva o ser humano a buscar seu próprio potencial, por isso o humanismo está centrado no estudo do ser humano como único, cada um com suas vontades diferentes de outros.

Autoconceito

O autoconceito, também proposto por Rogers, pauta que conforme o indivíduo adquire novas experiências e características, seus conceitos mudam ou são reforçados. Para Rogers, pessoas bem psicologicamente possuem conceitos bem definidos e realistas.

Esse autoconceito realista faz com que o indivíduo se poupe da angústia psicológica que acontece quando o indivíduo confunde seu autoconceito real, e o ideal para si, aquilo que ele busca ser. 

Essa capacidade de mudar seus próprios conceitos, faz com que o indivíduo tenha capacidade para dar direção ao seu próprio tratamento psicológico. O autoconceito ajuda o indivíduo a não se auto-destruir, já que ele entende o tamanho de sua capacidade.

O autoconceito aproxima a pessoa de seu eu ideal. Se sua imagem idealizada não está de acordo com quem ela realmente é, causa desequilíbrio e sofrimento. Isso prega que a pessoa esteja alinhada com quem ela deseja ser, para que atinja um equilíbrio e saiba seu valor.

Experiências do indivíduo

A experiência do indivíduo é aquilo que o torna único. O humanismo centra nessa experiência, pois reforça que cada ser humano é único, e que deve ser tratado como tal. As experiências de cada um formam a personalidade de hoje, e cada escolha do indivíduo deve seguir sua essência.

Essas experiências ajudam a entender o próprio comportamento de cada pessoa e, a partir daí, orienta suas escolhas baseadas em sua personalidade.

Foco no presente

Essa característica está relacionada com as críticas ao behaviorismo e à psicanálise, já que buscam experiências anteriores do indivíduo. O humanismo prega que seja desvinculado dos problemas vividos anteriormente, e um foco em todos os sentimentos de cada pessoa, e principalmente os sentimentos no presente.

A pirâmide das necessidades de Maslow

Uma das maiores contribuições de Maslow, foi a pirâmide das necessidades. Basicamente, a pirâmide é uma escala de necessidades humanas que busca a auto-realização e uma melhora pessoal 

A pirâmide de Maslow explica seu foco nas capacidades positivas do ser humano, não se prendendo às deficiências. Ele buscava mostrar a motivação do ser humano através apenas de experiências positivas. A cada necessidade satisfeita, uma nova era apresentada, assim o ser humano busca satisfazer suas necessidades e alcançar um equilíbrio pessoal.

Começaremos então pelas necessidades mais básicas, partindo da base da pirâmide.

  • Necessidades fisiológicas: são as mais básicas para a sobrevivência do ser humano, como alimentação, água, sono, comida;
  • Necessidades de segurança: essa segurança se refere a qualquer tipo. Elas devem preservar o físico e o emocional do indivíduo. Pode ser segurança de emprego, de propriedade, financeira, entre outras;
  • Necessidades sociais: se referem ao relacionamento do indivíduo com outras pessoas e necessidade de pertencimento, seja amizade, amor ou família;
  • Necessidade de estima: esse nível se refere a status e ego pessoal, pautado em autoconfiança, auto-estima, respeito;
  • Necessidade de realização pessoal: é o objetivo final, ou seja, o topo da pirâmide. É quando os indivíduos suprem todas as outras necessidades.. São pessoas criativas, espontâneas, são mais alegres e realizadas.

Como o humanismo é usado na terapia?

A Terapia Humanista procura aproximar o terapeuta do indivíduo através da empatia. A terapia aplica todas as características psicológicas do humanismo, onde o terapeuta não julga seus pacientes e não se utiliza de diagnósticos, focando apenas no próprio paciente, e em seus pontos fortes, que ajudarão a própria pessoa a se descobrir e entender o que deve ser feito para que ela saia de seus problemas.

Esse tipo de abordagem terapêutica na psicologia é usada não apenas para tratamento de doenças mentais, mas também para pessoas que querem se entender, melhorar e alcançar a realização pessoal. Ela auxilia para que haja um auto-entendimento e que cada um possa explorar melhor sua identidade.

Essa terapia se utiliza muito do diálogo, incentivando o paciente a se expressar. Ela trata de pacientes com transtornos mentais, mas também ajuda as pessoas a explorarem seus pontos fortes e descobrir suas habilidades, pessoas que não encontram objetivos e que não gostam de quem são.

A terapia humanista explora os pontos fortes de cada indivíduo, e trata cada um com familiaridade, sem posições de autoridade ou de julgamento. Ele acolhe as pessoas, e procura mostrá-las suas próprias vontades e como buscar satisfação pessoal com êxito.

Conclusão

O humanismo é um movimento histórico-cultural que marcou diversas áreas da sociedade, como por exemplo a história, arte, literatura e também a psicologia. A teoria humanista se estendeu também, tornando-se uma abordagem da psicoterapia, focada principalmente na individualidade da pessoa e na situação presente. 

A psicoterapia é uma ferramenta poderosa e grande aliada da saúde mental e emocional. Conhecer os diversos tipos de terapia e abordagens terapêuticas pode abrir portas para o autoconhecimento, para superar desafios e tratamento de diversos transtornos.

Buscar ajuda profissional não deve ser vergonha e a terapia já ajudou e continua ajudando muitas pessoas. O psicólogo é um profissional capacitado que age de acordo com um código de ética visando o melhor atendimento para quem o procura.

Conheça os especialistas do Zenklub e encontre o profissional certo para você! 

COMECE AGORA.

Referências

RIVEROS AEDO, Edgardo. Psicologia Humanista: suas origens e significado no mundo da psicoterapia para meio século. Ajayu Órgano de Difusión Científica del Departamento de Psicología UCBSP, v. 12, n. 2, p. 135-186, 2014.

GOMES, William Barbosa et al. Psicologia humanista no Brasil. História da psicologia no Brasil do século XX. São Paulo: EPU, 2004.