Haloperidol: o que você precisa saber sobre esse medicamento

O haloperidol, popularmente conhecido por seu nome comercial de referência (Haldol®), é um remédio da classe dos antipsicóticos típicos que serve para tratar psicose em vários transtornos.

A mesma indústria farmacêutica que produz o Haldol® – Janssen-Cilag (comprimidos 1 e 5 mg ou gotas) também produz a versão chamada Haldol Decanoato® que é a apresentação em injeções intramusculares do haloperidol.

Outros nomes comerciais do haloperidol são:

Decan Haloper® (União Química)
Halo Decanoato® (Cristália) – solução injetável 5 mg/1 mL
Uni Haloper® (União Química)

Sumário

Para que serve?

Como funciona e como age no organismo?

Para que é indicado?

Esquizofrenia e outras psicoses

Síndrome de Korsakoff

Estados maníacos

Distúrbios do movimento

Vômito

Existem contraindicações? Quais?

Quais os efeitos esperados?

Quais os efeitos colaterais?

Sintomas Neurológicos Extrapiramidais

Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM)

Outros

Quais os efeitos de tomar com outros remédios?

O que corta o efeito do haloperidol?

Haloperidol pode gerar dependência?

Quais cuidados devo ter ao usar o haloperidol?

Quando interromper o tratamento?

Dúvidas Frequentes

Resumo

Referências

Para que serve?

O haloperidol serve para tratar uma série de condições que envolvem psicose.

Como psicose se entende transtornos do pensamento, de afeto e do comportamento como:

Acreditar em ideias que não correspondem à realidade (delírios);
Desconfiança não usual;
Ouvir ou ver ou sentir coisa que não está presente (alucinações);
Confusão (algumas vezes associada ao alcoolismo);
Agitação psicomotora.

Além disso, segundo a bula do haloperidol ele serve para tratar distúrbios do movimento que contenham sintomas como:

Tiques;
Soluços;
Náusea e vômito.

Como funciona e como age no organismo?

O haloperidol tem o efeito de inibir fortemente os receptores do neurotransmissor dopamina, especialmente os receptores D2 (os mesmos nos quais agem outros antipsicóticos como, por exemplo, a ziprasidona).

Isso aumenta a quantidade de dopamina entre os neurônios, causando os efeitos terapêuticos e também os colaterais.

As regiões do Sistema Nervoso Central mais afetadas pelo haloperidol são:

Mesocórtex
Sistema límbico
Gânglios da base.

Para que é indicado?

Desde a década de 1960, quando foi lançado, o remédio haloperidol é usado no contexto psiquiátrico para tratar uma série de condições.

As principais indicações dessa substância são para:

Esquizofrenia e outras psicoses

Haloperidol serve para tratar delírios e alucinações característicos do subtipo paranóide da esquizofrenia e de outras psicoses (como o transtorno de personalidade paranóide).

Além disso, o haldol tem também efeitos contra os chamados sintomas negativos da esquizofrenia como confusão mental.

Por ser uma opção barata, segura e eficaz, o haloperidol normalmente é a droga de escolha para tratar psicoses.

Caso essa substância não trate adequadamente a condição, pode-se lançar mão de outras medicações antipsicóticas com maior grau de efeitos colaterais como, por exemplo, a clozapina.

Síndrome de Korsakoff

Quadro que corre em dependentes químicos do álcool por conta de uma carência da vitamina B1 (absorção é inibida pelo consumo alcóolico).

É uma perturbação neurológica que se caracteriza por amnésia dos indivíduos, desorientação e problemas oculares.

Juntamente com a reposição da vitamina B1, o tratamento pode envolver haloperidol, sobretudo se houver sintomas como:

Confusão mental;
Alucinações;
Apatia;
Dificuldade em comunicar.

Estados maníacos

O haloperidol serve para tratar a agitação extrema e agressividade que pode surgir nos estados maníacos do transtorno bipolar.

Por seu bloqueio dopaminérgico, o haloperidol diminui a psicomotricidade (movimentos) do paciente, reduzindo o risco de danos para o paciente e para as pessoas ao redor.

Distúrbios do movimento

Por sua ação em regiões do cérebro responsáveis pelo movimento, o haloperidol ajuda a conter síndromes que causam movimentos involuntários. Por exemplo:

Soluços
Tiques
Disartria (dificuldade de articular as palavras)
Coreia – síndrome caracterizada por movimentos involuntários rítmicos, rápidos e abruptos
Síndrome de Gilles de la Tourette – distúrbio do sistema nervoso que envolve movimentos repetitivos ou sons indesejados (como palavrões).

Vômito

Por fim, o haloperidol também serve para tratar náuseas e vômitos que não respondem a outras medicações antieméticas como:

Inibidores do receptor 5-HT3 (por exemplo, a ondansetrona);
Outros bloqueadores dopaminérgicos (por exemplo, metoclopramida).

Existem contraindicações? Quais?

O haloperidol deve ser evitado nas seguintes situações:

Estados comatosos
Depressão do Sistema Nervoso Central devido a bebidas alcoólicas ou outras drogas depressoras
Doença de Parkinson
Hipersensibilidade ao haloperidol ou aos outros excipientes da fórmula
Lesão nos gânglios de base
Afecções neurológicas acompanhadas de sintomas piramidais ou extrapiramidais
Encefalopatia orgânica grave
Formas graves de nefro e cardiopatia
Depressão endógena (causada por desequilíbrios neuro-hormonais)
Mulheres que estão amamentando
Primeiro trimestre de gestação.

Além disso, o haloperidol deve ser usado com cautela (avaliar risco e benefício antes da prescrição) quando o paciente apresentar:

Alcoolismo;
Angina do peito (dor no peito);
Arritmia cardíaca;
Bloqueio cardíaco;
Cor amarelada na pele ou nos olhos (icterícia);
Diminuição do cálcio no sangue;
Doença respiratória;
Encefalite;
Epilepsia;
Feocromocitoma (tumor da glândula adrenal);
Glaucoma;
Hipertrofia benigna da próstata;
Insuficiência cardíaca congestiva;
Problema em válvula do coração;
Retenção urinária;
Síndrome de Reye (doença grave no fígado e cérebro);
Traumatismo na cabeça;
Tireotoxicose.

Quais os efeitos esperados?

Os efeitos terapêuticos do remédio haloperidol demoram de duas a 3 semanas para serem mais evidentes.

Em cada condição tratada se espera a redução dos sintomas característicos, mas via de regra o após o uso da substância:

Redução de delírios e alucinações
Maior clareza mental
Lentificação dos movimentos
Diminuição da agressividade
Melhora de sintomas de náusea e vômitos.

Vale destacar que os efeitos do Haldol Decanoato (versão injetável intramuscular) são mais rápidos (cerca de 20 minutos para começar a fazer efeito).

Por isso, o Haldol Decanoato é usado em prontos socorros psiquiátricos ou em pacientes que não conseguem fazer o uso diário domiciliar (a injeção do Haldol Decanoato é mensal).

Quais os efeitos colaterais?

É importante observar os possíveis efeitos colaterais do haloperidol (sobretudo quando usadas altas doses (100 mg é a dose máxima por dia) uma vez que alguns deles são potencialmente fatais.

Assim, os possíveis efeitos colaterais envolvem:

Sintomas Neurológicos Extrapiramidais

Como o remédio haloperidol, segundo a própria bula, atua em regiões do Sistema Nervoso Central relacionadas com o movimento, podem ser apresentados como efeitos colaterais os sintomas neurológicos extrapiramidais como:

Acatisia – inquietação motora, ansiedade, paciente oscila entre ficar sentado e em pé. Normalmente surge após o 3º dia de uso.
Parkinsonismo – tremor de extremidades, marcha em bloco (“igual um robô”), diminuição da mímica facial.
Distonias ou Discinesias – agudas (contraturas musculares dolorosas geralmente na região da cabeça/pescoço. Surgem poucas horas após o uso (primeiras 48h); tardias = ocorre após anos (raramente surgem antes dos primeiros 6 meses) do uso do haloperidol.

Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM)

Apesar de ser um efeito colateral raro do haloperidol, é uma urgência médica (20% de mortalidade).

A SNM é caracterizada por sintomas como:

Acelerações de pulso, pressão arterial e frequência respiratória
Aumento da temperatura
Rigidez muscular intensa (chamada de catatonia)
Flutuações do nível de consciência.

Outros

Xerostomia (boca seca)
Ganho Ponderal (em alguns casos o haloperidol engorda)
Visão borrada, constipação intestinal
Galactorreia (produção de leite fora do período pós-parto de lactação)
Amenorreia (ausência de ciclos menstruais mensais).

Quais os efeitos de tomar com outros remédios?

O haloperidol pode lentificar ou acelerar o metabolismo de outros medicamentos.

Algumas das possíveis interações são com os seguintes medicamentos:

Que retardam as reações: soníferos tranquilizantes e alguns analgésicos potentes;
Para depressão;
Para pressão alta; tais como: metildopa e guanetidina;
Diuréticos, que podem diminuir o potássio e magnésio;
Antiepilépticos; tais como: carbamazepina, fenobarbital e rifampicina;
Para Doença de Parkinson, tais como levodopa;
Estabilizadores do humor, tais como lítio;
Anticoagulantes como a fenindiona;
Que alteram o resultado do eletrocardiograma tais como: cetoconazol ou paroxetina;

O que corta o efeito do haloperidol?

Há algumas medicações, segundo a bula do haloperidol, que podem alterar sua concentração (algumas delas cortam seus efeitos), entre elas:

Itraconazol
Nefazodona
Buspirona
Venlafaxina
Alprazolam
Fluvoxamina
Quinidina
Fluoxetina
Sertralina
Clorpromazina
Prometazina.

Por isso, é importante sempre relatar ao médico quais medicações (inclusive vitaminas e fitoterápicos) se faz uso antes de iniciar o haloperidol.

Haloperidol pode gerar dependência?

Haloperidol não gera dependência química.

Ou seja, apesar de poder criar um hábito do uso e eventuais sintomas psíquicos de sua retirada, não há desenvolvimento de:

Sintomas de abstinência – conjunto característico de sinais e sintomas que ocorrem após a interrupção;
Tolerância – resposta medicamentosa reduzida, que ocorre quando o medicamento é usado repetidamente e o corpo se adapta a sua presença constante.

Por outro lado, medicações de receita amarela (estimulantes e opióides) e receita azul (benzodiazepínicos) podem causar dependência química.

Quais cuidados devo ter ao usar o haloperidol?

Não ingerir bebida alcoólica.
Evitar dirigir ou executar tarefas que exijam atenção
Buscar auxílio médico se apresentar movimentos anormais do corpo
Não descontinuar (parar de usar) o uso do produto abruptamente nem por conta própria
Os efeitos da medicação só se fazem sentir plenamente após 2 semanas do início do tratamento.
O medicamento haloperidol pode diminuir a transpiração e a liberação do calor do corpo. Por isso, evite exercícios intensos durante o uso.

Quando interromper o tratamento?

O tratamento com haloperidol deve ser interrompido somente com a indicação médica.

Parar abruptamente da medicação pode causar uma série de efeitos colaterais como, por exemplo, náuseas e vômitos.

Assim, em alguns casos, será necessário fazer a retirada gradual da medicação (desmame).

Dúvidas Frequentes

Qual o nome genérico do haloperidol?

O genérico recebe o nome do princípio ativo, que é o haloperidol. Esta substância é encontrada nas farmácias com vários nomes comerciais, entre eles: Haldol®; Haldol Decanoato®; Decan Haloper®; Halo Decanoato®; Uni Haloper®.

Qual a dosagem máxima do haloperidol?

A dose máxima do haloperidol via oral é de 100 mg por dia. E via parenteral (intramuscular) é de 300 mg por mês.

Quanto tempo dura a crise de abstinência de antidepressivo?

O antidepressivo pode apresentar sintomas de retirada de duas a quatro semanas, a depender da dose e do tempo de uso da medicação.

Haloperidol dá sono?

Sim. Um dos efeitos colaterais do haloperidol é a sedação.

Haloperidol engorda?

Segundo a bula do haloperidol, 7,8% dos pacientes engordam ao usar o medicamento.

Qual a diferença do haloperidol e do haldol decanoato?

Haloperidol é a substância ativa. Haldol decanoato® é o nome comercial de uma das versões injetáveis (intramusculares) da substância haloperidol.

Resumo

O haloperidol é um medicamento da classe dos antipsicóticos típicos que serve para tratar condições com psicose, distúrbios de movimento e também vômitos resistentes a outras medicações antieméticas.

De acordo com a bula do haloperidol, ele engorda alguns pacientes que fazem o seu uso.

Além de poder causar alguns efeitos colaterais, é importante relatar ao médico, antes do uso do haloperidol, todas as medicações que se utiliza a fim de evitar eventuais interações medicamentosas.

Vale ressaltar que todos os transtornos mentais se beneficiam de terapia e os fármacos por si só não têm a mesma eficácia quando não estão associados com sessões regulares psicoterapêuticas.

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