Imipramina: o que você precisa saber sobre esse medicamento
O cloridrato de imipramina é um medicamento que serve para tratar, entre outras questões, quadros depressivos.
Esse fármaco está na mesma classe de antidepressivos que medicações bastante conhecidas como, por exemplo, a amitriptilina. Ou seja, a imipramina se encontra no grupo de antidepressivos chamados tricíclicos.
Há apresentações de drágeas e comprimidos de imipramina com as seguintes doses:
- 10mg;
- 25mg;
- 75mg;
- 150mg.
A imipramina tem vários nomes comerciais. O usado como referência (aquele que recebeu a patente) os nomes de Tofranil® e Tofranil Pamoato® (ambos fabricados pelo laboratório Novartis).
Embora não haja a opção de genérico, há também opções de versões similares da imipramina disponíveis no mercado, entre elas:
- Depramina® (Teuto);
- Mepramin® (UCI);
- Praminan® (Cazi);
- Uni Imiprax® (União Química);
- Imipra® (Cristália).
Para que serve a imipramina?
Como a imipramina funciona e age no organismo?
Para que a imipramina é indicada?
Depressão
Enurese e incontinência urinária
Condições dolorosas crônicas
Crises de pânico
Existem contraindicações? Quais?
Quais os efeitos esperados?
Quais os efeitos colaterais causados pela imipramina?
Efeitos da ação anticolinérgica
Efeitos colaterais da adaptação ao cloridrato de imipramina
Problemas cardiovasculares
Gastrointestinal e metabolismo
Problemas sexuais
Quais os efeitos de tomar imipramina com outros remédios?
Síndrome serotoninérgica
Hipertensão
Aumento dos efeitos colaterais
O que corta o efeito da imipramina?
A Imipramina pode gerar dependência?
Quais cuidados devo ter ao usar a imipramina?
Quando interromper o tratamento de imipramina?
Dúvidas Frequentes
Resumo
Referências
Para que serve a imipramina?
Basicamente, a imipramina serve para tratar depressão em suas diversas formas que são identificadas por um especialista em saúde mental, entre elas:
- Depressão endógena (unipolar, bipolar, involutiva);
- Depressão somatogênica (orgânica, sintomática);
- Depressão psicogênica (neurótica, reativa, de esgotamento, depressão associada c/ distúrbios da personalidade);
- Distúrbios depressivos do humor de natureza reativa, neurótica ou psicopática, incluindo seus equivalentes somáticos, inclusive em crianças;
- Síndromes depressivas na pré-senilidade e senilidade, associados possivelmente c/ hipocondria, assim como choro convulsivo e perda do controle emocional;
- Síndromes depressivas devido à arteriosclerose, acidentes vasculares cerebrais, doença de Parkinson, moléstias somáticas crônicas, condições crônicas e alcoolismo.
Além disso, a imipramina também serve para tratar outras condições como:
- Ataques de pânico;
- Pavor – terror – noturno (episódios de gritos, medo intenso e agitação durante o sono, muitas vezes junto com sonambulismo);
- Enurese noturna (em crianças acima de 5 anos de idade onde é excluída a possibilidade de causas orgânicas);
- Condições dolorosas crônicas.
Veja também: Teste de Depressão
Como a imipramina funciona e age no organismo?
A principal ação do cloridrato de imipramina é, assim como acontece com praticamente todos os psicofármacos, no cérebro.
No caso dessa medicação, há a inibição de principalmente dois neurotransmissores, a citar:
- Serotonina;
- Noradrenalina.
Ambos costumam estar diminuídos em quadros depressivos e ansiosos.
Assim, o cloridrato de imipramina possui uma ação “mista”, por meio da inibição da recaptação (da fenda que separa um neurônio do outro) e posterior degradação dos neurotransmissores citados.
Além dessa ação principal, há outras ações no organismo que podem ser tanto terapêuticas como também gerar efeitos colaterais. São elas:
- Alfa-adrenolítica (entre outros efeitos, há a contração da uretra);
- Anti-histamínica (reduzindo sintomas alérgicos);
- Anticolinérgica (ação que propicia o tratamento a questões de enurese e incontinência urinária, por exemplo).
Para que a imipramina é indicada?
Devido sua ação abrangente, a imipramina serve não só para tratar questões psíquicas como também físicas.
Confira quais são as principais indicações da imipramina indicadas na bula:
Depressão
Essa sem dúvida é a principal questão para a qual a imipramina é utilizada.
Ela pode ser prescrita por um médico em associação com outro remédio antidepressivo ou sozinha.
Ademais, a imipramina é útil para tratar tanto a depressão unipolar quanto a bipolar (associada a quadros de mania em pacientes com transtorno bipolar).
Enurese e incontinência urinária
Crianças maiores de 5 anos que apresentem casos de micção involuntária durante a noite, podem fazer o uso de imipramina para conter o problema.
A imipramina também é uma droga segura para tratar problemas em que há dificuldade de controlar a micção (incontinência urinária).
Isso acontece porque a imipramina tem uma ação chamada alfa-adrenolítica (que contrai a musculatura da uretra, diminuindo a chance de uma micção indesejada) e também anticolinérgica (bloqueio do neurotransmissor acetilcolina, responsável, entre várias funções, pela micção).
Condições dolorosas crônicas
A ação anticolinérgica também pode ajudar com quadros álgicos que perduram há algum tempo.
Afinal, esse efeito promove um relaxamento muscular, uma vez que a acetilcolina é o principal neurotransmissor relacionado com a contração muscular.
A partir do momento que os receptores de acetilcolina musculares são bloqueados pelo cloridrato de imipramina, diminui-se a tensão dos músculos, podendo promover alívio das dores.
Crises de pânico
Embora não seja o medicamento mais comum para o tratamento de transtornos de pânico, a imipramina também pode ser usada para esse fim.
A sua prescrição varia com a disponibilidade de fármacos e também com a resposta de cada paciente que deve ser analisada de forma individualizada.
Vale pontuar que todas as questões para que serve a imipramina não devem ser tratadas só com medicação, mas também é importante buscar ajuda de terapia com especialistas a fim de conseguir os melhores resultados possíveis.
Existem contraindicações? Quais?
Assim como todos os psicofármacos, há contraindicações para o cloridrato de imipramina. As principais são:
- Alergia à substância ou a algum dos componentes da fórmula;
- Utilização atual ou nos últimos 14 dias de medicação inibidora da monoaminoxidase (IMAO’s);
- Histórico de infarto agudo do miocárdio ou outros problemas cardíacos;
- Homens com próstata aumentada;
- Presença de ideações suicidas;
- Prisão de ventre ou dificuldades para urinar;
- Glândula da tireoide hiperativa;
- Quadros de epilepsia;
- Alguns problemas de fígado e rins;
- Glaucoma (aumento da pressão dentro dos olhos);
- Evitar durante a gravidez (a imipramina é da classe D, ou seja, há evidências de risco em fetos humanos);
- Mulheres que estão amamentando;
Quais os efeitos esperados?
Espera-se que no início do tratamento com cloridrato de imipramina sintomas de ansiedade possam aumentar ou surgir.
No entanto, esses efeitos costumam durar poucos dias e, após 2 a 4 semanas, os efeitos terapêuticos para depressão já podem ser observados.
Para o tratamento de enurese noturna, incontinência urinária e dores crônicas, espera-se um efeito mais rápido.
Quais os efeitos colaterais causados pela imipramina?
Como a ação do cloridrato de imipramina é bastante abrangente, podem ser apresentados efeitos colaterais diversos, entre eles:
Efeitos da ação anticolinérgica
São os mais frequentes, envolvendo a possibilidade de apresentar sinais e sintomas por todo o corpo, entre eles:
- Secura da boca (xerostomia);
- Constipação intestinal;
- Sudorese;
- Flush cutâneo (vermelhidão da pele);
- Alterações na acomodação visual e/ou visão turva.
Por conta desses efeitos, o medicamento é contraindicado para pessoas que tenham problemas relacionados com a ação de acetilcolina.
Efeitos colaterais da adaptação ao cloridrato de imipramina
Sobretudo no início do tratamento com imipramina, o cérebro passa por um “estágio de adaptação” às maiores quantidades de neurotransmissores serotonina e noradrenalina.
Isso pode causar podem ser notados alguns sintomas psicológicos e até mesmo corporais, entre eles;
- Fadiga;
- Alterações do sono;
- Estado de ansiedade aumentado;
- Sensação de inquietude e agitação;
- Oscilação de depressão para hipomania ou mania (chama-se de virada maníaca);
- Sintomas de delirium (confusão acompanhada de desorientação e alucinações) – particularmente em pacientes com da doença de Parkinson;
- Agressividade (casos isolados).
Nesse sentido, alguns efeitos neurológicos também podem surgir:
- Tremores;
- Sensação de formigamento;
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Ataques epilépticos (raramente, mas pessoas com epilepsia devem evitar o uso da imipramina).
Problemas cardiovasculares
Uma das principais contraindicações contidas na bula do cloridrato de imipramina é referente a problemas cardíacos, uma vez que podem ocorrer efeitos colaterais fatais em caso de uso da medicação por pessoas cardiopatas.
Entre os efeitos possíveis estão:
- Arritmias;
- Distúrbios da condução (ampliação do complexo QRS e do intervalo PR, bloqueio do feixe atrioventricular);
- Palpitações;
- Elevação na pressão arterial;
- Descompensação cardíaca;
- Reações vaso espasmódicas periféricas.
Gastrointestinal e metabolismo
Sobretudo se seu uso for feito em jejum (o que não é indicado), o cloridrato de imipramina poderá causar:
- Náusea;
- Vômito;
- Azia;
Além disso, embora alguns casos de pacientes que utilizam essa medicação possam ter uma diminuição do apetite, pode-se observar ganho de peso por conta da redução do metabolismo.
Problemas sexuais
Em alguns casos, a imipramina pode apresentar efeitos sexuais, causando:
- Problemas de ereção nos homens (impotência sexual);
- Diminuição da libido;
- Dificuldade de atingir o orgasmo.
Quais os efeitos de tomar imipramina com outros remédios?
É importante, antes de fazer o uso do cloridrato de imipramina, relatar ao médico todos os medicamentos (inclusive fitoterápicos e outros suplementos) que se faz uso, pois algumas das possíveis interações envolvem:
Síndrome serotoninérgica
Dá-se por conta de uma quantia muito alta de serotonina no cérebro.
Trata-se de uma reação que pode levar à morte e geralmente provoca os seguintes sintomas:
- Febre alta;
- Espasmos musculares;
- Ansiedade;
- Delírio.
Pode ocorrer ao associar a imipramina com medicamentos da classe dos IMAO’s.
Hipertensão
Por sua ação nos receptores alfa adrenérgicos, pode-se resultar em diminuição do calibre dos vasos sanguíneos e, por tabela, aumento da pressão.
Isso é especialmente preocupante ao associar imipramina com medicações como:
- Clonidina;
- Epinefrina;
- Norepinefrina.
Aumento dos efeitos colaterais
Algumas medicações, quando associadas à imipramina, podem gerar aumento das concentrações da substância no organismo do paciente, causando maiores chances de efeitos colaterais graves.
Os fármacos que podem causar esse efeito são:
- Cimetidina;
- Fluoxetina;
- Fluvoxamina;
- Paroxetina;
- Sertralina.
O que corta o efeito da imipramina?
Como a imipramina é metabolizada por enzimas do fígado, existem medicações que podem acelerar a degradação dessa substância.
O álcool, por exemplo, pode acelerar um conjunto de enzimas do grupo do citocromo P450, o que pode fazer com que a imipramina se degrade mais rápido do que deveria.
Isso causa problemas na eficácia do tratamento. Então, o recomendável é evitar o álcool ao fazer uso do cloridrato de imipramina.
A Imipramina pode gerar dependência?
O cloridrato de imipramina não gera dependência química.
Isto é, apesar de poder criar um hábito do uso e eventuais sintomas psíquicos de sua retirada, não há desenvolvimento de:
- Sintomas de abstinência – conjunto característico de sinais e sintomas que ocorrem após a interrupção;
- Tolerância – resposta medicamentosa reduzida, que ocorre quando o medicamento é usado repetidamente e o corpo se adapta a sua presença constante.
Contudo, os fármacos de receita amarela (estimulantes e opióides) e receita azul (benzodiazepínicos) podem causar dependência química.
Quais cuidados devo ter ao usar a imipramina?
É importante tomar certos cuidados durante o uso dessa medicação, entre eles:
- Evitar ou, em caso de necessidade, tomar atenção redobrada em casos de atividades que exijam atenção como, por exemplo, dirigir;
- Não ingerir bebida alcoólica;
- Pacientes com tendência suicida aos quais se foi prescrito imipramina, não devem ter acesso a grandes quantidades do medicamento e devem iniciar tratamento preferencial em hospital;
- Em caso de secura da boca, pode-se mascar chicletes ou gomas sem açúcar para estimular a produção de saliva.
- Não suspender a medicação sem avisar o médico, uma vez que, a depender da dose utilizada, pode-se ser necessário realizar um desmame (retirar aos poucos);
- Evitar mudanças bruscas de posição e levantar devagar, quando estiver sentado ou deitado a fim de evitar tontura;
- Para evitar a vermelhidão na pele, não se expor ao Sol e aos raios ultravioleta, realizar bronzeamento artificial e utilizar roupas que protejam bem a pele e filtros solares.
- Ingerir alimentos ricos em fibras e ingerir grande quantidade de líquidos para evitar a prisão de ventre.
- Ter ciência que, mesmo após a cessação do uso do fármaco seus efeitos podem persistir por até uma semana.
Quando interromper o tratamento de imipramina?
O tratamento deve ser interrompido de acordo com a questão que se pretende tratar.
Por exemplo, para tratar quadros de depressão nas pessoas que nunca os tiveram antes, costuma-se interromper o tratamento por volta de 1 ano após a melhora dos sintomas.
Por outro lado, em alguns casos o uso de imipramina se dá por tempo indeterminado.
Tudo isso é estabelecido de forma individualizada pelos profissionais da saúde mental que estão acompanhando o tratamento, sobretudo o médico psiquiatra.
Dúvidas Frequentes
- Imipramina dá sono?
A sonolência é um dos efeitos colaterais possíveis da imipramina, pois se trata de uma medicação que age no cérebro e aumenta a quantidade de serotonina, neurotransmissor ligado, entre outros pontos, ao relaxamento e bem-estar.
- Imipramina engorda ou emagrece?
Apesar de poder causar a diminuição de apetite (hiporexia), a imipramina pode causar a queda do metabolismo, contribuindo para ganho de peso. O recomendado é buscar auxílio nutricional para realizar uma alimentação balanceada que impeça o ganho de peso.
- Qual a dose máxima da imipramina?
Nos casos de depressão, a dose máxima diária não deve ultrapassar 200 mg para adultos não internados e 300 mg para adultos internados. Já nos casos do tratamento para dor crônica, a dose limite para tratamento em casa é de 300 mg.
Resumo
O cloridrato de imipramina é uma medicação da classe dos antidepressivos tricíclicos utilizada para tratar não só depressão, mas também distúrbios relacionados à micção e também dores crônicas.
Embora esse medicamento seja parte importante do tratamento, por si só não constitui todas ferramentas disponíveis para promover a saúde mental do paciente.
Por isso, além do uso da medicação é essencial procurar ajuda terapêutica a fim de realizar o tratamento de forma integral e eficaz.
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Referências
1) https://bula.medicinanet.com.br/bula/2796/imipramina.htm
2) https://www.medicinanet.com.br/conteudos/medicamentos/827/imipramina.htm
3)https://www.cristalia.com.br/arquivos_medicamentos/109/Bula_Imipra_Pac_AR_AM_31082017.pdf